Novos Povoadores®

Apoiamos a instalação de negócios em territórios rurais

Desperdício Humano

As crianças nascidas no segundo semestre do ano são menos felizes que as outras. E têm menos sucesso profissional.

Foi em 2008 que Malcolm Gladwell publicou o livro Outliers (publicado em Portugal pela Dom Quixote) onde explora esta evidência estatística.
Justifica este facto com a formação de turmas no primeiro ciclo, que junta os alunos do mesmo ano civil.
A consequência é uma aprendizagem fluente pelos mais velhos, e lenta pelos mais novos. E nesse contexto, com a maledicência natural dessa idade, os melhores sucedidos impõem o ritmo e as hierarquias nos primeiros anos de vida escolar.

As pessoas que nasceram no primeiro semestre chegam em maior numero a CEOs de empresas, a vedetas desportivas e a investigadores de renome.
Cristiano Ronaldo nasceu a 5 de Fevereiro, António Horta-Osório (CEO Lloyds Bank) e Fernando Carvalho Rodrigues a 28 de Janeiro.
Entre as figuras estrangeiras, Steve Jobs nasceu a 24 de Fevereiro, Stephen Hawking a 8 de Janeiro e Katharine Hepburn (a única actriz com 4 Oscars) a 12 de Maio.

Mais curioso ainda, é que nos países onde os alunos são separados pelos nascidos entre Setembro do ano anterior até Agosto do ano seguinte, as “crianças do Verão” são aquelas que têm piores notas, isto é, os nascidos entre Junho e Agosto.

Porque grandes problemas requerem soluções simples deixo neste artigo uma sugestão a todas as escolas da região: formação de turmas com alunos do mesmo semestre.

Tal solução permitirá interromper o ciclo actual de desvalorização dos nascidos no segundo semestre do ano.

Certificação ES+


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O Programa de Repovoamento Rural Novos Povoadores recebeu a Certificação ES+ no âmbito do Mapa de Inovação e Empreendedorismo Social, uma iniciativa liderada pelo Instituto de Empreendedorismo Social e pelo Instituto Padre António Vieira, com a Fundação Calouste Gulbenkian, Fundação EDP, IAPMEI e INSEAD.

O Júri foi composto por representantes destas entidades e presidido pelo Prof Filipe Santos, responsável pelo recém criado Programa Operacional da Inovação Social.

Trata-se da única certificação em Portugal para as boas práticas de inovação e empreendedorismo social.

A atuação em rede com as congéneres europeias, revela-nos um perfil de famílias que projectam no meio rural o seu futuro: desejam o equilíbrio ambiental, social e económico, e encontram essa resposta na baixa densidade populacional.

Arquitectura em debate

Decorreu no passado dia 30 de Dezembro 2014 na Casa da Cultura de Figueira de Castelo Rodrigo o II Colóquio Ibérico de Arquitectura, um evento organizado pelo Município de Figueira de Castelo Rodrigo em parceria com a Associação das Aldeias Históricas de Portugal e com a colaboração da Associação Portuguesa de Marketing Rural e Agronegócio.

Na mensagem de abertura pelo anfitrião, Paulo Langrouva manifestou a confiança pelo caminho que tem sido trilhado pelas Aldeias Históricas de Portugal e lançou as suas questões sobre o futuro destas aldeias: a autenticidade é um activo que precisa de gerar valor para as populações actuais, sob pena de colocar em risco a principal missão da nossa geração, a preservação do património material e imaterial dos nossos antepassados.

O primeiro painel, moderado por Pedro Machado, Presidente do Turismo do Centro, focou a importância dos agentes privados nesta dinamização, manifestando confiança na evolução positiva do turismo na nossa região.

A empresa Douro Azul é a primeira promotora de visitas na Aldeia Histórica de Castelo Rodrigo, e salientou o seu interesse na promoção dos produtos locais.
Uma parte significativa dos seus clientes pertencem a outros continentes, o que dificulta a venda de produtos de maior peso e dimensão pelas problemas de transporte.
Paulo Romão, CEO das Casas do Côro de Marialva, sublinhou a importância das experiências. “Se a experiência é boa e relevante, os clientes desmarcam outras viagens planeadas para aproveitar o que estão a viver e a sentir. Temos clientes que regressam às Casas do Côro quatro vezes no mesmo ano.”

