Interculturalidade: O fator chave do desenvolvimento
Sun, Jan 3 2016 10:52
| A Crise que se transforma em Oportunidade, Actualidade, Desenvolvimento Regional, Educação e Conhecimento, Globalização, Inovação Territorial
| Permalink
Somos os atores principais das nossas vidas.
A crise dos refugiados não deixa ninguém indiferente.
Tal como na tragédia do Titanic, alguns salva-vidas acolheram apenas metade da sua capacidade, enquanto outros 1514 passageiros morreram congelados ao largo da Terra Nova.
Hoje, 100 anos depois, discutimos o acolhimento daqueles que fogem da guerra.
Somos europeus e vivemos na terra desejada para os sírios. E entre nós, existe quem tenha a ousadia de pensar que deveremos barrar essa entrada, atirando milhões de seres humanos para a morte.
Irónico.
Um continente em envelhecimento entende que não tem espaço para acolher quem nos pede auxilio.
Mais grave.
A História, para quem a conhece, revela que o desenvolvimento nasce na interculturalidade.
Charles Darwin explica que aqueles que melhor se adaptam aos novos contextos são os que têm maior probabilidade de sobrevivência.
A pena de morte foi abolida na Europa - excepção da Ditadura Lukashentina na República da Bielorrússia - mas diversos governos europeus continuam a marginalizar milhões de seres humanos que apelam por auxilio.
Ruralidade com futuro!
Para além do despovoamento, os territórios rurais na Europa têm recursos para acolher novos residentes.
Se esses residentes trouxerem novas competências, poderemos construir uma ruralidade com futuro: mais inclusiva, mais inovadora, mais efectiva.
O desafio está nas mãos daqueles que não se resignam ao papel de figurantes das suas vidas.
Migrações - Retratos do nomadismo contemporâneo
Tue, Feb 1 2011 10:48
| Actualidade, Educação e Conhecimento, Empreendedorismo, Globalização, The Star Tracker
| Permalink
Inovar na educação
Sun, Nov 7 2010 06:40
| Educação e Conhecimento, Globalização, Sustentabilidade
| Permalink
TED Kiran Bir Sethi: Como ensinar às crianças o poder de cada uma delas
Fri, Oct 29 2010 04:20
| Educação e Conhecimento, Empreendedorismo, Globalização, Inovação
| Permalink
Mais do que ensinar conhecimentos teóricos de matemática, inglês e ciências, a verdadeira educação deve ser capaz de transformar alunos, professores, escolas, cidades e até países inteiros. Esse é o objetivo da fundadora e diretora da Riverside School, Kiran Bir Sethi: “infectar” a todos com o vírus do “eu posso”.
Em sua palestra no TED ela conta que foi infectada quando tinha 17 anos e sentiu a confiança depositada nela por seus professores de faculdade. “E eu fiquei impressionada com aquela sensação tão maravilhosa, e quão contagioso esse sentimento era. Eu também percebi que eu deveria ter sido infectada quando tinha sete anos.”
Quando começou com a escola Riverside, há 10 anos, Kiran descobriu que se o aprendizado estiver incorporado no contexto do mundo real, as crianças passarão por uma jornada de conscientização capaz de fazer com que elas vejam as mudanças e sejam mudadas por elas. Com isso, elas estarão capacitadas para conduzirem as próximas transformações.
Com isso em mente, ela começou uma série de trabalhos com as crianças, primeiro da escola, depois da cidade, depois de toda a nação, para reduzir as distâncias entre a teoria e o mundo real e espalhar o vírus do “eu posso”. O resultado pode ser visto não apenas no comportamento das crianças, como também nas notas – que estavam acima das melhores escolas da Índia.
Após citar os exemplos de ações que comprovaram sua teoria, Kiran lembra aos ouvintes do poder inspirador das mudanças e cita o exemplo de Gandhi, que mesmo sozinho conseguiu infectar uma nação inteira com o vírus do “nós podemos”.
Confira a palestra na íntegra (para ver com legenda em português, selecione a opção ao lado do play):
in EcoDesenvolvimento
Em sua palestra no TED ela conta que foi infectada quando tinha 17 anos e sentiu a confiança depositada nela por seus professores de faculdade. “E eu fiquei impressionada com aquela sensação tão maravilhosa, e quão contagioso esse sentimento era. Eu também percebi que eu deveria ter sido infectada quando tinha sete anos.”
Quando começou com a escola Riverside, há 10 anos, Kiran descobriu que se o aprendizado estiver incorporado no contexto do mundo real, as crianças passarão por uma jornada de conscientização capaz de fazer com que elas vejam as mudanças e sejam mudadas por elas. Com isso, elas estarão capacitadas para conduzirem as próximas transformações.
Com isso em mente, ela começou uma série de trabalhos com as crianças, primeiro da escola, depois da cidade, depois de toda a nação, para reduzir as distâncias entre a teoria e o mundo real e espalhar o vírus do “eu posso”. O resultado pode ser visto não apenas no comportamento das crianças, como também nas notas – que estavam acima das melhores escolas da Índia.
Após citar os exemplos de ações que comprovaram sua teoria, Kiran lembra aos ouvintes do poder inspirador das mudanças e cita o exemplo de Gandhi, que mesmo sozinho conseguiu infectar uma nação inteira com o vírus do “nós podemos”.
Confira a palestra na íntegra (para ver com legenda em português, selecione a opção ao lado do play):
in EcoDesenvolvimento
A Europa vai ser comprada pela China e pelos príncipes árabes
Wed, Aug 11 2010 01:01
| Globalização, Reflexões
| Permalink
A Alemanha quer o euro porque quer redesenhar o mapa monetário mundial. A China quer o euro porque não quer ficar sozinha com os EUA. Portugal, para sobreviver, vai ter de tirar partido da globalização. No cenário, optimista, de a globalização sobreviver à crise.Por Teresa de Sousa
José Manuel Félix Ribeiro, economista, em véspera de aposentação, foi subdirector-geral do Departamento de Prospectiva e Planeamento (DPP) e foi aí que produziu os mais conhecidos exercícios de cenarização sobre a economia portuguesa, sobre os futuros possíveis da Europa ou do mundo. Raramente dá entrevistas. O que pensa é o produto de uma mente brilhante somada a uma vasta informação sobre o que se passa no mundo: em Pequim ou na casa real saudita, nos sectores mais inovadores dos EUA ou na prodigiosa empresa de petróleos norueguesa. Evita opiniões taxativas sobre o país. Fornece hipóteses num contexto internacional de profunda incerteza. Polémico e pessimista.
Vivemos uma tripla crise: mundial, europeia e nacional. Podemos começar por aquela que mais nos condiciona, a crise europeia. Como é que a Europa pode sair daqui?
Estive recentemente na Universidade Católica do Porto para falar dessa questão e resolvi fazer uma coisa sobre a Europa, o euro e a China. A minha ideia, que pode estar completamente errada, é que temos de começar por compreender por que é que os alemães foram forçados a aderir ao euro e que o euro, na prática, não é uma resposta europeia à globalização. É, antes do mais, uma resposta à unificação alemã.
E uma resposta política, antes de ser económica.
Política. Não vejo que a Alemanha queira sair do euro nem que a sobrevivência do euro esteja em causa. Penso que a Alemanha tem uma ambição, que esta crise veio fortalecer, que é a de redesenhar o mapa monetário mundial. O que uma parte da elite alemã gostaria era que tivéssemos um sistema monetário com três pólos: o dólar, o euro e o yuan chinês. Há uma parte dessa elite que vive muito mal com o modelo anglo-saxónico de capitalismo e com o seu domínio da economia mundial. Nessa medida, seria um suicídio colocar em causa o próprio euro, porque é ele que lhe dá, apesar de tudo, uma outra dimensão para negociar este sistema tripolar que o marco dificilmente teria mesmo que fosse agora reinventado.
A Alemanha quer preservar o euro mas em que condições?
O que está em causa é a necessidade de consolidar o controlo sobre o euro para que possa ter um papel muito mais importante no futuro. E esse controlo tem de ser acompanhado por outra coisa: a Alemanha quer pagar o menos possível para salvar economias que vê como relativamente inviáveis.
As economias da Europa do Sul?
Sim. E o problema é que hoje a Europa do Sul, ao contrário do que aconteceu nas décadas anteriores, já não é um mercado fundamental para a Alemanha e os alemães vêem-na como um peso que não querem ser os únicos a ter de suportar.
Está a dizer que a Alemanha ficaria satisfeita se os países do Sul saíssem do euro? Isso não seria a sua condenação?
Não vou dizer isso, porque não sei. Essa é a discussão sobre o que quer realmente a Alemanha. Apenas acho que não quer sair do euro, a não ser que seja completamente forçada. Eles quiseram pregar um grande susto à Europa. Mas mesmo um grande susto. Querem impor alguma ordem. Não sei se querem mais alguma coisa.
A UE, tal como existe, ainda é aquela que serve os interesses mundiais da Alemanha?
O que me parece é que os alemães têm uma estratégia clara na qual a China e a Rússia são chave. A China, para venderem aquilo que produzem, e a Rússia para comprarem energia e também desenvolverem a industrialização. Entre a Rússia e a China, a Alemanha tem uma nova estratégia. Mas também admito que não possa separar-se completamente dos Estados Unidos. O ideal, para ela, era que os EUA se dessem bem com a Rússia. Isso favorece o jogo alemão porque pode pôr em prática [a sua estratégia] sem ter de fazer escolhas.
Onde é que entra a China?
A Alemanha sabe que pode contar com a China porque Pequim não quer ficar sozinha com o dólar para o resto da vida. A China é a única entidade no mundo convictamente empenhada - pelo menos enquanto esta direcção lá estiver - em que o euro não se afunde. Quer ter outro parceiro que não seja apenas o dólar e, portanto, no que puder ajudar, fá-lo-á. Comprar dívida emitida por entidades europeias...
Já está a fazê-lo.
Só que há aí um outro problema: a China não sabe muito bem o que é isto da União Europeia, deve fazer-lhe alguma confusão esta coisa de 27 países que decidem tudo numa grande conversa. Precisa de alguém em quem confiar e acho que confia na Alemanha. Os alemães sabem que têm as costas quentes, que a entidade mundial que mais pode ajudar o euro está com eles. Estão relativamente à vontade. Quem deve estar relativamente aflito é a França. São os que vierem a seguir [a Merkel e a Sarkozy] que vão ter, ou não, alguma capacidade para se entender.
Sobre quê?
Não sei. Mas a essa pergunta só se pode responder com outra: os outros países, que não a Alemanha, para onde é que podem ir? Para lado nenhum. A Alemanha está bastante à vontade.
Mas há também fragilidades dentro da própria Alemanha que não tornam as coisas assim tão simples. A Alemanha tem dois problemas. O primeiro é que é uma economia muito exportadora mas não é inovadora. Não há nada de novo que a Alemanha tenha criado nos últimos 50 anos. É extraordinária a melhorar aquilo que já faz há quase 150 anos: automóveis, mecânica, química. Está muito bem adaptada para fornecer países que se industrializam, que se urbanizam e que se motorizam. Mas tem uma grande dificuldade em inovar sobretudo quando as economias desenvolvidas passaram a ser economias terciárias. No sector dos serviços, já praticamente não há um nome alemão.
Isso quer dizer que o seu modelo pode esgotar-se rapidamente?
Isso quer dizer que está esgotado e que ainda tem vida apenas porque há economias emergentes. O segundo problema é que o modelo alemão, em termos financeiros, é totalmente oposto ao dos EUA e ao do mundo anglo-saxónico - é um modelo centrado nos bancos.
Os alemães continuam a poupar muito e a colocar muitos depósitos nos seus bancos. Esses bancos tinham tradicionalmente uma relação muito estreita com a indústria alemã, para onde canalizavam o seu dinheiro. O que acontece é que hoje a grande indústria alemã financia-se nos mercados de capitais, que são uma invenção anglo-saxónica. Com muitos depósitos a afluir e com menos negócios tradicionais para aplicar o dinheiro, eles tiveram de ir à procura de aplicações altamente rentáveis e foram comprar coisas como o subprime, do qual foram os segundos grandes compradores. Importaram um vírus que o seu sistema imunitário não tem capacidade para gerir. E, então, para tentar obter novas receitas que lhes permitissem apagar os prejuízos que aquilo ia criar, lançaram-se a comprar dívida soberana dos países do Sul [da Europa].
E estão amarrados de pés e mãos.
É essa a minha opinião. E isso é uma segunda grande fraqueza, que limita a margem de manobra alemã. Os espanhóis já percebem isto perfeitamente e sabem que um default desorganizado da Europa do Sul lhes seria fatal... Isso faz com que haja um factor de coesão mas, ao mesmo tempo, de muita tensão: os espanhóis não gostam de ser maltratados e os alemães de estar amarrados.
O modelo alemão tem as limitações que descreveu. O modelo anglo-saxónico está a atravessar uma crise. Como é que a China joga com isto?
Não sei, mas admito que quem deve estar assustado são os chineses.
É preciso compreender a crise financeira de 2008. Os EUA são uma economia que tem défices correntes com toda a gente - com a Europa, com os produtores de petr? leo, China, Japão, Taiwan. E isso é uma coisa absolutamente lógica. Os EUA permitiram que a Ásia se desenvolvesse ao transferirem para lá a produção de muitas das coisas que consomem. O que acontece é que nenhum dos outros possui um sistema financeiro próprio capaz de reciclar essa quantidade toda de dólares e, por isso, tem de recolocá-los nos EUA. A questão fundamental é que os Estados Unidos têm de produzir activos em que toda a gente confie e queira comprar como forma de colocar as suas poupanças. O grande problema que penso estar na base desta crise financeira foi que, pela primeira vez, os EUA não tinham activos suficientes para colocar. O Lehman, o Morgan Stanley, eram absolutamente cruciais na economia mundial porque são eles que transformam latão em ouro e que o colocam à venda no mundo inteiro. Não vale a pena dizer que a crise se deve a um bando de gananciosos. O grande problema, que pode marcar o fim da globalização e o declínio americano, é a incapacidade de produzir esses activos.
Este modelo de globalização tem de ter sempre no seu centro os Estados Unidos, com os seus défices. Que funcionam como uma espécie de capital de risco do mundo inteiro.
A China tem a noção disso?
A China precisa dos EUA mas não quer que a Europa desapareça do mapa e fará tudo para ajudar a mantê-la. Já está a comprar títulos de dívida gregos e espanhóis.
A questão é outra. A Espanha andou a criar uns leitõezinhos que já são muito apetitosos: a Telefónica, a Repsol, a Iberdrola, etc. No nosso caso, a Galp, por exemplo. Penso que esta crise é aquela em que alguém vai dizer: meus caros amigos, é altura de os leitões irem para o mercado para serem comprados por quem tiver dinheiro para comprar. O pior que pode acontecer nesta crise é haver uma transferência maciça da propriedade no Sul. É os chineses comprarem tudo o que lhes interessa na Grécia - o Pireu, os armadores...
E em Espanha e Portugal?
Os árabes, talvez. A Europa vai ser salva pelas compras dos chineses e dos árabes e, no caso português, também dos angolanos. Esta é a parte económica, que pode ser muito complicada pela parte geopolítica.
Como?
Em boa medida, por causa da energia. O abastecimento energético da China é um problema-chave para o seu futuro. Eles tinham três hipóteses de o resolver. A primeira era irem para o off-shore do Mar do Sul da China, mas aí tinham um grande problema. A China é uma entidade que não existe, economicamente falando. Tem a fatia costeira que faz parte do mundo da globalização e tem o resto. Esta parte costeira viveria muito bem sem nenhuma ligação com esse resto, da mesma maneira que vivem os coreanos, os japoneses, os taiwaneses, exportando produtos e importando o que não têm. Esta zona próspera e em crescimento - foi esta zona que os EUA arrancaram do atraso - tem toda a vantagem na continuação da globalização, dificilmente pode viver sem ela.
Se os chineses fossem para a opção do off-shore, esta região ainda ficava mais independente e ainda precisaria menos do resto da China. O poder em Pequim tem perfeita consciência do risco que isso comporta e, por isso, defende uma segunda hipótese, a hipótese continental, em que tem de ir buscar o petróleo e o gás à Rússia e, sobretudo, à Ásia Central, que tem de atravessar toda a China. Isso permite-lhes convencer essa China da faixa litoral de que precisa do resto do país e de que precisa do poder central para organizar isto tudo.
A terceira alternativa é dizer: para já, vamos ao Golfo Pérsico e a Angola buscar a energia de que precisamos. Isso tem um problema: as linhas de comunicação marítimas são extensíssimas e quem garante a sua segurança é a América. A dada altura deve haver uns almirantes loucos em Pequim que vão dizer: temos de constituir uma grande marinha. E no dia em que decidirem fazer isso a guerra está no horizonte.
Isso contraria a nossa ideia de que o desenvolvimento ajudará a integrar a China.
Ninguém liga nenhuma a estas coisas mas elas são fundamentais. O poder em Pequim tenta resolver este imbróglio optando pela Ásia Central. Mas aí vamos ter ao Afeganistão. No dia em que os americanos saírem, vamos ter a Índia, que não quer que os chineses vão para lá; os russos, que não querem que os chineses vão para lá; e os chineses que vão entrar lá de mãos dadas com os taliban com que estavam a negociar antes do 11 de Setembro. Porque o controlo sobre o Afeganistão é a chave para uma estratégia de abastecimento por via da Ásia Central. É a única que lhes permite resolver o problema dos almirantes loucos.
Ou as rotas ou o Afeganistão?
E uma terceira, que é quando [a secretária de Estado Hillary] Clinton vai ao Vietname e declara que os EUA querem pacificar o Mar do Sul da China, que é precisamente onde os chineses também podem ir buscar petróleo. Em todos os sítios onde eles querem ir buscar petróleo, os americanos estão envolvidos.
Neste jogo global, qual é o papel da Europa?
A Europa vai ser comprada pela China e pelos príncipes árabes.
E se isso, por hipótese, acontecer, que papel lhe resta?
Vai dividir-se em dois grupos. O Reino Unido já foi à Índia dizer que os paquistaneses eram uns patifes, porque sabe que eles são os aliados da China para este jogo. O que [o primeiro-ministro David] Cameron foi lá dizer agora foi o seguinte: nós estamos com a Índia e não com a China. Está a ver perfeitamente o jogo e ficará deste lado.
Quanto aos árabes, ainda não consigo perceber verdadeiramente o que querem. Há na OPEP um conjunto de gente que quer atacar a importância do dólar e deixar de depender de um dólar que eles temem que vá colapsar.
E também lhes interessa apostar no euro?
Exactamente. Vão continuar a dispor de grandes excedentes que lhes dão para comprara a Repsol e os outros leitõezinhos. Vamos ter uma Europa cheia de príncipes nos conselhos de administração e de chineses a financiar os Estados. E isso vai permitir que a Europa sobreviva.
Sobreviva?
É o nosso pequeno mundo. O grande mundo é a OPEP e também o Irão, a China e os EUA.
Como é que nós, portugueses, nos vamos adaptar a esta nova situação?
Penso que os alemães simpatizam connosco. Investiram cá, têm uma boa experiência, e não fizemos nada recentemente que os levasse a mudar de atitude. Portugal acumulou um capital relativamente à Alemanha que é positivo e que o distingue da Grécia. Mesmo passando entre os pingos da chuva, não estamos assim tão mal no nosso relacionamento político.
Com a Alemanha? Nos cenários que fez em 2002 colocava três alinhamentos possíveis - a opção ibérica, o alinhamento francês e a "Casa de Borgonha", que seria com o Benelux. A ibérica está em discussão - entre eles e entre nós. A França está em situação difícil e o Benelux falhou.
Não sei. Eu estou à janela e apenas posso dizer: aquele que está a passar ali vai ser atropelado. Penso, no entanto, que a Holanda continua a ser crucial e, quando a Bélgica se desintegrar, a Flandres pode ser a nossa maior amiga. É preciso reflectir muito sobre isto, mas creio que há três países que nos interessam: a Alemanha, a Holanda e a Noruega.
A Noruega?
A Noruega devia ser o nosso aliado principal por causa do petróleo, do mar e da exploração da plataforma continental.
Alguns dos cenários do exercício que fez mais recentemente [Portugal 2025 - que funções no espaço europeu, cuja recente actualização considera quatro cenários: "Florida Europeia", "Plataforma Asiática", "Escócia do Sul", "Ponte Atlântica"] consideram a plataforma energética que poderíamos constituir como relevante.
Exacto. Por isso, a Noruega é um parceiro possível - é atlântico e está muito próximo da UE. Fizemos um trabalho sobre as empresas energéticas na Europa e a Statoil [norueguesa] é uma coisa extraordinária - a forma como eles conseguiram estar no mundo inteiro. Mas falo da Noruega se decidirmos fazer uma aposta na plataforma continental, na sua extensão. Os alemães podem também estar interessados, porque não têm mar. Mas entre alemães, noruegueses e holandeses... A Noruega e a Holanda são o mundo atlântico. A Alemanha é o mundo europeu de que não podemos fugir.
Isto não tem de ser contra a Espanha...
Mas há um elemento permanente na cenarização para 2025 que passa pela ideia de que não deveremos ser apenas a fachada atlântica da Espanha.
Esse problema existe, só que uma parte da elite portuguesa não o quer ver. O actual Governo era "Espanha, Espanha, Espanha". Cavaco Silva era "Espanha, Espanha, Espanha". Temos de ter uma boa relação com a Espanha. Isso está fora de causa, mas temos de ver é como é que fazemos isso.
Voltando aos cenários. Parece-me comum a todos que a geografia volta a ganhar peso, depois de ter sido, de algum modo, absorvida pela Europa. É essa a mudança?
