Novos Povoadores®

Apoiamos a instalação de negócios em territórios rurais

Arquitectura Sustentável



Quem pretende mudar algo de importante na sua vida - como é o caso de um processo migratório - possui geralmente motivações muito fortes.
A sustentabilidade ambiental e familiar estão entre os factores mais referidos pelos candidados ao processo migratório.

Partilhamos por isso o link de um interessante gabinete de arquitectura altius.net que identificámos recentemente.

Boas ideias!

As Escolas matam a criatividade?

Dia do empreendedor



Celebrámos no dia 1 de Maio o dia do trabalhador. Trata-se duma celebração importante e que sublinha um caminho longo de conquista da dignidade do trabalho no contexto social.

Uma reflexão mais profunda sobre o significado da celebração leva-nos no entanto a constatar que o espectro daquilo que pode ser considerado trabalho é hoje muito mais alargado do que era há algumas décadas e do que era em 1886 quando os trabalhadores de Chicago se rebelaram em defesa da jornada de oito horas de trabalho.

A dicotomia trabalho / capital mantém-se actual em muitos domínios e sectores, mas é hoje complementada por outras realidades cada vez mas importantes como o trabalho de âmbito social, o trabalho por conta própria ou as múltiplas formas de “trabalho” empreendedor.

Sem reduzir a importância e simbolismo do dia do trabalhador, a nossa sociedade deve encontrar uma forma de celebrar de forma mais clara as atitudes empreendedoras que cruzam uma dimensão ética de trabalho e de capital, gerando riqueza e oportunidades de desenvolvimento.

As sociedades modernas distinguem-se pelo capital acumulado de conhecimento, tecnologia e capacidade inovadora, mas também pela confiança e pelo risco com estão dispostas a tirar partido do capital social para gerar dinâmicas de progresso.

A economia sustentável que vai emergir com maior ou menor dificuldade da actual crise que atravessamos vai continuar a precisar muito de investidores e de trabalhadores, mas terá como “pivots” os empreendedores, estejam eles onde estiverem nas várias categorias sociais que se vierem a formar.

Acredito que mais cedo ou mais tarde teremos um dia mundial dedicado à celebração das atitudes éticas e empreendedoras. Não tenho a veleidade de o propor. Apenas assinalo uma tendência que gostaria que se viesse a concretizar, mas que antes de ser consagrada num dia comemorativo, se tem que afirmar nos comportamentos e nas decisões quer tomamos em cada dia, fazendo dele um dia do empreendedor que há em cada um de nós.

in Fazer Acontecer, Carlos Zorrinho
image from knol

Portugal na rota do Outsourcing



Empresas do sector pretendem criar 10.000 postos de trabalho nos próximos sete anos

A Associação Portugal Outsourcing (APO) quer colocar o nosso país no mapa mundial dos locais que prestam serviços BPO (Business Process Outsourcing). A prioridade é captar clientes de outros países europeus que querem deslocalizar as suas operações e processos de negócio para Portugal (nearshore), tirando partido da proximidade e das diminutas diferenças culturais (em comparação com a Índia ou a China). Segundo Frederico Moreira Rato, presidente da direcção da APO (em representação da Reditus), se esta estratégia for bem sucedida vai ser possível criar nos próximos anos 10.000 postos de trabalho, muitos dos quais fora das grandes cidades. A associação pretende que o sector seja responsável por 1% do produto interno bruto (PIB) nos próximos sete anos, contra os actuais 0,34%. Actualmente, o valor da área de outsourcing cifra-se em €561 milhões, o que está muito abaixo da média europeia (0,61%) e dos países que apostaram forte nesta área. Por exemplo, no Reino Unido representa 1,4% do PIB e na Roménia pesa 2,8%.


Frederico Moreira Rato vai dialogar com o Governo

Muito mais do que simples centros de contacto telefónico, os 15 membros da APO — entre os quais estão empresas nacionais e internacionais como a Accenture, Cap Gemini, Delloite, Glintt, IBM, Indra, Logica, Novabase, Portugal Telecom ou Reditus — pretendem trazer para Portugal centros BPO. Ou seja, pretendem deslocalizar para o país processos de negócio de médias e grandes organizações. Uma transferência que pressupõe a existência de organizações com as melhores práticas e recursos humanos qualificados. “Para que o sector seja bem sucedido, haverá fortes investimentos em formação e qualificação dos trabalhadores”, sublinha Moreira Rato.