O segundo painel, moderado pelo Presidente das Aldeias Históricas de Portugal, Rogério Alves, debateu as intervenções no Património Construído.
António Garcia Mendes, em representação da EDP Distribuição, referiu que as intervenções são reguladas por um contrato de concessão entre a empresa e os municípios.
Nesse âmbito, apresentou diversas intervenções nas Aldeias Históricas cujos objectivos visavam responder as necessidades funcionais e estéticas, para cumprimento da missão daquela empresa.

Paulo Fernandes, Presidente da Assembleia Geral das Aldeias Históricas de Portugal e autarca do Fundão, moderou o principal painel do Colóquio: A arquitectura.
Referiu que o custo por metro quadrado nas Aldeias Históricas ultrapassa o valor das sedes de concelho, denunciando com isto a qualidade percepcionada pelo mercado nas intervenções da Associação nestas aldeias.
A dupla de arquitectos Alexandre Alves Costa e Sérgio Fernandez, responsáveis na década passada pela intervenção nos equipamentos sociais de Idanha a Velha, destacaram a importância da multifuncionalidade dos equipamentos nestes lugares, bem como a responsabilização dos agentes locais pelas intervenções: “Para que serve um restaurante e uma praça de touros mono-utilização, apenas no dia da inauguração?”

Por seu lado, Pedro Brígida falou sobre as suas intervenções no espaço privado na Aldeia de Marialva.
Autor do projecto de turismo rural Casas do Côro, reconhecido em Portugal pelas suas elevadas taxas de ocupação, referiu as suas dificuldades pela ausência de um projecto de aldeia.
Associou a tolerância da população pelo vanguardismo das suas soluções em território rural às suas ligações familiares naquela povoação.

A concluir os trabalhos, Joaquim Feliciano em representação da Presidente da Comissão de Coordenação de Região Centro, destacou a qualidade das intervenções, pelas dúvidas que levanta no actual modelo de desenvolvimento destas aldeias, e reconheceu a sua valorização pessoal e profissional com os testemunhos dos arquitectos com dezenas de intervenções estéticas e funcionais sobre o edificado pré existente.
“Lamento que o meu filho não esteja aqui comigo. É estudante de arquitectura e sairia valorizado desta sessão que V. Excas. tiveram a ousadia de organizar”, rematou.

Rumo à Sociedade do Conhecimento na Comunidade do Nordeste de Segovia

O verdadeiro empreendedor não pede permissão: ele atreve-se a imaginar algo novo e melhor, e é capaz de causar, sem prévia autorização e de forma progressiva, uma mudança inesperada.

Jeffrey Tucker


Codinse é um grupo de acção local na região do Nordeste de Segovia, que compreende 119 aldeias, e que me convidou como orador numa conferência sobre as novas tendências e modelos de trabalho, que se realizou em Prádena, Segovia, a 10 dezembro de 2013. Este post é um resumo das mensagens que eu tentei transmitir no meu discurso.

Nada será como nós conhecemos. A crise sistémica, resultado de um modelo económico obsoleto e o surgimento da sociedade em rede, como nova forma de organização da sociedade e da economia, estão a levar-nos na direção de um novo modelo.
Descobrir e compreender as chaves para os novos códigos que farão o novo sistema de trabalho torna-se uma necessidade vital para fazer a diferença entre o sucesso a nível pessoal e profissional ou a exclusão desse sistema.
Nesta palestra, revisitei a nossa trajetória profissional, que nos levou a migrar para o nordeste de Segovia para aqui iniciar um novo projeto.
Vou tentar transmitir algumas chaves para a nossa visão que podem ser convenientemente utilizadas por qualquer empresário em idênticas condições. Nenhum projecto consegue vingar sem visão. Se quiser empreender, precisa de construir um modelo de negócio, com base na investigação e na integração em rede.
Uma empresa pode começar com um blog e uma rede de contactos. Construa o seu blog, independente do projecto, e comece a construir o seu sonho. As comunidades locais estão interligadas, criando novos contextos económicos e sociais que configuram uma sociedade mais livre, mais justa e igualitária.

