Interculturalidade: O fator chave do desenvolvimento
A crise dos refugiados não deixa ninguém indiferente.
Tal como na tragédia do Titanic, alguns salva-vidas acolheram apenas metade da sua capacidade, enquanto outros 1514 passageiros morreram congelados ao largo da Terra Nova.
Hoje, 100 anos depois, discutimos o acolhimento daqueles que fogem da guerra.
Somos europeus e vivemos na terra desejada para os sírios. E entre nós, existe quem tenha a ousadia de pensar que deveremos barrar essa entrada, atirando milhões de seres humanos para a morte.
Irónico.
Um continente em envelhecimento entende que não tem espaço para acolher quem nos pede auxilio.
Mais grave.
A História, para quem a conhece, revela que o desenvolvimento nasce na interculturalidade.
Charles Darwin explica que aqueles que melhor se adaptam aos novos contextos são os que têm maior probabilidade de sobrevivência.
A pena de morte foi abolida na Europa - excepção da Ditadura Lukashentina na República da Bielorrússia - mas diversos governos europeus continuam a marginalizar milhões de seres humanos que apelam por auxilio.
Ruralidade com futuro!
Para além do despovoamento, os territórios rurais na Europa têm recursos para acolher novos residentes.
Se esses residentes trouxerem novas competências, poderemos construir uma ruralidade com futuro: mais inclusiva, mais inovadora, mais efectiva.
O desafio está nas mãos daqueles que não se resignam ao papel de figurantes das suas vidas.
Broadband 'can be an engine for economic growth in Europe'
The event coincided with the decisions on roaming and data roaming charges in the European Parliament, considerations of the future investment in internet technologies and debates on the Anti-counterfeiting Trade Agreement (ACTA), each with its own policy ramifications on the telecoms industry.
Despite the positive global trends linking broadband technology to GDP growth, speakers at the MWC pointed out that Europe remains the only continent where telecommunications business is running at a loss. The European Commission has dedicated €9.2 billion to co-finance transition from copper to fibre-based cable telecoms and internet networks in October 2011.
Indonesian Telecoms Minister Tifatul Sembiring stressed at the broadband forum organised by leading global information and communications technology solutions provider Huawei that growth in broadband was central to economic growth of 6.5% that the country experienced in the past year.
The importance of the broadband internet as an engine for the economic growth was pointed out by Huawei Vice Director Richard Brennan who told New Europe that the technology could improve various aspects of life, including education, healthcare and the way businesses operate.
One of the creative solutions presented at the eve of MWC is improvement in machine-to-machine (M2M) technologies presented by Huawei that allow both wireless and wired systems to communicate with other devices, providing an interface for consumers and developers to implement ideas and services as applications on the cloud rather without unnecessary worries about the infrastructure set-up and maintenance.
The future IPv6 technology, championed by Huawei, would allow for every appliance to be connected to the network, fetch data from it and report its position and other information. Application of such technology in healthcare could provide timely and accurate treatment while lowering costs.
Many companies around the globe already benefited from using Huawei's cloud technologies, but creation of a wider open-access data network, based on the fibre broadband which would serve as a backhaul available to users, could provide a boost to invention-based economy and creative businesses.
The World Bank estimates that a 10% increase in broadband penetration can potentially translate into 1.3% GDP growth, with comparative studies in countries which committed to national broadband commitments confirming this trend.
in New Europe
Ministro da Economia quer "travar" desertificação no interior do país
O ministro da Economia, Álvaro Santos Pereira, mostrou-se hoje empenhado em "travar" a desertificação no interior do país, prometendo que não irá esquecer-se daquela região, uma vez que é também "uma pessoa do interior".
"Eu sou uma pessoa do interior. Uma coisa que eu não farei será esquecer o interior", disse.
"Nós temos uma secretaria de Estado de Desenvolvimento Regional, eu não digo isso só por nome, eu digo isso piamente porque vale a pena acreditar e apostar no interior para construir-mos um Portugal mais harmonioso e menos dual", sublinhou.
Álvaro Santos Pereira falava aos jornalistas no final de uma visita à fábrica de produção de PET da IMG, em Portalegre, iniciativa inserida no âmbito de um ciclo de visitas a empresas de sucesso e em dificuldades promovida pelo Ministério da Economia.
No entanto, o ministro recordou que o Governo "não tem soluções mágicas" para inverter a situação que se vive nas regiões do interior, sustentando que a "chave" para resolver esse problema passa pelo diálogo e trabalho com as populações e empresas dessas regiões desertificadas.
"O Governo não tem soluções mágicas para o interior, nós precisamos de trabalhar com as populações do interior, com as empresas do interior, para tornar-mos o interior mais atractivo para as pessoas que cá vivem e querem cá viver", declarou.
O grupo Control PET -- sociedade participada pelos grupos portugueses Imatosgil e Banco Espírito Santo compraram em Junho a unidade de produção de PET Artenius Portugal, em Portalegre, empresa que era propriedade da espanhola La Seda.
A empresa, desenhada em 1996 para a produção de fibras de poliéster, foi reconvertida para a produção em processo contínuo de polímeros PET, tinha uma produção anual de 70 mil toneladas e estava com a sua actividade industrial paralisada desde finais de 2010.
De acordo com a La Seda, na altura do negócio, o valor da venda foi de 5,6 milhões de euros a pagar entre 2011 e 2015.
in Jornal de Negócios
EDP avança hoje com projecto para incentivar novas famílias em Trás-os-Montes
A EDP, os Novos Povoadores e a Câmara de Alfândega da Fé vão avançar hoje com um projecto piloto para incentivar a instalação de novas famílias naquele concelho transmontano.
Segundo disse hoje à Lusa, a directora da Fundação EDP, Isabel Marques, esta iniciativa assenta num projecto piloto que está a ser instalado na região do Baixo Sabor, onde se encontra em fase de construção um grande empreendimento hidroeléctrico.
«O projecto tem por objectivo atrair casais que pretendam construir uma nova vida nesta região, que tem perdido população, e acreditamos que há cada vez mais pessoas que pretendem mudar a sua vida para o interior do país», acrescentou a responsável.
A criação de condições para reter jovens e atrair novos residentes figura no topo da lista de preocupações, a par do emprego e do desenvolvimento turístico da região.
«O Baixo Sabor tem sido uma região piloto em vários projectos socais, económicas ou culturais promovidos pela EDP, dado o facto de haver uma barragem que está em fase adiantada de construção», sublinhou Isabel Marques.
As famílias candidatas à mudança, deverão obedecer a alguns critérios que garantam «o sucesso do novo projecto de vida».
«Para atender a esta necessidade, a EDP recorre à experiência dos Novos Povoadores, entidade, que tem vindo a desenvolver o conceito de repovoamento das zonas mais despovoadas do país, através da migração de famílias urbanas, a qual vai apoiar a mediação às famílias em mudança, em estreita articulação com a Câmara», concluiu a responsável pela Fundação EDP.
A iniciativa, após formalizada, visa atender a uma das principais expectativas detectadas pela EDP nos inquéritos de opinião realizados nas regiões abrangidas pelas novas barragens tendo em vista área do território menos povoadas.
O projecto será financiado pela EDP, no âmbito do conjunto de iniciativas de promoção de desenvolvimento nos concelhos onde desenvolve novos investimentos hídricos.
Lusa/ SOL
Portugal integra lista dos melhores destinos mundiais para Outsourcing
A Gartner, uma das principais consultoras mundiais na área das tecnologias de informação, colocou Portugal na lista dos 11 países desenvolvidos a serem ponderados para a realização de outsourcing de tecnologias de informação e processos, logo após uma lista de 30 países dominada pelos mercados emergentes.
Portugal integra, pela primeira vez, a lista dos melhores destinos mundiais para a realização de Outsourcing de tecnologias de informação e processos da consultora Gartner. Esta inclusão surge após as várias acções de promoção do sector desenvolvida pela Associação Portugal Outsourcing, inclusive nos mercados internacionais.
Frederico Moreira Rato, presidente da Portugal Outsourcing salienta que “a entrada do nosso País neste importante ranking da Gartner vem reforçar a nossa visão de que Portugal tem potencial para desenvolver uma nova indústria de serviços exportadora de ponta baseada no Outsourcing de tecnologias de informação e processos. Mas também temos consciência que para entrar no pelotão da frente é necessário uma aposta da Administração Pública nos benefícios que o sector pode oferecer, bem como ultrapassar alguns constrangimentos à actividade, nomeadamente na área laboral e fiscal”.
O ranking da consultora Gartner coloca Portugal entre os 11 países desenvolvidos com mais potencial para operações de offshore (outsourcing para destinos longínquos) e nearshore (outsourcing para mercados de proximidade), logo a seguir a uma lista de 30 países dominados por estados de mercados emergentes.
Na Europa, Portugal é colocado a par de países como a Irlanda, Israel, Irlanda do Norte, Escócia, Espanha e País de Gales. Segunda a Gartner, este conjunto de países tem um ambiente doméstico maduro, com mão-de-obra qualificada nas tecnologias de informação e processos de negócio, infra-estruturas tecnológicas robustas, legislação madura e muitas vezes contam com investimentos significativos de multinacionais prestadoras de serviços. Contudo, estes países frequentemente têm uma performance desfavorável em termos de custos face a mercados emergentes.
Um estudo recente promovido pela Portugal Outsourcing salienta que a competitividade de Portugal como destino de projectos e centros de competências a nível internacional tem vindo a aumentar, o que já se traduziu na captação de importantes projectos e infra-estruturas para Portugal.
O trabalho denominado “Portugal como Destino Internacional de Outsourcing” defende a importância da adopção do outsourcing no Sector Público e a urgência da criação de medidas específicas para o sector, de forma a explorar o potencial demonstrado pelo País e a reforçar a sua competitividade no contexto europeu.
As empresas associadas da Portugal Outsourcing querem captar para o País projectos internacionais que permitam aumentar as exportações de serviços de tecnologia e processos nacionais, tendo como objectivo que o sector venha a alcançar mais de 1.300 milhões de euros em exportações em 2015.
A Portugal Outsourcing estima que o outsourcing de TI e processos em Portugal venha a representar 1,3% do PIB em seis anos, originando ganhos de produtividade anuais para a economia nacional que poderão ser superiores a 1.500 milhões de euros. As empresas associadas acreditam que o seu sector pode criar 12 mil novos empregos líquidos em Portugal nos próximos anos, com importante parte dessa evolução a ser gerada pelo mercado internacional e pela Administração Pública.
O roadshow promovido pela Portugal Outsourcing incluiu, em 2010, uma acção de apresentação em Londres que contou com especialistas nacionais e internacionais, estando previstas mais acções em cidades europeias em 2011. Entre os oradores na apresentação em Londres estiveram António Nogueira Leite, antigo Secretário de Estado do Tesouro e Finanças, bem como Frederico Moreira Rato, Presidente da Associação Portugal Outsourcing.
A Portugal Outsourcing tem como associados as empresas Accenture, Altran, Capgemini, Deloitte, Everis, Glintt, HP, IBM, Indra, Logica, Mainroad, Novabase, Oni, Portugal Telecom, Reditus, Sibs Processos, Siemens e Xerox. O sector do outsourcing com recurso às tecnologias de informação e comunicação gera mais de 1.000 milhões de euros por ano para a economia nacional, o que representa cerca de 0,66% do PIB.
in Portugal Global
Falta qualificação na onda do desenvolvimento
As cidades do interior paulista, por exemplo, representam com maestria essa rara fatia, atraindo riquezas pelas mãos da fórmula serviços de ponta x tranqüilidade e segurança. Naturalmente, toda essa bonança acaba por alavancar a indústria imobiliária local e, um dos grandes desafios apresentados por esse contexto positivo para o setor é justamente manter o crescimento populacional com garantias consideráveis de emprego e renda.
Hoje, o interior paulista é um País, com PIB superando a casa dos US$ 135 bilhões - 12% maior que o PIB chileno, por exemplo -, respondendo por 44% de todas as riquezas produzidas no Estado de São Paulo e 13% do Brasil. Só nos primeiros cinco meses do ano passado, a região gerou quase 360 mil novos postos de trabalho, número que corresponde a 75% de todos os novos empregos do Estado.
Embora São Paulo concentre mais de 60% das cidades médias que crescem por meio de atividades educacionais (o Estado é responsável por um quarto de toda a produção científica nacional, abrigando importantes instituições de ensino superior brasileiras), sua indústria imobiliária não está livre de um flagelo comum: a falta de profissionais qualificados.
Em décadas anteriores, imperavam no mercado a baixa produtividade, o pouco cuidado com a segurança, o uso de equipamentos rudimentares e a mão de obra pouco qualificada. Hoje, o sucesso de um produto depende da qualidade de todos os elos da construção civil. Para isso, a mão de obra passou a ser mais qualificada e novas regras surgiram para controlar os procedimentos.
Estamos no auge de um período produtivo, mas, como manter esse cenário, sem considerarmos a importância crescente da formação profissional? A verdade é que o forte momento da construção civil contrasta com a pequena quantidade de profissionais qualificados. Tanto mais quando assistimos à decolagem do programa Minha Casa, Minha Vida, que aumentou sensivelmente a quantidade de projetos, à consolidação das políticas de crédito imobiliário, ao advento do pré-sal, que movimenta sobremaneira a Baixada Santista, ou mesmo a toda a demanda, em breve, gerada pela Copa do Mundo e pelas Olimpíadas.
Todos sabem que a indústria imobiliária nacional já é uma das principais responsáveis pela geração recorde de empregos com carteira assinada (vide estudos do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados – Caged – do Ministério do Trabalho). Mas, quando o empresário do setor implementa uma grande obra, que requer investimento elevado, cada vez menos encontra qualidade no momento da contratação.