A questão central é que, em qualquer dos cenários, Portugal tem de se tornar mais atractivo. Na nossa encarnação anterior, não precisávamos de ser particularmente atractivos. Bastava sermos bem-comportados, cumpridores das normas europeias. Isso até nos criou alguma respeitabilidade. Íamos subindo os degraus.
O que me parece é que, neste estado de tensão em que a Europa vai estar, temos de ter uma maior consciência daquilo que podemos querer.
Que já não pode ser o mesmo?
O nosso percurso de convergência com a UE foi interrompido há 10 anos e agora agravado pela crise.
A resposta que foi dada à crise por este Governo é muito interessante. É uma resposta de emergência, mas o facto é que fomos ter à Líbia, Argélia, Venezuela e Angola. A primeira razão é o petróleo. Mas há outra coisa em comum: à excepção de Angola, todos têm relações tensas com os EUA. Fomos à procura de parceiros que estão completamente fora do nosso alinhamento estratégico, embora pudessem dar bons negócios. Conseguiu-se aumentar as exportações para esses países. O primeiro-ministro fez como Paulo Portas: passou a ir às feiras. Estava habituado a andar nos supermercados e passou a ir às feiras. Não estou a pôr isso em causa, possivelmente não podia fazer outra coisa...
É aí que entram os outros cenários. Num dos que considera, podemos transformar-nos numa plataforma intercontinental alinhada com a Ásia, em que o investimento que substitui o alemão é o asiático...
Mas que se insere muito bem nesta estratégia da Europa próxima da Ásia... O primeiro-ministro chinês, nas declarações que fez sobre o euro, disse que não nos podemos esquecer que a Europa é sempre um campo de investimento prioritário para a China.
E há ainda outro cenário que é o "escocês"...
Esse é apenas se houver descobertas de petróleo e de gás no nosso off-shore, o que provocaria uma grande mudança. Mas mesmo não havendo petróleo, esse cenário não é impossível. Utilizei a ideia da Escócia porque ela se desenvolveu muito fornecendo serviços de engenharia para o Mar do Norte. Desse ponto de vista, a bacia da África Ocidental podia ser o nosso Mar do Norte. Essa função podia ser desenvolvida aqui e o Brasil pode ser um parceiro fundamental.
No outro cenário, o da "ponte atlântica", estamos com o Brasil mas mais numa posição subalterna. É a ideia de que a CPLP pode ter indonésios, australianos - é aquele em que podemos tentar fazer do mundo de expressão portuguesa uma força. Penso, no entanto, que só temos interesse nisso se conseguirmos alinhar mais o mundo de expressão portuguesa com o mundo de expressão anglo-saxónica. Porque o primeiro, sozinho, nunca tem muita força.
O que também há de comum é a ideia de que deveríamos aproveitar melhor a globalização...
Estes cenários são do DPP, mas são feitos por mim. Se o DPP tivesse de se pronunciar hoje, preferiria que eu nunca os tivesse feito. Está numa posição muito melindrosa. A maneira como encaram isto, os mais novos, é diferente. Tudo isto foi feito por uma geração - a nossa - que foi ensinada desde pequena na gestão dos conflitos e na paixão pelos conflitos. A geração deles é a geração da procura da felicidade.
Só que a crise mundial obriga-nos a pensar no que pode correr mal.
O grande problema é que a adesão à moeda única teve como consequência uma fuga generalizada perante a globalização. Quem se endividou mais não foi o Estado, foram os bancos, para alimentar o consumo interno. E esse consumo é uma forma de alimentar as exportações alemãs e italianas, etc. Isso teve duas consequências: facilitou as importações e criou uma atracção enorme pela terra e pelo investimento no imobiliário como grande forma de obter lucro. As famílias podem consumir importando porque têm financiamento bancário e o sector empresarial tem uma oportunidade enorme em torno da terra - da terra para os portugueses e depois, pelos PIN [Projectos de Interesse Nacional], a terra para estrangeiros. Foi esse o esquema que nos levou a uma situação muito complicada. Temos cada vez menos para oferecer para o exterior. O facto de deixarmos de importar não acho mal, o problema é que se criou um sector de emprego muito grande à volta daquilo que se importa. Basta ir aos centros comerciais.
E os grupos económicos e a banca vivem do mercado interno.
No ano passado, a ANEOP [Associação Nacional dos Empreiteiros de Obras Públicas] fez uma publicação maravilhosa que dizia o seguinte: a construção, ela própria, representa 8 por cento do PIB em 2009; o cluster da construção no sentido mais alargado - matérias de construção, promoção imobiliária, serviços ligados à habitação, obras públicas - representa 18 por cento do PIB e absorve 72 por cento da totalidade do crédito concedido pelo sistema bancário. O que sobra é para as PT, as EDP e o resto é nada. É um problema diabólico.
Precisamos de atrair investimento, o que pode implicar várias coisas, entre as quais um sistema fiscal mais competitivo.
A fiscalidade não é tudo. Trouxemos cá o presidente da Infosys [empresa indiana líder mundial nas tecnologias da informação], o senhor Murty, para uma coisa sobre as tecnologias da informação. Queríamos trazer alguém de topo no sector e que fosse indiano. O senhor foi capa da Time mas aceitou vir cá com muita facilidade, trouxe a mulher e umas amigas da mulher que eram goesas, foram aos Jerónimos e tudo isso. A certa altura, quando o trazíamos do aeroporto, perguntámos-lhe porque é que nunca tinha investido em Portugal. Ele respondeu que, para isso, tinha que ter resposta a algumas perguntas prévias. Quais eram as perguntas? Como é que é a relação das vossas crianças com a matemática; a partir de que ano é que escrevem e falam inglês correctamente; como é que estão de talentos; e quantos engenheiros informáticos formam por ano.
Quando foi isso?
Em 2007. Levámo-lo à Agência de Investimento, onde foi muito bem recebido e lhe explicaram que Portugal era fantástico, não tinha greves, era flexível, o IRC era de 25 por cento. Ele ficou calado todo o tempo. Até que lhe perguntaram o que é que achava. Ele respondeu mais ou menos isto: "Achei tudo muito interessante, mas só quero fazer uma pergunta: eu posso premiar os melhores ou não?"
Essas quatro coisas que ele mencionou têm todas a ver com o capital humano e nada com fiscalidade.
Absolutamente. E a outra, tem a ver com o processo de organização social. O que estou a dizer é que, por exemplo, para uma fábrica de automóveis a questão dos impostos é chave. Mas para ter empresas informáticas ou clínicas de alta qualidade, pode não ser tão importante. Isso obrigaria a ver, em primeiro lugar, o que é que queremos atrair nesta fase e o que podemos atrair. E até podemos concluir que é muito mais importante no futuro não ter um IRS muito pesado sobre os quadros do que ter um IRC baixo para as empresas. O cenário da Florida, por exemplo, tem muito mais a ver com talentos.
Já produzimos alguns talentos mas a tendência parece ser a de se irem embora.
Essa questão só se resolve com investimento estrangeiro. E a única alínea da política industrial de um país como Portugal é a atracção de investimento.
Olhando para os cenários que nos projectam mais na globalização, onde é que precisamos de apostar?
Este trabalho que fizemos agora para a ANEOP está muito centrado nas infra-estruturas para lhes chamar a atenção de que, conforme os cenários, assim será a actividade no sector. O cenário da "plataforma asiática" é o mais exigente em infra-estruturas. Grande aeroporto, porto de águas profundas (Sines), caminho-de-ferro para mercadorias para a Europa.
Mas não vale a pena pensar em infra-estruturas se não estivermos, ao mesmo tempo, a atrair os investimentos que necessitem delas. É isso que me custa a perceber, não sermos capazes desse exercício... Temos de encontrar quem são os actores que estão interessados em vir para aqui. E isso não se pode definir à partida, embora haja coisas que se podem saber. Penso, por exemplo, que devemos olhar para Estados intersticiais como Singapura ou o Qatar, com pouca base territorial, mas ligados ao mundo e que precisam de bases. Devíamos olhar para eles como aliados para fazermos aeroportos ou portos de águas profundas ou para termos parceiros para a TAP.
Onde é que vamos encontrar os actores políticos, económicos, sociais para conseguirmos isso?
O que vai tornar este período mais difícil é ainda não se saber exactamente a natureza desta crise. Se esta crise for uma crise de rearrumação da globalização, quem estiver cá a governar vai ter de exercer funções que antes não eram precisas por causa da Europa. Vamos demorar tempo até nos adaptarmos a esta nova realidade e vai levar tempo a que a classe política evolua. Isso não quer dizer que a Europa não tivesse sido boa. Mas criou, em simultâneo, um modelo de funcionamento que não gera as exigências que agora vão ser precisas. As pessoas espantam-se que os dirigentes políticos tenham perdido qualidade. Era inevitável. Era um grupo que devia apenas seguir o que se decidia em Bruxelas, não era preciso mais.
Agora, vamos atravessar um processo dramático onde vão aparecer muitos falsos profetas mas em que o nível vai mesmo ter de acabar por subir. Imagino que sim.
in Público
José Manuel Félix Ribeiro, economista, em véspera de aposentação, foi subdirector-geral do Departamento de Prospectiva e Planeamento (DPP) e foi aí que produziu os mais conhecidos exercícios de cenarização sobre a economia portuguesa, sobre os futuros possíveis da Europa ou do mundo. Raramente dá entrevistas. O que pensa é o produto de uma mente brilhante somada a uma vasta informação sobre o que se passa no mundo: em Pequim ou na casa real saudita, nos sectores mais inovadores dos EUA ou na prodigiosa empresa de petróleos norueguesa. Evita opiniões taxativas sobre o país. Fornece hipóteses num contexto internacional de profunda incerteza. Polémico e pessimista.
Vivemos uma tripla crise: mundial, europeia e nacional. Podemos começar por aquela que mais nos condiciona, a crise europeia. Como é que a Europa pode sair daqui?
Estive recentemente na Universidade Católica do Porto para falar dessa questão e resolvi fazer uma coisa sobre a Europa, o euro e a China. A minha ideia, que pode estar completamente errada, é que temos de começar por compreender por que é que os alemães foram forçados a aderir ao euro e que o euro, na prática, não é uma resposta europeia à globalização. É, antes do mais, uma resposta à unificação alemã.
E uma resposta política, antes de ser económica.
Política. Não vejo que a Alemanha queira sair do euro nem que a sobrevivência do euro esteja em causa. Penso que a Alemanha tem uma ambição, que esta crise veio fortalecer, que é a de redesenhar o mapa monetário mundial. O que uma parte da elite alemã gostaria era que tivéssemos um sistema monetário com três pólos: o dólar, o euro e o yuan chinês. Há uma parte dessa elite que vive muito mal com o modelo anglo-saxónico de capitalismo e com o seu domínio da economia mundial. Nessa medida, seria um suicídio colocar em causa o próprio euro, porque é ele que lhe dá, apesar de tudo, uma outra dimensão para negociar este sistema tripolar que o marco dificilmente teria mesmo que fosse agora reinventado.
A Alemanha quer preservar o euro mas em que condições?
O que está em causa é a necessidade de consolidar o controlo sobre o euro para que possa ter um papel muito mais importante no futuro. E esse controlo tem de ser acompanhado por outra coisa: a Alemanha quer pagar o menos possível para salvar economias que vê como relativamente inviáveis.
As economias da Europa do Sul?
Sim. E o problema é que hoje a Europa do Sul, ao contrário do que aconteceu nas décadas anteriores, já não é um mercado fundamental para a Alemanha e os alemães vêem-na como um peso que não querem ser os únicos a ter de suportar.
Está a dizer que a Alemanha ficaria satisfeita se os países do Sul saíssem do euro? Isso não seria a sua condenação?
Não vou dizer isso, porque não sei. Essa é a discussão sobre o que quer realmente a Alemanha. Apenas acho que não quer sair do euro, a não ser que seja completamente forçada. Eles quiseram pregar um grande susto à Europa. Mas mesmo um grande susto. Querem impor alguma ordem. Não sei se querem mais alguma coisa.
A UE, tal como existe, ainda é aquela que serve os interesses mundiais da Alemanha?
O que me parece é que os alemães têm uma estratégia clara na qual a China e a Rússia são chave. A China, para venderem aquilo que produzem, e a Rússia para comprarem energia e também desenvolverem a industrialização. Entre a Rússia e a China, a Alemanha tem uma nova estratégia. Mas também admito que não possa separar-se completamente dos Estados Unidos. O ideal, para ela, era que os EUA se dessem bem com a Rússia. Isso favorece o jogo alemão porque pode pôr em prática [a sua estratégia] sem ter de fazer escolhas.
Onde é que entra a China?
A Alemanha sabe que pode contar com a China porque Pequim não quer ficar sozinha com o dólar para o resto da vida. A China é a única entidade no mundo convictamente empenhada - pelo menos enquanto esta direcção lá estiver - em que o euro não se afunde. Quer ter outro parceiro que não seja apenas o dólar e, portanto, no que puder ajudar, fá-lo-á. Comprar dívida emitida por entidades europeias...
Já está a fazê-lo.
Só que há aí um outro problema: a China não sabe muito bem o que é isto da União Europeia, deve fazer-lhe alguma confusão esta coisa de 27 países que decidem tudo numa grande conversa. Precisa de alguém em quem confiar e acho que confia na Alemanha. Os alemães sabem que têm as costas quentes, que a entidade mundial que mais pode ajudar o euro está com eles. Estão relativamente à vontade. Quem deve estar relativamente aflito é a França. São os que vierem a seguir [a Merkel e a Sarkozy] que vão ter, ou não, alguma capacidade para se entender.
Sobre quê?
Não sei. Mas a essa pergunta só se pode responder com outra: os outros países, que não a Alemanha, para onde é que podem ir? Para lado nenhum. A Alemanha está bastante à vontade.
Mas há também fragilidades dentro da própria Alemanha que não tornam as coisas assim tão simples. A Alemanha tem dois problemas. O primeiro é que é uma economia muito exportadora mas não é inovadora. Não há nada de novo que a Alemanha tenha criado nos últimos 50 anos. É extraordinária a melhorar aquilo que já faz há quase 150 anos: automóveis, mecânica, química. Está muito bem adaptada para fornecer países que se industrializam, que se urbanizam e que se motorizam. Mas tem uma grande dificuldade em inovar sobretudo quando as economias desenvolvidas passaram a ser economias terciárias. No sector dos serviços, já praticamente não há um nome alemão.
Isso quer dizer que o seu modelo pode esgotar-se rapidamente?
Isso quer dizer que está esgotado e que ainda tem vida apenas porque há economias emergentes. O segundo problema é que o modelo alemão, em termos financeiros, é totalmente oposto ao dos EUA e ao do mundo anglo-saxónico - é um modelo centrado nos bancos.
Os alemães continuam a poupar muito e a colocar muitos depósitos nos seus bancos. Esses bancos tinham tradicionalmente uma relação muito estreita com a indústria alemã, para onde canalizavam o seu dinheiro. O que acontece é que hoje a grande indústria alemã financia-se nos mercados de capitais, que são uma invenção anglo-saxónica. Com muitos depósitos a afluir e com menos negócios tradicionais para aplicar o dinheiro, eles tiveram de ir à procura de aplicações altamente rentáveis e foram comprar coisas como o subprime, do qual foram os segundos grandes compradores. Importaram um vírus que o seu sistema imunitário não tem capacidade para gerir. E, então, para tentar obter novas receitas que lhes permitissem apagar os prejuízos que aquilo ia criar, lançaram-se a comprar dívida soberana dos países do Sul [da Europa].
E estão amarrados de pés e mãos.
É essa a minha opinião. E isso é uma segunda grande fraqueza, que limita a margem de manobra alemã. Os espanhóis já percebem isto perfeitamente e sabem que um default desorganizado da Europa do Sul lhes seria fatal... Isso faz com que haja um factor de coesão mas, ao mesmo tempo, de muita tensão: os espanhóis não gostam de ser maltratados e os alemães de estar amarrados.
O modelo alemão tem as limitações que descreveu. O modelo anglo-saxónico está a atravessar uma crise. Como é que a China joga com isto?
Não sei, mas admito que quem deve estar assustado são os chineses.
É preciso compreender a crise financeira de 2008. Os EUA são uma economia que tem défices correntes com toda a gente - com a Europa, com os produtores de petr? leo, China, Japão, Taiwan. E isso é uma coisa absolutamente lógica. Os EUA permitiram que a Ásia se desenvolvesse ao transferirem para lá a produção de muitas das coisas que consomem. O que acontece é que nenhum dos outros possui um sistema financeiro próprio capaz de reciclar essa quantidade toda de dólares e, por isso, tem de recolocá-los nos EUA. A questão fundamental é que os Estados Unidos têm de produzir activos em que toda a gente confie e queira comprar como forma de colocar as suas poupanças. O grande problema que penso estar na base desta crise financeira foi que, pela primeira vez, os EUA não tinham activos suficientes para colocar. O Lehman, o Morgan Stanley, eram absolutamente cruciais na economia mundial porque são eles que transformam latão em ouro e que o colocam à venda no mundo inteiro. Não vale a pena dizer que a crise se deve a um bando de gananciosos. O grande problema, que pode marcar o fim da globalização e o declínio americano, é a incapacidade de produzir esses activos.
Este modelo de globalização tem de ter sempre no seu centro os Estados Unidos, com os seus défices. Que funcionam como uma espécie de capital de risco do mundo inteiro.
A China tem a noção disso?
A China precisa dos EUA mas não quer que a Europa desapareça do mapa e fará tudo para ajudar a mantê-la. Já está a comprar títulos de dívida gregos e espanhóis.
A questão é outra. A Espanha andou a criar uns leitõezinhos que já são muito apetitosos: a Telefónica, a Repsol, a Iberdrola, etc. No nosso caso, a Galp, por exemplo. Penso que esta crise é aquela em que alguém vai dizer: meus caros amigos, é altura de os leitões irem para o mercado para serem comprados por quem tiver dinheiro para comprar. O pior que pode acontecer nesta crise é haver uma transferência maciça da propriedade no Sul. É os chineses comprarem tudo o que lhes interessa na Grécia - o Pireu, os armadores...
E em Espanha e Portugal?
Os árabes, talvez. A Europa vai ser salva pelas compras dos chineses e dos árabes e, no caso português, também dos angolanos. Esta é a parte económica, que pode ser muito complicada pela parte geopolítica.
Como?
Em boa medida, por causa da energia. O abastecimento energético da China é um problema-chave para o seu futuro. Eles tinham três hipóteses de o resolver. A primeira era irem para o off-shore do Mar do Sul da China, mas aí tinham um grande problema. A China é uma entidade que não existe, economicamente falando. Tem a fatia costeira que faz parte do mundo da globalização e tem o resto. Esta parte costeira viveria muito bem sem nenhuma ligação com esse resto, da mesma maneira que vivem os coreanos, os japoneses, os taiwaneses, exportando produtos e importando o que não têm. Esta zona próspera e em crescimento - foi esta zona que os EUA arrancaram do atraso - tem toda a vantagem na continuação da globalização, dificilmente pode viver sem ela.
Se os chineses fossem para a opção do off-shore, esta região ainda ficava mais independente e ainda precisaria menos do resto da China. O poder em Pequim tem perfeita consciência do risco que isso comporta e, por isso, defende uma segunda hipótese, a hipótese continental, em que tem de ir buscar o petróleo e o gás à Rússia e, sobretudo, à Ásia Central, que tem de atravessar toda a China. Isso permite-lhes convencer essa China da faixa litoral de que precisa do resto do país e de que precisa do poder central para organizar isto tudo.
A terceira alternativa é dizer: para já, vamos ao Golfo Pérsico e a Angola buscar a energia de que precisamos. Isso tem um problema: as linhas de comunicação marítimas são extensíssimas e quem garante a sua segurança é a América. A dada altura deve haver uns almirantes loucos em Pequim que vão dizer: temos de constituir uma grande marinha. E no dia em que decidirem fazer isso a guerra está no horizonte.
Isso contraria a nossa ideia de que o desenvolvimento ajudará a integrar a China.
Ninguém liga nenhuma a estas coisas mas elas são fundamentais. O poder em Pequim tenta resolver este imbróglio optando pela Ásia Central. Mas aí vamos ter ao Afeganistão. No dia em que os americanos saírem, vamos ter a Índia, que não quer que os chineses vão para lá; os russos, que não querem que os chineses vão para lá; e os chineses que vão entrar lá de mãos dadas com os taliban com que estavam a negociar antes do 11 de Setembro. Porque o controlo sobre o Afeganistão é a chave para uma estratégia de abastecimento por via da Ásia Central. É a única que lhes permite resolver o problema dos almirantes loucos.
Ou as rotas ou o Afeganistão?
E uma terceira, que é quando [a secretária de Estado Hillary] Clinton vai ao Vietname e declara que os EUA querem pacificar o Mar do Sul da China, que é precisamente onde os chineses também podem ir buscar petróleo. Em todos os sítios onde eles querem ir buscar petróleo, os americanos estão envolvidos.
Neste jogo global, qual é o papel da Europa?
A Europa vai ser comprada pela China e pelos príncipes árabes.
E se isso, por hipótese, acontecer, que papel lhe resta?
Vai dividir-se em dois grupos. O Reino Unido já foi à Índia dizer que os paquistaneses eram uns patifes, porque sabe que eles são os aliados da China para este jogo. O que [o primeiro-ministro David] Cameron foi lá dizer agora foi o seguinte: nós estamos com a Índia e não com a China. Está a ver perfeitamente o jogo e ficará deste lado.
Quanto aos árabes, ainda não consigo perceber verdadeiramente o que querem. Há na OPEP um conjunto de gente que quer atacar a importância do dólar e deixar de depender de um dólar que eles temem que vá colapsar.
E também lhes interessa apostar no euro?