Algumas dicas para aqueles que desejam empreender em meio rural:

- Desenvolva a sua iniciativa o mais cedo possível. Qualquer pequeno projeto juvenil e estudantil será muito criativo
- É aconselhável ter trabalhado numa empresa para aprender sobre como eles estão organizados, a disciplina, o esforço, etc..
- Invista o seu esforço numa área que o motive, que o apaixone, e sobre a qual tenha estudado e pesquisado, mesmo que auto-didata (a internet ajuda muito).
- Cada empresa tem de ter associada uma visão sobre o mundo, a economia, a sociedade e sua possível evolução. Sem visão, não há possibilidade de inovação. Sem inovação, a localização do seu projeto não irá fornecer o ponto diferencial que é preciso para ter sucesso.
- Faça o seu projeto. Escrever ajuda a refletir e permite a partilha. Abra um blog e use-o como o principal ponto de comunicação com potenciais parceiros, colaboradores, fornecedores e clientes. Trabalhe sua identidade e sua reputação na rede. Por detrás das redes virtuais são pessoas reais.
- Tente montar um projeto com as necessidades financeiras mínimas. Use o teletrabalho. O financiamento torna-se mais acessível depois de testado o modelo de negócio.
- O open source funciona. Não tenha medo de publicar os seus planos, metas atingidas, os planos de investigação. Procure a cooperação com outras redes. A cooperação é uma das chaves das novas empresas.
- Prepare-se para ter que enfrentar problemas, certamente muitos e maiores do que você pode prever nos seus cenários mais negativos. So vinga aquele que acredita nas suas competências. Tem de prever o cenário de fracasso. Ele quantificará o que é a perda máxima que pode pagar, em tempo e dinheiro.
- Tenha uma visão global, pense naquilo que pode melhorar na sua sociedade e na economia mais próxima. É sempre mais fácil conseguir clientes próximos antes de abrir mercados globais. Torne-se um sucesso local antes de procurar crescer no mercado global.

Visão sistémica sobre o futuro

Como vemos o mundo daqui a 20 ou 30 anos? Será que vamos ser capazes de lidar com muitos desses problemas sérios ao mesmo tempo? Será que estamos testemunhando o fim da sociedade e do consumo industrial? A degradação ambiental global é um problema que podemos solucionar?

A sociedade industrial terminou. E começou a sociedade do conhecimento. Os problemas podem-se tornar oportunidades. Precisamos virar a mesa, passar de pessimismo e resignação para ter um projeto e ilusão. Criatividade e imaginação são consolidadas como as habilidades mais rentáveis neste novo ambiente. O novo método de trabalho é baseado na cooperação e desenvolvimento coletivo.
O plano que propomos para sair da crise pode ser usado por qualquer pessoa, família, negócios ou a nível público. Mudanças para empreender são tão importantes que só podem funcionar se partirem da base, desde as mais simples. A segurança no emprego desapareceu, o conceito de trabalho está em questão, bem como o papel do Estado na vida quotidiana das comunidades ou a forma de realizar um projeto de negócio.

Uma estratégia para superar a crise: rumo a uma sociedade do conhecimento

Os três pontos principais dessa estratégia, a que chamamos Rumo à Sociedade do Conhecimento são:

- Ambiente: É considerada a natureza como o principal fator de produção e torná-lo o nosso principal parceiro. Na sociedade de conhecimento, os recursos naturais são explorados de forma a permitir que a natureza recupere, poupando-a da poluição. As sociedades mais prósperas nas próximas décadas serão aquelas que estão a resolver esta equação. As que não o fizerem tenderão a desaparecer e seus membros terão que migrar.
- Europa como uma estratégia para a localização económica: Embora a globalização tenha trazido prosperidade, que permitiu a muitas pessoas a saída da pobreza, uma sociedade que quer ter um futuro estável tem de participar no processo de globalização, mas também garantir que ela é capaz de gerar mercados rentáveis localmente. No novo modelo de produção, a auto-produção poderá proporcionar uma qualidade imbatível na vida e estabilidade para as comunidades que a praticam. É essencial para criar mercados locais, o e desenvolver produtos rentáveis que gerem valor para a comunidade.
- Sociedade de Desenvolvimento em Rede: Por algum tempo, a vida virtual tornou-se mais importante do que a real. Identidade e redes digitais formam um novo ambiente de comunidade onde tem havido uma tribalização da sociedade. O desenvolvimento da sociedade em rede articula criatividade e plataforma de empreendimento coletivo que permite o desenvolvimento e a prosperidade. O trabalho da sociedade em rede exige menos para o resultado que é mais, em busca de eficiência e sustentabilidade.

Como é que as áreas rurais em Castilla representam uma oportunidade nestes tempos de mudança de época?

Mudanças para empreender são tão profundas que podem criar grandes comunidades, outrora pequenas. O fracasso permanente de instituições, governos e estados para resolver os problemas existentes confirma a necessidade vital para desenvolvimento de outras estratégias que podem responder no curto prazo. O ambiente rural e o seu ecossistema podem ser um laboratório para a mudança, com maior potencial de sucesso que nas cidades.

Em Castilla, os povos de médio e pequeno porte podem combinar várias características que o colocam como um lugar idéoneo para o desenvolvimento da sociedade do conhecimento:

- Pela sua reduzida dimensão
- Por ter um ecossistema relativamente bem preservado
- Devido à sua localização. No caso do Nordeste Segovia, uma boa comunicação com uma grande cidade como Madrid um grande potencial
- Pelas virtudes ancestrais do seu povo: a sua capacidade de luta, sacrifício, trabalho, austeridade e espírito de comunidade

A combinação de vida dos nossos avós com a sociedade em rede pode levar-nos a conceber uma nova forma de vida sustentável e rentável, e tornar-nos mais felizes.

Sobre a necessidade de desenvolver a sociedade em rede em áreas rurais de Castela
Como podemos virar o jogo imediatamente? Como podemos passar de pessimismo e resignação para ter um projeto emocionante e futuro?

Nós apenas temos que ser capazes de ousar imaginar um futuro melhor, e que será necessariamente diferente. Criatividade e partilha através da sociedade em rede.

Já tem uma ideia?

Partilhe na rede.

Precisamos de agentes ativos, capazes de escrever, pensar e partilhar online. Criar uma blogosfera ativa. Talento chama talento. Faça um blog, pois é rápido e barato. Uma mudança numa minoria comprometida pode causar uma reflexão coletiva. A conversa cria redes distribuídas. Comunidades a criar redes. A comunidade é o motor da sociedade do conhecimento.

A ausência de uma blogosfera ativa no Nordeste Segovia é uma grande lacuna, mas por sua vez, e também aqui se torna numa oportunidade.

Quem é o público-alvo para repovoar as aldeias de Castilla?

- Aqueles que já cá estão e as suas famílias: a necessidade de treinar e participar na mudança
- Aqueles com actividades offshore (teletrabalho, ...)
- Aqueles que estão desempregados

in Pan Y Trillar, Jorge Juan Garcia

Políticas de Acolhimento discutidas em Bruxelas


Realizou-se no dia 12 de Novembro uma conferência sobre políticas de acolhimento em territórios rurais no âmbito do projecto de cooperação Philoxenia Plus no Comité das Regiões em Bruxelas.

Estavam presentes organizações de vários países, entre os quais Grécia, Espanha, Itália, França e Estónia na qualidade de parceiros do referido projeto.

De Portugal, participaram a Confederação Nacional de Jovens Agricultores e o Programa Novos Povoadores.