Para reforçar a tese, recente levantamento da Confederação Nacional da Indústria (CNI), revela que o custo da produção aumentou muito em função dos altos salários exigidos pelos poucos e bons profissionais. Apesar de tudo, em 2010 a maioria das empresas imobiliárias do Estado trabalhou em ritmo acelerado e com número de empregados crescente. E assim deve ser também ao longo de 2011.
Essa realidade também é detectada em cidades como Sorocaba, Campinas, Jundiaí, Taubaté e São José dos Campos, que, dentre outras, apesar dessa dificuldade avançam nos investimentos, não só no âmbito empresarial, mas também no sentido de reunir esforços e instituir parcerias com entidades afins, rumo à promoção do aperfeiçoamento e formação profissional.
O processo de capacitação é essencial e deve ocorrer o mais rápido possível. Com a rotatividade de profissionais no setor, as empresas deverão cultivar uma visão autocrítica sobre o clima organizacional e criar uma relação de confiabilidade, inclusive a partir das experiências e vivências de cada um.
A escassez de mão de obra é um contexto que deve perdurar por algum tempo ainda, já que a formação de profissionais requer investimento de mais longo prazo. É preciso reinventar a empresa, quando a realidade muda, e avançar com mais afinco no setor da educação, para não desperdiçarmos esse momento de ouro.
in INCorporativa, Flávio Amary, vice-presidente do Interior do Secovi-SP
Portela: 14.000.000 Passageiros
Para isso muito contribuiu a estratégia de abrir esse aeroporto às LowCost, passo inevitavel nos novos modelos de dinamização do transporte aéreo nas capitais europeias.
Ao contrário de Londres, que separa o seu tráfego aéreo por vários aeroportos, Lisboa e Madrid concentram na mesma infra estrutura as companhias de bandeira e as LowCost.
Trata-se de uma solução mais onerosa na construção mas com algumas economias operacionais para as companhias aéreas.
Em Portugal, o Aeroporto Francisco Sá Carneiro concluiu a sua remodelação em 2006, sendo hoje uma referência europeia nos indíces de conforto ao passageiro.
Com um investimento total de 500M euros, 10% do valor previsto para o Novo Aeroporto de Alcochete, este aeroporto comportará 6,5M passageiros anuais.
ASSIMETRIAS REGIONAIS
Neste sentido, se atentarmos para o gráfico 1 (que nos indica o rendimento médio das regiões portuguesas relativamente à média europeia), facilmente poderemos retirar as seguintes conclusões:
Em primeiro lugar, é visível que, desde 2003, todas as regiões portuguesas estagnaram ou divergiram em relação à media europeia. Ou seja, desde 2003, que todas as regiões portuguesas ficaram mais pobres relativamente ao rendimento médio europeu. Ainda assim, vale a pena sublinhar que antes de 2003, as regiões que mais se destacaram em relação à convergencia de rendimentos com a Europa foram as regiões autonómas, com especial incidência para a Madeira. Assim, entre 1999 e 2007, o rendimento médio por habitante madeirense aumentou de 63% para 79% do rendimento de um europeu médio. Por sua vez, o rendimento médio dos Açores cresceu de 46% da média europeia em 1997 para 55% em 2007. Actualmente, os Açores já são mais ricos do que a Região Centro e do que o Norte do país, e a Madeira aproxima-se a passos largos para se tornar na região mais rica de Portugal.
Em segundo lugar, é igualmente notório que o Norte permanece a região mais pobre do país. Em 2007, o rendimento da Região Norte já era somente 49% do rendimento médio europeu, o que tornava o Norte numa das regiões mais pobres da Europa Ocidental. Obviamente que esta definição do Norte deixa muito a desejar, pois engloba tanto cidades relativamente afluentes como o Porto e Braga, como Trás-os-Montes. Ainda assim, a tendência de empobrecimento do Norte nos últimos anos é simplesmente indesmentível, um fenómeno que urge combater antes que esta divergência se torne demasiado grande.
Em terceiro lugar, a impressionante convergência dos rendimentos médios da Madeira em relação à media europeia foi travada nos últimos anos. Aliás, é até provável que esta tendência se tenha acentuado desde 2008, por causa do agravamento da crise económica.
Em suma, infelizmente, desde 2003, que nenhuma região portuguesa regista uma convergência significativa em relação à média europeia. Uma tendência que é imperioso inverter o mais brevemente possível.
Gráfico 1 _ Rendimento médio das regiões portuguesas em relação à média europeia (PIB por habitante, UE27 = 100)
Fonte: Eurostat
Olhemos agora somente para o contexto português e comparemos os rendimentos médios das diversas regiões com o rendimento médio em Lisboa (a região mais abastada de Portugal). Como podemos ver no gráfico 2, embora a Madeira tenha parado de convergir com a Europa, a convergência da região madeirense com Lisboa continua, apesar de o ritmo de convergência ter abrandado. Por outro lado, é igualmente visível no gráfico 2 que, entre 2004 e 2008, quase todas as regiões convergiram (muito) ligeiramente em relação a Lisboa. A excepção é o Algarve, cujo processo de convergência com a Europa e com Lisboa parece ter perdido ímpeto nos últimos anos.
Finalmente, os números referentes à convergência regional do gráfico 2 sugerem que as assimetrias regionais em Portugal continental se têm alterado pouco nos últimos 15 anos. É, de facto, notório que a diferença entre o PIB por habitante em Lisboa e as restantes regiões se tem mantido quase inalterada. Ou seja, as assimetrias regionaos portuguesas têm persistido e até se têm perpetuado. Pelo menos no que diz respeito ao Continente. A grande excepção a esta tendência são as regiões autónomas, que têm vindo a registar uma convergência real notável em relação ao continente e, em particular, a Lisboa. Se não fossem as regiões autónomas, certamente que as nossas assimetrias regionais nos pareceriam ainda mais imutáveis, quase glaciares.
Amanhã falarei da produtividade média e de outros indicadores regionais. Veremos se as mesmas tendências do Mezzogiorno português se manterão.
Fonte: INE
in Desmitos, Álvaro Santos Pereira
City Marketing por @paulomoreira
Alqueva, nas terras do Grande Lago
Água a rodos, menires e antas milenares, vinhos notáveis, património a cada esquina, paisagem de cortar a respiração e, sobretudo, a vida em câmara lenta. O Alqueva, o maior lago artificial europeu, é um dos segredos mais bem escondidos da Europa, onde os portugueses atentos começam a apostar como destino de férias alternativo.
«ESPEREMOS que não continue a dizer-se daqui a dez anos que o Alqueva tem potencial», diz para princípio quente de conversa Jorge Vieira, 40 anos, director da Herdade do Sobroso. A voz de Jorge é crítica, lúcida, mas ainda apaixonada. Pergunta-se: o que mudou na paisagem, na marca Alqueva, na herdade, neste último ano em que o Alqueva entrou na moda e o Sobroso foi considerado um dos melhores lugares de pernoita da região? «Para já há mais gente, isso nota-se. Mas a procura está mais orientada para a calma do Alentejo e do Sobroso do que para o Alqueva. Tem o potencial de que toda a gente fala mas, tirando casos pontuais, ainda não saiu disso. Por exemplo, há muito pouca oferta de actividades na água, que é o que as pessoas procuram. Vem-se cá uma, duas vezes, e esgota-se o assunto. As actividades são irregulares e a maioria amadoras. Não há praias fluviais ou não passam da declaração de intenções. Os barcos de cruzeiros ou carreiras são escassos. Os percursos são monótonos. O comentário mais comum dos clientes repetentes é que quase nada mudou. No caso dos passeios, poderá repetir-se o percurso com originalidade se se vier numa altura diferente do ano, porque a paisagem muda. De resto, a oferta é pouca e muito concentrada neste período do Verão.»
Pode dar-se o caso de um dia (domingo, 1 de Agosto), no pleno das férias, não haver ninguém disposto a trabalhar. As estruturas não acompanham a vinda das pessoas. E o interesse em desbravar, que é muito. Ouve-se então o insólito. «No último ano, abriu a casa de apoio à barragem com três sanitários. Já agora, o paredão é o lugar mais visitado da parte sul da barragem, junto com a Amieira. A norte é Monsaraz. Mas já fecharam a casa do lado de Portel, mais as estruturas de apoio, o café, a loja de produtos regionais. Durante meses não houve nada e agora abriu-se outra do lado de Moura.»
No Sobroso estão hospedados por estes dias Jorge Megre e Paula Barros, um casal de Braga «em trânsito». Desconheciam a «paisagem deslumbrante» do Grande Lago, onde nada há que incomode o olhar. Na hora da despedida olharão para o Alqueva como uma nova realidade de férias prolongadas. «Viemos nas palavras encantadas de amigos que já tinham repetido. Decidimos experimentar, antes de seguirmos viagem [vindos do Algarve]. Nunca nos tinha ocorrido o Alqueva», dizem. Depois da «estada sublime» estão certos de que bisarão (ou trisarão), apenas com a ressalva de que será «numa altura menos quente, na Páscoa ou no Outono, em que até a forma de dormir muda». Sublinham ainda que as terras do Grande Lago, além de serem magníficas de horizontes, têm repastos de excelência. «Quando viajamos vamos sempre atrás da gastronomia, sobretudo a portuguesa. Esta região puxa muito ao palato», diz Jorge, de mão na barriga. «Depois, julgávamos que era um calor insuportável o dia todo, mas a barragem trouxe noites amenas e brisas apaixonantes.»
De todas as maravilhas possíveis e imaginárias do Alqueva, «a paz» é a eleita. Para os filhos, é igualmente uma oportunidade de conhecerem a História de Portugal ao vivo, «aquilo que o Algarve (soterrado no betão) dificilmente dá à primeira vista». Em três dias fizeram a volta «maravilhada» pelas relíquias de Monsaraz, Mourão e sobretudo a cenográfica Moura, nas palavras de José Saramago «muito mais sala de receber do que lugar de passagem». Lá viram, como recordou o escritor, «o belo portal trilobado da igreja matriz, com o seu arco conopial que lembra o portal de Penamacor, e o cortesão, nada eclesiástico balcão de dossel com os seus colunelos jónicos e ferros batidos». Obra do mestre de pedraria Cristóvão de Almeida que séculos depois continua a encher de majestade o largo da aldeia.
O único contratempo deu-se na saída de domingo, «para um almoço tardio», que por falta de lugares abertos obrigou a bater retirada de regresso ao Sobroso. «Tornou-se literalmente um almoço tardio. Almoçámos às cinco da tarde, graças à simpatia da dona Josefa.» O exemplo dá razão ao empresário hoteleiro, que alerta: «Quem tem negócios devia pensar que os turistas não vêm a horas certas, muito menos numa região onde se defende a marcha lenta e o coma devagar. Vai demorar algum tempo até as pessoas se adaptarem.» Tirando os projectos grandiosos, como o do empresário José Roquette – que vai de vento em popa e já tem uma mão-cheia de buracos de golfe esculpidos no montado da herdade das terras nobres do Roncão d’El Rey (primeira fase do projecto Parque Alqueva com abertura prevista para o primeiro trimestre de 2012, que contempla um hotel de 250 camas, um wine club e um campo de golfe de 18 buracos) –, as vilas e aldeias à volta de Alqueva vivem de negócios familiares e amadores, com o bom e o mau que isso implica. Ou seja, como diz o casal em uníssono, «é preciso usar o potencial». Sobre o Alqueva, Paula ensaia a teoria futurista: «Quem tem poder económico e procura um lugar com qualidade e discrição, encontrou aqui um paraíso – que só não interessa a quem queira fazer coisas mais mediáticas. Olhei para aqueles ciprestes e vi a Toscana. Tem afinidades na ligação da gastronomia com as casas. Tem pelo menos o potencial para ser vendido no mundo por aí. Isso e mais a força da água.»
As aldeias ribeirinhas
Quem salta de aldeia em aldeia, Alqueva, Campinho, Estrela, Luz? na esperança de achar pernoita mais modesta, alternativa aos turismos rurais e hospedarias finas, depressa conclui que é como achar agulha em palheiro. Na Estrela, por exemplo, apontada por todos à uma como das mais belas aldeias da região, um tesouro escondido da ruralidade ribeirinha, há um único endereço para aluguer de ocasião. Chega-se lá de boca em boca, à falta de mapa, placa ou letreiro explicativo. É o senhor Diogo Vitorino, 80 anos estimados e tisnados, à soleira do seu postigo, quem anuncia uma «casita acolá mais abaixo», pertença do senhor Alexandre, onde parece que se alugam quartos ou a casa inteira, conforme as necessidades. Antes de descer à casa debaixo de impiedosa canícula, o melhor ainda é tirar as teimas no restaurante Sabores da Estrela, o inesperado gourmet do outro lado da rua. São horas de descanso, mas a proprietária, Maria José, «moça da terra», saberá informar-nos de vagas.
A casa da Estrela é a morada solitária onde é possível um viajante instalar-se a preços do antigamente, e experimentar os novos prazeres do velho rio Guadiana. Na parede, pode ler-se a recomendação do site www.alquevacasasdecampo.com, um projecto que era para ser plural, mas acabou por ficar restrito a uma casa. Alexandre Firmo, outro homem da terra, pretendia alargar o negócio. A especulação imobiliária e a crise trocaram-lhe as voltas e ficou-se pelo casinhoto na Rua do Meirinho, n.º 16. A casa, porém, é um sortido de encantos. Um piso térreo sem janelas para a frente, de telhado a rasar a cabeça e paredes caiadas a estalar de alto a baixo com a força do calor. Passa-se a porta e desembocamos noutro mundo, um salão de tijoleira fresca, amplo e luminoso, de vista escancarada da barragem no final do alpendre e de um jardim resguardado por um muro e arvoredo de seiva árabe. Pode dormir-se do lado de fora, ao relento, num dossel de palhas sob a lua e a sombra do olival secular. Oitenta euros por noite é quanto vale o remanso em época alta (sessenta euros de Outubro a Maio).