Exactamente. Vão continuar a dispor de grandes excedentes que lhes dão para comprara a Repsol e os outros leitõezinhos. Vamos ter uma Europa cheia de príncipes nos conselhos de administração e de chineses a financiar os Estados. E isso vai permitir que a Europa sobreviva.
Sobreviva?
É o nosso pequeno mundo. O grande mundo é a OPEP e também o Irão, a China e os EUA.
Como é que nós, portugueses, nos vamos adaptar a esta nova situação?
Penso que os alemães simpatizam connosco. Investiram cá, têm uma boa experiência, e não fizemos nada recentemente que os levasse a mudar de atitude. Portugal acumulou um capital relativamente à Alemanha que é positivo e que o distingue da Grécia. Mesmo passando entre os pingos da chuva, não estamos assim tão mal no nosso relacionamento político.
Com a Alemanha? Nos cenários que fez em 2002 colocava três alinhamentos possíveis - a opção ibérica, o alinhamento francês e a "Casa de Borgonha", que seria com o Benelux. A ibérica está em discussão - entre eles e entre nós. A França está em situação difícil e o Benelux falhou.
Não sei. Eu estou à janela e apenas posso dizer: aquele que está a passar ali vai ser atropelado. Penso, no entanto, que a Holanda continua a ser crucial e, quando a Bélgica se desintegrar, a Flandres pode ser a nossa maior amiga. É preciso reflectir muito sobre isto, mas creio que há três países que nos interessam: a Alemanha, a Holanda e a Noruega.
A Noruega?
A Noruega devia ser o nosso aliado principal por causa do petróleo, do mar e da exploração da plataforma continental.
Alguns dos cenários do exercício que fez mais recentemente [Portugal 2025 - que funções no espaço europeu, cuja recente actualização considera quatro cenários: "Florida Europeia", "Plataforma Asiática", "Escócia do Sul", "Ponte Atlântica"] consideram a plataforma energética que poderíamos constituir como relevante.
Exacto. Por isso, a Noruega é um parceiro possível - é atlântico e está muito próximo da UE. Fizemos um trabalho sobre as empresas energéticas na Europa e a Statoil [norueguesa] é uma coisa extraordinária - a forma como eles conseguiram estar no mundo inteiro. Mas falo da Noruega se decidirmos fazer uma aposta na plataforma continental, na sua extensão. Os alemães podem também estar interessados, porque não têm mar. Mas entre alemães, noruegueses e holandeses... A Noruega e a Holanda são o mundo atlântico. A Alemanha é o mundo europeu de que não podemos fugir.
Isto não tem de ser contra a Espanha...
Mas há um elemento permanente na cenarização para 2025 que passa pela ideia de que não deveremos ser apenas a fachada atlântica da Espanha.
Esse problema existe, só que uma parte da elite portuguesa não o quer ver. O actual Governo era "Espanha, Espanha, Espanha". Cavaco Silva era "Espanha, Espanha, Espanha". Temos de ter uma boa relação com a Espanha. Isso está fora de causa, mas temos de ver é como é que fazemos isso.
Voltando aos cenários. Parece-me comum a todos que a geografia volta a ganhar peso, depois de ter sido, de algum modo, absorvida pela Europa. É essa a mudança?
A questão central é que, em qualquer dos cenários, Portugal tem de se tornar mais atractivo. Na nossa encarnação anterior, não precisávamos de ser particularmente atractivos. Bastava sermos bem-comportados, cumpridores das normas europeias. Isso até nos criou alguma respeitabilidade. Íamos subindo os degraus.
O que me parece é que, neste estado de tensão em que a Europa vai estar, temos de ter uma maior consciência daquilo que podemos querer.
Que já não pode ser o mesmo?
O nosso percurso de convergência com a UE foi interrompido há 10 anos e agora agravado pela crise.
A resposta que foi dada à crise por este Governo é muito interessante. É uma resposta de emergência, mas o facto é que fomos ter à Líbia, Argélia, Venezuela e Angola. A primeira razão é o petróleo. Mas há outra coisa em comum: à excepção de Angola, todos têm relações tensas com os EUA. Fomos à procura de parceiros que estão completamente fora do nosso alinhamento estratégico, embora pudessem dar bons negócios. Conseguiu-se aumentar as exportações para esses países. O primeiro-ministro fez como Paulo Portas: passou a ir às feiras. Estava habituado a andar nos supermercados e passou a ir às feiras. Não estou a pôr isso em causa, possivelmente não podia fazer outra coisa...
É aí que entram os outros cenários. Num dos que considera, podemos transformar-nos numa plataforma intercontinental alinhada com a Ásia, em que o investimento que substitui o alemão é o asiático...
Mas que se insere muito bem nesta estratégia da Europa próxima da Ásia... O primeiro-ministro chinês, nas declarações que fez sobre o euro, disse que não nos podemos esquecer que a Europa é sempre um campo de investimento prioritário para a China.
E há ainda outro cenário que é o "escocês"...
Esse é apenas se houver descobertas de petróleo e de gás no nosso off-shore, o que provocaria uma grande mudança. Mas mesmo não havendo petróleo, esse cenário não é impossível. Utilizei a ideia da Escócia porque ela se desenvolveu muito fornecendo serviços de engenharia para o Mar do Norte. Desse ponto de vista, a bacia da África Ocidental podia ser o nosso Mar do Norte. Essa função podia ser desenvolvida aqui e o Brasil pode ser um parceiro fundamental.
No outro cenário, o da "ponte atlântica", estamos com o Brasil mas mais numa posição subalterna. É a ideia de que a CPLP pode ter indonésios, australianos - é aquele em que podemos tentar fazer do mundo de expressão portuguesa uma força. Penso, no entanto, que só temos interesse nisso se conseguirmos alinhar mais o mundo de expressão portuguesa com o mundo de expressão anglo-saxónica. Porque o primeiro, sozinho, nunca tem muita força.
O que também há de comum é a ideia de que deveríamos aproveitar melhor a globalização...
Estes cenários são do DPP, mas são feitos por mim. Se o DPP tivesse de se pronunciar hoje, preferiria que eu nunca os tivesse feito. Está numa posição muito melindrosa. A maneira como encaram isto, os mais novos, é diferente. Tudo isto foi feito por uma geração - a nossa - que foi ensinada desde pequena na gestão dos conflitos e na paixão pelos conflitos. A geração deles é a geração da procura da felicidade.
Só que a crise mundial obriga-nos a pensar no que pode correr mal.
O grande problema é que a adesão à moeda única teve como consequência uma fuga generalizada perante a globalização. Quem se endividou mais não foi o Estado, foram os bancos, para alimentar o consumo interno. E esse consumo é uma forma de alimentar as exportações alemãs e italianas, etc. Isso teve duas consequências: facilitou as importações e criou uma atracção enorme pela terra e pelo investimento no imobiliário como grande forma de obter lucro. As famílias podem consumir importando porque têm financiamento bancário e o sector empresarial tem uma oportunidade enorme em torno da terra - da terra para os portugueses e depois, pelos PIN [Projectos de Interesse Nacional], a terra para estrangeiros. Foi esse o esquema que nos levou a uma situação muito complicada. Temos cada vez menos para oferecer para o exterior. O facto de deixarmos de importar não acho mal, o problema é que se criou um sector de emprego muito grande à volta daquilo que se importa. Basta ir aos centros comerciais.
E os grupos económicos e a banca vivem do mercado interno.
No ano passado, a ANEOP [Associação Nacional dos Empreiteiros de Obras Públicas] fez uma publicação maravilhosa que dizia o seguinte: a construção, ela própria, representa 8 por cento do PIB em 2009; o cluster da construção no sentido mais alargado - matérias de construção, promoção imobiliária, serviços ligados à habitação, obras públicas - representa 18 por cento do PIB e absorve 72 por cento da totalidade do crédito concedido pelo sistema bancário. O que sobra é para as PT, as EDP e o resto é nada. É um problema diabólico.
Precisamos de atrair investimento, o que pode implicar várias coisas, entre as quais um sistema fiscal mais competitivo.
A fiscalidade não é tudo. Trouxemos cá o presidente da Infosys [empresa indiana líder mundial nas tecnologias da informação], o senhor Murty, para uma coisa sobre as tecnologias da informação. Queríamos trazer alguém de topo no sector e que fosse indiano. O senhor foi capa da Time mas aceitou vir cá com muita facilidade, trouxe a mulher e umas amigas da mulher que eram goesas, foram aos Jerónimos e tudo isso. A certa altura, quando o trazíamos do aeroporto, perguntámos-lhe porque é que nunca tinha investido em Portugal. Ele respondeu que, para isso, tinha que ter resposta a algumas perguntas prévias. Quais eram as perguntas? Como é que é a relação das vossas crianças com a matemática; a partir de que ano é que escrevem e falam inglês correctamente; como é que estão de talentos; e quantos engenheiros informáticos formam por ano.
Quando foi isso?
Em 2007. Levámo-lo à Agência de Investimento, onde foi muito bem recebido e lhe explicaram que Portugal era fantástico, não tinha greves, era flexível, o IRC era de 25 por cento. Ele ficou calado todo o tempo. Até que lhe perguntaram o que é que achava. Ele respondeu mais ou menos isto: "Achei tudo muito interessante, mas só quero fazer uma pergunta: eu posso premiar os melhores ou não?"
Essas quatro coisas que ele mencionou têm todas a ver com o capital humano e nada com fiscalidade.
Absolutamente. E a outra, tem a ver com o processo de organização social. O que estou a dizer é que, por exemplo, para uma fábrica de automóveis a questão dos impostos é chave. Mas para ter empresas informáticas ou clínicas de alta qualidade, pode não ser tão importante. Isso obrigaria a ver, em primeiro lugar, o que é que queremos atrair nesta fase e o que podemos atrair. E até podemos concluir que é muito mais importante no futuro não ter um IRS muito pesado sobre os quadros do que ter um IRC baixo para as empresas. O cenário da Florida, por exemplo, tem muito mais a ver com talentos.
Já produzimos alguns talentos mas a tendência parece ser a de se irem embora.
Essa questão só se resolve com investimento estrangeiro. E a única alínea da política industrial de um país como Portugal é a atracção de investimento.
Olhando para os cenários que nos projectam mais na globalização, onde é que precisamos de apostar?
Este trabalho que fizemos agora para a ANEOP está muito centrado nas infra-estruturas para lhes chamar a atenção de que, conforme os cenários, assim será a actividade no sector. O cenário da "plataforma asiática" é o mais exigente em infra-estruturas. Grande aeroporto, porto de águas profundas (Sines), caminho-de-ferro para mercadorias para a Europa.
Mas não vale a pena pensar em infra-estruturas se não estivermos, ao mesmo tempo, a atrair os investimentos que necessitem delas. É isso que me custa a perceber, não sermos capazes desse exercício... Temos de encontrar quem são os actores que estão interessados em vir para aqui. E isso não se pode definir à partida, embora haja coisas que se podem saber. Penso, por exemplo, que devemos olhar para Estados intersticiais como Singapura ou o Qatar, com pouca base territorial, mas ligados ao mundo e que precisam de bases. Devíamos olhar para eles como aliados para fazermos aeroportos ou portos de águas profundas ou para termos parceiros para a TAP.
Onde é que vamos encontrar os actores políticos, económicos, sociais para conseguirmos isso?
O que vai tornar este período mais difícil é ainda não se saber exactamente a natureza desta crise. Se esta crise for uma crise de rearrumação da globalização, quem estiver cá a governar vai ter de exercer funções que antes não eram precisas por causa da Europa. Vamos demorar tempo até nos adaptarmos a esta nova realidade e vai levar tempo a que a classe política evolua. Isso não quer dizer que a Europa não tivesse sido boa. Mas criou, em simultâneo, um modelo de funcionamento que não gera as exigências que agora vão ser precisas. As pessoas espantam-se que os dirigentes políticos tenham perdido qualidade. Era inevitável. Era um grupo que devia apenas seguir o que se decidia em Bruxelas, não era preciso mais.
Agora, vamos atravessar um processo dramático onde vão aparecer muitos falsos profetas mas em que o nível vai mesmo ter de acabar por subir. Imagino que sim.
in Público
Tendências que vão transformar a forma como as empresas atuam
Thu, Aug 5 2010 04:22
| coworking, Empreendedorismo, Empregabilidade, Globalização, Inovação, Teletrabalho
| Permalink
O mundo do trabalho já sofreu alterações profundas nos últimos 20 anos, graças às tecnologias e à evolução das práticas de gestão. E, de acordo com a consultoria Gartner, mudanças ainda maioires estão por vir nos próximos dez anos, quando questões como a falta de rotina e a hiperconectividade afetarão diretamente o mercado e as empresas.
Para a Gartner, um dos principais pontos de mudança será o fato de que as organizações terão menos rotinas. Até 2015, a consultoria projeta que 40% ou mais das corporações trabalharão dessa forma, contra menos de 25% neste ano. Além disso, as pessoas dependerão cada vez mais do trabalho em equipe, o que exigirá tecnologias que garantam a comunicação e a interação entre as pessoas.
Para ajudar as companhias a prever cenários futuros e se preparar para novos ambientes de trabalho, a Gartner listou as dez grandes mudanças para os próximos anos, que impactarão diretamente na TI.
1 – Valorização do trabalho que depende da interação humana
O principal valor das pessoas estará na capacidade de realizar processos que fujam da rotina. As contribuições humanas que resultem em descobertas e inovações estão incluídas nessa categoria. O foco do uso da tecnologia, nesse caso, deve ser muito bem direcionado para estimular uma integração e interação entre os profissionais para estimular ideias e discussões.
2 – Grupos de trabalho
A Gartner prevê também uma disseminação dos trabalhos em grupo para atacar, de forma rápida, problemas específicos e difícil solução. Segundo a consultoria, esse formato de trabalho será muito mais valorizado e premiado que as ações individuais. Além disso, tende a mudar o atual forma do trabalho em equipe, já que dependerá de pessoas de diversas áreas da organização.
3 – Relacionamento em cadeia
Com a adesão aos modelos de trabalho em grupo, os profissionais têm de lidar melhor com as relações em cadeia. Assim, as pessoas precisam explorar o networking (rede de contatos) para buscar os indivíduos mais adequados para resolver problemas e buscar alternativas. Essa postura é crucial para o sucesso das iniciativas em grupo e para o consequente resultado para os negócios.
4 – Equipes externas
A organização não tem controle sobre alguns grupos informais externos de pessoas que podem ter impacto direto no sucesso ou no fracasso da empresa. Esses grupos estão ligados por interesses comuns, incidentes específicos, entre outras razões. Os executivos mais habilidosos sabem conviver com um ecossistema de negócios fora do controle da companhia, com seu poder de influência. Esse poder depende do entendimento sobre o potencial coletivo e da identificação das pessoas-chave nos grupos informais, já que é fundamental reunir inteligência de marketing por meio desses grupos. Igualmente importante é descobrir como usar os grupos para definir segmentos de mercado, produtos e diversas estratégias de negócios.
5 – Processos informais
As empresas precisam detectar todo tipo de processo que foge da rotina, mas que contribui para a tomada de decisões. Segundo a Gartner, essas ações informais tendem a ganhar cada vez mais força no longo prazo. E a única forma das organizações se prepararem para isso é criar rascunhos com os principais modelos de processos.
6 – Trabalho espontâneo
Outro conceito incluído na descrição do novo ambiente das empresas é o trabalho espontâneo, o qual não depende de processos ou de funções específicas. A consultoria prevê que boa parte dos projetos tende a nascer a partir desse tipo de iniciativa não programada.
7 – Simulação e experimentação
A imersão em ambientes simulados, similares aos que puderam ser visto no filme Minority Report, substituirá a extensa análise de células em planilhas. O ambiente simulado será construído a partir de tecnologias que consigam identificar como reunir elementos baseados na forma como as pessoas interagem com o conteúdo. As pessoas, por sua vez, têm a possibilidade de manipular uma série de parâmetros para reformular o mundo virtual.
8 – Sensibilidade a novos padrões
O mundo dos negócios está ficando mais volátil e já não admite uma postura linear, na qual as experiências passadas baseiam modelos futuros. A tendência é de um mercado cada vez menos previsível, razão pela qual algumas organizações já criam grupos especificamente para detectar padrões emergentes, avaliar essas tendências e desenvolver cenários sobre a influência das grandes mudanças e como explorá-las.
9 – Hiperconectividade
O caráter hiperconectado já está presente na maioria das organizações, que abrangem redes em cima de redes, sobre as quais é difícil manter controle. Com esse cenário, haverá cada vez mais misturas entre relações formais e informais nas relações corporativas, impactando an forma como as pessoas trabalham e na função do departamento de TI, que deve estar preparado para apoiar e aumentar as conexões.
10 – Caem barreiras entre vida profissional e pessoal
O local de trabalho é cada vez mais virtual e os encontros de negócios acontecem entre pessoas que mal se conhecem. Mas o funcionário ainda terá seu local físico de trabalho, mesmo que seja em casa. Com isso, a tendência de muitos é que as linhas que separam vida pessoal, profissional, social e familiar desapareçam. Cada indivíduo precisa gerenciar a complexidade criada por demandas que se sobrepõem. Quem não souber administrar essa situação pode ter o desempenho comprometido, pois acabará se deparando com o excesso de informação.
Por Redação da Computerworld
Para a Gartner, um dos principais pontos de mudança será o fato de que as organizações terão menos rotinas. Até 2015, a consultoria projeta que 40% ou mais das corporações trabalharão dessa forma, contra menos de 25% neste ano. Além disso, as pessoas dependerão cada vez mais do trabalho em equipe, o que exigirá tecnologias que garantam a comunicação e a interação entre as pessoas.
Para ajudar as companhias a prever cenários futuros e se preparar para novos ambientes de trabalho, a Gartner listou as dez grandes mudanças para os próximos anos, que impactarão diretamente na TI.
1 – Valorização do trabalho que depende da interação humana
O principal valor das pessoas estará na capacidade de realizar processos que fujam da rotina. As contribuições humanas que resultem em descobertas e inovações estão incluídas nessa categoria. O foco do uso da tecnologia, nesse caso, deve ser muito bem direcionado para estimular uma integração e interação entre os profissionais para estimular ideias e discussões.
2 – Grupos de trabalho
A Gartner prevê também uma disseminação dos trabalhos em grupo para atacar, de forma rápida, problemas específicos e difícil solução. Segundo a consultoria, esse formato de trabalho será muito mais valorizado e premiado que as ações individuais. Além disso, tende a mudar o atual forma do trabalho em equipe, já que dependerá de pessoas de diversas áreas da organização.
3 – Relacionamento em cadeia
Com a adesão aos modelos de trabalho em grupo, os profissionais têm de lidar melhor com as relações em cadeia. Assim, as pessoas precisam explorar o networking (rede de contatos) para buscar os indivíduos mais adequados para resolver problemas e buscar alternativas. Essa postura é crucial para o sucesso das iniciativas em grupo e para o consequente resultado para os negócios.
4 – Equipes externas
A organização não tem controle sobre alguns grupos informais externos de pessoas que podem ter impacto direto no sucesso ou no fracasso da empresa. Esses grupos estão ligados por interesses comuns, incidentes específicos, entre outras razões. Os executivos mais habilidosos sabem conviver com um ecossistema de negócios fora do controle da companhia, com seu poder de influência. Esse poder depende do entendimento sobre o potencial coletivo e da identificação das pessoas-chave nos grupos informais, já que é fundamental reunir inteligência de marketing por meio desses grupos. Igualmente importante é descobrir como usar os grupos para definir segmentos de mercado, produtos e diversas estratégias de negócios.
5 – Processos informais
As empresas precisam detectar todo tipo de processo que foge da rotina, mas que contribui para a tomada de decisões. Segundo a Gartner, essas ações informais tendem a ganhar cada vez mais força no longo prazo. E a única forma das organizações se prepararem para isso é criar rascunhos com os principais modelos de processos.
6 – Trabalho espontâneo
Outro conceito incluído na descrição do novo ambiente das empresas é o trabalho espontâneo, o qual não depende de processos ou de funções específicas. A consultoria prevê que boa parte dos projetos tende a nascer a partir desse tipo de iniciativa não programada.
7 – Simulação e experimentação
A imersão em ambientes simulados, similares aos que puderam ser visto no filme Minority Report, substituirá a extensa análise de células em planilhas. O ambiente simulado será construído a partir de tecnologias que consigam identificar como reunir elementos baseados na forma como as pessoas interagem com o conteúdo. As pessoas, por sua vez, têm a possibilidade de manipular uma série de parâmetros para reformular o mundo virtual.
8 – Sensibilidade a novos padrões
O mundo dos negócios está ficando mais volátil e já não admite uma postura linear, na qual as experiências passadas baseiam modelos futuros. A tendência é de um mercado cada vez menos previsível, razão pela qual algumas organizações já criam grupos especificamente para detectar padrões emergentes, avaliar essas tendências e desenvolver cenários sobre a influência das grandes mudanças e como explorá-las.
9 – Hiperconectividade
O caráter hiperconectado já está presente na maioria das organizações, que abrangem redes em cima de redes, sobre as quais é difícil manter controle. Com esse cenário, haverá cada vez mais misturas entre relações formais e informais nas relações corporativas, impactando an forma como as pessoas trabalham e na função do departamento de TI, que deve estar preparado para apoiar e aumentar as conexões.
10 – Caem barreiras entre vida profissional e pessoal
O local de trabalho é cada vez mais virtual e os encontros de negócios acontecem entre pessoas que mal se conhecem. Mas o funcionário ainda terá seu local físico de trabalho, mesmo que seja em casa. Com isso, a tendência de muitos é que as linhas que separam vida pessoal, profissional, social e familiar desapareçam. Cada indivíduo precisa gerenciar a complexidade criada por demandas que se sobrepõem. Quem não souber administrar essa situação pode ter o desempenho comprometido, pois acabará se deparando com o excesso de informação.