Os principais aspectos que retemos deste encontro são:

1) Cooperar para repovoar: a problemática do despovoamento não conhece fronteiras e, apesar de não existir uma solução definitiva, existem iniciativas com resultados concretos que merecem ser testados e transferidos para outras regiões;

2) Importância de alertar os responsáveis políticos europeus para considerar as medidas de incentivo ao reequilíbrio dos territórios rurais enquanto vector transversal dos apoios comunitários.

3) Criação de uma associação europeia que sirva para dinamizar a rede, exercer lobby e sintetizar as boas práticas associadas a esta temática;

Destacamos ainda como factor positivo os contactos estabelecidos, nomeadamente os responsáveis pelas iniciativas Collectif Ville Campagne e Soho Solo, cujo trabalho é considerado a referência em matéria de políticas de acolhimento.

Finalmente, apraz-nos registar que a visão e a metodologia veiculada no programa Novos Povoadores está alinhada com as práticas de maior sucesso a nível europeu, o que nos faz acreditar que estamos no caminho certo.

Greenfest

Este ano, os Novos Povoadores são parceiros do GREENFEST.

Inspirado no formato americano, este evento em Portugal conta com Pedro Norton de Matos como mentor e celebra a 7ª edição em 2014.

É o maior evento de sustentabilidade do país e celebra anualmente o que de melhor se faz ao nível da sustentabilidade nas vertentes ambiental, social e económica.

Posicionam-se como uma plataforma de partilha de ideias e experiências e abordam as tendências do nosso tempo. Dão 'palco' a empresas, autarquias e cidadãos que se preocupam com o futuro.

O GREENFEST decorre desde a sua primeira edição no Centro de Congressos do Estoril e é uma iniciativa que conta com a organização da Câmara Municipal de Cascais e do Grupo Gingko.

No Domingo, estaremos no Centro de Congressos do Estoril a atender alguns inscritos nosso programa.

Ficaríamos satisfeitos se pudermos encontrar-nos por lá!

Assinatura do Convénio Ibérico para o Repovoamento Rural

Foi hoje assinado o Convénio Ibérico entre o Programa Novos Povoadores e a Fundación Abraza La Tierra, na Vila de Alfândega da Fé.

A partilha de conhecimento entre as organizações congéneres e a fundação de uma rede europeia para o repovoamento rural são os principais objectivos para a celebração deste Convénio, que tem por objeto a colaboração entre as entidades identificadas, na prossecução dos seguintes objetivos comuns:
a) Promover a criação de uma Rede Europeia de promoção do repovoamento do meio rural;
b) Identificar e partilhar ferramentas de combate ao despovoamento das zonas de baixa densidade;
c) Oferecer informação sobre opções de emprego, autoemprego e/ou habitação;
d) A participação conjunta em encontros e campanhas de sensibilização social que fomentem a chegada de novos povoadores e empreendedores ao meio rural contribuindo para travar o despovoamento.

A cerimónia foi presidida pela Dra. Berta Nunes, autarca anfitriã, e contou com a presença de diversas entidades envolvidas com a problemática do despovoamento rural, nomeadamente as autarquias, associações Leader e instituições de ensino superior, nas áreas geográficas de influência das intervenções.

Discurso integral de Alexandre Ferraz, representante do Programa Novos Povoadores.

Regressar ao Campo

No início dos anos sessenta, Portugal era ainda um país rural. As modificações entretanto ocorridas no pós guerra, no período que corresponde à segunda fase da revolução industrial - a era domarketing- , marcada por uma rápida generalização da eletricidade e do automóvel, pela revolução verde e pelo aparecimento de novos produtos e utensílios, alteraram profundamente o modo de vida das pessoas. As oportunidades de emprego passaram a estar nas cidades; o campo deixou de ser atrativo; começou o êxodo, e as aldeias rurais do interior de Portugal começaram a esvaziar-se.