Na aldeia, o Sabores da Estrela é o exemplo de sucesso, invariavelmente cheio, faça chuva ou faça sol. «Temos reservas até Novembro», confessa a proprietária. O achigã frito com migas de tomate e a varanda escandalosa sobre a barragem podem explicar parte do sucesso (em particular nas noites de Lua cheia), mas Maria José sabe que muito do êxito se justifica por haver fraca concorrência. «No perímetro das aldeias ribeirinhas contam-se pelos dedos os restaurantes recomendáveis.» Dos piropos que por ali vão deixando, o mais sonante foi de um casal de espanhóis, visita recente. «Estava tudo como no guia da revista. Não houve publicidade enganosa.»
Nos antípodas da sofisticação está o Barzeco, uma petiscaria rústica nas encostas de Mourão debruçada sobre a esteva e a água onde se come o melhor peixe grelhado do Grande Lago (e se bebe a sangria mais encorpada). Tudo por culpa do amor nos preparos da alcobacense Ana Vinagre, 49 anos, para aqui migrada com o companheiro Zeco, que «frequenta o paraíso há 25 anos». A história do Barzeco, um dos lugares mais carismáticos da barragem, é de final feliz. Mas não teve vida fácil. Ana Vinagre recapitula: «Começou por ser um quiosque de bebidas e sardinhadas (já com as terras alagadas). A Câmara de Mourão levantou logo problemas, mais os ambientalistas e os inspectores. Implicavam com tudo. Nós só alugámos a terra e queríamos fazer coisas. Temos as coisas certinhas, as licenças todas.»
Ana, que «não tem vocação para estar parada», usou a verba do fundo de desemprego e da Segurança Social e «fez-se à vida». Quem for hoje ao Barzeco (só aos fins-de-semana e sem pagamentos com cartão), o mais certo é vê-la entre o assador, o molhe e as mesas dos convivas, numa azáfama de abelha-rainha. No Barzeco tudo é improviso e descontracção, das tábuas de madeiras de cofragem do chão, às regas de aspersão no lugar de ventoinhas de tecto, ou as cabeceiras de camas antigas junto com comedouros e bebedouros e pedras de mós (e pias baptismais) para o momento do digestivo ou da sesta proverbial. Ana é uma contadora de histórias, e das muitas que chegam à mesa a mais insólita é a do casal que ali veio de fim-de-semana, prolongou a estada por 15 dias e acabou por comprar casa no mês seguinte. «O Alqueva tem íman.»
Nas redondezas do monte há eiras ardentes, searas ceifadas e campos de ninguém polvilhados aqui e acolá de antas e menires. O cromeleque do Xerez, trasladado do regolfo do Alqueva para perto do Convento da Orada (aldeia de Telheiro, Monsaraz), será o mais admirável, com os seus cinquenta menires datados de entre o início do quarto e meados do terceiro milénio a.C. Outros monumentos haveria a citar, como o menir da Belhôa, à entrada de São Pedro de Corval, ou o menir do Outeiro, também conhecido por menir no sítio do Penedo Comprido. O menir da Rocha dos Namorados ou a pedra do Casar é a atracção mais cobiçada de Corval. Segundo as leis das lendas, as moças da terra devem lá passar na segunda-feira de Páscoa e, viradas de costas, atirar-lhe uma pedra para cima. Caso a pedra resvale é porque há boda daí a um ano.
Os alojamentos mais adequados nas terras do Grande Lago são os turismos rurais que juntam ao serviço de categoria as habitações genuínas alentejanas. O Monte Branco, da «alentejanesa» (misto de alentejana com inglesa de Hereford) Jane Doody, 64 anos, é talvez o exemplo mais feliz. «O Alqueva, além de trazer noites mais frescas, fez-nos puxar pela cabeça», diz Mrs. Doody, que descobriu Portugal irreversivelmente há 36 anos. As casinhas de traça típica e a atmosfera de hacienda mexicana inspirada em Frida Kahlo fazem do lugar uma das moradas mais cobiçadas dos sopés de Monsaraz. Ao entardecer no monte, seja na piscina ou derramado nas espreguiçadeiras, o viajante enamorado pelos céus altos e os aromas bravios terá um exclusivo de natureza alentejana no esplendor da sua volúpia (do aborrecimento).
A Marina da Amieira
Outro dos casos de sucesso é a Marina da Amieira, endereço do restaurante panorâmico e ancoradouro dos já famosos barcos-casa, que ganharam fama graças ao apresentador Manuel Luís Goucha, um cliente regular do Grande Lago. «É facto que o negócio cresceu. Temos dois negócios: a Amieira Marina, com os barcos-casa, a restauração, e depois temos a Ges-Cruzeiros. Os cruzeiros estão abaixo das expectativas. Em contrapartida, os barcos-casa estão a superar todos os objectivos mais optimistas. No ano passado conseguimos quatrocentas reservas. Tínhamos posto a meta das quinhentas para 2010, tendo em conta que mantemos o número de barcos. Ainda Agosto não tinha começado e já estávamos a oitenta reservas do total do ano passado», diz o administrador Eduardo Lucas.
Comentários menos favoráveis no usufruto das terras do Grande Lago? «Ouve-se muito o lamento da falta de praias. Não é fácil nem barato implementá-las. A erosão continuada poderá vir a criar sedimentos, areia, mas essa demorará muitos anos a fixar-se. Pode colocar-se lá a areia, mas o nível da barragem, se bem que não flutue muito, é variável. Ou seja, aquilo que constitui hoje uma praia, se o nível da água baixar lá se vai a praia. Os espanhóis tentaram em Cheles mas não funcionou. Fazer uma praia fluvial com alterações de nível implica uma actuação permanente. A água sobe e há um lavar da areia, a água desce e não está lá. Não pode ser uma junta de amigos a resolver o problema. É preciso uma autoridade por detrás.»
A queixa mais ouvida por toda a parte é a das querelas entre poderes que limitam a evolução das terras do Alqueva. «Infelizmente tenho de concordar», diz Eduardo Lucas. «Não falamos por nós, que estamos de boas relações com o concelho de Portel, o nosso anfitrião, de quem temos um apoio significativo. A nossa actividade expande-se por todo o lago e aí gostaria que houvesse uma maior colaboração e uma visão das possibilidades que traz esta actividade para cada uma das aldeias. Ou seja, cada entidade envolvida, presidente de junta, câmara, associação? deveria investir no sentido de dar condições. Assegurar bons cais, por exemplo.»
Este ano, o lago passou a ter esses cais em Monsaraz, na Estrela e na Amieira. Mourão e Campinho também melhoraram as estruturas. Prevê-se que em 2011 estejam prontos os de Alqueva e do núcleo da barragem e da aldeia da Luz. Lucas recorda: «Essa falta de condições de acesso pela água é limitativa para todos. Neste momento, para pena nossa, desaconselhamos os nossos clientes a irem à aldeia da Luz, porque o cais não reúne condições de segurança. Ora, é lá que está um dos melhores museus da região. Depois, não é só lá meter um cais. É preciso pensar na recolha de lixo, na informação sobre a aldeia, para que quem chegue pela água saiba o que pode ver. Que leve o cliente a pensar duas vezes, que o seduza. Há evolução, mas achamos que é possível dar mais e melhor.»
Existe uma Associação de Promotores do Alqueva, a APA. No entanto, há uma lacuna de organismos com interesses comuns no lago, além dos negócios. «Em tempos foi criada a Gestalqueva, uma empresa em que o capital está dividido entre a Empresa de Desenvolvimento e Infra-estruturas do Alqueva (EDIA) e as câmaras à volta do lago, que com toda a lógica faria a gestão turística, a promoção, que ajudaria as empresas a instalarem-se. A Gestalqueva foi sendo esvaziada de poder. Tal como a EDIA, foi encolhida da sua competência turística. Começou a ser dividida e hoje em dia não se sabe quem está no terreno e pode fazer alguma coisa ou quem tem os meios. Para ter uma ideia: no sentido de promovermos as melhorias dos cais, fizemos uma pergunta elementar à Gestalqueva é às câmaras. Digam-nos de quem são os cais que existem ao longo da barragem, para que possamos dialogar. Acredita que ainda não obtive resposta? A pergunta tem um ano e meio…»
Por outro lado, a Associação dos Interesses Transfronteiriços do Alqueva, da qual fazem parte todos os municípios portugueses e espanhóis, tem um projecto global, com restaurantes, estradas… mas encontra-se igualmente por implementar. «Já viu o desperdício que é o Guadiana [o barco de cruzeiros], que leva 120 pessoas de cada vez e que podia atracar nos cais dessas aldeias sem ser só para ver as vistas? Ao fim-de-semana transportamos facilmente quinhentas pessoas. Podia haver uma rota gastronómica nas aldeias, ou de vinhos. O potencial continua em aberto», desabafa Lucas. «O turismo fluvial é anual, não se limita a um par de estações. Essa é outra das grandes mais-valias», resume.
A Amieira Marina aumentou entretanto as suas parcerias com a Livre de Amarras, no sentido de implantar a vela e uma cultura náutica inexistente. Fez ainda uma parceria com a Brake, para ocupação de tempos livres, com moto-4, slide, rappel o geocatching. Criou também, com a Babika, uma nova parceria na área do speedboat, da banana e da bóia rebocada. Por último, a parceria com a Sudeurosky, uma empresa já estabelecida em Portugal, encontrou na Amieira as condições ideais para poder evoluir. Trata-se de uma empresa que faz estágios de esqui, wakeboard e babyski (para crianças a partir dos 4 anos).
Polémica com as águas de Espanha
Desde o fim de 2008 que foi proibida a navegação pelos espanhóis na parte espanhola do Guadiana internacional, acima da vila de Monsaraz. «Desconhecíamos a situação caricata até termos dois clientes multados. Verificámos que tinham saído normas internas da Confederação Hidrográfica do Guadiana que proibiam a navegação e tentámos o contacto, mas fomos logo alertados que de nada adiantava. Era cumprir e calar. Isto impede obviamente a atracagem no lado espanhol, o que torna a situação ridícula, pois os espanhóis, mais avançados do que nós, anteciparam-se e construíram logo cais em Cheles, em Vilarreal, em Vilanueva del Fresno.» Agora esses cais são ilhas. Os espanhóis (como foi dito à imprensa espanhola pelo próprio alcaide Angel Garcia) teriam todo o interesse em ter lá portugueses. Afinal os clientes vão almoçar, às compras? Graças àquela lei, os clientes deixaram de ir ou vão por sua conta e risco.
Quem não arrisca é a Gesalqueva. «Com um barco de cruzeiro carregado de centenas de pessoas não vamos arriscar-nos a um incidente internacional. Se a questão é a segurança, basta que façam como nós fizemos: colocámos bóias nas zonas perigosas. Não há nenhum registo de acidente. Se a questão tem que ver com Olivença ou não, desconheço. Se tiver é caricata e constrangedora. Tanto mais que estivemos presentes lado a lado na última Bolsa de Turismo de Lisboa, com os espanhóis a promoverem o Alqueva com grande pompa, até mais do que nós, sendo que a nossa área navegável é muito maior. Abordámo-los lá e os próprios dinamizadores desconheciam o que estava a passar-se e as normas em vigor.»
As barcas da fantasia
Mário Ramalho, 40 anos, oleiro de ofício em São Pedro de Corval, marinheiro de ocasião, é um dos raros barqueiros que se faz solitariamente às águas do Alqueva para «passeios turísticos e piscatórios». Este é o terceiro Verão na faina e «a coisa tem vindo a ganhar forma», diz à NS? no ancoradouro de Monsaraz, onde estaciona o barco. Das 10h00 às 18h00, todos os sábados e domingos, a barca do Alqueva Cruzeiro não pára. De semana, abranda o movimento, mas «felizmente roda». O oleiro-marinheiro lamenta apenas as restrições «absurdas» nas águas espanholas, a falta de praias ou que não possam fazer-se refeições a bordo, e que haja magra oferta nas aldeias. «Se não se trouxer o farnel passa-se fome.» Depois, frisa, «é uma pena ter-se esta água toda e não poder ficar aqui a dormir e a desfrutar. O turismo deve ser controlado para não abandalhar, mas há coisas que devem fazer-se. Parques de campismo, por exemplo, agora até se fazem ecológicos.»
Enquanto falamos com os pés a dar e dar na borda da água tépida chegam levas de gente como os chineses Emi e as suas duas filhas sino-alentejanas que chamam ao Alqueva «bom bom»; um jovem casal nortenho em disponibilidade amorosa em fuga «ao crowd do litoral»; pescadores de achigãs, o peixe mais estimado da barragem; e um paradigmático elenco de Moura que arma o toldo, dispõe o recheio de enchidos da marmita e ajunta-se numa animada rodinha para um piquenique sobre as urzes bravas e o cascalho.
«Tiraram-nos a praia da Carraça. Temos de nos amanhar com o que há», diz, jocoso, o chefe da casa. E a provar de que «não se está nada mal» arreia o calção e atira-se em mergulho encarpado (de tanga cintada) às águas mornas, mansas e desertas da barragem.