Curiosamente, o actual contexto de crise económica até poderá ser vantajoso para o sector. “Há muitas organizações que estão a usar o outsourcing para se adaptarem aos tempos difíceis, na medida em que permite transformar custos fixos em variáveis e obter maior eficiência e qualidade de serviço”, adianta o presidente da APO.


Código de conduta

Mas, para que Portugal se posicione como um destino credível para serviços BPO, a associação (que já representa 81% do mercado nacional) está a procurar que os seus associados adoptem as melhores práticas, de forma a evitar que o bom nome do país no sector possa ser prejudicado pela existência de prestadores com menor qualidade de serviço. “Queremos evitar que uma maçã podre contamine as outras”, diz Moreira Rato. Para o efeito, foram constituídos diversos grupos de trabalho que vão elaborar um código de conduta (coordenado por Fernando Resina da Silva) e enviar propostas ao Governo para criar uma regulação específica ao nível dos contratos de trabalho (tarefa a cargo de Cavaleiro Brandão e Bagão Félix) e da fiscalidade (António Lobo Xavier). “Para sermos competitivos face aos concorrentes, será necessário adaptar o actual quadro fiscal e flexibilizar formas de contratação”, defende o presidente da APO.

A associação quer também promover a adopção do outsourcing na administração pública e está a fazer um estudo de benchmark (comparação) internacional, coordenado por Álvaro Ferreira, em que participará a AICEP (Agência para o Investimento e Comércio Externo de Portugal). “Queremos identificar as vantagens de Portugal para os clientes estrangeiros, nomeadamente da Europa”, refere Moreira Rato.

Para debater estes problemas e colocar em realce as vantagens do país no outsourcing (ver caixa), a APO vai realizar este ano a primeira conferência anual, que trará a Portugal diversos especialistas internacionais, e desencadear um diálogo com o Governo, nomeadamente com Carlos Zorrinho, gestor do Plano Tecnológico.

João Ramos jramos@expresso.impresa.pt



BARREIRAS

LEIS DO TRABALHO

Modelo de remuneração rígido e falta de flexibilidade na contratação. A legislação do trabalho dificulta a prestação de serviços para o estrangeiro

FISCALIDADE

IVA e IRC em Portugal é dos mais elevados da Europa, o que retira competitividade ao sector. E, ao contrário de outros países, não existe regime específico para o outsourcing

CULTURA

Existe uma percepção negativa do outsourcing na opinião pública, ao nível da protecção do emprego e de direitos laborais

IMAGEM

Portugal continua a não ser encarado como uma primeira escolha pelos potenciais clientes internacionais

NÚMEROS

561 milhões de euros é o valor actual do negócios de outsourcing em Portugal, dos quais €267 milhões são de tecnologias de informação e €294 milhões são de BPO)

43 mil postos de trabalho de outsourcing em Portugal são as previsões para 2015, graças ao forte incremento do negócio externo

VANTAGENS

RECURSOS HUMANOS

Disponibilidade de elevada quantidade de recursos humanos qualificados com salários competitivos

FLEXIBILIDADE

Capacidade inata dos portugueses em se adaptarem a outras culturas e facilidade aprendizagem de outras

TELECOMUNICAÇÕES

Rede de banda larga com cobertura e qualidade dentro dos parâmetros dos países mais desenvolvidos

CUSTOS

Em relação a outros países europeus, Portugal tem preços competitivos ao nível de mão-de-obra e de instalações

ESPAÇO EUROPEU

Mobilidade da força de trabalho, bens e capitais é facilitada pelo facto de Portugal fazer parte da zona euro e do espaço Schengen