A recente crise veio revelar o desencanto das cidades e toldar o horizonte com nuvens carregadas. A austeridade, o desemprego, as difíceis condições de vida transformaram os subúrbios em guetos sem perspetivas. Muitas pessoas, conscientes do beco sem saída para onde nos está a conduzir a globalização e temendo um colapso económico e financeiro- e até ambiental-, olham com nostalgia para o campo, e sentem um forte apelo para regressar ao modo de vida simples dos nossos pais e avós. A proximidade da terra e a possibilidade de angariar dela o sustento de cada dia , constitui a principal razão deste anseio. A vida agitada das grandes cidades, a dependência dos transportes e das redes de abastecimento de água, de alimentos e de energia dão às pessoas uma sensação de insegurança que se amplia sempre que se pressente o agravar da crise.

Na passada semana estive em Alfandega da Fé, no distrito de Bragança, para assistir à assinatura de um protocolo entre osNovos Povoadores, uma organização portuguesa, e a Fundação espanhola Abraza la Tierra. São duas organizações similares, empenhadas em fomentar e apoiar a fixação de pessoas interessadas em migrar para meios rurais. A Presidente da Câmara local, Dra. Berta Nunes, que apadrinhou o ato, falou de algumas experiências bem sucedidas de migração para o concelho e destacou a capacidade de inovação de alguns desses migrantes. Referiu-se à tendência para o crescimento das cidades, que desde há muito se verifica e se espera venha a continuar no futuro, afirmando que ela tem de ser contrariada pois, segundo disse,"tendência não tem de ser assumida como destino".
A desertificação do interior tem essencialmente causas económicas e só a economia pode inverter esta tendência. Foi a idade de ouro que esvaziou as aldeias e acelerou o forte desenvolvimento dos meios urbanos. As transformações na agricultura, o acesso à educação, o desenvolvimento dos serviços, o surgimento do estado social e os serviços que lhe estão associados, tornaram obsoleta a velha forma de vida rural baseada na agricultura tradicional feita à custa do trabalho animal e do esforço humano. Com a sociedade industrial acabaram os ofícios artesanais: alfaiates, oleiros, moleiros, ferreiros, padeiros, sapateiros, latoeiros, costureiras, tecelões, fiadeiras, etc... Os políticos não souberam ou não puderam encontrar alternativas a esta sangria. O abandono da terra aconteceu de forma pacífica e voluntária, e só quem não conheceu as agruras do mundo rural poderá pensar que ele era um paraíso.

A agricultura, apesar dos incentivos à florestação e à pecuária, foi definhando. Uma solução para a preservar teria exigido uma reconversão da propriedade, o que não aconteceu. Ora, uma política de subsídios é insustentável a prazo. Atualmente a floresta do interior norte, sem dimensão, e a pecuária, sem tradição e longe dos mercados, não têm futuro. O turismo, muito estimulado pelos programas de apoio europeus, parecia ser a única alternativa como atividade económica para promover o emprego. Mas o turismo é a indústria da prosperidade, e a prosperidade não é eterna.

Mesmo sem atividades locais sustentáveis e sem gente, o campo beneficiou do progresso global e foi-se urbanizando. O dinheiro da Europa construiu estradas;os fluxos financeiros dos emigrados permitiram edificar novas habitações e restaurar as antigas; o conforto da eletricidade e do automóvel chegaram. A nova distribuição passou a trazer de longe os produtos que a terra deixou de produzir e os artesãos deixaram de confecionar.

Numa economia global a teia de dependências é muito grande. A cidade depende do campo, mas o campo também depende da cidade. Uma situação de colapso económico seria trágica para o campo. Os meios rurais de hoje já não conseguem viver sem eletricidade, sem saneamento, sem água canalizada, sem automóvel. E já não dispensam o Lidl ou o Intermarché num raio de dez quilómetros. As mentalidades dos meios rurais já são urbanas. Os jovens dos meios rurais são em tudo semelhantes aos das cidades: vêem os mesmos programas de televisão, frequentam as mesmas redes sociais, vestem roupas das mesmas marcas. E, o mais preocupante de tudo, a sua máxima ambição é ir viver para as grandes cidades.