Passa então no molhe Fernando Nunes de Carvalho, 63 anos, assíduo da barragem todos os fins-de-semana e «alquevista» imparável. «Toda a gente dizia que isto era uma asneira. Agora é o segredo mais bem escondido da Europa», proclama alto e bom som, antes de soltar amarras. Fernando faz questão de nos levar a bordo do seu barco SunDecker, para desvendar o antes e o depois, e os prós e os contras do Grande Lago – incluindo nos prós o facto de não haver limite de barcos, excepto no tamanho, sete metros de calado. Fernando é do tempo em que se fazia o Alqueva do Guadiana a cavalo e se atravessava o rio a pé em anos de seca. Participou na «Despedida do Guadiana», um raide organizado por José Megre, o falecido viajante das setenta partidas. «Era uma maravilha, mas não tenho saudades. Era outra coisa. Agora faço coisas que nunca faria. Como levar os meus netos a ver ilhas desertas ou grutas cheias de água que antes eram abrigos de pastores e de que já ninguém conta a história. Em Portugal há um par de lugares assim. O outro é a barragem de Moncorvo, no rio Sabor. Digam-me um lugar no mundo onde se pode encostar o barco e fazer um piquenique à sombra de uma oliveira ou andar de porto em porto a fazer rotas de castelos milenares?»
Saramago e o Alqueva
«Do morro fortificado de Monsaraz desceu à planície. Isto é como estar fora do mundo. Os leitos das ribeiras são correntes de pedras requeimadas de sol, chega-se a duvidar que alguma vez levem água, tão longe ela está neste momento, sequer, de simples promessa. Por este andar, o viajante, se o espremem, não deita gota. Vai assim, outra vez entorpecido, quase ao diabo dando o viajar, quando de repente lhe aparece um rio. (?) Por sim, por não, consulta o mapa, a ver se nestas latitudes se assinala curso de água permanente. Cá está, o Guadiana! Era o Guadiana, aquele mesmo que bravio se lhe tinha mostrado em Juromenha e que depois abandonara. Amável Guadiana, Guadiana delicioso, rio que do paraíso nasces! Que faria qualquer viajante, que fez este? No primeiro sítio onde da estrada facilmente se chega ao rio, desceu, num resguardo se despiu e em dois tempos estava na água clara e fria, parece impossível que exista uma temperatura assim. Por mais tempo do que à viagem convinha esteve refocilando na límpida corrente, nadando entre as fulgurações que o sol chispava na fluvial toalha, tão feliz o viajante, tão contentes o Sol e o rio, que eram três num prazer só.»
in Viagem a Portugal («A grande e ardente terra de Alentejo»)
Pedaço de história
A vila de Monsaraz está implantada num esporão rochoso, de onde se avista uma paisagem a perder de vista. A origem do nome é desconhecida, mas mon-xarás, ou «monte-xaras» (monte das estevas) é uma imagem poética adequada à história e encantos do lugar. Terra milenar, de romanos e árabes, tornou-se altiva pela fronteira. Em 1157, Geraldo Sem Pavor, conquistador de Évora, tomou-a de assalto aos mouros, que logo a recuperaram. Só em 1232 Monsaraz passou a fazer parte do reino de Portugal, graças aos cavaleiros templários, futuros senhores da vila. D. Afonso III atribuiu-lhe a primeira carta de foral, onde se estabeleceram os limites do primitivo termo medieval bem como das terras reguengas, isto é, as que pertenciam ao rei – daí o nome da terra vizinha, Reguengos de Monsaraz.
Antes e depois da barragem
O Guadiana encontrou à passagem pela serra de Portel um dos seus maiores obstáculos. Foi neste ponto de contacto que o maciço rochoso mais resistiu ao ímpeto do rio, resultando dessa luta titânica uma cicatriz geológica, aberta em vale profundo. Este acidente natural permitiu viabilizar a construção de uma barragem, denominada de Alqueva, por deferência toponímica à aldeia mais próxima. Os primeiros estudos para construir uma grande obra hidráulica que represasse as águas do Guadiana datam dos anos cinquenta do século XX. Uma tal obra permitiria alimentar o chamado Plano de Rega para o Alentejo, condição fulcral para contrariar a desertificação e o subdesenvolvimento económico da região. Só meio século mais tarde nasceria o Empreendimento de Fins Múltiplos de Alqueva, concluindo-se o corpo principal da barragem em Janeiro de 2002. O paredão, com uma altura de 96 metros, formou um regolfo de 250 quilómetros quadrados, sendo por isso considerado o maior lago artificial da Europa. Entre os inúmeros aproveitamentos do novo caudal de água destacam-se o Sistema Global de Rega, que irrigará 115 mil hectares de terra através de dois mil quilómetros de condutas, e a produção de energia eléctrica, cuja potência permitirá cobrir as necessidades de consumo de todo o distrito de Beja. Junta-se a este potencial a regularização do Guadiana, o abastecimento público de água e a potencialização de expectativas empresariais, sobretudo na área do turismo, em que por agora se focam todas as atenções.
Parque Alqueva
Reconhecido como projecto de Potencial Interesse Nacional (PIN), o complexo turístico integrado no Parque Alqueva será constituído por três herdades situadas entre Reguengos de Monsaraz e a albufeira de Alqueva, representando, na primeira fase do projecto, um investimento total na ordem dos cinquenta milhões de euros. O Parque Alqueva vai ser construído ao longo das próximas décadas numa área de 2074 hectares, no concelho de Reguengos de Monsaraz, pela Sociedade Alentejana de Investimentos e Participações (SAIP), liderada por José Roquette. O Parque Alqueva, um investimento de cerca de mil milhões de euros, foi o primeiro dos três empreendimentos turísticos projectados para o concelho de Reguengos de Monsaraz a iniciar as obras. A Herdade do Barrocal, a cargo do grupo Aquapura Alentejo, com custos estimados em 140 milhões de euros, e o Vila Lago Monsaraz – Golf & Nautic Resort, da Aprigius – Companhia de Investimentos Comerciais, prevê um investimento total de 170 milhões de euros.
Entrevista
Sofia Ginestal Machado
Sobroso: um caso de estudo
Sofia Ginestal Machado é a embaixatriz da Herdade do Sobroso, uma referência no turismo do Alqueva, em Marmelar, no limite sudeste das terras do Grande Lago. Aqui podem fazer-se winetours, um giro desde a poda à vindima (procurado, sobretudo, a partir de meados de Agosto). Há visitas guiadas à adega que culminam com uma prova simples ou servida de queijos e enchidos da região. De resto, é uma paisagem sublime de quase dois quilómetros lineares defronte do Guadiana, com a herdade aos pés da barragem. Os visitantes podem instalar-se no edifício principal, na Casa da Quinta, composta de cinco quartos duplos, ou numa das outras tantas casinhas geminadas, viradas para a vinha e o montado. Faz-se tudo: passeio de caiaque, bicicleta, caça e pesca. Mas o predicado mais cobiçado do Sobroso, e que traz clientela de toda a Península Ibérica, é a cozinha inspirada da «chefa» Josefa. O cardápio contempla javali no forno com migas de espargos, sopa de cação, açorda de tomate e coentros ou a cobiçadíssima galinha do campo com cogumelos. O vinho é o exclusivo da casa, e ainda bem.
Podemos dizer que o Alqueva já é uma alternativa de férias para os portugueses?
Sim, é uma região fantástica com um grande potencial turístico. Barragem, desportos náuticos, boa gastronomia, bons vinhos, sol durante todo o ano, excelentes acessos, relativamente próximo de dois aeroportos internacionais (a 1h30 de distância).
Trata-se de uma alternativa só para uns happy few ou tem condições para oferecer turismo «para todas as bolsas»?
Julgo ser uma alternativa para todas as bolsas, nem que seja para uma escapadela de dois dias.
Que argumentos têm para convencer um veraneante a ir para o Alqueva em Agosto?
Oferecemos tranquilidade, um serviço personalizado, um encontro com os sabores tradicionais do Alentejo e com o mundo fascinante dos vinhos, e praticamente uma herdade com 1600 hectares em exclusivo para o cliente, uma vez que a nossa lotação máxima é de pouco mais de vinte pessoas.
O vosso core business é o turismo enológico?
As três principais valências da Herdade do Sobroso são, por esta ordem: produção de vinhos (tinto/branco/rosé), das gamas Herdade do Sobroso e Sobro; country house e turismo cinegético.
Qual a taxa de ocupação da herdade em época alta?
Cerca de noventa por cento.
in NS
"Portugal não é Plano" por @jaimequesado
Apesar da tónica colocada no desenvolvimento do interior, através de inúmeras acções de política pública, como é o caso do programa Pólos de Competitividade, o certo é que o tempo passa e Portugal parece não conseguir fugir ao destino de ser um país que ainda não conseguiu ser plano no jogo da grande competição global.
Os dados do estudo Prospectivas de Urbanização do Mundo, do Departamento dos Assuntos Económicos e Sociais das Nações Unidas, são muito claros.
Além dos 45,3% de concentração da população portuguesa na Grande Lisboa (aumentando o número de habitantes de 3,8 milhões em 2000 para 4,5
em 2015), também a Área Metropolitana do Porto vai ter um crescente peso na demografia portuguesa, destacando-se em 2015 claramente como a segunda maior área urbana do país com 23,9% do total da população.
Ainda segundo o mesmo estudo, nas zonas rurais permanecerão apenas 22,5% da população e nas outras áreas urbanas vão viver apenas 8,3% dos portugueses.
Apesar da relativa reduzida dimensão do país, não restam dúvidas de que a aposta numa política integrada e sistemática de cidades médias é o único caminho
possível para controlar este fenómeno da metropolização da capital que parece não ter fim.
O papel das universidades e institutos politécnicos, que, nos últimos 20 anos, foram responsáveis pela animação de uma importante parte das cidades do interior, está esgotado. A política pública tem a responsabilidade de dar o mote e marcar a agenda.
Iniciativas como as Cidades e Regiões Digitais, Acções Inovadoras de Base Regional, entre outras, têm tido o incontornável mérito de colocar estas temáticas na agenda nacional.
Mas engane-se quem pense que serão capazes por si só de alterar o panorama global. O que está verdadeiramente em causa em tudo isto é a assumpção por parte do país de um verdadeiro desígnio estratégico de alterar o modelo de desenvolvimento.
Neste contexto, a questão surge então - que Pólos de Competitividade deverá o país privilegiar e de que forma deverão ser operacionalizados ao longo do território?
São conhecidas nesta material várias experiências internacionais, que vão da Finlândia ao modelo francês, passando pelo modelo de organização consolidado nos últimos anos em Espanha, através das Regiões Autónomas.
Não há soluções universais e deve ser atenta nesta matéria
a particular especificidade do nosso país e as competencies centrais de que dispõe.
Seria muito mau para Portugal e para os portugueses que, em 2015, 45,3% da população se concentrasse na Grande Lisboa.
Portugal tem que lutar por ser plano e isso corresponde mais do que nunca a uma exigência colectiva.
É por isso fundamental que a aposta concreta em projectos de fixação de riqueza e talentos nas cidades médias portuguesas tenha resultado. É um objectivo que não se concretiza meramente por decreto. É fundamental que a sociedade civil
agarre de forma convicta este desígnio e faça da criação destas ‘Novas Plataformas de Competitividade’ a verdadeira aposta
estratégica colectiva para os próximos anos.
Só assim se conseguirá evitar que Portugal se torne um país ‘dual’, incapaz de consolidar uma coesão territorial e social essencial na estratégica de afirmação colectiva como um país desenvolvido no novo mundo global. O ano que agora começa vai ser decisivo nesta matéria.
Donde o percurso tem que ser claro. Tornar Portugal um país plano com uma participação assumida por parte das elites e uma convergência de todos.
Jaime Quesado, Gestor do Programa Operacional
Sociedade do Conhecimento
in Expresso, 6 de Janeiro de 2007
Regresso ao Campo
Como é a vida dos neo-rurais portugueses? Porque se decide ir viver para o campo?... Um documentário de Paulo Silva Costa, na RTP1
João Carvalho viveu onze anos em Londres. Teve êxito, mas fartou-se do frenesim citadino e dos horários das 9 às 5.
Optou por uma existência mais simples. Veio viver com a mulher e o filho recém-nascido para uma casa abandonada que descobriu através da internet e que comprou na Benfeita, em Arganil
Está a reconstruir a casa pelas suas próprias mãos. Só usa ferramentas manuais, e o mínimo de cimento ou de combustíveis fósseis.
O casal é vegetariano. Por isso, quando chega a hora de almoço, a mulher, Claire, tem apenas de descer às hortas abandonadas mais próximas para colher a próxima refeição. Também já fizeram vinho e cinquenta litros de azeite.
João desistiu propositadamente de uma vida com torradeiras e aquecimento eléctrico. Podia tê-la sem dificuldade, mas quer "viver com menos", como diz.
Claire e João são um exemplo de um grupo de novos rurais com crescente implantação nalguns partes esquecidas de Portugal, como é o caso da serra da Lousã ou do barrocal algarvio.
Os primeiros destes neo-rurais eram estrangeiros. Vinham de uma Europa Central então ameaçada por Chernobyl, à procura do últimos redutos naturais do Continente. Este movimento da populacão iniciou-se de resto já há décadas na Europa, mas só há pouco tempo ganhou alguma relevância social em Portugal.
Por cá, desde os anos quarenta do século passado que as migrações eram em direcção às cidades. Foi este êxodo rural que transformou Portugal num pais macrocéfalo, com um interior cada vez mais desertificado e a população concentrada no Litoral e sobretudo na área da Grande Lisboa.
"As pessoas abandonaram as áreas rurais e foram para as cidades à procura de trabalhos menos duros fisicamente, com remunerações mais elevadas ou pelo menos mais regulares, e à procura de melhores oportunidades para os filhos" - explica a geógrafa Teresa Alves, professora do Instituto de Geografia e Ordenamento do Território da Universidade de Lisboa.
Ir para a cidade era então visto como uma ascensão social, qualquer que fôsse a vida das pessoas lá.