in EXPRESSO

Uma revolução silenciosa

From Inovação & Inclusão

por António Bob dos Santos

Nos últimos anos temos assistido a uma penetração cada vez maior das novas tecnologias de informação e comunicação (TIC) no nosso dia-a-dia. Se está a ler este artigo é provável que possua pelo menos um telemóvel (possivelmente com acesso à Internet), um computador (provavelmente portátil), que entregue a sua declaração de impostos pela internet (bem como utilize outros serviços públicos online) e que esteja inserido numa ou mais redes sociais (Facebook, Hi5, Orkut, Twitter, Linkdin, etc.). Embora esta não seja ainda uma situação igual para todos os portugueses, há segmentos da população onde esta realidade é mais evidente. Por exemplo, cerca de 85% dos jovens entre os 10 e 15 anos são utilizadores de telemóvel (62% em 2005)[1], mais de 90% utilizam regularmente a Internet, e uma percentagem muito elevada frequenta as redes sociais. O mesmo se passa na faixa etária dos 16-24 anos, onde, por exemplo, o número de utilizadores da Internet passou de 64% em 2004 para cerca de 90% em 2008[2]. É esta geração que irá entrar no mercado de trabalho daqui a poucos anos; não serão apenas consumidores de serviços online e de gadgets, mas também produtores e construtores de uma nova realidade, aproveitando as oportunidades da Web 2.0 e da futura Web 3.0. Trata-se também de uma geração ao mesmo nível que o resto dos jovens europeus no que respeita ao acesso às tecnologias de informação e comunicação (TIC). O grande desafio será na utilização dessas mesmas tecnologias, na capacidade de as usar para acrescentar valor ao que já existe. E essa capacidade pode ser “aprendida” e estimulada pelos professores, pela família, mas principalmente pelos seus pares, ou seja, pelo contacto com os milhares de jovens que em todo o mundo acedem à Internet e às redes sociais.

Nunca como agora foi possível aceder e também participar na construção de redes globais de conhecimento, de partilha, de interacção. Contudo, se hoje as nossas sociedades são cada vez mais globais e interligadas, muito devido ao desenvolvimento das TIC, há também uma tendência para que as diferenças e as especificidades de cada um tomem uma importância sem precedentes. As dinâmicas globais estimulam também a construção de “personalidades” cada vez mais diferenciadas, dada a facilidade de acesso à informação e aos conteúdos que mais nos interessam. É fácil hoje em dia construirmos os nossos próprios espaços na rede global, com ou sem limites, dado que somos nós que os definimos. É por isso que acredito que os jovens que actualmente “vivem” na Internet estão silenciosamente a construir uma sociedade mais heterogénea, multicultural, multifacetada e mais criativa, elementos propícios a uma dinâmica de progresso e de inovação.

Creative Commons License

[1] Cardoso, Gustavo, Rita Espanha e Tiago Lapa (2008), E-Generation 2008: Os Usos de Media pelas Crianças e Jovens em Portugal, CIES-ISCTE

[2] INE/UMIC, Inquérito à Utilização de Tecnologias da Informação e da Comunicação pelas Famílias 2002 - 2008.

Munícipios do interior perdem 10% de populaçãopor ano

por Ana Tomás Ribeiro



A desertificação do interior do país continua a crescer e boa parte destas autarquias perdem anualmente entre 10% a 15% da população, disse ao DN o presidente da Associação Nacional dos Municípios. O projecto Novos Povoadores, que quer levar para lá quem vive nas grandes cidades, já contava ontem com mais de cem famílias candidatas à mudança.

A desertificação do interior do país continua a crescer. "Uma parte dos municípios do interior já está a perder anualmente entre 10% a 15 da sua população " ,disse ontem ao DN o presidente da Associação Nacional dos Municípios, Fernando Ruas, baseando os seus cálculos em dados dos censos populacionais. Uma percentagem que virá a agravar-se se nada se fizer para travar o problema.

O autarca diz que não existem políticas nacionais para combater o problema, que não se resolve apenas com medidas locais. Pelo contrário, diz, há até políticas nacionais que têm "incentivado ou acelerado o despovoamento de algumas regiões, como é o caso do encerramento de serviços públicos" , como as maternidades. As grandes obras públicas que o Governo quer levar por diante são para o representante dos autarcas, projectos importantes para o país em termos de combate ao desemprego. "Mas uma parte da mão-de-obra para as executar também sairá do interior e isso poderá ser mais um factor a contribuir para a desertificação".

A prioridade da associação é travar a saída de mais pessoas do interior e fixar as famílias que lá existem. Com esse objectivo aquela estrutura associativa apresentou recentemente ao Governo um programa de combate ao problema que exige apoios estatais da ordem dos 730 milhões de euros com os quais "os munícipes podiam alavancar quer o emprego quer as economias locais", referiu Fernando Ruas. Aguardam agora pela resposta governamental.

Quanto a atrair pessoas dos grandes centros urbanos para essas regiões, um objectivo do projecto Novos Povoa- dores, cujos primeiro dados foram divulgados ontem pelo DN, considera que é importante, mas não prioritário.