Por Redação da Computerworld
O fim anunciado dos escritórios
Fri, Apr 30 2010 09:49
| coworking, Globalização, Nearshoring, Novos Povoadores, Teletrabalho, Êxodo Urbano
| Permalink
Se o vídeo matou a estrela da rádio, a Web 2.0 poderá vir a matar os escritórios convencionais: de acordo com um estudo no qual participou a Microsoft, a recessão, os dispositivos móveis e a geração que está a crescer com as redes sociais irá revolucionar o mundo do trabalho - haverá cada vez mais pessoas a trabalharem a partir de casa ou remotamente, poupando às empresas os custos de manutenção de um lugar fixo de trabalho. Com o fim anunciado dos telefones de secretária, poderão as próprias secretárias desaparecer?
De acordo com a Computer Weekly, o estudo - produzido por académicos, think tanks do sector público britânico e o Institute of Directors (uma organização britânica que luta pelos interesses dos directores de empresas) - poderá vir a ter um impacto profundo na organização das empresas. Cada vez mais o objectivo será o de dar liberdade de movimentos aos directores das empresas e aos seus funcionários, especialmente daqueles que trabalham no sector das novas tecnologias.
As empresas usarão a tecnologia para se descartarem dos seus escritórios fixos e possibilitarem ao seu pessoal o acesso a escritórios em edifícios partilhados (com outras empresas), ou permitindo-lhes trabalhar de onde quiserem, prevê o relatório.
“As poupanças no curto prazo centrar-se-ão no espaço de escritório. Na melhor das hipóteses, apenas 55 por cento do espaço é ocupado em determinado momento, deixando 45 por cento do espaço por usar. Isso é o equivalente a 45 por cento do valor total que custa manter um escritório”, indicou Dave Coplin, que trabalha para a Microsoft Reino Unido.
Este estudo alerta ainda para os benefícios para a empresa resultantes do uso de redes sociais pelos seus trabalhadores, em vez de as tornarem inacessíveis. “Há aqui uma mensagem para as organizações que bloqueiam ferramentas como o Twitter. Não podem continuar a fazer isso, porque estão a restringir a actividade das pessoas. Confiem na segurança das vossas redes e afrouxem um pouco o vosso controlo”, disse Coplin.
O estudo prevê igualmente que se podem tornar comuns situações de trabalho em que há pessoas de várias empresas diferentes a trabalharem debaixo do mesmo tecto. Ao mesmo tempo que partilham o espaço, os trabalhadores podem igualmente partilhar ideias com pessoas de outros ramos de actividade, com benefícios para todos, prediz o estudo. “Isso já está a acontecer em cidades como Londres, Birmingham e Manchester. Há escritórios que não são detidos por nenhuma organização em particular. Há café, luzes e tomadas ligadas à electricidade”, indicou o mesmo responsável da Microsoft.
“Já temos vindo a falar da morte do telefone de secretária. Agora estamos a falar da morte da própria secretária. Não se trata apenas de trabalhar a partir de casa. Há muitas razões para se trabalhar a partir de um número variado de localizações”, frisou Coplin.
in Publico, por Susana Almeida Ribeiro
Novos Povoadores à conquista do Interior
Thu, Dec 3 2009 09:33
| A Crise que se transforma em Oportunidade, Actualidade, Desenvolvimento Local, Empreendedorismo, Globalização, Inovação, Novos Povoadores, Ordenamento ou falta dele, Êxodo Urbano
| Permalink
"Sou a prova viva de que com Internet podemos trabalhar em qualquer lado"
Frederico Lucas tem 37 anos, três filhos e uma ambição: promover o êxodo urbano, trazer consumidores para os territórios de baixa densidade.
Com o projecto Novos Povoadores, de que é co-autor, quer também demonstrar que se pode ganhar dinheiro a partir de qualquer sítio. Ele está a tentar fazê-lo, a partir de Trancoso. E há muitas famílias interessadas em seguir-lhe os passos. Por Luísa Pinto
Quando cheguei, estava deslumbrado. Vim para Trancoso em 2004, atrás da minha ex-mulher. Depois de termos vivido em Telheiras, mudámo-nos para Azeitão. Foi lá que nasceu o nosso terceiro filho, em 2002. Foi em Azeitão que fiquei quando nos separámos, com os dois mais velhos, de três e cinco anos, na altura. Eu trabalhava como consultor na área da comunicação. Demorava uma hora a chegar a Lisboa, e outro tanto a regressar, gastava dez euros por dia, já sem contar com combustível, que nem me lembro a quanto estava. Quando me mudei, os meus custos fixos passaram de 1750 euros por mês, entre casa e infantários e ATL dos filhos, para 390 euros.
Poder almoçar e jantar fora os dias que me apetecesse era uma coisa que havia saído há muito das minhas possibilidades.
Aqui, passaram-me a sobrar semanas. Deslumbrei-me. Também com a qualidade de vida. Uma pessoa pode entrar às nove e sair às cinco, ganhar três vezes mais do que paga de renda e infantários (que aqui são subsidiados por toda a gente, entre câmara, Misericórdia e Segurança Social). É uma tranquilidade. O único dia em que há trânsito, isto é, dois carros num semáforo, é à sexta-feira, em que há mercado semanal.
Lembro-me que nos primeiros dias, depois de chegar, deixavam-me um saquinho de legumes à porta. Fazem muito isso. Sabem que alguém chega, não tem terras cá, e lá nos põem à porta batatas, cenouras… é uma coisa muito agradável. Mas há o outro lado, o do controlo social. Dá-me um certo gozo dizer que se o meu filho sair da escola, e se eu perguntar a duas ou três pessoas, alguém saberá onde ele está. Mas isto também significa uma perda de privacidade e de anonimato a que estávamos habituados nas cidades, onde nem se sabe o nome do vizinho de baixo.
Uma vez cheguei de Lisboa, bati à porta da minha ex-mulher, e foi a do lado que se abriu, e foi a vizinha quem me disse: ‘Os seus filhos foram ao cinema.’ Temos de aprender a viver com isto. Eu não conhecia a senhora. Mas ela sabia que os meus filhos estavam no cinema. Aliás, aqui há dias, voltei ao cinema com eles em Lisboa. Foi um susto. Paguei 38 euros. Em Trancoso pagamos pouco mais de sete.
Foi aqui, em Trancoso, que conheci a Ana Linhares e o Alexandre Ferraz e que, a três, desenhámos o projecto dos Novos Povoadores. O Alexandre, que é do Pombal, tirou um curso de turismo, era recepcionista de um hotel, e veio para cá em 2002 porque foi aqui que encontrou um emprego qualificado.
A Ana é de Barcelos e veio atrás do Alexandre, e atrás de emprego.
Somos o Santo António
Foi aqui que nos cruzámos todos, e isto já é um sinal das dificuldades que pode haver na integração numa comunidade rural. Não é por acaso que três pessoas que são de fora é que se juntam. Porque há dificuldade. Se tivéssemos sido acolhidos de outra maneira, este projecto não teria sido concebido assim e até podia ter sido feito com pessoas de cá. projecto Novos Povoadores surgiu de uma conversa com o Alexandre. Começamos a partilhar as dificuldades do desenvolvimento nestes territórios. Se estes territórios têm qualidade de vida para oferecer, por que é que as pessoas não os habitam? Chegamos à questão simples: porque não têm emprego.
Mas, então, eu também não tenho emprego em Trancoso e é aqui que eu moro. Sou assim uma ave tão rara? Há mais pessoas que podem fazer isto.
Eu posso trabalhar a partir de qualquer lado – aliás, agora estou a pensar mudar-me para Marvão –, a única coisa que preciso é ter acesso à Internet. É a economia DNS (Domain Name Server). Com ela, as pessoas já podem vir para estes territórios de baixa densidade, que precisam desesperadamente de consumidores, mas que não têm empregos para oferecer. Com a economia DNS, já não é o território que gera o seu posto de trabalho. Os postos de trabalho ganharam independência geográfica, o meu contabilista pode estar em Vila Real, onde quiser, só tem de receber os meus papéis.
Eu vou contratar o contabilista que me for mais barato, e o que conseguir ser mais competitivo.
Eu fiz o mesmo. A minha tabela de honorários desceu 30 por cento, desde que me mudei para Trancoso, onde continuo a trabalhar como consultor de várias empresas. O trabalho para uma dessas empresas obriga-me a ir uma vez por semana a Lisboa.
Não sou formado em economia do desenvolvimento, nem em gestão territorial. Mas especializei-me a devorar estes temas, e a frequentar tudo o que é congressos e seminários. Acho que a economia acabou com os postos de trabalho, para haver cada vez mais empreendedores. Cada vez mais ganhamos em função das peças que fazemos e cada vez menos ganhamos um ordenado de uma empresa, mas sim de um projecto específico. Isso acontece comigo há já 17 anos. Foi o que sempre fiz.
Tirei um curso técnico de realização, que nunca utilizei, e sou a prova viva de que se pensarmos em algo com Internet podemos trabalhar em qualquer lado. E habitar estes territórios que nos dão qualidade de vida.
Sabemos que há pessoas que procuram estes sítios. Sabemos que há municípios que precisam de quadros qualificados, de consumidores. Nós somos o Santo António. Casamos território com pessoas. Estivemos três anos a discutir o projecto, a desenhá-lo. Não sabíamos como fazer deste modelo um negócio. Só o conseguimos em Dezembro de 2008, quatro meses antes de apresentar o projecto.
Ganhar dinheiro
Quem paga o nosso serviço são as câmaras, por cada cinco famílias que se mudam para o território, e que lá ficam pelo menos um ano.
Mas nós não cobramos um cêntimo às famílias, e não lhes pagamos, sequer, um café. As despesas e as poupanças serão todas por sua conta. Nós só as ajudamos a maturar este processo, esta ideia. Para que elas percebam que estes territórios têm muitas características boas, e outras menos boas.
Não andámos à procura de ninguém. As famílias que se querem mudar é que nos procuram no site [http://www.novospovoadores.pt].
E trabalhamos com municípios aderentes, com aqueles que têm verdadeiramente um projecto, um objectivo.
(...)
Nós não somos uma agência imobiliária, mas ajudamos a identificá-las nos territórios que as famílias querem ocupar. Não somos agência de emprego, mas ajudamos a criar empreendedores.
E não procuramos só projectos de turismo e de agricultura biológica.
Os territórios de baixa densidade são sistematicamente vistos como oportunidades sempre coladas ao turismo. O que sabemos é que o turismo cresce e representa normalmente à volta de 20 por cento da actividade económica do país. E não cresce mais porque as pessoas procuram territórios autênticos, não vão para os sítios onde está tudo feito para o turista.
Trancoso tem 16 mil turistas por ano. Se duplicarmos o número de turistas, para 32 mil, e não há exemplos destes, ganhamos três dias de autonomia anual de orçamento municipal. Temos de multiplicar por cem o turismo para deixarmos de depender do orçamento [público]. Não é por aí que vamos conseguir a independência que se está a pedir aos territórios.
Eu acho que o interior sofre de excesso de dinheiro. Os recursos humanos desses territórios são indiscriminadamente integrados nos municípios, e, por falta de trabalho, são “anestesiados” para nada produzirem. São recursos com os quais o território deixa de poder contar para qualquer estratégia para a sua competitividade. E os outros, os empreendedores locais, são contratados pelos municípios ao preço que lhes é confortável para manterem o seu quadro de pessoal.
Deste modo não lhes resta qualquer motivação para competirem, ainda menos no mercado global. Receio que em muitos casos esta falta de visão estratégica não seja obra do acaso. E nesses locais não haverá projecto Novos Povoadores, com toda a certeza.
in Público, Luísa Pinto
O Plano Tecnológico e as Novas Oportunidades para o Sector por @rgrilo
Tue, Dec 1 2009 04:48
| A Crise que se transforma em Oportunidade, criar2009, Globalização
| Permalink
"O poder da internet deve servir o mundo"
Tue, Aug 25 2009 05:10
| Empreendedorismo, Empregabilidade, Globalização, Inovação, Nearshoring
| Permalink
por Laurinda Alves, Publicado em 25 de Agosto de 2009
Diogo Vasconcelos, 43 anos, director da Cisco e um dos quatro Distinguished Fellow que a empresa tem em todo o mundo, é a nata da nata em matéria de inovação e novas tecnologias. Mora em Londres mas viaja permanentemente por todos os continentes. Colaborou com Cavaco Silva e foi o "homem do Presidente" para o mundo digital. Trabalhou com Durão Barroso e está em contacto directo com Jorge Sampaio
Acaba de ter uma reunião em teleconferência com a Casa Branca. As conferências assim aproximam pessoas de todo o mundo. Quando as pessoas comuns têm a possibilidade de se conhecer sentem que é mais aquilo que nos une que o que nos separa?
Muitas pessoas crescem em diferentes regiões do mundo sem se conhecerem. Faltam canais para promover o entendimento. Compreender o outro não é um luxo, é uma pré-condição do diálogo. Um dos projectos que lidero na Cisco chama-se precisamente Dialogue Cafe. Baseia-se numa ideia simples mas radical: as pessoas têm mais em comum que aquilo que as divide; se lhes dermos a possibilidade de se encontrarem vão explorar interesses comuns, desencadear colaborações e estimular ideias sobre como enfrentar problemas.
Como define o contacto directo?
É ter do outro lado da mesa alguém numa imagem com a mesma dimensão, em tempo real. Deixa de ser "o outro" em abstracto: passa a ser alguém com quem me posso relacionar, que está "ali" à minha frente, olhos nos olhos - mesmo a milhares de quilómetros de distância. O Dialogue Cafe vai criar janelas entre mundos diferentes, a partir de espaços públicos do tipo café. No seu discurso do Cairo, o presidente Obama disse que queria tornar possível que um jovem do Kansas falasse directamente com um jovem do Cairo. Não é apenas uma metáfora: vai mesmo acontecer graças ao Dialogue Cafe. Daí o interesse da Casa Branca neste projecto.
É um critério de humanidade e igualdade?
Trata-se de permitir o acesso de pessoas comuns a tecnologias de videoconferência hipersofisticadas que neste momento só são acessíveis a grandes empresas. Conferências entre Londres e Doha sobre comunidades de fé e história. Social entrepreneurs de Nova Iorque a aprender coisas sobre a vida cívica em Istambul. Jovens artistas do Cairo a partilhar o seu trabalho com artistas de Londres. Workshops simultâneos de teatro ou música entre Rio, Lisboa, Paris e Chicago. As possibilidades são infinitas. Se andarmos por Israel e pela Palestina, por exemplo, descobrimos facilmente que a esmagadora maioria dos jovens cresce sem se conhecer, estuda em escolas separadas, vive em ambientes separados - e isso tem consequências terríveis. Nós próprios, no mundo ocidental, somos ignorantes em relação a outras culturas. Olhamos, por exemplo, para o Iraque e desconhecemos que Bagdade, através da Casa da Sabedoria, foi nos séculos X e XI o centro mundial do conhecimento em áreas como a matemática, a astronomia, a filosofia, a medicina. Ou seja, é necessária maior capacidade de conhecer o outro.
Como é que nós, portugueses, vamos participar neste diálogo das civilizações?
Vamos pôr em contacto directo, já no próximo ano, cidades tão diferentes como Istambul, Cairo, Nova Iorque, Londres, Doha, Rio de Janeiro e Lisboa. Contamos apresentar o projecto em Xangai, na Exposição Universal, em meados do próximo ano.
Acha que o cidadão comum está cada vez mais apto para a comunicação global e para esse encontro à escala planetária?
A internet representa uma filosofia de transparência, abertura e inteligência colectiva. As redes sociais são apenas exemplos de um mundo cada vez mais em tempo real. Do Irão ao Tibete, a censura já não consegue domar a vontade de um povo inteiro. A net é o mundo em tempo real, está lá, mesmo onde as televisões e os media tradicionais falham.
Resolvem-se problemas reais na rede?
A tecnologia não resolve problemas, as pessoas resolvem problemas. O que a rede vem permitir é as pessoas terem contacto entre elas, sem intermediários e sem limites geográficos, com base em comunidades de interesse. Para terem acesso à informação e produzirem informação, para partilharem conteúdos, para realizarem acções colectivas.
Está a falar dos três níveis de envolvimento sucessivamente mais importantes?
Esse poder da net deve estar ao serviço do mundo, para dar resposta às questões mais prementes. O que se passa na internet permite imaginar o futuro. Da energia à saúde, veremos a lógica do poder distribuído: o acesso a informação sobre consumos de energia em tempo real; ratings feitos pelos pacientes a hospitais e médicos, para todos podermos escolher melhor; bancos de microcrédito que servem de intermediários de empréstimos através da internet e até experiências interessantes de bancos peer-to-peer.
O sistema financeiro vai mudar?
Uma das razões da crise foi a inadequação do sistema de regulação. Os reguladores nunca terão os recursos indispensáveis para aceder, processar e tirar inteligência da informação a que acedem. Estão em total desigualdade perante um sistema financeiro que funciona em tempo real e com recursos quase ilimitados. Se quisermos um sistema regulador do século XXI teremos de usar algoritmos matemáticos para detectar falhas, teremos de ter a inteligência colectiva - minha, sua ou de um perito - para sermos todos reguladores. Isso significa dados abertos a todos, o open source aplicado à regulação.
Na administração pública também são urgentes novas respostas?
Em todos os países, a modernização da administração significou aperfeiçoamento (nalguns casos muito significativo), dos serviços prestados. Se acreditarmos que o Estado não tem o monopólio do serviço público, podemos ir mais longe e iniciar uma devolução de poder aos cidadãos. Uma boa parte da informação não confidencial detida pela administração pública deve passar a ser pública. Não estou a falar de relatórios, estou a falar de bases de dados. Tornar possível aos empreendedores encontrar novas e melhores formas de criar valor através dessa informação. Tornar o Estado um sistema aberto, para permitir colaboração. Um sistema aberto cria novos mercados.
Olho para si e vejo-o na linha da frente, a antecipar o futuro do futuro, com projectos na Europa, nos EUA, no Médio Oriente, um pouco por todo o mundo, e pergunto se podemos agora falar de inovação social na Europa?
[sorriso] Sim, a Europa tem de mobilizar a criatividade colectiva para inovar. Tem grandes tradições de inovação social: das universidades abertas ao movimento cooperativo, da world wide web ao Linux. A actual crise pode ser um ponto de viragem, uma oportunidade de destruição criativa, com emergência de novos actores. As respostas à crise têm de combinar preocupações de curso prazo com preocupações de médio prazo. Isso significa inovar não só nos produtos, mas também em áreas como a saúde e as doenças crónicas ou o envelhecimento da população. A maior parte dos países tem-se centrado muito em corrigir os erros do passado, em vez de em preparar o futuro. "Fixing the future" é aliás o tema de um movimento que ajudei a lançar, com Geoff Mulgan e outros. O documento pode ser subscrito em www.fixingthefuture.eu. A Europa deve ser o sítio onde o futuro acontece primeiro. O presidente da Comissão Europeia deve ser o nosso Chief Innovation Officer.
De que falamos quando falamos de futuro?
De novos padrões de consumo, pois o consumidor tem hoje aspirações diferentes, muito marcados pela ideia de sustentabilidade. Andar de bicicleta era marginal, hoje em Londres e em muitas outras cidades é um movimento imparável e o que parece mal é ainda ter carro. Trabalhar de casa ainda é marginal, mas daqui a alguns anos boa parte das empresas entenderá que trabalho é o que se faz e não onde se está. E quando falamos de futuro falamos de novos sectores de actividade, como o "ageing". Os serviços para a população sénior são provavelmente o sector com maior potencial de crescimento na Europa. Somos um continente em processo acelerado de envelhecimento. Cerca de 18% da população tem mais de 65 anos e daqui a 30 anos será um terço. Não estamos minimamente preparados para isso. Não se trata da bomba demográfica que muitos anunciam, trata-se, a meu ver, de uma grande oportunidade. Um mercado formidável sedento de novas propostas de valor.
Também pode ser uma grande oportunidade de transformação?
Sim, em múltiplas dimensões. A sociedade incentiva as pessoas a reformarem-se demasiado cedo, não as prepara adequadamente para a reforma. Há um declive abrupto que não faz nenhum sentido. É obrigatório interrogarmo-nos sobre como aproveitar o talento dos seniores, que se reformam ainda com 15 a 20 anos de vida pela frente. Como aumentar ou manter a autonomia das pessoas mais velhas, permitindo que se mantenham mais tempo nas suas casas e nas suas comunidades, transformando as suas habitações em centros de dia descentralizados. As cidades são desertos de afectividade.
A lógica que prevalece ainda é uma lógica de utilidade?
É fundamental desenvolver a capacidade das pessoas de continuarem a participar na sua comunidade, continuarem a sentir que são úteis. Esse sentimento é essencial para manterem o sentido de vida. Não basta acrescentar anos de vida, importa acrescentar vida aos anos. Os mais velhos têm de deixar de ser clientes e passar a ser produtores. Deixar de ser cidadãos passivos e passar a ser participantes. Há uma grande diferença entre "fazer para" e "fazer com".
No campo da inovação há por vezes o drama do excesso de ideias e da sua eficácia?
É importante criar o ambiente para que surjam sempre muitas ideias e dar oportunidade a que as mesmas sejam testadas, em pequena escala. Aprender com o que resulta e com o que não resulta também é essencial. A sociedade portuguesa está cheia de observatórios formais, mas subequipada de verdadeiros sensores sociais.
Os políticos e os dirigentes são sensores?