Mas o mundo rural mudou muito nos últimos trinta anos. Os tractores substituiram o trabalho braçal, e os subsídios comunitários tornaram mais fácil viver no campo. Hoje em todo o lado há supermercados, a toda a parte se chega num instante graças às auto-estradas, e a internet tornou possível viver no campo mas trabalhar em funções que outrora só na cidade se podiam exercer.
Valorizaram-se também socialmente modos de vida desprezados num passado recente. E iniciou-se outra migração interna, a mudança para o campo dos ex-citadinos...
Agora, os geógrafos até já distinguem diferentes grupos destes "neo- rurais": há os que partem por motivação ecológica, os que na reforma regressam à terra natal, aqueles que se dedicam ao teletrabalho, e até os desempregados por causa da crise...
São algumas dessas pessoas que fizeram a opção de ir viver para o campo que o documentário vai encontrar.
Contata-se que os novos rurais portugueses são muitas vezes os netos ou os filhos dos que partiram para as cidades no século passado. Querem mudar de vida, tal como os seus pais e avós, mas têm outros valores.
"Valorizam o seu próprio tempo e modos de vida mais solidários" - conclui Teresa Alves - "e vão á procura de actividades em equilíbrio com a natureza. Também são pessoas que têm uma cultura de território, e que buscam um lugar específico onde possam ser felizes".
Um documentário de Paulo Silva Costa, com imagem de Rui Lima Matos, genérico de Pedro Cerqueira, edição de João Gama, sonorização de Luís Mateus e produção de João Barrigana.
Estreia na RTP1, 17 de Abril, às 21h15m.
52 min, © RTP 2010
Economia Social - Resolução do Parlamento Europeu
Foi publicada no Jornal Oficial da União Europeia, a Resolução do Parlamento Europeu (2010/C 76 E/04) sobre Economia Social. Este documento integra um conjunto de considerações gerais que caracterizam as especificidades da economia social, reconhecimento a sua importância a vários níveis: conceptual; jurídico; estatístico; como parceiro social.
A resolução salienta ainda e considera a economia social como actor-chave para a concretização dos objectivos da Estratégia de Lisboa.
Por fim,e sugere à Comissão Europeia e aos Estados Membros que congreguem os meios necessários para atingir os objectivos, nomeadamente na elaboração das políticas da União Europeia.
Destacamos as seguintes recomendações:
(...)
36. Convida os Estados-Membros a incentivar o desenvolvimento de organizações de apoio às pequenas e médias organizações da economia social, tendo em vista reduzir a dependência de subvenções e aumentar a sustentabilidade;
37. Solicita à Comissão que convide os participantes na economia social a aderirem a instâncias permanentes de diálogo e a participarem e colaborarem com os grupos de peritos de alto nível que possam ocupar-se de questões relativas à economia social; convida a Comissão a participar no reforço das estruturas de representação da economia social a nível regional, nacional e comunitário, bem como a criar um quadro jurídico concebido para promover uma parceria activa entre autarquias e empresas da economia social;
38. Convida a Comissão a promover o diálogo entre os organismos públicos e os representantes da economia social a nível nacional e comunitário, promovendo assim a compreensão mútua e as boas práticas
(...)
44. Convida a Comissão e os Estados-Membros a apoiarem o desenvolvimento de competências e o profissionalismo neste sector, a fim de se reforçar o papel da economia social na integração no mercado de trabalho;
45. Requer à Comissão que defina um enquadramento jurídico na UE favorável à constituição e manutenção de parcerias territoriais entre o sector da economia social e as autoridades locais, definindo critérios para o reconhecimento e a valorização da economia social, para o desenvolvimento local sustentável e para o fomento do interesse geral;
(...)
via site da Minha Terra - Federação Portuguesa de Associações de Desenvolvimento Local
Vinho do Porto por Donna Maria
População portuguesa estagnada, interior cada vez mais despovoado
O Instituto Nacional de Estatística (INE) conta 195 municípios que perderam população no último ano. Quase todos estes casos ficam no interior do país. Na grande maioria, a perda de pessoas deve-se a resultados negativos na taxa de crescimento natural, ou seja, mais mortes do que nascimentos.
Ao contrário do interior, a maioria dos municípios do litoral viram a população aumentar em 2008 - o litoral alentejano é uma excepção. Pampilhosa da Serra, Gavião e Almeida, são, no Continente, os concelhos que mais pessoas perderam no ano passado. Na lista de concelhos com descidas na população destaca-se, claramente, o interior do país.
No Litoral, Lisboa e Porto são, no entanto, algumas das excepções. A capital terá tido uma descida de 2,05% na população. Com menos 2,61%, o Porto é o sexto concelho do país onde se perderam mais habitantes. Sesimbra, Alcochete e Mafra (na Área Metropolitana de Lisboa) registaram os maiores crescimentos populacionais (acima de 3%). Esses aumentos devem-se sobretudo à taxa de crescimento migratória.
As migrações internas e externas foram aliás as principais responsáveis pelos crescimentos populacionais registados, segundo o INE, em 113 municípios.
A TSF contactou o presidente da câmara que, segundo o INE, mais perdeu população em 2008. O autarca de Pampilhosa da Serra não acredita nos números do INE e contrapõe com a evolução positiva dos eleitores registados.
José Brito diz que foi possível arranjar emprego e fixar a maioria dos jovens no concelho. A existir desertificação no interior do país, ela deve-se, de acordo com o presidente de câmara, à falta de investimento dos sucessivos governos, por exemplo, naquela parte da região Centro.
Contactado pela TSF, o Instituto Nacional de Estatística explica que o cálculo da evolução da população é feito com base no saldo natural (nados vivos menos óbitos) e no saldo migratório estimado (calculado com base em inúmeras fontes).
Os valores são provisórios e podem ser corrigidos no próximo recenseamento, mas o INE explica que o «recurso a estas fontes permite quantificar, de forma precisa, o saldo natural (devido à obrigatoriedade do registo dos nados vivos e óbitos), e analisar tendências que permitem estimar os saldos migratórios anuais».
Taxa de crescimento efectivo da população 2008
Os concelhos que mais pessoas perderam
Pampilhosa da Serra - 3,06%
Gavião - 2,82%
Almeida - 2,78% Os concelhos que mais pessoas ganharam
Sesimbra + 4,16%
Alcochete + 3,80
Mafra + 3,09
in tsf.pt, Nuno Guedes
Alguém sabe a morada do Plano Tecnológico?
Mas se em vez disso perguntar pelo Ministério da Educação, ninguém deixará de responder “5 de Outubro”!
E a diferença é simples: O Ministério da Educação é anterior à geração WEB. Já existia antes disso.
O Plano Tecnológico já nasceu no “nosso tempo”. Tal como o Nespresso ou como a marca de impressoras Brother cuja sede ninguém imaginará a não ser o seu DNS.
Usei esta forma simples para demonstrar a enorme revolução que estamos a assistir de forma consensual.
E esta revolução marca toda a diferença no contexto territorial.
Hoje as organizações têm um endereço web e os seus colaboradores vivem onde mais lhes interessar.
São centenas de estórias que já escutei de instaladores residenciais de internet que andaram no sul e no norte do nosso país a instalar a internet em casas de grandes “carolas”, isto é, investigadores e empresários que operam virtualmente em Londres, Dubai ou Frankfurt conciliando essa actividade com a residência num país acolhedor e solarengo como é Portugal.
Aqui vivem, aqui educam os seus filhos, aqui pagam impostos, aqui consomem, aqui adquirem as suas casas.
Mas se recebermos destes um cartão de visita, teremos uma morada postal e um telefone do mercado onde operam. E um endereço web que é o “head-office” empresarial!
E porque motivo escolheram estes pioneiros da Economia DNS o nosso país para viver?
Seremos a primeira Aldeia Global? Serão a nossa história, a nossa cultura e a nossa tolerância, os condimentos territoriais de um mundo que caminha para a rede?
in Criar2009
Já Vencemos!(*)
Foi em 25 de Setembro de 2005 que inaugurei o projecto "Inovação & Inclusão".
Nesse periodo a gestão autárquica nos territórios de baixa densidade era marcada pela perspectiva de angariação de industrias ou pela dinamização do turismo.
Defendia nessa data algo que poucos compreendiam: O futuro do "interior" está na captação de massa crítica, gente capaz de induzir dinamismo económico e social
Este era um objectivo conhecido e compreendido para as cidades universitárias mas muito mal aceite para os territórios de baixa densidade.
Nas apertadas curvas da vida conheci Alexandre Ferraz. Para além de um ser admirável, preocupava-se com dinamização de pequenos negócios num território multimunicipal da Beira Interior.
Um paper de António Covas com o título “O espaço rural: de espaço-produtor a espaço-produzido” foi o nosso rastilho para compreendermos que não estávamos sos nessa vontade de repensar o "interior".
A certeza de que se tratava de um desígnio veio com o então recem eleito Presidente da República e o seu Roteiro para a Inclusão.
Chegou-nos também daí uma mensagem de estímulo assinada por Nunes Liberato.
E hoje chegámos a um ponto admirável: É consensual que o futuro do interior passa pela concorrência directa aos territórios metropolitanos. Passou de território paraplégico e envelhecido a espaço de futuro. Está entre as melhores ofertas territoriais a nível europeu para actividades suportadas na economia digital.
Esta manhã, enquanto tomava café, Manuel Frexes confirmava em directo na RTP que o Fundão dispunha hoje de condições para acolher população metropolitana.
Pode parecer banal. Mas a frescura deste discurso contrasta com tudo o que se dizia até há poucos meses atrás.
Creio que a mensagem do projecto Novos Povoadores já passou!
Obrigado! Conseguimos. COLECTIVAMENTE!
(*) Nas longas noites de violência que sucederam o referendo timorense, alguém explicava na TSF que para eles o simples facto de resistirem já era uma vitória!
Ocorre o mesmo com o "interior". Tivemos a capacidade de resistir à imagem debilitada que lhes quiseram atribuir. E hoje, esse território é a imagem do futuro, deixando para os engarrafamentos de trânsito e para os minusculos escritórios o retrato da sociedade "old fashion".
"Somos muito maiores que a nossa dimensão!"
A frase que emprestou o título a este post é da autoria de Luís Amado, Ministro dos Negócios Estrangeiros e referia-se à capacidade de intervenção de Portugal no panorama internacional.
Defendia o governante que a nossa cultura e história funcionam como catalizadores nos quadros negociais das diferentes organizações em que participamos.
A reflexão que se segue é sobre os novos factores de competitividade económica. Sabemos que não são exactamente os mesmos que no passado: O poder militar, industrial e financeiro continuam centrais, mas já não absolutistas.
Hoje, o povo português é admirado pela sua simpatia, tolerância religiosa e por um território seguro e com excelentes condições climatéricas.
Na prática, temos todas as condições para ser o El Dorado da mão de obra qualificada que estão suportadas nas tecnologias digitais.
E esse é um motivo de enorme esperança!
As empresas caminham para sedes virtuais - nespresso.com e brother.com são dois exemplos que me ocorreram instantaneamente - e os sistemas de teleconferencia estão totalmente vulgarizados.
O que nos falta?!
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Munícipios do interior perdem 10% de populaçãopor ano
A desertificação do interior do país continua a crescer e boa parte destas autarquias perdem anualmente entre 10% a 15% da população, disse ao DN o presidente da Associação Nacional dos Municípios. O projecto Novos Povoadores, que quer levar para lá quem vive nas grandes cidades, já contava ontem com mais de cem famílias candidatas à mudança.
A desertificação do interior do país continua a crescer. "Uma parte dos municípios do interior já está a perder anualmente entre 10% a 15 da sua população " ,disse ontem ao DN o presidente da Associação Nacional dos Municípios, Fernando Ruas, baseando os seus cálculos em dados dos censos populacionais. Uma percentagem que virá a agravar-se se nada se fizer para travar o problema.
O autarca diz que não existem políticas nacionais para combater o problema, que não se resolve apenas com medidas locais. Pelo contrário, diz, há até políticas nacionais que têm "incentivado ou acelerado o despovoamento de algumas regiões, como é o caso do encerramento de serviços públicos" , como as maternidades. As grandes obras públicas que o Governo quer levar por diante são para o representante dos autarcas, projectos importantes para o país em termos de combate ao desemprego. "Mas uma parte da mão-de-obra para as executar também sairá do interior e isso poderá ser mais um factor a contribuir para a desertificação".
A prioridade da associação é travar a saída de mais pessoas do interior e fixar as famílias que lá existem. Com esse objectivo aquela estrutura associativa apresentou recentemente ao Governo um programa de combate ao problema que exige apoios estatais da ordem dos 730 milhões de euros com os quais "os munícipes podiam alavancar quer o emprego quer as economias locais", referiu Fernando Ruas. Aguardam agora pela resposta governamental.
Quanto a atrair pessoas dos grandes centros urbanos para essas regiões, um objectivo do projecto Novos Povoa- dores, cujos primeiro dados foram divulgados ontem pelo DN, considera que é importante, mas não prioritário.
Seja como for o projecto criado por três amigos - Frederico Lucas, Ana Linhares e Alexandre Ferraz (ver caixa perfis) - e que conta, na sua implementação com a parceria do Intec, Instituto de Tecnologia Comportamental, e coma experiência de Patrícia Palma e Miguel Lopes (ver caixa)- já contava ontem com mais de cem famílias candidatas a deixar os grandes centros urbanos para irem viver para uma cidade de média dimensão.