Tendência não é destino, mas mexe muito com ele. Os rios correm para o mar, e não é fácil inverter o seu curso. O que está a passar-se em Alfandega da Fé e o trabalho de organizações como os Novos Povoadores ou o Abraza la Tierra é admirável. Só por si, ele não vai alterar a orientação da mão invisível que está por detrás da globalização. Mas revela consciência da tragédia que será o destino dos subúrbios das grandes cidades se um dia tiverem de ficar entregues a si próprios. E permite alimentar o sonho de que será possível voltar a abraçar a terra!

in Transição, Luís Queirós e fotografia de Method Homes Prefab

Primeiro Jantar dos Novos Povoadores no Baixo Sabor

Por iniciativa do mais recente novo povoador na região do Baixo Sabor, realizou-se ontem um jantar em sua casa com os restantes migrantes daquela área para comemorar a existência desta iniciativa.

Para chegarmos a este estágio, há rostos que foram decisivos e que importa relevar.
À Fundação EDP, nas pessoas de Isabel Ferreira Marques e André Habler Rente que dedicaram centenas de horas do seu trabalho para viabilizar o arranque da iniciativa, numa organização coordenada por Sérgio Figueiredo que confiou no êxito do projecto.
À Câmara Municipal de Alfândega da Fé, na pessoa da autarca Berta Nunes, que aceitou o desafio e o risco de implementar o primeiro piloto, numa fase em que pouco saberíamos como poderia decorrer, e à Associação Leque na pessoa da sua líder Celmira Macedo pelo apoio nos momentos mais complexos.
Às primeiras famílias, que aceitaram a nossa colaboração para o desenho do seu projecto migratório, e a muitas outras que partilharam connosco os seus erros e experiências e que revelaram-se fundamentais para aperfeiçoarmos o programa.
À comunicação social que tem divulgado o nosso trabalho e sabido compreender que os processos de inovação social são implementados por tentativa e erro, e que existem contratempos que fazem parte do processo.

Por fim, e não menos importante, ao Instituto de Empreendedorismo Social, que tem apoiado a capacitação dos autores do programa, estabelecido redes com outras iniciativas e disponibilizado ferramentas que nos permitem avaliar em permanência o impacto social e económico da nossa intervenção.

Em breve anunciaremos a data dos próximos Encontros da Primavera em Lisboa e no Porto, oportunidade para esclarecermos as dúvidas que possam existir sobre o programa para aqueles que pretendem instalar empresas nos meios rurais em Portugal.

A todos, o nosso MUITO OBRIGADO!

Frederico, Alexandre e Ana.

Casas Transportáveis: Uma opção viável?

Viver numa casa transportável é uma ideia sedutora, num período de estagnação imobiliária.
A mudança de emprego, o reagrupamento familiar ou a simples necessidade de mudar de vizinhos, transforma estas casas numa opção a considerar.

Existem vários construtores portugueses de casas transportáveis: Modular System; Casas em Movimento; Casa Automática; Jular; Uchi

Mas - há sempre um "mas"! - habituados a uma casa de construção tradicional, é natural e legitimo que se coloquem algumas dúvidas adicionais.

Os fabricantes destas casas não dispoêm de exemplares para test-live e a maioria dos lodges disponíveis para o arrendamento diário não têm dimensões ou isolamento térmico com as características das ofertas disponíveis para habitação permanente.

Atento a esta fragilidade, José Caramelo, ex colaborador de uma empresa tecnológica e promotor da Casa Automática, decidiu colocar as mãos à obra e construir uma casa transportável para arrendar a potenciais interessados.
Em São Teotónio, concelho de Odemira, ergueu a primeira casa.
O exterior não denuncia o conforto e a eficiência do seu interior.
Em 45 m2, o T1 tem um quarto com boa arrumação, uma casa de banho de dimensões normais e uma pequena kitchinet. A sala de estar tem 22 m2.
A proximidade a Zambujeira do Mar e a simpatia da família Caramelo são o complemento para o êxito desta experiência de uma vida mais nómada.

Esta família migrou de Carcavelos para Odemira em Janeiro de 2014.

Informações e reservas pelo nr de telefone 961 624 226 ou josecaramelo@gmail.com

Mais informação em CMTV
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