Os políticos do passado são sobretudo megafones. Querem transmitir uma mensagem mas ouvem pouco, salvo através de focus groups. Os políticos do presente e do futuro têm de orquestrar a inteligência colectiva. Têm de saber passar por cima da redoma que os envolve, captar a imaginação e envolver os cidadãos na construção do futuro. Devem impor-se pela confiança e não pelo temor reverencial. O seu desígnio não é um conceito de justiça meramente formal, mas o desenvolvimento das capacidades (no sentido de Aymarta Sen) para que cada um atinja o seu potencial.
Fala dos políticos em geral?
Sim, não apenas dos portugueses. A capacidade de ser sensor e orquestrador está pouco desenvolvida porque a sociedade está organizada na lógica de comando e controlo. Isso verifica-se nas relações laborais e também nas relações entre representantes e representados.
Qual seria a lógica adequada?
A própria gestão das organizações, uma das tecnologias sociais mais importantes, tem de ser totalmente reinventada. Baseia-se nos pressupostos do século XIX: como aumentar a eficiência de operações de rotina. Hoje as organizações têm de ser espaços de trabalho mais adaptáveis, mais inovadores e mais inspiradores. Se os anos 80/90 foram os anos da inovação nas empresas, nos produtos e nos processos, estou convencido de que as próximas décadas vão representar os tempos da inovação social. Foi por isso que aceitei presidir à Social Innovation Exchange, que reúne gente de todo o mundo e nasceu com o apoio da Cisco.
Para fazer o quê, exactamente?
Para encontrar respostas para algumas das questões que estamos a viver, como a pobreza infantil, um fenómeno assustadoramente generalizado mesmo nos países mais ricos, o envelhecimento da população, a degradação ambiental, a hiperdiversidade nas cidades, as doenças crónicas (como diabetes, demência, obesidade, etc.), hoje em dia responsáveis por 80% dos custos da saúde. Todos estes problemas complexos requerem respostas novas, que mobilizem a inteligência colectiva e envolvam os utilizadores (co-criação). A internet permite hoje modelos de inovação aberta e torna mais fácil mobilizar a inteligência distribuída. Tem-se abusado da palavra inovação, mas inovação significa liberdade, partilha de informação, colaboração, rasgo, iniciativa, tolerância e aprendizagem do fracasso.
Quem vai na linha da frente e tem mais essa capacidade?
Uma das faces importantes desta crise deve ser destacar a relevância do terceiro sector. Em Inglaterra as organizações não governamentais na área social (o terceiro sector) empregam 1 milhão e 400 mil pessoas, em Portugal cerca de 250 mil. Ora isto é várias vezes a indústria automóvel, várias vezes a área financeira, várias vezes as utilities. A inovação social cria novos mercados. Em toda a Europa, o défice público disparou e isso significa que na fase da retoma os países vão ter de prestar mais serviços com menos recursos. Há milhares de instituições com provas dadas nas áreas sociais e que podem desenvolver com qualidade um conjunto de serviços públicos. Estão próximos e têm a confiança das populações, têm capacidade e fazem--no com eficiência em termos de custos.
Pode dar exemplos, mais uma vez?
Uma das propostas que fazemos nestas recomendações na União Europeia é justamente dar importância à inovação no sector público. Um exemplo interessante no Reino Unido: as organizações do terceiro sector que se queiram candidatar a prestar serviços públicos em áreas como a educação, a saúde, o ambiente, os serviços para os seniores, têm a possibilidade de recorrer a um fundo (Future Builders) que lhes permite assumir empréstimos a longo prazo com uma taxa de juros simbólica para se capacitarem plenamente para este novo desafio. Na prática estamos a olhar para o serviço público numa lógica mais vasta. Há um conjunto de laboratórios de inovação no sector público, espécie de incubadoras para testar novas ideias numa lógica de inovação aberta. Defendemos que pelo menos um por cento do orçamento de cada ministério deve ser investido em fundos de inovação aberta. O tipo de investimentos apoiado pelo fundo de inovação do Serviço Nacional de Saúde inglês é um bom exemplo.
Isso é uma revolução.
É o fim da lógica de comando e controlo e a assunção plena de uma lógica de rede, de participação e envolvimento de entidades que estão mais próximas das pessoas e das comunidades na prestação de serviços públicos.
in Diário I
Diogo Vasconcelos, 43 anos, director da Cisco e um dos quatro Distinguished Fellow que a empresa tem em todo o mundo, é a nata da nata em matéria de inovação e novas tecnologias. Mora em Londres mas viaja permanentemente por todos os continentes. Colaborou com Cavaco Silva e foi o "homem do Presidente" para o mundo digital. Trabalhou com Durão Barroso e está em contacto directo com Jorge Sampaio
Acaba de ter uma reunião em teleconferência com a Casa Branca. As conferências assim aproximam pessoas de todo o mundo. Quando as pessoas comuns têm a possibilidade de se conhecer sentem que é mais aquilo que nos une que o que nos separa?
Muitas pessoas crescem em diferentes regiões do mundo sem se conhecerem. Faltam canais para promover o entendimento. Compreender o outro não é um luxo, é uma pré-condição do diálogo. Um dos projectos que lidero na Cisco chama-se precisamente Dialogue Cafe. Baseia-se numa ideia simples mas radical: as pessoas têm mais em comum que aquilo que as divide; se lhes dermos a possibilidade de se encontrarem vão explorar interesses comuns, desencadear colaborações e estimular ideias sobre como enfrentar problemas.
Como define o contacto directo?
É ter do outro lado da mesa alguém numa imagem com a mesma dimensão, em tempo real. Deixa de ser "o outro" em abstracto: passa a ser alguém com quem me posso relacionar, que está "ali" à minha frente, olhos nos olhos - mesmo a milhares de quilómetros de distância. O Dialogue Cafe vai criar janelas entre mundos diferentes, a partir de espaços públicos do tipo café. No seu discurso do Cairo, o presidente Obama disse que queria tornar possível que um jovem do Kansas falasse directamente com um jovem do Cairo. Não é apenas uma metáfora: vai mesmo acontecer graças ao Dialogue Cafe. Daí o interesse da Casa Branca neste projecto.
É um critério de humanidade e igualdade?
Trata-se de permitir o acesso de pessoas comuns a tecnologias de videoconferência hipersofisticadas que neste momento só são acessíveis a grandes empresas. Conferências entre Londres e Doha sobre comunidades de fé e história. Social entrepreneurs de Nova Iorque a aprender coisas sobre a vida cívica em Istambul. Jovens artistas do Cairo a partilhar o seu trabalho com artistas de Londres. Workshops simultâneos de teatro ou música entre Rio, Lisboa, Paris e Chicago. As possibilidades são infinitas. Se andarmos por Israel e pela Palestina, por exemplo, descobrimos facilmente que a esmagadora maioria dos jovens cresce sem se conhecer, estuda em escolas separadas, vive em ambientes separados - e isso tem consequências terríveis. Nós próprios, no mundo ocidental, somos ignorantes em relação a outras culturas. Olhamos, por exemplo, para o Iraque e desconhecemos que Bagdade, através da Casa da Sabedoria, foi nos séculos X e XI o centro mundial do conhecimento em áreas como a matemática, a astronomia, a filosofia, a medicina. Ou seja, é necessária maior capacidade de conhecer o outro.
Como é que nós, portugueses, vamos participar neste diálogo das civilizações?
Vamos pôr em contacto directo, já no próximo ano, cidades tão diferentes como Istambul, Cairo, Nova Iorque, Londres, Doha, Rio de Janeiro e Lisboa. Contamos apresentar o projecto em Xangai, na Exposição Universal, em meados do próximo ano.
Acha que o cidadão comum está cada vez mais apto para a comunicação global e para esse encontro à escala planetária?
A internet representa uma filosofia de transparência, abertura e inteligência colectiva. As redes sociais são apenas exemplos de um mundo cada vez mais em tempo real. Do Irão ao Tibete, a censura já não consegue domar a vontade de um povo inteiro. A net é o mundo em tempo real, está lá, mesmo onde as televisões e os media tradicionais falham.
Resolvem-se problemas reais na rede?
A tecnologia não resolve problemas, as pessoas resolvem problemas. O que a rede vem permitir é as pessoas terem contacto entre elas, sem intermediários e sem limites geográficos, com base em comunidades de interesse. Para terem acesso à informação e produzirem informação, para partilharem conteúdos, para realizarem acções colectivas.
Está a falar dos três níveis de envolvimento sucessivamente mais importantes?
Esse poder da net deve estar ao serviço do mundo, para dar resposta às questões mais prementes. O que se passa na internet permite imaginar o futuro. Da energia à saúde, veremos a lógica do poder distribuído: o acesso a informação sobre consumos de energia em tempo real; ratings feitos pelos pacientes a hospitais e médicos, para todos podermos escolher melhor; bancos de microcrédito que servem de intermediários de empréstimos através da internet e até experiências interessantes de bancos peer-to-peer.
O sistema financeiro vai mudar?
Uma das razões da crise foi a inadequação do sistema de regulação. Os reguladores nunca terão os recursos indispensáveis para aceder, processar e tirar inteligência da informação a que acedem. Estão em total desigualdade perante um sistema financeiro que funciona em tempo real e com recursos quase ilimitados. Se quisermos um sistema regulador do século XXI teremos de usar algoritmos matemáticos para detectar falhas, teremos de ter a inteligência colectiva - minha, sua ou de um perito - para sermos todos reguladores. Isso significa dados abertos a todos, o open source aplicado à regulação.
Na administração pública também são urgentes novas respostas?
Em todos os países, a modernização da administração significou aperfeiçoamento (nalguns casos muito significativo), dos serviços prestados. Se acreditarmos que o Estado não tem o monopólio do serviço público, podemos ir mais longe e iniciar uma devolução de poder aos cidadãos. Uma boa parte da informação não confidencial detida pela administração pública deve passar a ser pública. Não estou a falar de relatórios, estou a falar de bases de dados. Tornar possível aos empreendedores encontrar novas e melhores formas de criar valor através dessa informação. Tornar o Estado um sistema aberto, para permitir colaboração. Um sistema aberto cria novos mercados.
Olho para si e vejo-o na linha da frente, a antecipar o futuro do futuro, com projectos na Europa, nos EUA, no Médio Oriente, um pouco por todo o mundo, e pergunto se podemos agora falar de inovação social na Europa?
[sorriso] Sim, a Europa tem de mobilizar a criatividade colectiva para inovar. Tem grandes tradições de inovação social: das universidades abertas ao movimento cooperativo, da world wide web ao Linux. A actual crise pode ser um ponto de viragem, uma oportunidade de destruição criativa, com emergência de novos actores. As respostas à crise têm de combinar preocupações de curso prazo com preocupações de médio prazo. Isso significa inovar não só nos produtos, mas também em áreas como a saúde e as doenças crónicas ou o envelhecimento da população. A maior parte dos países tem-se centrado muito em corrigir os erros do passado, em vez de em preparar o futuro. "Fixing the future" é aliás o tema de um movimento que ajudei a lançar, com Geoff Mulgan e outros. O documento pode ser subscrito em www.fixingthefuture.eu. A Europa deve ser o sítio onde o futuro acontece primeiro. O presidente da Comissão Europeia deve ser o nosso Chief Innovation Officer.
De que falamos quando falamos de futuro?
De novos padrões de consumo, pois o consumidor tem hoje aspirações diferentes, muito marcados pela ideia de sustentabilidade. Andar de bicicleta era marginal, hoje em Londres e em muitas outras cidades é um movimento imparável e o que parece mal é ainda ter carro. Trabalhar de casa ainda é marginal, mas daqui a alguns anos boa parte das empresas entenderá que trabalho é o que se faz e não onde se está. E quando falamos de futuro falamos de novos sectores de actividade, como o "ageing". Os serviços para a população sénior são provavelmente o sector com maior potencial de crescimento na Europa. Somos um continente em processo acelerado de envelhecimento. Cerca de 18% da população tem mais de 65 anos e daqui a 30 anos será um terço. Não estamos minimamente preparados para isso. Não se trata da bomba demográfica que muitos anunciam, trata-se, a meu ver, de uma grande oportunidade. Um mercado formidável sedento de novas propostas de valor.
Também pode ser uma grande oportunidade de transformação?
Sim, em múltiplas dimensões. A sociedade incentiva as pessoas a reformarem-se demasiado cedo, não as prepara adequadamente para a reforma. Há um declive abrupto que não faz nenhum sentido. É obrigatório interrogarmo-nos sobre como aproveitar o talento dos seniores, que se reformam ainda com 15 a 20 anos de vida pela frente. Como aumentar ou manter a autonomia das pessoas mais velhas, permitindo que se mantenham mais tempo nas suas casas e nas suas comunidades, transformando as suas habitações em centros de dia descentralizados. As cidades são desertos de afectividade.
A lógica que prevalece ainda é uma lógica de utilidade?
É fundamental desenvolver a capacidade das pessoas de continuarem a participar na sua comunidade, continuarem a sentir que são úteis. Esse sentimento é essencial para manterem o sentido de vida. Não basta acrescentar anos de vida, importa acrescentar vida aos anos. Os mais velhos têm de deixar de ser clientes e passar a ser produtores. Deixar de ser cidadãos passivos e passar a ser participantes. Há uma grande diferença entre "fazer para" e "fazer com".
No campo da inovação há por vezes o drama do excesso de ideias e da sua eficácia?
É importante criar o ambiente para que surjam sempre muitas ideias e dar oportunidade a que as mesmas sejam testadas, em pequena escala. Aprender com o que resulta e com o que não resulta também é essencial. A sociedade portuguesa está cheia de observatórios formais, mas subequipada de verdadeiros sensores sociais.
Os políticos e os dirigentes são sensores?
Os políticos do passado são sobretudo megafones. Querem transmitir uma mensagem mas ouvem pouco, salvo através de focus groups. Os políticos do presente e do futuro têm de orquestrar a inteligência colectiva. Têm de saber passar por cima da redoma que os envolve, captar a imaginação e envolver os cidadãos na construção do futuro. Devem impor-se pela confiança e não pelo temor reverencial. O seu desígnio não é um conceito de justiça meramente formal, mas o desenvolvimento das capacidades (no sentido de Aymarta Sen) para que cada um atinja o seu potencial.
Fala dos políticos em geral?
Sim, não apenas dos portugueses. A capacidade de ser sensor e orquestrador está pouco desenvolvida porque a sociedade está organizada na lógica de comando e controlo. Isso verifica-se nas relações laborais e também nas relações entre representantes e representados.
Qual seria a lógica adequada?
A própria gestão das organizações, uma das tecnologias sociais mais importantes, tem de ser totalmente reinventada. Baseia-se nos pressupostos do século XIX: como aumentar a eficiência de operações de rotina. Hoje as organizações têm de ser espaços de trabalho mais adaptáveis, mais inovadores e mais inspiradores. Se os anos 80/90 foram os anos da inovação nas empresas, nos produtos e nos processos, estou convencido de que as próximas décadas vão representar os tempos da inovação social. Foi por isso que aceitei presidir à Social Innovation Exchange, que reúne gente de todo o mundo e nasceu com o apoio da Cisco.
Para fazer o quê, exactamente?
Para encontrar respostas para algumas das questões que estamos a viver, como a pobreza infantil, um fenómeno assustadoramente generalizado mesmo nos países mais ricos, o envelhecimento da população, a degradação ambiental, a hiperdiversidade nas cidades, as doenças crónicas (como diabetes, demência, obesidade, etc.), hoje em dia responsáveis por 80% dos custos da saúde. Todos estes problemas complexos requerem respostas novas, que mobilizem a inteligência colectiva e envolvam os utilizadores (co-criação). A internet permite hoje modelos de inovação aberta e torna mais fácil mobilizar a inteligência distribuída. Tem-se abusado da palavra inovação, mas inovação significa liberdade, partilha de informação, colaboração, rasgo, iniciativa, tolerância e aprendizagem do fracasso.
Quem vai na linha da frente e tem mais essa capacidade?
Uma das faces importantes desta crise deve ser destacar a relevância do terceiro sector. Em Inglaterra as organizações não governamentais na área social (o terceiro sector) empregam 1 milhão e 400 mil pessoas, em Portugal cerca de 250 mil. Ora isto é várias vezes a indústria automóvel, várias vezes a área financeira, várias vezes as utilities. A inovação social cria novos mercados. Em toda a Europa, o défice público disparou e isso significa que na fase da retoma os países vão ter de prestar mais serviços com menos recursos. Há milhares de instituições com provas dadas nas áreas sociais e que podem desenvolver com qualidade um conjunto de serviços públicos. Estão próximos e têm a confiança das populações, têm capacidade e fazem--no com eficiência em termos de custos.
Pode dar exemplos, mais uma vez?
Uma das propostas que fazemos nestas recomendações na União Europeia é justamente dar importância à inovação no sector público. Um exemplo interessante no Reino Unido: as organizações do terceiro sector que se queiram candidatar a prestar serviços públicos em áreas como a educação, a saúde, o ambiente, os serviços para os seniores, têm a possibilidade de recorrer a um fundo (Future Builders) que lhes permite assumir empréstimos a longo prazo com uma taxa de juros simbólica para se capacitarem plenamente para este novo desafio. Na prática estamos a olhar para o serviço público numa lógica mais vasta. Há um conjunto de laboratórios de inovação no sector público, espécie de incubadoras para testar novas ideias numa lógica de inovação aberta. Defendemos que pelo menos um por cento do orçamento de cada ministério deve ser investido em fundos de inovação aberta. O tipo de investimentos apoiado pelo fundo de inovação do Serviço Nacional de Saúde inglês é um bom exemplo.
Isso é uma revolução.
É o fim da lógica de comando e controlo e a assunção plena de uma lógica de rede, de participação e envolvimento de entidades que estão mais próximas das pessoas e das comunidades na prestação de serviços públicos.
in Diário I
"Somos muito maiores que a nossa dimensão!"
Sun, Jul 26 2009 08:20
| Desenvolvimento Regional, Empreendedorismo, Globalização, Nearshoring, Novos Povoadores, Teletrabalho
| Permalink
A frase que emprestou o título a este post é da autoria de Luís Amado, Ministro dos Negócios Estrangeiros e referia-se à capacidade de intervenção de Portugal no panorama internacional.
Defendia o governante que a nossa cultura e história funcionam como catalizadores nos quadros negociais das diferentes organizações em que participamos.
A reflexão que se segue é sobre os novos factores de competitividade económica. Sabemos que não são exactamente os mesmos que no passado: O poder militar, industrial e financeiro continuam centrais, mas já não absolutistas.
Hoje, o povo português é admirado pela sua simpatia, tolerância religiosa e por um território seguro e com excelentes condições climatéricas.
Na prática, temos todas as condições para ser o El Dorado da mão de obra qualificada que estão suportadas nas tecnologias digitais.
E esse é um motivo de enorme esperança!
As empresas caminham para sedes virtuais - nespresso.com e brother.com são dois exemplos que me ocorreram instantaneamente - e os sistemas de teleconferencia estão totalmente vulgarizados.
O que nos falta?!
Continua no twitter!
O modelo de negócio móvel: factores para o sucesso futuro
Sat, Jul 18 2009 08:16
| Globalização, Inovação
| Permalink
Novos concorrentes nas áreas dos Media e da Internet têm cruzado as fronteiras que os separavam das telecomunicações, afectando os modelos de negócio tradicionais e reduzindo a margem de manobra dos incumbentes. Pensar de forma...
Novos concorrentes nas áreas dos Media e da Internet têm cruzado as fronteiras que os separavam das telecomunicações, afectando os modelos de negócio tradicionais e reduzindo a margem de manobra dos incumbentes. Pensar de forma orientada ao consumidor pode ser a chave para um alto desempenho na indústria das telecomunicações móveis.
Em dez anos, a indústria de telecomunicações móveis cresceu mais de dez vezes, com base em novas tecnologias, dispositivos e em serviços mais rápidos e inovadores. Actualmente, vive um clima de incerteza em relação ao futuro, caracterizado por concorrência generalizada e menores receitas médias por utilizador. A inexistência de um caminho de evolução claro propiciou o surgimento de novos "players" na área dos Media e da Internet, que ameaçam o modelo de negócio existente.
A realidade tem passado pelo mercado de voz e "messaging" e por uma incapacidade no domínio da Internet como gerador de valor, que forçaram os operadores a privilegiar tácticas de curto prazo para manter o crescimento, como sejam o ajuste de "pricing" para aumentar as receitas, ou o enfoque na captura de clientes a rivais, através de tarifários e/ou equipamentos apelativos. Num mercado amadurecido, estas tácticas não são sustentáveis; o máximo que se poderá ambicionar com elas são receitas incrementais adicionais suficientes para cobrir os custos.
Os novos "players" estão a capturar valor na convergência das indústrias de Media, telecomunicações e de Internet, e os operadores de telecomunicações, que dominam o acesso às infra-estruturas de rede, necessitam de promover uma reflexão sobre a indústria, sob o risco de se tornarem meros transmissores de sinal.
É necessário por isso encontrar e aprender rapidamente novas formas e territórios onde o êxito seja possível. Para além de permanecerem atentos às movimentações tecnológicas, devem procurar antecipar quais as alterações no modelo de negócio que um processo deste âmbito poderá gerar.
Na Accenture identificámos um conjunto de pistas para o êxito futuro das organizações pertencentes a este mercado, que qualificámos como factores de sucesso.
Inovar através da perspectiva dos consumidores
Um dos factores-chave para o sucesso consistirá na utilização da visão do cliente para promover a inovação, garantindo o desenvolvimento de produtos e serviços com maior probabilidade de procura. As empresas, ao desenvolverem soluções (por exemplo "machine-to-machine" como serviços mais eficientes para o transporte de mercadorias, gestão de frotas), deverão perspectivar o que estas representam para os clientes e qual a vantagem competitiva que originam.