A primeira autarquia a acolher alguns destes novos povoadores, que deverão mudar-se no início do próximo ano lectivo, será Abrantes. A Câmara local e a Associação Tagus Vallei, a promotora do Tecnopólo Vale do Tejo, deverão assinar o protocolo com os Novos Povoadores ainda em Abril , disse ao DN Céu Albuquerque, vereadora do ambiente e desenvolvimento económico daquela autarquia (ver reportagem no texto ao lado). Numa primeira fase vão acolher 20 famílias. Mas há já outros municípios interessados na ideia.
in DN
Pequenas e médias cidades, no futuro, apenas acessíveis aos mais abastados
No final dos trabalhos, a Professora Teresa Noronha, coordenadora do Centro de Investigação sobre o Espaço e as Organizações da Universidade do Algarve, que promoveu o encontro, realçou que "as mais modernas tendências das economias regionais apontam para uma maior aglomeração" das zonas urbanas.
De acordo com esta investigadora, isto quer dizer que, ao contrário do que muitos advogam hoje em Portugal, os próximos cinquenta anos verão nascer grandes aglomerados urbanos que procurarão economias de escala combinadas com uma evolução tecnológica muito motivada pelo esgotamento dos recursos naturais.
Em resultado desta tendência, as pequenas e médias cidades tenderão a transformar-se em territórios de fuga para os que privilegiam a qualidade de vida o que, naturalmente, terá um preço elevado.
Segundo Teresa Noronha as pequenas cidades "manter-se-ão por questões de romantismo" e serão acessíveis aos que as possam pagar.
Ao longo dos dois dias da conferência, que decorreu no Auditório Vermelho da Faculdade de Economia da Universidade do Algarve, investigadores oriundos de diferentes pontos da Europa apresentaram pesquisas na área do desenvolvimento sustentável das regiões, confrontaram modelos e questionaram os actuais paradigmas do desenvolvimento económico.
Um debate de ideias que, segundo Teresa Noronha, apenas pecou pela ausência da sociedade civil, em especial dos empresários e dos decisores políticos que, lamentou, "optaram por não estar presentes" não obstante o tema serem as cidades, as pessoas que nelas vivem e as empresas que nelas se instalam.
Aliás, no que toca à realidade portuguesa, Teresa Noronha considerou que o "grande bloqueio ao desenvolvimento do País continua essencialmente na área da governação institucional".
Segundo a investigadora, continuamos a ter "políticos que não estão preparados cientificamente" o que se reflecte na qualidade das decisões estratégicas que têm sido tomadas para o País.
Por essa razão, a investigadora reforça que toda a sociedade tem de se envolver e responsabilizar pelo modelo de desenvolvimento pretendido para Portugal, salientando ainda que é fulcral escolher com muito cuidado os recursos e a forma como estes serão aplicados nessa escolha.
No que toca ao Algarve, a investigadora acredita que há características que distinguem a região da lógica de aglomerados mas alerta que "terá de encontrar uma forma de ligar as suas cidades", gerando a partir desse formato uma aglomeração com características mais de região do que de metrópole.
Os vários trabalhos de investigação apresentados nesta conferência deverão agora ser compilados e editados em livro pelo Centro de Investigação sobre o Espaço e as Organizações da Universidade do Algarve."
MYP, LUSA
in RTP
Portugal tem de mudar "tão rapidamente quanto possível" a sua estrutura produtiva - Cavaco Silva
"Para conseguirmos de facto competir no mercado global, temos de alterar tão rapidamente quanto possível a estrutura da nossa produção", afirmou Cavaco Silva, na inauguração de um novo edifício do Tecmaia -- Parque de Ciência e Tecnologia da Maia.
O chefe de Estado elogiou o "esforço que Portugal tem vindo a desenvolver" na inovação e tecnologia, mas sublinhou que é necessário "fazer muito mais".
À semelhança do que tinha feito momentos antes na Efacec, em Matosinhos, Cavaco Silva considerou o Tecmaia "um bom exemplo" do caminho que a economia portuguesa deve seguir para se tornar competitiva.
Empreendedorismo, cultura de inovação e aposta na investigação são as três áreas em que, na opinião do Presidente da República, o Tecmaia tem dado um "contributo muito positivo".
Cavaco Silva afirmou que gosta de "apresentar bons exemplos", para "aumentar a auto-estima" dos portugueses.
"Neste tempo que atravessamos, de notícias que nos caem todos os dias sobre as nossas cabeças, notícias de recessão, às vezes mesmo de depressão, de índices de confiança a níveis baixos historicamente, estive há pouco noutro caso de sucesso, a Efacec", salientou.
O Presidente da República reconheceu que o Tecmaia "nasceu de uma adversidade", a transferência para outro país da antiga fábrica da Texas Instruments e Samsung, mas sublinhou a atitude positiva do então presidente da Câmara da Maia, Vieira de Carvalho.
"Perante uma adversidade, não se baixou os braços", frisou, enaltecendo o facto de o Tecmaia ser o segundo parque tecnológico do país em nível de desenvolvimento, depois do TagusPark, com 48 empresas instaladas.
FZ.
Lusa
in RTP
Os Neo-Rurais
Fotografia de João Espinho |
"Todo e qualquer pedaço de território é uma espécie de cristal multifacetado com faces de contornos e nitidez muito variáveis: é um território com um determinado tipo de povoamento, uma estrutura produtiva, alguns activos patrimoniais, um conjunto paisagístico e um acervo simbólico. O nosso ângulo de visão, feito de saber técnico e profissional, é, geralmente, unidimensional, pelo que, na maioria dos casos, subestimamos a importância real da nossa observação. E, no entanto, a engenharia biofísica, a engenharia do ambiente, a arquitectura paisagística, a biologia e a botânica, mas, também, a geografia e a história, a literatura local e regional, são, em conjunto, capazes de operar pequenos milagres naqueles pedaços de território, aparentemente tão agrestes. Quer dizer, uma pequena cirurgia pode transformar um território hostil num território ameno. Uma severidade numa amenidade.
Se não respeitarmos o lema do desenvolvimento rural, a consequência parece inevitável: ajustamento económico sem conservação e diversificação de actividades conduz à formação de espaços rurais devolutos e territórios insustentáveis. Podemos, mesmo, estar à beira de mais um círculo vicioso de abandono e desertificação. Para inverter esta tendência, é preciso agir, simultaneamente e persistentemente, na economia da produção primária, na economia da conservação agro-ambiental e na economia da diversificação agro-rural."
Este excerto pertence à apresentação do Prof. António Covas que se vai realizar na Universidade de Évora nos próximos dias 16, 17 e 18 de Outubro e que gentilmente cedeu antecipadamente para publicação.
Apresentação completa
Desenvolvimento: Portugal deve ajudar regiões mais atrasadas a encontrar vantagens competitivas - OCDE
O relatório da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE) sobre o "Estudo Territorial de Portugal", hoje apresentado no Porto, sustenta que a política regional portuguesa "tem registado progressos significativos nos anos mais recentes", mas considera ainda que o país tem assimetrias regionais acentuadas.
Este estudo foi solicitado pelo Governo português, à OCDE, em finais de 2005.
O secretário de Estado do Desenvolvimento Regional, Rui Baleiras, disse que retira como primeira lição deste relatório "a convicção que a mudança de paradigma na política regional que este governo iniciou em Portugal constitui condição necessária para ultrapassar os défices estruturais da economia nacional e retomar uma rota de convergência assente na competitividade de todos os territórios".
"O estudo reconhece que Portugal encetou a implementação de um novo paradigma de política regional, um modelo que dá maior atenção às características das diferentes regiões e na reformulação e na execução das políticas públicas", disse.
Segundo frisou, a concentração do investimento público em torno de infra-estruturas físicas e nos serviços colectivos "não foi suficiente para desencadear uma dinâmica de desenvolvimento endógeno baseada em recursos competitivos".
"A orientação política para objectivos de competitividade que procurem reverter défices estruturais da economia portuguesa exige políticas baseadas numa abordagem territorial que promovam economias de aglomeração e gerem efeitos de difusão nos diversos territórios", sustentou.
O secretário de Estado salientou ainda que "o desafio da competitividade, quer pela sua complexidade quer pelo dinamismo da sua evolução, apenas pode ser ganho com base em estratégias de forte cooperação entre os actores relevantes".
"Daí a recomendação da OCDE para a relevância de promover uma maior coerência de intervenções sectoriais do governo central", afirmou Rui Baleiras.
O secretário de estado defendeu também intervenções locais e sub-regionais dos governos locais, num contexto de maior articulação com as acções de outros actores de desenvolvimento, nomeadamente empresas e suas associações, universidades e associações de desenvolvimento local e regional.
Ainda segundo o estudo da OCDE, hoje divulgado, a economia portuguesa "carece de esforços continuados para valorizar o potencial humano e promover actividades baseadas no conhecimento".
"A política de inovação poderá atingir maior eficácia através da conjugação da liderança nacional e das interfaces regionais", refere o documento.
Acompanhar as regiões menos desenvolvidas "com mecanismos adequados" para melhorar a prestação de serviços públicos e "facilitar a evolução" dessas regiões para a autonomia sem criar "armadilhas de pobreza" é outra das recomendações.
A OCDE entende também que "os anos mais próximos poderão vir a determinar o futuro de Portugal na economia globalizada".
Contudo, salienta que "o investimento em recursos de longo prazo para a competitividade deve prosseguir através de estratégias diferenciadas baseadas no potencial específico de cada região".
O relatório sublinha ainda que Portugal tem pela frente uma "série de desafios estruturais" e sustenta que o país "precisa seguramente de reforçar os seus níveis de rendimento e crescimento e de travar o aumento acelerado do desemprego".
"Ainda mais importante - sustenta o relatório - Portugal tem que modernizar a sua economia, confinada a uma especialização sectorial de baixos conhecimentos ao investimento modesto na inovação, a uma força de trabalho relativamente pouco qualificada como um dos mais baixos ritmos de recuperação no espaço da OCDE, e a um custo de oportunidade elevado no Ensino Superior".
A OCDE entende também que os "instrumentos financeiros actualmente em Portugal para apoiar as despesas subnacionais continuam mais concentrados em reduzir o impacto negativo das disparidades regionais do que em promover o impacto positivo das especificidades regionais".
"No mínimo, a política regional deve tentar proporcionar aos cidadãos igual acesso a uma série elementar de bens e serviços públicos independentemente da sua localização", sublinha.
O relatório da OCDE considera ainda que, "de um modo geral, as autarquias locais em Portugal têm pouca autonomia financeira e dependem fortemente de subsídios provenientes do governo central".
Para a OCDE, as regiões mais marginalizadas "não devem ser ignoradas, devendo ser lançados mecanismos diferenciados a fim de evitar criar uma cultura de assistência e não desincentivar essas regiões de valorizarem o seu próprio potencial ao longo do tempo".
JAP.
in RTP
“Coworking” reúne profissionais de diferentes áreas no mesmo espaço
Alguns são estilistas, outros programadores e outros escritores, mas todos estão unidos por um mesmo motivo: cansados do isolamento e de trabalhar na solidão de suas casas, decidiram compartilhar um escritório.
Trata-se do coworking, uma tendência cada vez mais popular nos Estados Unidos e que consiste em compartilhar o espaço de trabalho com outros profissionais, mesmo que não pertençam à mesma empresa nem realizem tarefas parecidas.
Os locais de coworking estão ganhando adeptos à medida que cresce no país o número de autônomos e de pessoas que trabalham em casa.
Segundo as últimas informações fornecidas pelo escritório federal de estatística, entre 2000 e 2005 foram registradas mais 4 milhões de empresas compostas por apenas uma pessoa.
Paralelamente, o aumento do preço da gasolina está encorajando muitos trabalhadores dos Estados Unidos --onde é habitual viver a muitos quilômetros do escritório-- a negociarem com suas empresas para poder trabalhar parcialmente em casa.
Calcula-se que cerca de 26 milhões de americanos trabalham em seus domicílios pelo menos um dia por semana, o que equivale a 18% da população empregada no país.
Entretanto, ter o escritório a poucos metros do sofá também cansa. A falta de companheiros e de uma clara divisão entre o espaço de trabalho e lazer pode ser psicologicamente dura para muitas pessoas.
Uma solução simples e econômica é o "coworking". Os locais que oferecem esse serviço estão se multiplicando nas grandes cidades americanas.
Com tarifas que ficam em cerca dos US$ 250 por mês, estes lugares oferecem mesa, conexão de internet, café de graça e, o mais importante, a possibilidade de se relacionar com outros profissionais na mesma situação.
Tendência forte
Por um pouco mais de dinheiro as pessoas podem usar outros serviços como salas de reuniões e até uma mesa cativa ou o acesso ao local a qualquer hora do dia.
Na Sandbox Suites, um dos muitos locais de San Francisco dedicados ao coworking, as tarifas variam de US$ 20 por dia para os visitantes esporádicos a até US$ 545 por mês para aqueles que querem dispor de uma escrivaninha própria permanente.
"Desde que comecei a trabalhar aqui, há cinco meses, o número de visitantes não parou de crescer e não parece que a tendência vá mudar", diz Dominick Del Bosque, um dos responsáveis pela Sandbox Suites e produtor de cinema independente.
Muitos dos clientes assíduos da Sandbox Suites costumavam trabalhar antes em cafés, mas, segundo Del Bosque, passaram para o coworking após a primeira visita ao local.
"Para começar, nós oferecemos conexão à internet e todos os serviços de um escritório, mas, sobretudo, aqui as pessoas encontram proximidade com outros. Em um Starbucks o profissional ficará cercado de pessoas que não têm interesse algum no que você está fazendo", declarou.
Um dos freqüentadores da Sandbox Suites é David Pascual, espanhol estabelecido em San Francisco que trabalha para o site YourStreet.com.
"Em nossa empresa, estamos espalhados pelo mundo. Aqui, somos apenas dois", diz ele. "Para uma pequena companhia com interesse em fazer contatos, é positivo ter um espaço no qual pode colaborar com mais pessoas e, além disso, é mais barato que alugar um escritório."