Seja como for o projecto criado por três amigos - Frederico Lucas, Ana Linhares e Alexandre Ferraz (ver caixa perfis) - e que conta, na sua implementação com a parceria do Intec, Instituto de Tecnologia Comportamental, e coma experiência de Patrícia Palma e Miguel Lopes (ver caixa)- já contava ontem com mais de cem famílias candidatas a deixar os grandes centros urbanos para irem viver para uma cidade de média dimensão.

A primeira autarquia a acolher alguns destes novos povoadores, que deverão mudar-se no início do próximo ano lectivo, será Abrantes. A Câmara local e a Associação Tagus Vallei, a promotora do Tecnopólo Vale do Tejo, deverão assinar o protocolo com os Novos Povoadores ainda em Abril , disse ao DN Céu Albuquerque, vereadora do ambiente e desenvolvimento económico daquela autarquia (ver reportagem no texto ao lado). Numa primeira fase vão acolher 20 famílias. Mas há já outros municípios interessados na ideia.

in DN

33 famílias serão Novos Povoadores do interior em Setembro

por Ana Tomás Ribeiro



Há 277 municípios a precisar de recursos humanos. E famílias de grandes cidades a quererem mudar de vida. O projecto Novos Povoadores é o ponto de encontro.

Há 277 municípios a precisar de recursos humanos qualificados e de gente empreendedora capaz de criar projectos geradores de emprego, com efeito multiplicador, e de competir a nível internacional. E há certamente famílias nos grande centros urbanos com vontade de mudarem para a província, para desenvolver um projecto próprio tendo mais qualidade de vida.

Foi nisto que Frederico Lucas pensou quando decidiu desafiar dois amigos, a Ana Linhares, socióloga, e o Alexandre Ferraz, técnico de uma associação de desenvolvimento local em Trancoso, para criarem conjuntamente o projecto Novos Povoadores (divulgado pela Visão há duas semanas), que tem como objectivo encontrar, nos grandes centros urbanos, candidatos à altura das necessidades regionais. Depois era preciso encontrar um parceiro que os ajudasse a pôr em prática o desafio. Encontraram o Intec - Instituto de Tecnologia Comportamental. Assim, o projecto só começou a ser posto em prática em Dezembro.

De então para cá já se candidataram 25 famílias. "Mas daqui por um mês já devemos ter 100 candidaturas. Uma estimativa que faço de acordo com o número de contactos que temos recebido", explica Frederico Lucas.

Para garantir o sucesso da família na sua nova vida, um dos membros do casal deverá ter um emprego assegurado, quer por via da transferência da sua actual entidade empregadora ou de uma entidade da região que o venha previamente a contratar. O outro membro da família terá de desenvolver um projecto empreendedor, para o qual conta, desde logo, com apoios de várias entidades, incluindo do próprio município.

Contudo, das cem famílias que deverão ser candidatas dentro de um mês, só um terço concretizará a mudança. Ou seja, 33.

De acordo com o cálculos de um dos mentores do projecto, "a maioria vai desistir ou prorrogar a decisão a meio do processo de aproximação à nova realidade. Um processo que pretendemos fazer de uma forma lenta, e com várias etapas, para que os candidatos se apercebam de todos os prós e contra" (ver caixa com passo a passo). Os que vão desistir, diz Frederico Lucas, fazem-no essencialmente por questões culturais. As que se mantêm mudam-se no começo do próximo ano lectivo, em Setembro, para uma cidade ligada por auto-estrada. Porque os mentores do projecto Novos Povoadores querem iniciar a experiência piloto num centro urbano de fácil acesso. Em cima da mesa estão várias hipóteses: Castelo Branco, Évora, Abrantes. Uma ilha nos Açores também está a ser estudada.

Entre as 15 famílias que já estão em processo de avaliação, há casais sem filhos e famílias numeroas (com 5 pessoas ), muitos profissionais da comunicação, marketing, engenheiros e projectistas, bem como emigrantes que regressaram ao país e querem investir em projectos de turismo rural.

in DN

Conhecida a primeira finalista do "Melhor Emprego do Mundo"

Com mais de 150 mil votos, uma jovem de Taiwan foi a preferida dos internautas que votaram nos candidatos ao melhor emprego do mundo. Os outros 10 finalistas, escolhidos pelo Turismo de Queensland, só serão conhecidos para a semana. Veja o VÍDEO da vencedora



Fechada a votação, a candidata Clare Wang, de Taiwan, foi a escolhida pelos internautas, com mais de 151 mil votos. No total, serão 11 finalistas a terem a possibilidade de se deslocarem à Austrália para a última etapa, uma entrevista. Os 10 que faltam são escolhidos pelo Turismo de Queensland e anunciados apenas a 2 de Abril.