Alavancar a experiência do consumidor
O enfoque no consumidor exige também a interpretação dos ciclos de experiência de utilização dos produtos e serviços. Assumindo a satisfação do cliente como a soma do conjunto de todas as experiências (e.g. produtos, serviços) com o conjunto de todas as expectativas (e.g. valores, comportamentos), algumas tendências de procura relevantes são: simplicidade, conveniência e usabilidade no produto (oferta de conteúdo de fácil utilização), transparência no "pricing" (controlo e simplicidade nos preços), controlo sobre conteúdo (abertura dos "walled gardens" através do acesso, sem restrições a conteúdos).
Desenvolver a capacidade de adaptação às necessidades dos consumidores
As ofertas de serviços são cada vez mais orientadas para um grande número de pequenos segmentos de consumidores, com pacotes diferenciados. É o modelo de distribuição "Long Tail", onde o mercado de produtos pouco populares é superior ao dos grandes êxitos (exemplos são a Amazon ou a Netflix).
Estes segmentos de consumidores são comunidades de interesses mútuos que para além de consumirem conteúdos, também os criam e partilham. As empresas de telecomunicações necessitam de interiorizar este conceito e dirigir as suas ofertas para esses "clusters" de indivíduos.
Conjugando o conceito de comunidades com o de "portal social", os operadores deparam-se com desafios para explorar os limites da tecnologia disponível, ampliando as suas ofertas com "user generated content" como blogues, "video-based services" (e.g. alojamento de vídeos, "mobile TV"), entre outros.
Procurar valor na agregação, alavancagem de inovação e eficiência
As empresas de telecomunicações deverão conseguir operar de forma eficiente nos mercados. A eficiência nas operações facilita o sucesso no "mass market", enquanto a inovação irá apelar aos mercados "high end".
A eficiência operacional deverá partir de uma alteração da visão dos indicadores de "performance" tradicionais, dando prioridade ao custo de servir um consumidor individual.
Quantos mais forem os serviços utilizados pelo cliente, maiores serão os custos de produção, comercialização e operação. Isso implicará revisitar processos de desenvolvimento para reduzir o custo de "ownership" e proteger o investimento. Os novos "players" conseguem-no e, ao expandirem os seus modelos de negócio, utilizam naturalmente estes conceitos na tomada de decisão. A redução do custo final do iPhone, dado que o utilizador é cliente do iTunes e potencial comprador de acessórios e serviços Apple, é disso exemplo.
Os operadores de telecomunicações têm vantagens competitivas que não devem ser subestimadas (tecnologia instalada e capacidade "core" do negócio), e, ao repensar a estratégia de inovação e de enfoque no cliente de telecomunicações, poderão chegar efectivamente a um alto desempenho, apesar do conturbado ambiente, num futuro próximo, das telecomunicações móveis.
* Em colaboração com Daniel Fernandes, "Analyst" da Accenture da área de Estratégia, na divisão de "Management Consulting"
"Senior Manager" da Accenture
da área de Estratégia na divisão de "Management Consulting"
in Jornal de Negócios, Emanuel Agostinho
Novos concorrentes nas áreas dos Media e da Internet têm cruzado as fronteiras que os separavam das telecomunicações, afectando os modelos de negócio tradicionais e reduzindo a margem de manobra dos incumbentes. Pensar de forma orientada ao consumidor pode ser a chave para um alto desempenho na indústria das telecomunicações móveis.
Em dez anos, a indústria de telecomunicações móveis cresceu mais de dez vezes, com base em novas tecnologias, dispositivos e em serviços mais rápidos e inovadores. Actualmente, vive um clima de incerteza em relação ao futuro, caracterizado por concorrência generalizada e menores receitas médias por utilizador. A inexistência de um caminho de evolução claro propiciou o surgimento de novos "players" na área dos Media e da Internet, que ameaçam o modelo de negócio existente.
A realidade tem passado pelo mercado de voz e "messaging" e por uma incapacidade no domínio da Internet como gerador de valor, que forçaram os operadores a privilegiar tácticas de curto prazo para manter o crescimento, como sejam o ajuste de "pricing" para aumentar as receitas, ou o enfoque na captura de clientes a rivais, através de tarifários e/ou equipamentos apelativos. Num mercado amadurecido, estas tácticas não são sustentáveis; o máximo que se poderá ambicionar com elas são receitas incrementais adicionais suficientes para cobrir os custos.
Os novos "players" estão a capturar valor na convergência das indústrias de Media, telecomunicações e de Internet, e os operadores de telecomunicações, que dominam o acesso às infra-estruturas de rede, necessitam de promover uma reflexão sobre a indústria, sob o risco de se tornarem meros transmissores de sinal.
É necessário por isso encontrar e aprender rapidamente novas formas e territórios onde o êxito seja possível. Para além de permanecerem atentos às movimentações tecnológicas, devem procurar antecipar quais as alterações no modelo de negócio que um processo deste âmbito poderá gerar.
Na Accenture identificámos um conjunto de pistas para o êxito futuro das organizações pertencentes a este mercado, que qualificámos como factores de sucesso.
Inovar através da perspectiva dos consumidores
Um dos factores-chave para o sucesso consistirá na utilização da visão do cliente para promover a inovação, garantindo o desenvolvimento de produtos e serviços com maior probabilidade de procura. As empresas, ao desenvolverem soluções (por exemplo "machine-to-machine" como serviços mais eficientes para o transporte de mercadorias, gestão de frotas), deverão perspectivar o que estas representam para os clientes e qual a vantagem competitiva que originam.
Alavancar a experiência do consumidor
O enfoque no consumidor exige também a interpretação dos ciclos de experiência de utilização dos produtos e serviços. Assumindo a satisfação do cliente como a soma do conjunto de todas as experiências (e.g. produtos, serviços) com o conjunto de todas as expectativas (e.g. valores, comportamentos), algumas tendências de procura relevantes são: simplicidade, conveniência e usabilidade no produto (oferta de conteúdo de fácil utilização), transparência no "pricing" (controlo e simplicidade nos preços), controlo sobre conteúdo (abertura dos "walled gardens" através do acesso, sem restrições a conteúdos).
Desenvolver a capacidade de adaptação às necessidades dos consumidores
As ofertas de serviços são cada vez mais orientadas para um grande número de pequenos segmentos de consumidores, com pacotes diferenciados. É o modelo de distribuição "Long Tail", onde o mercado de produtos pouco populares é superior ao dos grandes êxitos (exemplos são a Amazon ou a Netflix).
Estes segmentos de consumidores são comunidades de interesses mútuos que para além de consumirem conteúdos, também os criam e partilham. As empresas de telecomunicações necessitam de interiorizar este conceito e dirigir as suas ofertas para esses "clusters" de indivíduos.
Conjugando o conceito de comunidades com o de "portal social", os operadores deparam-se com desafios para explorar os limites da tecnologia disponível, ampliando as suas ofertas com "user generated content" como blogues, "video-based services" (e.g. alojamento de vídeos, "mobile TV"), entre outros.
Procurar valor na agregação, alavancagem de inovação e eficiência
As empresas de telecomunicações deverão conseguir operar de forma eficiente nos mercados. A eficiência nas operações facilita o sucesso no "mass market", enquanto a inovação irá apelar aos mercados "high end".
A eficiência operacional deverá partir de uma alteração da visão dos indicadores de "performance" tradicionais, dando prioridade ao custo de servir um consumidor individual.
Quantos mais forem os serviços utilizados pelo cliente, maiores serão os custos de produção, comercialização e operação. Isso implicará revisitar processos de desenvolvimento para reduzir o custo de "ownership" e proteger o investimento. Os novos "players" conseguem-no e, ao expandirem os seus modelos de negócio, utilizam naturalmente estes conceitos na tomada de decisão. A redução do custo final do iPhone, dado que o utilizador é cliente do iTunes e potencial comprador de acessórios e serviços Apple, é disso exemplo.
Os operadores de telecomunicações têm vantagens competitivas que não devem ser subestimadas (tecnologia instalada e capacidade "core" do negócio), e, ao repensar a estratégia de inovação e de enfoque no cliente de telecomunicações, poderão chegar efectivamente a um alto desempenho, apesar do conturbado ambiente, num futuro próximo, das telecomunicações móveis.
* Em colaboração com Daniel Fernandes, "Analyst" da Accenture da área de Estratégia, na divisão de "Management Consulting"
"Senior Manager" da Accenture
da área de Estratégia na divisão de "Management Consulting"
in Jornal de Negócios, Emanuel Agostinho
Aldeias Globais
Mon, Jul 13 2009 03:16
| Desenvolvimento Local, Empreendedorismo, Globalização, Teletrabalho
| Permalink
No mundo de hoje todas as empresas já foram afectadas, directamente ou indirectamente, pela globalização. A cada dia que passa, a “aldeia global” torna-se mais pequena. Essa realidade é desagradável para quem deseja estar isolado, mas nas aldeias, quer se queira ou não, ninguém vive sozinho. Todos influenciam todos.
Para os solitários estar numa aldeia é demasiada exposição, mas para as empresas viver nesse ambiente amplifica de uma forma extraordinária as oportunidades de negócio. Utilizando as ferramentas que as novas tecnologias de informação e comunicação oferecem, o mercado potencial aumenta e as distâncias tornam-se quase irrelevantes.
Portugal em muitas actividades sempre teve um problema de escala. Na aldeia global, o mercado não tem limites. Existem produtos e serviços, e existem clientes nos quatro cantos do mundo, individuais ou empresas, à procura de satisfazer as suas necessidades.
Por outro lado, a dimensão de uma empresa também deixou de ser uma condicionante e procurar parcerias tornou-se uma constante da vida.
São cada vez mais os exemplos que mostram que o mundo está a mudar e que os pequenos também podem ser grandes, com perseverança, criatividade e assegurando uma qualidade de serviço elevada.
Sítios de leilões na Internet mostram que existem nichos de mercado que podem ser preenchidos com produtos específicos e que asseguram a médio prazo rendimentos que permitem gerir um negócio a partir de casa, por exemplo. O produto pode vir do estrangeiro, o marketing é feito a partir de Portugal e a encomenda é enviada para qualquer canto do mundo.
Como em qualquer negócio, um estudo de mercado recomenda-se, mas o investimento para entrar em “jogo” é quase nulo. Todos os “jogadores” e informações estão na internet. Actualmente, uma simples e pequena loja de aldeia pode tornar-se global vendendo através da Internet, inovando nos produtos que oferece aos clientes. Há muita gente na Internet a ganhar a vida a vender sabonetes, bonecas de pano, sacos de lona reciclados ou roupa para criança. A receita é “simples”: Produtos específicos, orientados para nichos de mercado, vendidos à escala global, usando as plataformas de transporte e pagamento existentes no mercado e aceites por todos. É óbvio que a internet não cria excentricos todos os dias. Fazer negócios pela internet exige trabalho, pesquisa e paciência, tal como qualquer forma de negócio. No entanto, abre portas e tem potencialidades que vão muito para além do comércio tradicional. No saber aproveitar, pode estar um verdadeiro ganho.
in arrudatech
Uma revolução silenciosa
Sun, Apr 5 2009 06:56
| criar2009, Educação e Conhecimento, Globalização
| Permalink
From Inovação & Inclusão |
por António Bob dos Santos
Nos últimos anos temos assistido a uma penetração cada vez maior das novas tecnologias de informação e comunicação (TIC) no nosso dia-a-dia. Se está a ler este artigo é provável que possua pelo menos um telemóvel (possivelmente com acesso à Internet), um computador (provavelmente portátil), que entregue a sua declaração de impostos pela internet (bem como utilize outros serviços públicos online) e que esteja inserido numa ou mais redes sociais (Facebook, Hi5, Orkut, Twitter, Linkdin, etc.). Embora esta não seja ainda uma situação igual para todos os portugueses, há segmentos da população onde esta realidade é mais evidente. Por exemplo, cerca de 85% dos jovens entre os 10 e 15 anos são utilizadores de telemóvel (62% em 2005)[1], mais de 90% utilizam regularmente a Internet, e uma percentagem muito elevada frequenta as redes sociais. O mesmo se passa na faixa etária dos 16-24 anos, onde, por exemplo, o número de utilizadores da Internet passou de 64% em 2004 para cerca de 90% em 2008[2]. É esta geração que irá entrar no mercado de trabalho daqui a poucos anos; não serão apenas consumidores de serviços online e de gadgets, mas também produtores e construtores de uma nova realidade, aproveitando as oportunidades da Web 2.0 e da futura Web 3.0. Trata-se também de uma geração ao mesmo nível que o resto dos jovens europeus no que respeita ao acesso às tecnologias de informação e comunicação (TIC). O grande desafio será na utilização dessas mesmas tecnologias, na capacidade de as usar para acrescentar valor ao que já existe. E essa capacidade pode ser “aprendida” e estimulada pelos professores, pela família, mas principalmente pelos seus pares, ou seja, pelo contacto com os milhares de jovens que em todo o mundo acedem à Internet e às redes sociais.
Nunca como agora foi possível aceder e também participar na construção de redes globais de conhecimento, de partilha, de interacção. Contudo, se hoje as nossas sociedades são cada vez mais globais e interligadas, muito devido ao desenvolvimento das TIC, há também uma tendência para que as diferenças e as especificidades de cada um tomem uma importância sem precedentes. As dinâmicas globais estimulam também a construção de “personalidades” cada vez mais diferenciadas, dada a facilidade de acesso à informação e aos conteúdos que mais nos interessam. É fácil hoje em dia construirmos os nossos próprios espaços na rede global, com ou sem limites, dado que somos nós que os definimos. É por isso que acredito que os jovens que actualmente “vivem” na Internet estão silenciosamente a construir uma sociedade mais heterogénea, multicultural, multifacetada e mais criativa, elementos propícios a uma dinâmica de progresso e de inovação.
Creative Commons License
[1] Cardoso, Gustavo, Rita Espanha e Tiago Lapa (2008), E-Generation 2008: Os Usos de Media pelas Crianças e Jovens em Portugal, CIES-ISCTE
[2] INE/UMIC, Inquérito à Utilização de Tecnologias da Informação e da Comunicação pelas Famílias 2002 - 2008.
O actual momento é de ouro!
Thu, Feb 26 2009 01:04
| 'I made a mistake' admits Greenspan, A Crise que se transforma em Oportunidade, Educação e Conhecimento, Empreendedorismo, Globalização, The Star Tracker
| Permalink
NUNCA VI TANTA GENTE A QUESTIONAR-SE SOBRE A VALIDADE DOS SISTEMAS INSTITUÍDOS, muitos deles verdadeiros cancros à modernização e COMPETITIVIDADE do país que nos une.
Julgo que é consensual que reside no empreendedorismo a chave para a dinamização da economia. E neste domínio há muito para fazer.
Desde logo, EDUCAMOS OS NOSSOS FILHOS PARA SEREM FUNCIONÁRIOS, num modelo de trabalho que se esgotou na geração dos nossos pais. Os rendimentos sobre o trabalho dos nossos filhos vão variar directamente com a sua produtividade pelo que os modelos de "endividamento para toda a vida e depois dela" valem hoje o mesmo que os fundos Madoff.
Por outro lado, O ESTADO NÃO SABE LIDAR COM O EMPREENDEDORISMO: Sendo o maior cliente nacional, porque não promove a partilha de conhecimento através de equipas mistas e multidisciplinares com estruturas de comunicação actuais ao invés das tradicionais "comissões" que mais se assemelhavam a reuniões de condomínio?
Mas para tudo isto precisamos de uma estratégia forte. Precisamos de compreender a geografia dos clusters e NÃO SOFRER CONDICIONALISMOS para explorar as oportunidades emergentes.
Um exemplo:
Estive recentemente a oportunidade de participar numa conferência onde a maioria dos presentes já colabora em conjunto há mais de uma década. Tratava-se do sector turístico do Algarve. Foram aquelas pessoas que decidiram COLECTIVAMENTE que Portugal tinha condições para se afirmar como destino de golfe a NÍVEL GLOBAL.
Hoje, 35% dos turistas mundiais que praticam golfe indicam Portugal como destino de eleição. E esse resultado, que se traduz em receitas significativas na economia portuguesa, mais não é do que o resultado da união de empresários, políticos e investigadores num objectivo comum.
Por curiosidade, entende HOJE este grupo de trabalho que o TURISMO RESIDENCIAL pode ser uma nova oportunidade de afirmação do turismo de Portugal angariando NOVOS POVOADORES provenientes de economias mais abastadas que a nossa.
Estrangeiros que escolhem Portugal para viver!
Sat, Jan 24 2009 02:56
| Globalização, Teletrabalho
| Permalink
A fortuna da família Brenninkmeijer é a maior da Holanda e equivale a cerca de oito vezes a riqueza de Belmiro de Azevedo.
Ascende a qualquer coisa como 15 mil milhões de euros, tendo agigantado 20,2% em 2005, segundo a revista Quote. Muito reservado e avesso a entrevistas, Norman Brenninkmeijer escolheu Portugal para viver e Alcabideche para morar. Daí a sua proximidade à loja de Cascais, um dos 25 estabelecimentos que o grupo explora no país.
O gestor pertence à quinta geração da família holandesa que fundou o terceiro maior grupo de retalho europeu, no longínquo ano de 1861. Como muitos estrangeiros que residem em Portugal, Brenninkmeijer mantém-se em contacto com a comunidade local dos seus conterrâneos, que se apaixonaram pelo país onde vivem e elogiam o clima, a tradição, a segurança e a simpatia dos portugueses. "O maior desafio que enfrentam, para além da aprendizagem da língua, é terem de conviver com as grandes burocracias e alguma falta de disciplina em termos de horários e compromissos", alerta Eduarda Luna Pais, managing partner da consultora Egon Zehnder.
"Mas a evidência de que essas dificuldades acabam por ser vencidas é que muitos gestores decidem permanecer em Portugal. Nalguns casos, quando se reformam, continuam a exercer funções não executivas no país." Guilhermina Vaz Monteiro, managing partner da consultora Horton International, diz que o que leva estes responsáveis de topo a ficar em Portugal é, do lado profissional, a qualidade dos recursos humanos e a sua capacidade de improvisação estratégica e organizacional e, do lado pessoal, a boa gastronomia e o casamento que, por vezes, acontece com cidadãos locais. "O mar, o peixe ao sal, o arroz de marisco, as pataniscas e o cheiro do café expresso são tão poderosos quanto o sol, que aqui alimenta a alma", ironiza.
Charme natural
Lars Bo Hansen, 44 anos, nasceu na Dinamarca, é casado com uma norueguesa, vive na zona do Farol da Guia, em Cascais, e tem dois filhos portugueses. Dirige as operações das Pousadas de Portugal, do grupo Pestana, mas confessa ter aceite o cargo "sem grande conhecimento prévio do negócio, antes da privatização". Teve apenas dez dias para visitar 40 pousadas e ficou impressionado.
Sentiu mesmo que havia injustiça na avaliação do produto turístico. "Cada pousada era como a mais bonita boneca da loja, mas tinha um risco na cara. Esse detalhe feio era a rentabilidade." O gestor estudou na África do Sul, onde chegou com 7 anos, acompanhado pelo pai que era electricista na indústria de construção naval. Formou-se numa escola de hotelaria e quando deixou o país, aos 22 anos já tinha experiência de direcção de compras no Royal Hotel, de cinco estrelas, em Durban. Regressou à Dinamarca, onde encontrou muito desemprego, e aceitou trabalhar como porteiro da noite no Plaza Hotel da cadeia Sheraton, em Copenhaga.
"Agarrei-me à primeira oportunidade na hotelaria europeia. Mas a gestão percebeu que eu tinha outras competências e ofereceu-me a posição de gerente financeiro no departamento de alimentos e bebidas do Sheraton, de Oslo, na Noruega". A experiência durou dois anos, até 1986.
Os profissionais de hotelaria têm agentes que os promovem e identificam oportunidades de carreira. O agente britânico de Lars Bo Hansen sugeriu-lhe a Madeira porque Joe Berardo e Horácio Roque tinham acabado de comprar o grupo Savoy e queriam reformular os produtos turísticos.
"Foi o meu primeiro contacto com a língua portuguesa. Fiquei dois anos e desenvolvi a área de alimentos e bebidas, mas queria outras experiências. De Portugal conhecia apenas Lisboa, Setúbal e Algarve." Partiu então para projectos de turismo de outros grupos nas Caraíbas, na China e, de novo, na África do Sul depois do apartheid.
Mas acabou por regressar ao Savoy como director-geral, para liderar a expansão da oferta resort, experiência que durou cinco anos, até surgir o convite do grupo Pestana.
Hoje sente-se privilegiado em dirigir as Pousadas de Portugal, que o aproximam da história, da cultura e da gastronomia, temperadas pelo clima, segurança e campos de golfe que não se cansa de elogiar, a par de tradições como "a valorização do campo e o almoço familiar ao domingo, que ainda não se perdeu, ao contrário do que acontece na Escandinávia".
Estas vertentes do país têm charme natural e são únicas no mundo. "As good as it gets", afirma Lars Bo Hansen, num raro desvio ao seu português com ligeiro sotaque madeirense. Visita a Dinamarca uma vez por ano e continua em contacto com o seu agente britânico. Mas sublinha que é em Portugal que vive melhor, ao fim de tantos destinos turísticos percorridos profissionalmente.
Deixar obra feita
Para os gestores estrangeiros a possibilidade de liderarem projectos em subsidiárias de países pequenos é frequentemente estimulante porque as suas decisões podem deixar um cunho pessoal. Gerd Boehmer, 60 anos, administrador-delegado da Victoria Seguros, conduziu a construção da nova sede do grupo na Avenida da Liberdade, em Lisboa, e liderou o processo de transformação das agências gerais em sociedades anónimas. Diz que se orgulha dessa obra, que não poderia ter dirigido num mercado maior. Este gestor nasceu na Alemanha Ocidental, estudou Matemática Aplicada e programou software na NASA, nos Estados Unidos, e fez ainda carreira académica na Venezuela, durante dois anos.