Como David Pascual, muitos visitantes habituais da Sandbox Suites têm ocupações ligadas à internet, para as quais o lugar físico de trabalho é secundário.
"Até certo ponto, eu poderia trabalhar até de Barcelona", reconhece Pascual, "mas estar aqui me oferece a possibilidade de ter um ambiente no qual seja possível me conectar a outros e fazer crescer um pouco o negócio".
FONTE: Folha Online
in Vida Curiosa
Agro-Urbes
Jack Schultz é um especialista em desenvolvimento imobiliário e autor de Boomtown USA um livro que aponta as pequenas cidades americanas como as que mais cresceram nos últimos meses. O aumento da ligações de banda-larga e wireless, as companhias aéreas low-cost e comboios de alta velocidade têm permitido a fixação de pessoas em pequenas cidades do interior.
Este estudo aponta para uma nova revolução e uma nova vaga de migração depois do advento da classe criativa proclamada por Richard Florida. Schultz em declarações ao jornal Expresso afirmava que as pessoas procuram qualidade de vida nas comunidades rurais e acabar com o stress do movimento diário entre as cidades e os subúrbios. "A pequenez deixou de contar. A questão da massa crítica urbana já não é tão importante como há 20 anos".
Em Portugal, com o seu atraso normal, ainda esperamos pela revolução, a sério, da classe criativa... Mas surgem cidades do interior de Portugal com forte ligação às Universidades, como a Covilhã, Braga ou Évora, que podem vir a ganhar alguma importância nas próximas décadas, num plano nacional e ibérico.
in Usabilidade | human-computer interaction
Guimarães: Avepark cria 750 empregos em 2008 e chega aos 1500 em 2009
Manuel Mota, que é também vice-reitor da Universidade do Minho, refutou a tese, defendida pela União de Sindicatos de Braga, de que a maioria dos empregos criados são "precários e temporários", garantindo que "nesta fase, está já garantido um retorno social de 20 por cento do investimento, e de 50 por cento em matéria económica".
O Avepark, onde foram investidos 15 milhões de euros, foi hoje inaugurado nas Caldas das Taipas pelo Secretário de Estado da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior, Manuel Heitor.
O vice-reitor Manuel Mota afirmou que, com as empresas já instaladas, o retorno financeiro do investimento está, também, garantido, refutando, assim, as críticas da CGTP, que acusou há dias o Estado de "investir dinheiro público em trabalho precário, enquanto há dezenas de empresas em falência no Vale do Ave".
O Parque de Ciência acolhe o Instituto Europeu de Excelência em Medicina Regenerativa de Tecidos, em que trabalham 120 investigadores, oito empresas da incubadora da Universidade do Minho, a SpinPark, e as empresas 3B`s - ligada ao Instituto Europeu, CRH - Consultoria e Valorização em Recursos Humanos, e Ortos, que se dedica ao fabrico de cadeiras de rodas de nova geração.
Na ocasião, o secretário de Estado leu uma mensagem do primeiro-ministro José Sócrates, na qual se enaltece o trabalho de parceria entre os promotores do projecto, a Câmara de Guimarães, a Universidade do Minho e a Associação de Parques de Ciência e Tecnologia do Porto.
O governante considerou que "o Avepark responde aos desafios de índole tecnológica que a economia tem de enfrentar nos mercados nacional e internacional, fundamental para a sua competitividade".
Manuel Mota disse à Lusa que as empresas que se vão instalar no Avepark, "operam nas áreas das tecnologias da informação, dos novos produtos, das nanotecnologias e das biotecnologias".
Frisou que o interesse das empresas no Avepark deriva da ligação à Universidade do Minho e, também, "da existência na região de Braga, do chamado `Silicon Valley português`, com 600 empresas de `software`, algumas com dimensão internacional".
Afirmou que a região do Minho "é a mais atractiva do país para o investimento, já que conjuga um vasto conjunto de infra-estruturas, com destaque para as tecnológicas de banda larga" e com o facto de ainda ter acesso aos fundos comunitários.
"Quando o projecto estiver concluído, daqui a dez anos, teremos 150 a 200 empresas no Avepark, com cinco mil empregos altamente qualificados", vaticinou. O investigador universitário sublinhou que, nessa fase, o Produto Bruto da região será aumentado, só através do Avepark, em mais de 200 milhões de euros anuais.
O Parque está instalado em 80 hectares de terrenos nas Caldas das Taipas em pleno Vale do Ave.
O projecto, que recebeu um subsídio governamental de 3,2 milhões de euros, é uma sociedade constituída pela Câmara de Guimarães, com 51 por cento do capital, pela Universidade do Minho, a Associação Industrial do Minho e a Associação do Parque de Ciência e Tecnologia do Porto (com 15 por cento, cada) e pela Associação Industrial e Comercial de Guimarães, com quatro por cento.
O investimento total em infra-estruturas atinge os 15 milhões de euros, verba a que haverá que somar os 10 milhões do valor dos terrenos doados pela Câmara e os investimentos feitos pelos privados.
LUSA, LM.
Deslocalização posta em causa com o choque petrolífero
A globalização também prega partidas. O que deu, ontem, com uma mão, pode amanhã tirar com a outra. O terceiro choque petrolífero em curso está a alterar os padrões do comércio internacional. E, por mais paradoxal que pareça, as principais vítimas desta mudança poderão ser as ‘fábricas do mundo’, os campeões do «outsourcing» de produtos e bens físicos, com a China à cabeça.
A avaliação desta alteração estrutural é possível graças a um estudo de Dezembro de 2000 de um economista português radicado nos Estados Unidos. Nuno Limão, professor associado no Departamento de Economia da Universidade de Maryland, conseguiu identificar um indicador que leva uma designação técnica complexa - elasticidade do comércio em relação aos custos de transporte. O artigo científico, que escreveu com Anthony J. Venables, da London School of Economics, apurou que sempre que os custos de transportes aumentam de uma unidade o efeito negativo no comércio é multiplicado por três.
Esta relação foi, recentemente, tirada da prateleira pelo economista Paul Krugman que na sua coluna no ‘The New York Times’ usou a elasticidade encontrada por Limão para apurar a quebra potencial no comércio internacional “se os preços do petróleo se mantiverem aos níveis actuais (na altura, nos 130 dólares) por muito tempo”. Segundo Krugman, a quebra seria de 17% em relação ao ano 2000.
O economista mediático socorreu-se, também, de um estudo da consultora canadiana CIBC que referia que, fruto do disparo do preço do crude desde 2000, os fretes entre a China e os Estados Unidos quase triplicaram. Se os preços estabilizarem nos 150 dólares por barril no futuro, o frete pode ainda aumentar mais 40% em relação aos preços actuais. O que isso significará, com base na elasticidade apurada por Nuno Limão, é que o comércio internacional poderá emagrecer ainda mais 6% em relação ao nível actual.
China na berlinda
Nuno Limão, que nasceu no ano da Revolução do 25 de Abril, sublinha-nos que o «outsourcing» de produtos e bens físicos será o sector que mais vai sofrer. “O caso mais importante será, talvez, o da China, já que se tornou na fábrica do mundo. Dados mais recentes, revelam inclusive que já se nota um abrandamento das exportações chinesas de bens mais sensíveis aos custos de transporte para os Estados Unidos”. O investigador português antevê, por isso, que o «nearshoring», ou seja a deslocalização para regiões próximas dos clientes possa ganhar força. O que poderá acontecer com as ‘traseiras’ dos Estados Unidos (oportunidade, de novo, para o México) e com os países de mão-de-obra mais barata dentro da União Europeia e que a circundam.
Limão, apreciando o que já ocorreu com o falhanço da última sessão da Ronda de Doha, arrisca que outra consequência poderá ser o crescimento do regionalismo. “Esta regionalização do comércio internacional pode ter alguns efeitos negativos, mas é bastante difícil, senão mesmo impossível, calcular um efeito preciso”, conclui este académico, que desde os 16 anos estuda fora.
Ainda adolescente ganhou uma bolsa para estudar no United World College, nos Estados Unidos, depois tirou a licenciatura na London School of Economics, e em 1996 regressou ao outro lado do Atlântico doutorando-se em economia na Universidade de Columbia.
in Expresso, Jorge Nascimento Rodrigues
Portugal como destino de nearshoring
Mais não será dizer que é preciso uma aposta séria no desenvolvimento e reforço do capital intelectual português que mude estruturalmente o padrão de especialização da nossa economia. Um reforço que não passa por alocar só mais dinheiro na educação ou dar computadores. É preciso agir mais na zona entre o final da cadeia de valor do ensino e o início da do mercado de trabalho.
Um dos desafios nessa «buffer zone» está em conseguir que Portugal seja um destino atractivo para o nearshoring, ou seja, a deslocalização de actividades de médio-alto valor acrescentado de economias mais desenvolvidas (I&D, desenvolvimento de software, call-centers, design, etc).
Para que tal aconteça, é preciso que:
1 - o Ministério da Economia simplifique a burocracia dos licenciamentos e na atribuição de incentivos financeiros atribuídos aos investimentos estrangeiros.
2 - criar parques de nearshoring junto das universidades e dos parques de ciência e tecnologia, para facilitar o acesso à massa crítica e gerar laços efectivos de entre as cadeias de valor do sistema de ensino e empresarial
3 - promover Portugal como destino competitivo de nearshoring, ao ponto deste conceito se confundir com o próprio país
4 - «se não consegues vencê-los, junta-te a eles»: constituir parcerias com a Irlanda e a Índia, oferecendo Portugal como mecanismo de entrada para mercados estratégicos da América do Sul, África e Europa (vide este artigo de JNR na Janela na Web)
in Capital Intelectual, Ruben Eiras
Aviões no Sul, computadores no Norte
Duas fábricas de componentes de aviões em Évora; consórcio com a Intel para fazer PCs em zona a anunciar
A empresa brasileira Embraer vai instalar duas fábricas de componentes para aviões, em Évora, criando mais de 3500 postos de trabalho directos. O anúncio oficial é feito hoje, às 10:30 horas, no CCB, pelo primeiro-ministro, José Sócrates, e pelo director presidente da Embraer, Frederico Fleury Curado, na presença do presidente brasileiro Lula da Silva.
Segundo o Expresso apurou, serão investidos de início 148 milhões de euros em instalações que terão capacidade para produzir componentes para 13 a 14 aviões por mês. O investimento contempla, igualmente, a ligação a universidades portuguesas para a concepção, engenharia e desenvolvimento de aeronaves.
Segundo o ministro da Economia, Manuel Pinho, “este é um grande investimento tecnológico que só tem paralelo com a AutoEuropa”, a fábrica da Volkswagen em Palmela.
A Embraer é o terceiro maior fabricante de aviões a nível mundial, depois dos gigantes Boeing e Airbus. As unidades industriais de Évora - as primeiras desta empresa na Europa - deverão começar a produzir em 2011. A primeira, no fabrico de estruturas, maquinação e montagem de peças metálicas para asas; a segunda, para conjuntos em materiais compósitos das caudas de aviões como os Embraer 170, 190 e Legacy (jactos executivos).
O primeiro passo para as negociações entre o Governo português e a Embraer foi dado, em Agosto de 2006, quando José Sócrates visitou a sede da empresa brasileira, a cerca de 100 quilómetros de São Paulo. Na época, o primeiro-ministro regressou de mãos vazias, mas seguiram-se quase dois anos de negociação em torno do reforço dos investimentos dos brasileiros na OGMA-Indústria Aeronáutica de Portugal (da qual controlam 65% do capital, em associação com a EADS/Airbus). As negociações foram fechadas na quinta-feira, dia 17, tendo o ministro da Economia cancelado a sua deslocação a Angola para se reunir com os investidores brasileiros.
“O maior desafio será o de incentivar a participação portuguesa no projecto do cargueiro militar C-390, um avião que está a despertar o interesse do Brasil e de alguns países da América do Sul”, declarou ao Expresso Eduardo Bonini, presidente executivo da OGMA. A confirmar-se esta participação, Portugal poderá optar pelo Embraer C-290 para substituir os Hércules C-130, ao serviço da Força Aérea há mais de 30 anos.
Fábrica de computadores
Na quarta-feira José Sócrates recebe a visita de Craig Barrett, presidente da Intel, que será um dos parceiros num novo consórcio de fabricação de computadores pessoais de baixo custo.
O projecto, que terá nome português, conta ainda com a participação de empresas nacionais (J.P. Sá Couto e Infolândia). O Expresso apurou que a fábrica será instalada no Norte do país, aproveitando as competências existentes nas universidades do Minho, Porto e Aveiro.
Além do mercado interno, ligado ao programa e-Escolas, o objectivo é desenvolver um «cluster» exportador deste tipo de equipamentos, idênticos aos que já são distribuídos aos alunos do secundário. Venezuela e Líbia são os primeiros mercados garantidos, na sequência das vistas de Hugo Chávez a Lisboa e de Sócrates a Trípoli.
in Expresso, Alexandre Coutinho, Cristina Figueiredo e João Ramos
Alentejo é o futuro do potencial do País
O Alentejo é o espaço que apresenta a mais forte concentração de potencial de crescimento do conjunto da economia portuguesa". Quem o diz é o antigo ministro das Finanças, Ernâni Lopes, que refuta a ideia de que a região Sul do País "não tem futuro".
Em conferência de imprensa para apresentar o relatório da SaeR - Sociedade de Avaliação de Empresas e Risco, à qual preside, o ex-governante considera que todo o território a Sul do Tejo, "e não só Almada e Seixal", constituem o que chama ‘Grande Ogiva do Sul’, com destaque para o Alentejo. Para Ernâni Lopes, a região deve investir na agricultura de valor acrescentado e num tipo de turismo particular: o de atracção para segunda residência para os mais idosos do norte da Europa que possuem um elevado poder de compra.