O emprego, esse é "duro": Seis meses de contrato, 100 mil dólares, casa de sonho na paradisíaca ilha de Hamilton e a difícil missão de assegurar algumas tarefas básicas e relatar a experiência num blogue.

Candidataram-se 34 mil pessoas e os 50 primeiros selecionados foram anunciados na terça-feira, 3 de Março. (Vale a pena espreitar a lista dos finalistas para ver a criatividade dos vídeos dos candidatos).

Entre esses 50 pré-selecionados, oriundos de 22 países, encontra-se um angariador de fundos para caridade, um instrutor de dança, um fisioterapeuta, um chef, um DJ, um cientista, um actor, estudantes, jornalistas e intérpretes.

O vencedor será anunciado no dia 6 de Maio.

in Visão

As novas indústrias do próximo futuro



Existe uma grande convicção no sentido do surgimento de um novo paradigma de desenvolvimento no período que se seguirá à actual crise económica e financeira global. A grande interrogação que se coloca aos decisores empresarias reside na determinação dos sectores que vão crescer, dos que se vão

Existe uma grande convicção no sentido do surgimento de um novo paradigma de desenvolvimento no período que se seguirá à actual crise económica e financeira global.

A grande interrogação que se coloca aos decisores empresarias reside na determinação dos sectores que vão crescer, dos que se vão reduzir e dos novos sectores de actividade económica que surgirão ou se afirmarão de uma forma significativa.

Correndo os riscos associados às previsões, particularmente altos em períodos de elevada turbulência e de transição, considero útil desenvolver algumas reflexões em torno das indústrias potenciais do futuro próximo, que permita a discussão e o estabelecimento de caminhos para o futuro das empresas portuguesas.

Neste exercício prospectivo, as actividades empresariais que se evidenciarão no futuro próximo, serão, em minha opinião, agrupadas em torno das seguintes áreas:



• Indústrias da sustentabilidade que integrarão os "clusters" ligadas ligados às novas formas de conservação e produção de energia e de protecção do ambiente, onde se incluirão as unidades ligadas à energia eólica, células fotovoltaicas, carros eléctricos, novos materiais compósitos, componentes electrónicos….

• Indústrias da saúde e bem-estar, integrando as unidades da área da bioquímica e farmacêutica, equipamentos hospitalares, materiais recicláveis, novos sistemas de tratamento e prevenção de doenças, clínicas especializadas…

• Indústrias do entretenimento e da qualidade de vida, integrando as áreas do turismo, desporto, cultura, dos conteúdos multimédia…

• Indústrias da produtividade e da eficiência, integrando as tecnologias de informação e comunicação, a indústria informática, os novos sistemas de criação, transporte e distribuição de informação…

• Indústrias da geografia, integrando a "customização" das diferentes tecnologias para diferentes geografias, com especial relevo para as tecnologias tropicais que permitam o desenvolvimento da agricultura, pecuária, medicina… dos países de África e de outras regiões menos desenvolvidas.

Assistiremos, simultaneamente, ao declínio ou redução da actividade de um conjunto de sectores, com graus elevados de ineficiência produtiva, associados a um modelo de consumo intensivo, tais como a indústria automóvel, imobiliária e electrónica de consumo tradicional, assim como ao decréscimo de rendibilidade de sectores que apostaram numa diferenciação artificial não suportada no "value for money" dos seus produtos. Nestes sectores assistiremos a uma alteração qualitativa significativa do portefólio de produtos que o mercado virá a aceitar.

Os sinais que a economia americana emitirá nos próximos meses vão ser fundamentais para testar e corrigir estas projecções, e para a construção de opções sólidas para o futuro da actividade produtiva portuguesa. Neste aspecto, especial atenção deve ser dada aos programas de investigação aplicada das universidades americanas de referência, já que os mesmos ditarão as grandes linhas de desenvolvimento tecnológico e empresarial para o próximo futuro.