Chegou a Portugal em 1982. Na altura era muito raro encontrar fora da Alemanha gestores oriundos da casa-mãe Victoria. Gerd Boehmer era a excepção, que se justificava pela precaução exigida num pequeno mercado em crise económica. Submeteu--se à prova de um país que não conhecia.
"Encontrei um sistema económico que se comparava ao da Alemanha do Leste, mas aqui as pessoas podiam exprimir livremente a sua opinião e entrar e sair do país sem grande dificuldade. Lembro-me de como era chocante comprar coisas bonitas e de qualidade noutros países, com etiqueta portuguesa, mas que não estavam disponíveis no mercado interno." Boehmer radicou-se em Portugal acompanhado pela sua mulher, de nacionalidade alemã, que seguiu a carreira de enfermagem, e de quem teve dois filhos que falam português. "Criei laços de amizade, dentro e fora da empresa, e nos torneios de golfe. E isto conta, na decisão de ficar." Contudo, o gestor queixa-se da excessiva intervenção do Estado na economia e diz que gostaria de ver mais justiça fiscal. "Nos seguros o Estado é árbitro através da entidade de supervisão, mas é também uma empresa estatal que domina o mercado e assume o papel de maior jogador." O nosso país deu a oportunidade a Urs Mahler, 61 anos, de desenvolver um projecto próprio na área farmacêutica, a Kiron, após ter liderado a sucursal nacional da Ciba-Geigy, actual Novartis. Este gestor nasceu em Zurique, mas tem nacionalidade portuguesa "por razões emocionais".
Trabalhou na Suíça, Venezuela e Espanha antes de se ter instalado em Portugal, em 1979, para conduzir o processo de aquisição do laboratório Normal. Aceitou o convite da casa-mãe para ficar radicado no país porque, nessa altura, já conhecia Cascais.
Comprou aí um apartamento que partilhou com a sua esposa portuguesa nos últimos 27 anos. Ainda se lembra do dia em que estreou o espaço. "A mudança estava concluída, mas tive de levar o meu televisor a uma loja de reparações. Disse ao técnico que havia qualquer coisa de errado porque a imagem estava a preto e branco, e só recebia dois canais. Naquela época a televisão portuguesa ainda era assim", recorda, com a imagem nítida na memória de um país onde encontrou muito por fazer.
Carreiras em países pequenos
Nos anos 80 as multinacionais promoviam a carreira em países pequenos, e atribuíam depois responsabilidades em mercados maiores se a operação corresse bem. Urs Mahler não quis sair de Portugal porque sempre gostou da sua equipa local, tendo levado colegas da Novartis para o novo projecto, a Kiron, que abraçou em 1997. Esta farmacêutica factura hoje cerca de 8 milhões de euros em formação, coaching, promoção e distribuição de produtos de diversos laboratórios.
As ligações que o gestor estabeleceu com amigos portugueses levaram-no a fundar um clube de todo-o-terreno que realiza seis encontros por ano "para descobrir a paisagem portuguesa". Também fez um curso de pilotagem de aviões e, até conquistar o brevet, desenvolveu a prática da língua portuguesa.
A aproximação dos gestores estrangeiros a Portugal nem sempre foi planeada. Para Denis Coubronne, 43 anos, general manager da PrimeDrinks, empresa distribuidora de marcas como Herdade do Esporão, Caves Aliança, Quinta da Aveleda, Grant's, Absolut Vodka e Pisang Ambon, o primeiro contacto com Lisboa nasceu de uma decisão burocrática no seu país de origem, a França. Quando tinha 22 anos escolheu prestar serviço civil numa embaixada, em alternativa ao serviço militar. Calhou-lhe Portugal. Trocou a bonita região vinícola e de castelos do Loire pelo alojamento durante um mês no hotel de charme York House, em Lisboa, em 1986. "O país estava a abrir-se à CEE e a despertar para o grande consumo. Não havia hipermercados, nem auto-estrada a ligar Lisboa e Porto. Marcou-me o cheiro do café na rua.
veitei para sair à noite no Bairro Alto e também descobri o Alentejo." Foi uma atracção fatal, a que se juntou o namoro com uma portuguesa, sua actual mulher.
Sabia que queria ficar no país e encontrou na Danone uma oportunidade de carreira.
Acompanhou a força de vendas do grupo francês, então designado por BSN, que estava a lançar a cerveja Kronenbourg através do importador Caves Aliança. Na gestão pôs a descoberto o contraste entre o rigor, transparência e união social da Europa Central, e a emoção, criatividade e individualismo do Sul.
Em 1993 aceitou o convite da Caves Aliança para ser brand manager de marcas importadas, e casou no ano seguinte. Em 2001 assumiu a direcção-geral e a designação da empresa acabou por mudar para PrimeDrinks, após a entrada no capital da Herdade do Esporão.
Morou num prédio pombalino da Praça de São Paulo, "uma zona que não é decente" segundo os seus colaboradores. Gosta de teatro e de arte, mas lamenta que a capital esteja a perder qualidade de vida e tenha dado lugar à construção em excesso, em vez da reabilitação de edifícios. "Portugal teve um desenvolvimento pouco estruturado.
As grandes cidades precipitaram-se no consumo e arriscam-se a perder a alma.
Não podemos perder o que é mais bonito, o que vai atrair turismo", lamenta. "Lisboa esvaziou-se. Morreu o comércio de rua. As pessoas estão apressadas, não se encontram, vivem em condomínios fechados. À noite não há luz nas janelas."
Rendeu-se ao condomínio
Este desencanto com a capital levou à sua mudança de residência para o Monte do Estoril, em Julho de 2006. "Estava farto de não ver melhorias, em mais de dez anos. A falta de qualidade em prédios antigos, no centro de Lisboa, é tão evidente que não tive outra opção. Agora estou num condomínio fechado, imitei os portugueses."
Graham Dewar, 64 anos, também não conduziu o seu destino na aproximação a Portugal. Foi a multinacional Johnson & Johnson que escolheu por si, após dez anos na filial da sua terra natal, a África do Sul, e a força de duas licenciaturas em Engenharia Química e em Gestão. Em 1981 iniciou uma carreira internacional para dirigir a sucursal em Lisboa. "Senti que Portugal entrava na modernidade. Acreditei que essa transição teria um desfecho positivo.
O país era uma jóia, com gente boa. E o clima para desenvolver negócios estava a melhorar." Viveu sete anos no país e mudou para a sede da multinacional em Nova Jérsia, Estados Unidos, mas queria voltar a Lisboa. "Tinha casado com uma mulher portuguesa. Ficara com grande atracção por Portugal. Sentia saudades de praticar vela no Estoril e na praia Del'Rey".
A Celulose do Caima, actual Altri, e, em 2002, a Central de Cervejas, deram-lhe posições de CEO e a possibilidade de radicar-se. Hoje, como gestor da sua consultora Task Management, aponta as dificuldades "do sistema legal, que necessita de modernizações". Mas, ainda assim, garante que vale a pena viver e fazer negócios em Portugal.
http://www.exame.pt/carreiras/html/daquinaosaio.html
Congresso da APDC vai propor agenda verde
Sun, Oct 5 2008 09:43
| Globalização, Sustentabilidade
| Permalink
Associação vai apresentar estudo para tornar possível aumentar a eficiência energética em 2020 através das novas tecnologias
Energia e alterações climáticas são dois temas que vão estar no centro do debate do Congresso da APDC - Associação Portuguesa para o Desenvolvimento das Comunicações que vai decorrer em Lisboa de 11 a 13 de Novembro no Centro de Congressos da Junqueira, em Lisboa.
O evento, intitulado ‘TIC e as Alterações Climáticas’ vai pela primeira vez congregar especialistas e quadros das áreas das tecnologias da informação e comunicação (TIC) e energia. Em perfeito alinhamento com o tema, o congresso será presidido por Jorge Vasconcelos, ex-presidente da ERSE e actualmente assessor do presidente da Comissão Europeia para a área de energia.
Para Diogo Vasconcelos, recém-eleito presidente da APDC, a escolha deste tema tem particular pertinência no momento em que as TIC são cada vez mais um factor importante para a redução das emissões de dióxido de carbono (CO2). Para dar o exemplo, o dirigente está a desencadear uma mudança substancial na orgânica da associação de forma a torná-la mais “ágil e racional”.
Momento alto do Congresso da APDC será a apresentação do estudo ‘Smart Portugal 2020 - Aumentar a eficiência energética através das TIC’ que tem vindo a ser elaborado pela Boston Consulting Group (BCG) com a colaboração das principais empresas dos dois sectores. “Portugal vai ser o primeiro país do mundo a ter um relatório orientador para atingir o objectivo de redução de 15% das emissões de CO2 através do uso das TIC”, afirma Diogo de Vasconcelos. Uma meta que está em sintonia com o Pacote de Energia e Alterações Climáticas da UE e que transpõe para o plano nacional o estudo ‘Smart2020’ recentemente publicado pela GESI (Global e-Sustainbility Initiative) que, pela primeira vez, procura ilustrar a oportunidade de usar as TIC como factor de redução de 15% das emissões de CO2 em 2020 a nível global.
“Além das vantagens para a sustentabilidade do planeta, a redução de emissões gera grandes oportunidades de negócio que as empresas portuguesas deveriam aproveitar”, sublinha Diogo Vasconcelos. Nesse âmbito, o Congresso da APDC terá uma sessão no primeiro dia com o que se faz de melhor a nível mundial nas áreas de energia, transportes e logística, edifícios e indústria. Depois, haverá três sessões simultâneas sobre a aplicação das TIC no futuro: as «smart grids» (redes de nova geração do sistema eléctrico), a virtualização das redes de transporte (desde o carro eléctrico ao teletrabalho) e as casas e edifícios inteligentes.
Não faltarão também sessões em que se vão debater os incentivos e a regulação das redes de nova geração, o impacto da desmaterialização no estilo de vida e ainda as alterações climáticas e sociais das TIC pós-carbono (nova televisão, web 2.0 e energia Internet).
No último dia, o Congresso da APDC vai debater o papel do consumidor em 2020, as cidades inteligentes e as vantagens e inconvenientes das Redes de Nova Geração. Como é habitual o evento termina com outro prato forte: o ‘Estado da Nação das Comunicações’, com a presença dos principais líderes do sector.
in EXPRESSO, João Ramos
Energia e alterações climáticas são dois temas que vão estar no centro do debate do Congresso da APDC - Associação Portuguesa para o Desenvolvimento das Comunicações que vai decorrer em Lisboa de 11 a 13 de Novembro no Centro de Congressos da Junqueira, em Lisboa.
O evento, intitulado ‘TIC e as Alterações Climáticas’ vai pela primeira vez congregar especialistas e quadros das áreas das tecnologias da informação e comunicação (TIC) e energia. Em perfeito alinhamento com o tema, o congresso será presidido por Jorge Vasconcelos, ex-presidente da ERSE e actualmente assessor do presidente da Comissão Europeia para a área de energia.
Para Diogo Vasconcelos, recém-eleito presidente da APDC, a escolha deste tema tem particular pertinência no momento em que as TIC são cada vez mais um factor importante para a redução das emissões de dióxido de carbono (CO2). Para dar o exemplo, o dirigente está a desencadear uma mudança substancial na orgânica da associação de forma a torná-la mais “ágil e racional”.
Momento alto do Congresso da APDC será a apresentação do estudo ‘Smart Portugal 2020 - Aumentar a eficiência energética através das TIC’ que tem vindo a ser elaborado pela Boston Consulting Group (BCG) com a colaboração das principais empresas dos dois sectores. “Portugal vai ser o primeiro país do mundo a ter um relatório orientador para atingir o objectivo de redução de 15% das emissões de CO2 através do uso das TIC”, afirma Diogo de Vasconcelos. Uma meta que está em sintonia com o Pacote de Energia e Alterações Climáticas da UE e que transpõe para o plano nacional o estudo ‘Smart2020’ recentemente publicado pela GESI (Global e-Sustainbility Initiative) que, pela primeira vez, procura ilustrar a oportunidade de usar as TIC como factor de redução de 15% das emissões de CO2 em 2020 a nível global.
“Além das vantagens para a sustentabilidade do planeta, a redução de emissões gera grandes oportunidades de negócio que as empresas portuguesas deveriam aproveitar”, sublinha Diogo Vasconcelos. Nesse âmbito, o Congresso da APDC terá uma sessão no primeiro dia com o que se faz de melhor a nível mundial nas áreas de energia, transportes e logística, edifícios e indústria. Depois, haverá três sessões simultâneas sobre a aplicação das TIC no futuro: as «smart grids» (redes de nova geração do sistema eléctrico), a virtualização das redes de transporte (desde o carro eléctrico ao teletrabalho) e as casas e edifícios inteligentes.
Não faltarão também sessões em que se vão debater os incentivos e a regulação das redes de nova geração, o impacto da desmaterialização no estilo de vida e ainda as alterações climáticas e sociais das TIC pós-carbono (nova televisão, web 2.0 e energia Internet).
No último dia, o Congresso da APDC vai debater o papel do consumidor em 2020, as cidades inteligentes e as vantagens e inconvenientes das Redes de Nova Geração. Como é habitual o evento termina com outro prato forte: o ‘Estado da Nação das Comunicações’, com a presença dos principais líderes do sector.
in EXPRESSO, João Ramos
Encontro Star Tracking Lisboa: O Vídeo
Sat, Sep 27 2008 03:19
| Globalização, The Star Tracker
| Permalink
“Coworking” reúne profissionais de diferentes áreas no mesmo espaço
Sat, Sep 27 2008 12:52
| coworking, Desenvolvimento Regional, Globalização, Teletrabalho
| Permalink
Alguns são estilistas, outros programadores e outros escritores, mas todos estão unidos por um mesmo motivo: cansados do isolamento e de trabalhar na solidão de suas casas, decidiram compartilhar um escritório.
Trata-se do coworking, uma tendência cada vez mais popular nos Estados Unidos e que consiste em compartilhar o espaço de trabalho com outros profissionais, mesmo que não pertençam à mesma empresa nem realizem tarefas parecidas.
Os locais de coworking estão ganhando adeptos à medida que cresce no país o número de autônomos e de pessoas que trabalham em casa.
Segundo as últimas informações fornecidas pelo escritório federal de estatística, entre 2000 e 2005 foram registradas mais 4 milhões de empresas compostas por apenas uma pessoa.
Paralelamente, o aumento do preço da gasolina está encorajando muitos trabalhadores dos Estados Unidos --onde é habitual viver a muitos quilômetros do escritório-- a negociarem com suas empresas para poder trabalhar parcialmente em casa.
Calcula-se que cerca de 26 milhões de americanos trabalham em seus domicílios pelo menos um dia por semana, o que equivale a 18% da população empregada no país.
Entretanto, ter o escritório a poucos metros do sofá também cansa. A falta de companheiros e de uma clara divisão entre o espaço de trabalho e lazer pode ser psicologicamente dura para muitas pessoas.
Uma solução simples e econômica é o "coworking". Os locais que oferecem esse serviço estão se multiplicando nas grandes cidades americanas.
Com tarifas que ficam em cerca dos US$ 250 por mês, estes lugares oferecem mesa, conexão de internet, café de graça e, o mais importante, a possibilidade de se relacionar com outros profissionais na mesma situação.
Tendência forte
Por um pouco mais de dinheiro as pessoas podem usar outros serviços como salas de reuniões e até uma mesa cativa ou o acesso ao local a qualquer hora do dia.
Na Sandbox Suites, um dos muitos locais de San Francisco dedicados ao coworking, as tarifas variam de US$ 20 por dia para os visitantes esporádicos a até US$ 545 por mês para aqueles que querem dispor de uma escrivaninha própria permanente.
"Desde que comecei a trabalhar aqui, há cinco meses, o número de visitantes não parou de crescer e não parece que a tendência vá mudar", diz Dominick Del Bosque, um dos responsáveis pela Sandbox Suites e produtor de cinema independente.
Muitos dos clientes assíduos da Sandbox Suites costumavam trabalhar antes em cafés, mas, segundo Del Bosque, passaram para o coworking após a primeira visita ao local.
"Para começar, nós oferecemos conexão à internet e todos os serviços de um escritório, mas, sobretudo, aqui as pessoas encontram proximidade com outros. Em um Starbucks o profissional ficará cercado de pessoas que não têm interesse algum no que você está fazendo", declarou.
Um dos freqüentadores da Sandbox Suites é David Pascual, espanhol estabelecido em San Francisco que trabalha para o site YourStreet.com.
"Em nossa empresa, estamos espalhados pelo mundo. Aqui, somos apenas dois", diz ele. "Para uma pequena companhia com interesse em fazer contatos, é positivo ter um espaço no qual pode colaborar com mais pessoas e, além disso, é mais barato que alugar um escritório."
Como David Pascual, muitos visitantes habituais da Sandbox Suites têm ocupações ligadas à internet, para as quais o lugar físico de trabalho é secundário.
"Até certo ponto, eu poderia trabalhar até de Barcelona", reconhece Pascual, "mas estar aqui me oferece a possibilidade de ter um ambiente no qual seja possível me conectar a outros e fazer crescer um pouco o negócio".
FONTE: Folha Online
in Vida Curiosa
Deslocalização posta em causa com o choque petrolífero
Fri, Aug 15 2008 11:53
| Alerta Verde, Desenvolvimento Regional, Globalização, Nearshoring
| Permalink
Paul Krugman cita estudo de Nuno Limão, da Universidade de Maryland
A globalização também prega partidas. O que deu, ontem, com uma mão, pode amanhã tirar com a outra. O terceiro choque petrolífero em curso está a alterar os padrões do comércio internacional. E, por mais paradoxal que pareça, as principais vítimas desta mudança poderão ser as ‘fábricas do mundo’, os campeões do «outsourcing» de produtos e bens físicos, com a China à cabeça.
A avaliação desta alteração estrutural é possível graças a um estudo de Dezembro de 2000 de um economista português radicado nos Estados Unidos. Nuno Limão, professor associado no Departamento de Economia da Universidade de Maryland, conseguiu identificar um indicador que leva uma designação técnica complexa - elasticidade do comércio em relação aos custos de transporte. O artigo científico, que escreveu com Anthony J. Venables, da London School of Economics, apurou que sempre que os custos de transportes aumentam de uma unidade o efeito negativo no comércio é multiplicado por três.
Esta relação foi, recentemente, tirada da prateleira pelo economista Paul Krugman que na sua coluna no ‘The New York Times’ usou a elasticidade encontrada por Limão para apurar a quebra potencial no comércio internacional “se os preços do petróleo se mantiverem aos níveis actuais (na altura, nos 130 dólares) por muito tempo”. Segundo Krugman, a quebra seria de 17% em relação ao ano 2000.
O economista mediático socorreu-se, também, de um estudo da consultora canadiana CIBC que referia que, fruto do disparo do preço do crude desde 2000, os fretes entre a China e os Estados Unidos quase triplicaram. Se os preços estabilizarem nos 150 dólares por barril no futuro, o frete pode ainda aumentar mais 40% em relação aos preços actuais. O que isso significará, com base na elasticidade apurada por Nuno Limão, é que o comércio internacional poderá emagrecer ainda mais 6% em relação ao nível actual.
China na berlinda
Nuno Limão, que nasceu no ano da Revolução do 25 de Abril, sublinha-nos que o «outsourcing» de produtos e bens físicos será o sector que mais vai sofrer. “O caso mais importante será, talvez, o da China, já que se tornou na fábrica do mundo. Dados mais recentes, revelam inclusive que já se nota um abrandamento das exportações chinesas de bens mais sensíveis aos custos de transporte para os Estados Unidos”. O investigador português antevê, por isso, que o «nearshoring», ou seja a deslocalização para regiões próximas dos clientes possa ganhar força. O que poderá acontecer com as ‘traseiras’ dos Estados Unidos (oportunidade, de novo, para o México) e com os países de mão-de-obra mais barata dentro da União Europeia e que a circundam.
Limão, apreciando o que já ocorreu com o falhanço da última sessão da Ronda de Doha, arrisca que outra consequência poderá ser o crescimento do regionalismo. “Esta regionalização do comércio internacional pode ter alguns efeitos negativos, mas é bastante difícil, senão mesmo impossível, calcular um efeito preciso”, conclui este académico, que desde os 16 anos estuda fora.
Ainda adolescente ganhou uma bolsa para estudar no United World College, nos Estados Unidos, depois tirou a licenciatura na London School of Economics, e em 1996 regressou ao outro lado do Atlântico doutorando-se em economia na Universidade de Columbia.
in Expresso, Jorge Nascimento Rodrigues
A globalização também prega partidas. O que deu, ontem, com uma mão, pode amanhã tirar com a outra. O terceiro choque petrolífero em curso está a alterar os padrões do comércio internacional. E, por mais paradoxal que pareça, as principais vítimas desta mudança poderão ser as ‘fábricas do mundo’, os campeões do «outsourcing» de produtos e bens físicos, com a China à cabeça.
A avaliação desta alteração estrutural é possível graças a um estudo de Dezembro de 2000 de um economista português radicado nos Estados Unidos. Nuno Limão, professor associado no Departamento de Economia da Universidade de Maryland, conseguiu identificar um indicador que leva uma designação técnica complexa - elasticidade do comércio em relação aos custos de transporte. O artigo científico, que escreveu com Anthony J. Venables, da London School of Economics, apurou que sempre que os custos de transportes aumentam de uma unidade o efeito negativo no comércio é multiplicado por três.