Por isso mesmo, defende que é necessário dotar o Alentejo de uma rede que permita o "acesso a serviços de saúde de padrão europeu" de forma a responder à necessidade destes novos turistas. O economista faz ainda questão de salientar que, com dezenas de milhões de potenciais clientes nos países escandinavos, o Alentejo tem condições "quase inultrapassáveis" para garantir o sucesso desta iniciativa.
"O Alentejo não é um caso perdido. O mercado está lá e neste momento tem uma oportunidade muito clara que durará pelos próximos trinta anos", referiu sem, no entanto, ignorar os efeitos que a crise na economia espanhola poderão ter no desenvolvimento da região. "Temos um verdadeiro problema com a economia espanhola, mas este tipo de investimento é planeado durante anos", salienta.
Já em Junho passado, os autarcas do Alentejo, reunidos no Congresso Alentejo XXI, em Beja, manifestaram a convicção de que "é possível, a médio prazo, transformar o Alentejo no principal factor de de-senvolvimento do País".
"São medidas de circunstância"
O antigo ministro das Finanças de Mário Soares, Ernâni Lopes, considera que as medidas tomadas pelo Governo para combater a crise são "de circunstância e que pouco fazem para um problema conjuntural. "São medidas pontuais que não fazem a diferença", disse reconhecendo-lhes apenas um efeito imediato. Quanto ao futuro da economia portuguesa, o especialista não se mostra optimista: "Está mal e tenderá, possivelmente, a piorar até 2010". E defendeu que "o importante não é sair da crise, mas sim como passar por ela".
Perigos do choque petrolífero
O relatório da SaeR, empresa de avaliação de empresas e risco liderado por Ernâni Lopes, alerta para o perigo do choque petrolífero que a economia mundial atravessa. "Não se sabe quando vai acabar", defende o especialista, recordando as consequências da crise da OPEP, em 1973, que aumentou os preços do petróleo em 300 por cento. No relatório da SaeR consta o alerta para o agravar de "tensões internas na sociedade portuguesa", como reflexo da instabilidade criada pelos constantes aumentos dos preços dos combustíveis.
in Correio da Manhã, Pedro H. Gonçalves
Aviação: Flexibilidade, aumento de capacidade das pistas e terminais mais baratos são desafios de futuro
O especialista norte-americano em sistemas aeroportuários Richard de Neufville apontou hoje a flexibilidade dos aeroportos, o aumento da capacidade das pistas e a redução de custos como os principais desafios num sector cada vez mais marcado pela incerteza.
Numa conferência promovida pela Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto, o professor do Massachusetts Institute of Technology (MIT) afirmou ser possível diminuir os custos do sistema aeroportuário em 25 por cento em cada um destes factores.
"Os investimentos têm que ser pensados de forma flexível, antecipando eventuais cenários e com possibilidades de adaptação a várias possibilidades de futuro, que não sabemos como será. Temos que ser humildes e admitir vários cenários, com companhias `low cost`, sem companhias `low cost` ou com uma mistura das duas", sustentou Richard de Neufville.
Segundo salientou, o objectivo do ponto de vista da engenharia das infra-estruturas aeroportuárias deverá ser a melhor relação entre custo e benefício, e não a excelência técnica, o que significa que a tecnologia "não é um fim em si mesmo" e que as soluções encontradas têm que ser eficientes a nível de custos.
Num contexto de rápida e profunda mudança no sector, de Neufville destacou que a prática do século XX está "obsoleta" e que há uma nova "agenda de desenvolvimento" para o século XXI, com destaque para o crescente domínio das transportadoras `low cost` (de baixo custo) em termos de volume de tráfego, dimensão financeira e inovação.
Como principais "incertezas" no sector, o investigador apontou a evolução do volume de tráfego e onde esta ocorrerá.
Factores que, frisou, "não obedecem a uma tendência, mas dependem das decisões das companhias `low cost`, tendo em conta os destinos onde acreditam que farão melhor negócio e, eventualmente, condições especiais oferecidas pelos aeroportos".
"As companhias `low cost` não têm lealdade a nenhum país, entram e saem de acordo com condições que lhes são oferecidas, e o crescimento do tráfego aéreo pode mudar para determinados destinos devido a, por exemplo, questões ligadas ao turismo, tal como é afectado pelo desenvolvimento de aeroportos secundários", afirmou.
Face a este cenário de incerteza e mudança, Richard de Neufville aponta o `desenho flexível` como um dos principais desafios no desenvolvimento e investigação aeroportuários, "de forma a reduzir os riscos de construir infra-estruturas que não vão ser usadas".
A este nível, apontou várias possibilidades, desde o desenvolvimento faseado dos aeroportos (de preferência feito antecipando várias possibilidades e a capacidade de rápida expansão), aos `designs` híbridos e adaptados a mudanças mesmo que diárias.
Relativamente ao desafio de aumentar a capacidade das pistas, o investigador disse ser particularmente válido para a Europa, "onde a capacidade está cerca de 25 por cento abaixo do melhor `benchmark`".
"É preciso eliminar os `slots` tal como estão actualmente definidos, admitindo-lhes uma grande variabilidade consoante o estado do tempo e a melhoria da precisão dos sistemas de localização de aeronaves, por exemplo", disse.
"O `benchmark` internacional indica que são possíveis grandes melhorias a esse nível", acrescentou.
Finalmente, Richard de Neufville destaca o desafio de diminuir os custos dos terminais aeroportuários, abandonando os "luxos obsoletos" do século XX e fazendo antes corresponder as infra-estruturas ao tipo de utilizadores, construindo "terminais low cost para companhias low cost".
PD/Lusa
in RTP
Governo: Plano Ordenamento Área Metropolitana Lisboa articulado com novo aeroporto e 3º travessia Tejo
Lisboa, 15 Mai (Lusa) - O Governo aprovou hoje uma resolução que determina a alteração do Plano Regional de Ordenamento do Território da Área Metropolitana de Lisboa, para articulá-lo com projectos como o novo aeroporto de Lisboa e nova travessia do Tejo.
De acordo com o comunicado do Conselho de Ministros, a alteração daquele instrumento de planeamento ficará a cargo da Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional de Lisboa e Vale do Tejo, fixando-se um prazo de nove meses para o efeito.
"Esta alteração prende-se com a necessidade de articulação entre o modelo territorial e os investimentos e projectos, em curso ou previstos, fortemente reestruturadores em termos territoriais, económicos e de mobilidade, como é o caso do Novo Aeroporto de Lisboa (NAL), das Plataformas Logísticas, da Rede Ferroviária de Alta Velocidade e da Nova Travessia do Tejo", lê-se no comunicado do Conselho de Ministros.
Na reunião semanal do Conselho de Ministros foi ainda aprovada uma resolução que aprova o Plano de Ordenamento do Parque Natural do Litoral Norte, "estabelecendo os regimes de salvaguarda de recursos e valores naturais e fixando os usos e o regime de gestão a observar na sua área de intervenção".
"Pretende-se, deste modo, garantir a conservação da natureza e da biodiversidade, a manutenção e a valorização da paisagem, a melhoria da qualidade de vida e o desenvolvimento económico das populações", é ainda referido.
O Governo aprovou ainda uma resolução que cria uma nova medida no âmbito do programa INOV, o INOV-Mundus.
Segundo a nota do Conselho de Ministros, esta medida visa, ao longo dos próximos três anos, abranger 250 jovens qualificados, mediante a realização de estágios profissionalizantes, essencialmente de carácter internecional, a efectuar junto de entidades públicas ou privadas e organizações nacionais ou internacionais, cuja área de actuação reporte à cooperação para o desenvolvimento.
VAM.
Lusa
Plano Tecnológico: Zorrinho desenho dos principais clusters portugueses pronto no final do ano
"Ambicionamos ter o desenho da grande matriz da economia portuguesa pronta até ao final do ano", disse Carlos Zorrinho, durante um almoço com jornalistas sobre o novo ciclo da Estratégia de Lisboa (2008-2010).
Carlos Zorrinho lembrou que a regulamentação para a estratégia de eficiência colectiva "está na sua fase de finalização", pelo que espera "ter definidos quais os principais `clusters` e sectores com ambição de se formar como pólos competitivos" à escala global.
O sector da Energia e o do Turismo são alguns dos sectores a que Zorrinho reconhece "particulares competências e capacidades óbvias" para que Portugal se afirme globalmente como pólo competitivo, mas a área da saúde tem também potencialidade.
"Sabemos que o sector da saúde se está a organizar no sentido de criar um plano de acção que lhe permita qualificar-se como um pólo de tecnologia", exemplificou.
De acordo com o Zorrinho, o objectivo do governo é "facilitar dinâmicas na sociedade civil em cinco ou seis áreas, para se afirmarem como pólos competitivos".
"Os sectores automóvel, aeronáutico, da moda, têxtil e do calçado também podem ser competitivos. O jogo neste momento não está fechado, está aberto. Não queremos à partida limitar que ocorram dinâmicas da sociedade civil, nem nos podemos auto-limitar", disse.
Relativamente ao plano tecnológico, o responsável sublinhou que "está em velocidade de cruzeiro", fruto de uma maior exigência dos cidadãos e concorrência entre empresas e adiantou que os planos tecnológicos da Justiça, Saúde, Redes e Estruturas já estão em elaboração, sem contudo avançar pormenores.
Mas um dos maiores desafios nos próximos meses "é preparar o país para aproveitar a onda de recuperação a nível internacional" assim que a conjuntura internacional melhorar, defendeu.
Por outro lado, para a Europa, Zorrinho defendeu sobretudo a necessidade de alcançar em 2010 a liderança "numa área-chave em termos globais": a das alterações climáticas e energia.
"A nossa agenda é a do pós-petróleo, pós-biocombustíveis, é a das energias renováveis, de nova geração. O facto de limitar as emissões à indústria europeia pode diminuir um pouco a competitividade nos primeiros anos, mas no futuro pode lançar uma nova indústria das energias alternativas", disse.
Questionado sobre a aprovação do princípio de uma União para o Mediterrâneo, que incluirá os Estados-membros da União Europeia e os estados costeiros que não fazem parte dela, Zorrinho é peremptório: "Se se tratar de uma acção concertada do ponto de vista político e económico, com uma vertente comunitária forte, esta é claramente a dimensão externa da Estratégia de Lisboa e a primeira experiência concreta".
JMG
in RTP, LUSA/FIM
A língua portuguesa é misteriosa.
Parece contradizer a opinião generalizada dos linguistas, segundo a qual a relação entre a palavra e o seu significado é perfeitamente aleatória. Isto é, de acordo com a ciência da língua, não há razão nenhuma para chamarmos "pedra" a uma pedra. Mas imaginemos esta circunstância: após dias e dias de navegação, em que apenas temos por companhia o mar e o céu e nada mais, eis que surge, de repente, no horizonte, uma ilha. Qual é a nossa reacção perante esta inesperada visão? O que é que eu vi no mar? (NO) MAR VI (A) ILHA. Juntemos as palavras: MAR-VI-ILHA. Não terá nascido de uma visão detas a palavra portuguesa MARAVILHA? Haverá maravilha maior do que ver surgir, de repente, no mar, uma ilha? Então, o significado da palavra MARAVILHA não é aleatório. Há uma razão para que essa palavra significa aquilo que significa. Foi prestando atenção a estes mistérios da língua portuguesa que descobrimos a esência da Região Centro de Portugal. O que é que caracteriza a Região Centro de Portugal? O que é que têm em comum a Guarda e Castelo Branco? Viseu e Aveiro? A Covilhã, Leiria e Coimbra? Não há em todo o País uma região tão diversificada, ao ponto de Jaime Cortesão ter afirmado que, nas três Beiras, estão todas as paisagens do País. A Região Centro é um mosaico de paisagens, de pessoas, de subculturas. E, não osbstante, a língua portuguesa revela-nos, há séculos um elemento comum a todo o Centro, que é pertença desta Região mais do que qualquer outra do País. Que elemento comum é esse? O que está no centro da palavra Portugal? POR-TU-GAL TU
TU - o indivíduo, a pessoa, o sujeito. Não a massa anónima que se concentra nas grandes cidades, mas a pessoa individual descrita por Sá de Miranda como, "homem de um só parecer, um só rosto e uma só fé, dantes quebrar que torcer". O que há em comum, no meio da aparente diversidade que caracteriza a Região Centro de Portugal, é este "TU", que está exactamente no Centro da própria palavra "Portugal" e que aponta para a importância decisiva e inultrapassável da pessoa que habita nesta região. Esta coincidência serviu de base para todo o trabalho de criação da Marca "Regão Centro". Sublinhar a importância da pessoa significa colocar, pela primeira vez, no decurso evolutivo que o nosso País vem empreendendo nos últimos anos, o valor da pessoa acima do valor da obra - indicando claramente que a obra só vale se tiver as pessoas por destinatários - e, neste particular, a Região Centro é percursora de uma nova mentalidade que poderá ter importantes consequências para todo o país. Numa primeira fase, foi lançado o conceito "TU ÉS O CENTRO" e a assinatura da Região "A REGIÃO SÃO AS PESSOAS" numa Campanha Institucional que teve início nos últimos dias de Maio. Como é que este conceito pode ser aplicado aos mais diversos temas que, ao longo do tempo, farão eventualmente parte das múltiplas acções de dinamização da Região? Uma segunda Campanha - especialmente destinada a promover o investimento na Região, atraindo empreendedores e quadros, é um primeiro exemplo das virtualidades de exploração do conceito atrás referido. Neste caso, o conceito exprime-se desta forma: TU FAZES O NOVO CENTRO