Em relação aos sectores tradicionais de consumo das famílias - têxtil, vestuário, mobiliário, decoração, etc., verificar-se-á uma maior sensibilidade ao preço pelo que serão essenciais os esforços de aumento de produtividade e redução de custos. As famílias tenderão a afectar uma parte menor do seu rendimento disponível a este tipo de produtos, concentrando o rendimento remanescente nas novas áreas atrás referidas ligadas à saúde e qualidade de vida, aos quais exigirão um elevado índice do "value for money".

Os próximos tempos vão ser tempos de reflexão e estudo intensivo. Não são, tradicionalmente, as áreas preferenciais de aplicação de recursos dos nossos agentes empresariais. Mas terão de passar a ser!

in JN, Luís Todo Bom

A Busca Interior


São cada vez mais os que partem dos centros urbanos para o Interior. Procuram, não o ideal romântico de outros tempos, mas oportunidades de trabalho e de vida que as cidades lhes vão negando.

Ana Berliner foi das que trocaram Lisboa pelo Vale do Côa, terra que lhe vai servindo para cumprir o gosto pela conservação da natureza. Bióloga, é presidente da Associação Transumância e Natureza (ATN), actividade a que se vai dedicando como "hobby". A subsistência da família é assegurada pela exploração de uma casa de turismo rural.

É à frente dos destinos da ATN que Ana Berliner sente a solidão imposta por uma paixão que ainda não é valorizada pela sociedade em geral. "Temos falta de meios físicos e humanos", contou ao JN. "Enquanto há projectos, as coisas vão correndo bem... Mas os nossos meios são muito escassos". A carência é combatida pelos apoios que recebem de organizações internacionais. "Em Portugal, não recolhemos muitos apoios e não existe mecenato em projectos de conservação da natureza", lamenta a bióloga.

Os atrasos nos pagamentos do Ministério da Agricultura e o excesso de burocracia para passar à prática algumas das iniciativas, como o sempre adiado campo de alimento de aves necrófagas, desgastam e moem, exemplifica Ana Berliner. Mas não matam o gosto de quem deitou mãos e alma à dinamização de associações de desenvolvimento rural. O JN falou com vários jovens, actualmente à frente de projectos no Douro Internacional (ver página 3 e 4). A falta de apoios e o excesso de burocracia são queixas unanimente partilhadas.

Rui Rafael, do Gabinete de Planeamento e Políticas (GPP) do Ministério da Agricultura, desmonta, no entanto, a ideia da insuficiência de apoios. No âmbito da aplicação dos fundos comunitários, a sociedade civil tem ao dispor uma dotação de 453 milhões de euros para aplicação em projectos que vão da diversificação da economia e criação de emprego, à melhoria qualidade de vida, implementação de estratégias de desenvolvimento local e para o funcionamento dos Grupo de Acção Local (GAL), explicou.

Até à data, adiantou, ainda, o técnico do GPP, foram criados 44 GAL, que cobrem 80% do território nacional. Estes gabinetes têm como tarefa a gestão da aplicação das verbas numa determinada área. "Sabemos por experiência que quem faz melhor o que é melhor para si é a comunidade local", explicou Rui Rafael, justificando, assim, a criação de unidades locais para a gestão dos fundos.

As associações podem submeter aos GAL os projectos que pretendem aplicar no terreno, sendo que têm que ter como filosofia subjacente a criação de investimento, emprego e competitividade, o que por si só não garante a resolução do problema da fixação de recursos humanos, sublinhou Rui Rafael.

Renato Carmo, investigador do Centro de Investigação e Estudos de Sociologia do Instituto de Ciências do Trabalho e da Empresa (ISCTE), apesar de reconhecer a forte dependência das associações de desenvolvimento rural dos fundos comunitários, salienta a ausência de políticas públicas direccionadas para este tipo de dinâmicas. "Quando acabam os apoios não têm capacidade de continuidade", sublinhou o sociólogo, defendendo a criação políticas capazes de atrair pessoas ao Interior.

Gente que parte das cidades à procura de uma vida melhor, mas que partilha a intenção de preservar, valorizar e revitalizar o património rural das terras que a acolhe. Américo Tomé, vice-presidente da Câmara Municipal de Miranda do Douro, embora reconheça a importância de receber forasteiros, mostra-se ciente das dificuldades. "Por cá, temos muito espaço para poucas pessoas", lamenta, consciente de que as oportunidades só vingam onde há gente.

in JN, Maria Cláudia Monteiro
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