Esta relação foi, recentemente, tirada da prateleira pelo economista Paul Krugman que na sua coluna no ‘The New York Times’ usou a elasticidade encontrada por Limão para apurar a quebra potencial no comércio internacional “se os preços do petróleo se mantiverem aos níveis actuais (na altura, nos 130 dólares) por muito tempo”. Segundo Krugman, a quebra seria de 17% em relação ao ano 2000.
O economista mediático socorreu-se, também, de um estudo da consultora canadiana CIBC que referia que, fruto do disparo do preço do crude desde 2000, os fretes entre a China e os Estados Unidos quase triplicaram. Se os preços estabilizarem nos 150 dólares por barril no futuro, o frete pode ainda aumentar mais 40% em relação aos preços actuais. O que isso significará, com base na elasticidade apurada por Nuno Limão, é que o comércio internacional poderá emagrecer ainda mais 6% em relação ao nível actual.
China na berlinda
Nuno Limão, que nasceu no ano da Revolução do 25 de Abril, sublinha-nos que o «outsourcing» de produtos e bens físicos será o sector que mais vai sofrer. “O caso mais importante será, talvez, o da China, já que se tornou na fábrica do mundo. Dados mais recentes, revelam inclusive que já se nota um abrandamento das exportações chinesas de bens mais sensíveis aos custos de transporte para os Estados Unidos”. O investigador português antevê, por isso, que o «nearshoring», ou seja a deslocalização para regiões próximas dos clientes possa ganhar força. O que poderá acontecer com as ‘traseiras’ dos Estados Unidos (oportunidade, de novo, para o México) e com os países de mão-de-obra mais barata dentro da União Europeia e que a circundam.
Limão, apreciando o que já ocorreu com o falhanço da última sessão da Ronda de Doha, arrisca que outra consequência poderá ser o crescimento do regionalismo. “Esta regionalização do comércio internacional pode ter alguns efeitos negativos, mas é bastante difícil, senão mesmo impossível, calcular um efeito preciso”, conclui este académico, que desde os 16 anos estuda fora.
Ainda adolescente ganhou uma bolsa para estudar no United World College, nos Estados Unidos, depois tirou a licenciatura na London School of Economics, e em 1996 regressou ao outro lado do Atlântico doutorando-se em economia na Universidade de Columbia.
in Expresso, Jorge Nascimento Rodrigues
Portugal como destino de nearshoring
Mon, Aug 4 2008 07:11
| Desenvolvimento Regional, Empregabilidade, Globalização, Inovação, Sustentabilidade
| Permalink
Portugal está numa fase decisiva do seu percurso como nação competitiva, viável economicamente e com perspectivas de qualidade de vida para os seus cidadãos. Está mais do que visto que o modelo económico baseado no baixo valor acrescentado está esgotado, bem como a actividade rentista tradicional. As elites económicas e empresariais nacionais necessitam de uma forte renovação, que inpute massa crítica que entenda e posicione o país na nova configuração da economia global.
Mais não será dizer que é preciso uma aposta séria no desenvolvimento e reforço do capital intelectual português que mude estruturalmente o padrão de especialização da nossa economia. Um reforço que não passa por alocar só mais dinheiro na educação ou dar computadores. É preciso agir mais na zona entre o final da cadeia de valor do ensino e o início da do mercado de trabalho.
Um dos desafios nessa «buffer zone» está em conseguir que Portugal seja um destino atractivo para o nearshoring, ou seja, a deslocalização de actividades de médio-alto valor acrescentado de economias mais desenvolvidas (I&D, desenvolvimento de software, call-centers, design, etc).
Para que tal aconteça, é preciso que:
1 - o Ministério da Economia simplifique a burocracia dos licenciamentos e na atribuição de incentivos financeiros atribuídos aos investimentos estrangeiros.
2 - criar parques de nearshoring junto das universidades e dos parques de ciência e tecnologia, para facilitar o acesso à massa crítica e gerar laços efectivos de entre as cadeias de valor do sistema de ensino e empresarial
3 - promover Portugal como destino competitivo de nearshoring, ao ponto deste conceito se confundir com o próprio país
4 - «se não consegues vencê-los, junta-te a eles»: constituir parcerias com a Irlanda e a Índia, oferecendo Portugal como mecanismo de entrada para mercados estratégicos da América do Sul, África e Europa (vide este artigo de JNR na Janela na Web)
in Capital Intelectual, Ruben Eiras
Mais não será dizer que é preciso uma aposta séria no desenvolvimento e reforço do capital intelectual português que mude estruturalmente o padrão de especialização da nossa economia. Um reforço que não passa por alocar só mais dinheiro na educação ou dar computadores. É preciso agir mais na zona entre o final da cadeia de valor do ensino e o início da do mercado de trabalho.
Um dos desafios nessa «buffer zone» está em conseguir que Portugal seja um destino atractivo para o nearshoring, ou seja, a deslocalização de actividades de médio-alto valor acrescentado de economias mais desenvolvidas (I&D, desenvolvimento de software, call-centers, design, etc).
Para que tal aconteça, é preciso que:
1 - o Ministério da Economia simplifique a burocracia dos licenciamentos e na atribuição de incentivos financeiros atribuídos aos investimentos estrangeiros.
2 - criar parques de nearshoring junto das universidades e dos parques de ciência e tecnologia, para facilitar o acesso à massa crítica e gerar laços efectivos de entre as cadeias de valor do sistema de ensino e empresarial
3 - promover Portugal como destino competitivo de nearshoring, ao ponto deste conceito se confundir com o próprio país
4 - «se não consegues vencê-los, junta-te a eles»: constituir parcerias com a Irlanda e a Índia, oferecendo Portugal como mecanismo de entrada para mercados estratégicos da América do Sul, África e Europa (vide este artigo de JNR na Janela na Web)
in Capital Intelectual, Ruben Eiras
Visão Periférica e Strategic Early Warning
Thu, Jul 10 2008 11:41
| Globalização, Inovação
| Permalink
Quantos gestores e empresários ouviram até hoje a palavra “surpreendentemente” ou a expressão “fomos apanhados de surpresa”, referindo-se à performance da sua organização?
Aceitando que o factor surpresa não se pode eliminar, podemos no entanto, evitá-lo criando e mantendo um sistema de strategic early warning (SEW).
E, em que consiste um SEW?
Trata-se de um sistema de visão periférica que coloca a organização a olhar para todos os ângulos e não apenas para o seu mercado tradicional e stakeholders.
Tradicionalmente, uma organização monitorizava a sua indústria, o seu mercado e os seus stakeholders. Hoje, numa era de mudanças rápidas e de partilha instantânea de conhecimento, isso tornou-se insuficiente para garantir o sucesso e a sobrevivência das organizações. Hoje, mais do que nunca se impõe o que chamamos: Visão Periférica.
Vejamos o caso concreto de uma empresa que tem bons indicadores económicos, os resultados estão óptimos, os clientes satisfeitos, mantém um controlo de gestão eficaz e com ferramentas de análise de indústria avançadas. Perfeito. Está no bom caminho, diríamos. Pode continuar assim.
Mas é este cenário que, historicamente tem colocado as maiores empresas do mundo em dificuldades quando, “surpreendentemente”, surgem novas e alternativas formas de fazer. E que não vêm dos concorrentes óbvios, porque esses estão a ser monitorizados. Vêm habitualmente de players novos que aparecem no mercado com novos paradigmas.
Os sinais habitualmente estão lá mas são negligenciados por vários motivos ou, pura e simplesmente ignorados.
Ben Gilad (professor de estratégia e competitive intelligence) aponta as “Convicções dos Gestores” como um dos factores de insucesso devido à não interpretação de sinais precoces do mercado. Porquê? Porque os gestores de topo chegam ao topo precisamente pelos seus êxitos e pelos sucessos alcançados. Logo, existem nas suas mentes determinadas premissas para o sucesso.
Perante uma situação nova, a tendência é para aplicar conhecimentos e prática anteriores. E, na maioria dos casos em que existe dissonância de mercado, é necessário olhar para os sinais do mercado sem preconceitos, dogmas ou ideias preconcebidas. Precisamente porque se tratam de novos paradigmas.
Só com um olhar aberto se conseguem cartografar os perigos actuais, os perigos eminentes e as oportunidades que advêm do perigo.
Falamos muito na gestão do risco mas gerimos de facto o risco estratégico?
Olhemos para as áreas funcionais das empresas: área operacional, área financeira e área de marketing e/ou comunicação. Focamos a gestão do risco aí, ou seja, analisamos o risco das operações, analisamos o risco financeiro e analisamos o risco de imagem ou reputação. E podemos dizer que a maioria das organizações estão preparadas para enfrentar contrariedades nestas áreas.
E o risco estratégico? Quantas dessas organizações gerem de facto o risco estratégico? Quem, nos organogramas é responsável por essa gestão do risco?
E, quando falamos de risco estratégico falamos de risco de vida transversal a todas as áreas da empresa, falamos de um risco que envolve a interacção da empresa com o mercado actual e potencial em que actua assim como toda a envolvente directa e indirecta.
Muitas vezes uma empresa que segue o seu caminho de forma segura e estável vem a verificar mais tarde que estava em dissonância de mercado sem se aperceber, ou seja, não se adaptou às alterações que se perfilaram lentamente no seu mercado.
É esta a empresa que acabará dizendo que foi surpreendida por uma nova tecnologia, por um novo operador de mercado, pela redução das margens, etc.
Um sistema de visão periférica bem implementado evita muitas destas surpresas. Não se pode dizer que evite os maus resultados ou o colapso de empresas, mas evita certamente a surpresa. E, o que se faz com a identificação dos sinais precoces será certamente diferente do que se fará com base no desconhecimento.
Uma empresa com visão periférica olha para todos os cantos de si mesma, para os concorrentes e para o mercado como um todo. Esta vigilância permanente dará os alertas necessários a tempo de mudar o que houver a mudar. E isso faz toda a diferença.
É baseado nesta premissa que as grandes organizações de todo o mundo, criaram os seus próprio sistemas de SEW que, funcionando de forma transversal a todas as áreas funcionais da organização, são o radar e suporte da definição de estratégias e tácticas de sucesso.
in Machete, Fátima Rebelo
Novo Portugal: um DESÍGNIO de Conhecimento
Mon, Jun 2 2008 10:08
| Educação e Conhecimento, Globalização, Inovação
| Permalink
Portugal, Pólo Global e Criativo do Conhecimento
Em 2028 Portugal deverá ter atingido o 20º lugar entre os países mais desenvolvidos. Sermos um pólo Global implica estarmos abertos ao mundo, fixar mais riqueza, mais pessoas qualificadas e usar as redes globais em nosso proveito. Sermos um pólo de Conhecimento Criativo (CC) implica romper com um modelo de ensino assente na repetição e assumir um modelo de ensino assente na Paixão Criativa. Conhecimento Criativo (CC) é sinónimo de inovação, colaboração e partilha.
Do Conhecimento à Acção
A Importância da Literacia, Ensino Secundário e I&D
Em 2008 Portugal está em 29º lugar entre as sociedades mais desenvolvidas do planeta. Para atingir o 20º lugar entre os países mais desenvolvidos, Portugal terá de alcançar uma taxa de literacia e de escolaridade secundária de 98% e aumentar para 2,5% o PIB destinado à I&D.
A criação de hábitos de trabalho em rede, adoptando modelos colaborativos de criatividade e inovação.
O actual modelo económico do conhecimento baseia-se na interacção entre governo, associações empresariais e sindicatos, muitas vezes a trabalhar isoladamente. Importa incluir no modelo económico do conhecimento também as universidades, as start-ups e as grandes empresas, bem como organizações de inovação social, num esquema de funcionamento assente em redes colaborativas. Dessa interacção obter-se-á uma diminuição dos bloqueios à acção e maior capacidade de colaboração, de análise prospectiva, de inovar políticas e incentivos.
As parcerias para atingir focos de competitividade.
A excessiva concentração de I&D na esfera pública aconselha ao desenvolvimento de parcerias público-privadas, potenciando o desenvolvimento de redes, clusters, pólos de competitividade, ecossistemas e estratégias empresariais da ciência, ensino e tecnologia. O aumento para 2,5% do PIB para I&D deve querer dizer mais capacidade de investimento financeiro do sector privado e maior racionalização financeira do sector público.
Divulgar em Portugal o conhecimento feito em Portugal.
O conhecimento só é produtivo se for alvo de uso. Deve-se institucionalizar o benchmarking na área do conhecimento científico, tecnológico e da inovação, que permita difundir o muito conhecimento já produzido em Portugal. Só dessa forma se estimula a apropriação do conhecimento pelos agentes económicos privados e se obtém capacidade de alavancagem de mercados pelo sector público.
As Necessárias Redes entre a Universidade, a Banca e a Empresa.
Fazer das boas ideias negócios bem sucedidos, incentivando o capital de risco, onde licenciados têm espaço para instalar start-ups em universidades e serem financiados pela banca. A promoção de um modelo de colaboração onde a universidade fornece espaço e apoio administrativo em troca de 1/5 do capital social da empresa. Os inovadores ficam com 3/5 do capital e o banco apoiante 1/5. Necessitam-se em Portugal redes UBE (Universidade-Banca-Empresas) efectivas e funcionais.
Porque é preciso partilhar e divulgar conhecimento.
A mera protecção de conhecimento através de patentes e propriedade industrial, apesar de ainda poder ser aperfeiçoada, já não é suficiente. É necessário estimular a disseminação de conhecimento base, a partir do qual se possam construir novas realidades. Da mesma forma, cada instituição deve perceber os ganhos potenciais com a existência de mecanismos internos que estimulem o aparecimento de novas ideias. Os modelos de inovação disruptiva e incremental em conjugação com o Open Source aconselham hoje a uma gestão da abertura do conhecimento como fonte de geração de riqueza em todas as sociedades líderes.
Aprender a aprender. Criar experimentando e errando.
Mais do que reproduzir conhecimento já existente, importa premiar insights, ideias novas, sinergias criativas, boas práticas e processos criativos. Para isso é necessário dar novas perspectivas ao sistema de ensino, que deve ser um espaço aberto à discussão e ao desenvolvimento do raciocínio próprio. A leitura, as artes e as ciências são instrumentos para estimular a análise e a criatividade, factores fundamentais para a inovação e para um modelo de ensino assente no conhecimento criativo (CC).
Porque as tecnologias de informação são básicas.
No quadro do ensino das tecnologias de informação, é fundamental ir além do ensino instrumental do uso e atingir um ensino que promova a criação digital (design e construção), a capacidade de criar redes e a programação básica em computador. Tal como o ensino de inglês, a programação básica e as lógicas de pesquisa e validação da informação devem integrar os objectivos do ensino básico.
in Novo Portugal
Em 2028 Portugal deverá ter atingido o 20º lugar entre os países mais desenvolvidos. Sermos um pólo Global implica estarmos abertos ao mundo, fixar mais riqueza, mais pessoas qualificadas e usar as redes globais em nosso proveito. Sermos um pólo de Conhecimento Criativo (CC) implica romper com um modelo de ensino assente na repetição e assumir um modelo de ensino assente na Paixão Criativa. Conhecimento Criativo (CC) é sinónimo de inovação, colaboração e partilha.
Do Conhecimento à Acção
A Importância da Literacia, Ensino Secundário e I&D
Em 2008 Portugal está em 29º lugar entre as sociedades mais desenvolvidas do planeta. Para atingir o 20º lugar entre os países mais desenvolvidos, Portugal terá de alcançar uma taxa de literacia e de escolaridade secundária de 98% e aumentar para 2,5% o PIB destinado à I&D.
A criação de hábitos de trabalho em rede, adoptando modelos colaborativos de criatividade e inovação.
O actual modelo económico do conhecimento baseia-se na interacção entre governo, associações empresariais e sindicatos, muitas vezes a trabalhar isoladamente. Importa incluir no modelo económico do conhecimento também as universidades, as start-ups e as grandes empresas, bem como organizações de inovação social, num esquema de funcionamento assente em redes colaborativas. Dessa interacção obter-se-á uma diminuição dos bloqueios à acção e maior capacidade de colaboração, de análise prospectiva, de inovar políticas e incentivos.
As parcerias para atingir focos de competitividade.
A excessiva concentração de I&D na esfera pública aconselha ao desenvolvimento de parcerias público-privadas, potenciando o desenvolvimento de redes, clusters, pólos de competitividade, ecossistemas e estratégias empresariais da ciência, ensino e tecnologia. O aumento para 2,5% do PIB para I&D deve querer dizer mais capacidade de investimento financeiro do sector privado e maior racionalização financeira do sector público.
Divulgar em Portugal o conhecimento feito em Portugal.
O conhecimento só é produtivo se for alvo de uso. Deve-se institucionalizar o benchmarking na área do conhecimento científico, tecnológico e da inovação, que permita difundir o muito conhecimento já produzido em Portugal. Só dessa forma se estimula a apropriação do conhecimento pelos agentes económicos privados e se obtém capacidade de alavancagem de mercados pelo sector público.
As Necessárias Redes entre a Universidade, a Banca e a Empresa.
Fazer das boas ideias negócios bem sucedidos, incentivando o capital de risco, onde licenciados têm espaço para instalar start-ups em universidades e serem financiados pela banca. A promoção de um modelo de colaboração onde a universidade fornece espaço e apoio administrativo em troca de 1/5 do capital social da empresa. Os inovadores ficam com 3/5 do capital e o banco apoiante 1/5. Necessitam-se em Portugal redes UBE (Universidade-Banca-Empresas) efectivas e funcionais.
Porque é preciso partilhar e divulgar conhecimento.
A mera protecção de conhecimento através de patentes e propriedade industrial, apesar de ainda poder ser aperfeiçoada, já não é suficiente. É necessário estimular a disseminação de conhecimento base, a partir do qual se possam construir novas realidades. Da mesma forma, cada instituição deve perceber os ganhos potenciais com a existência de mecanismos internos que estimulem o aparecimento de novas ideias. Os modelos de inovação disruptiva e incremental em conjugação com o Open Source aconselham hoje a uma gestão da abertura do conhecimento como fonte de geração de riqueza em todas as sociedades líderes.
Aprender a aprender. Criar experimentando e errando.
Mais do que reproduzir conhecimento já existente, importa premiar insights, ideias novas, sinergias criativas, boas práticas e processos criativos. Para isso é necessário dar novas perspectivas ao sistema de ensino, que deve ser um espaço aberto à discussão e ao desenvolvimento do raciocínio próprio. A leitura, as artes e as ciências são instrumentos para estimular a análise e a criatividade, factores fundamentais para a inovação e para um modelo de ensino assente no conhecimento criativo (CC).
Porque as tecnologias de informação são básicas.
No quadro do ensino das tecnologias de informação, é fundamental ir além do ensino instrumental do uso e atingir um ensino que promova a criação digital (design e construção), a capacidade de criar redes e a programação básica em computador. Tal como o ensino de inglês, a programação básica e as lógicas de pesquisa e validação da informação devem integrar os objectivos do ensino básico.
in Novo Portugal
Quem Paga a Festa?
Wed, Mar 26 2008 12:10
| Actualidade, Globalização
| Permalink
O espertalhão Warren Buffett que, sendo o homem mais rico do mundo, sabe bem o que é uma paródia despediu-se dos mercados anunciando o que já toda a gente sabia: “A festa acabou”. Acabou? Perguntarão muitos para quem ela nem sequer tinha começado. Ingénuos. Serão eles e não o senhor Buffett que a vão pagar.
Outro que sabe de festas é Alan Greenspan. Reformado do Banco Central americano dedica-se agora a atormentar os outros. Veterano na gestão de crises afirmou há dias que a actual pode ser a pior desde a II Guerra Mundial. Será que o mago descobriu na bola de cristal aquilo que meio mundo político e académico anda à procura? Bom, é que se for verdade a festança vai ficar-nos pelos olhos da cara.
A comparação é inevitável, embora o senhor Greenspan cautelosamente a tenha evitado. Sem o mencionar, estava a referir-se à ‘grande depressão’ iniciada em Outubro de 1929, o primeiro “acontecimento verdadeiramente mundial”, segundo o historiador JMRoberts. Numa perspectiva económica foi a maior tragédia do século passado e sabemos quanto custou.
Sem ser exaustivo, para não assustar, custou 30 milhões de desempregados e uma quebra de rendimento nacional só nos Estados Unidos de 39%. Demorou sete anos a controlar e atingiu o pico três anos depois do seu início, em 1932. Dez anos depois, em 1939, o comércio internacional ainda era 50% inferior ao existente no início da crise. Foi nesse ano que Adolf Hitler decidiu dar cabo do resto.
É disto que o senhor Greenspan está a falar? Ninguém sabe, a começar por ele. E esse é um dos problemas da crise financeira revelada em Agosto do ano passado. Todos os dias aparecem novos cálculos sobre as perdas originadas no chamado «sub prime». Nos Estados Unidos variam entre 750 mil milhões de dólares e um montante três a quatro vezes superior. É um rombo de dimensão histórica nos activos das famílias americanas, que serão as primeiras vítimas.
Somemos a isto a falência de dois bancos, dificuldades graves em muitos outros, permanentes injecções de liquidez para evitar o colapso, 19 mil despedimentos já anunciados em apenas duas instituições financeiras, recessão nos Estados Unidos e inflação em alta nos dois lados do Atlântico. Uma mistura explosiva que torna ainda mais incerto determinar a gravidade da crise e a respectiva duração.
Há uma garantia. Será uma grande e dolorosa ressaca de um festim que misturou dinheiro à descrição, crédito fácil, ausência de controlo de risco e de supervisão. Outra. Vai afectar-nos mais a nós, que não temos nada a ver com o «sub prime», do que ao senhor Buffett.
in EXPRESSO, Luís Marques
Outro que sabe de festas é Alan Greenspan. Reformado do Banco Central americano dedica-se agora a atormentar os outros. Veterano na gestão de crises afirmou há dias que a actual pode ser a pior desde a II Guerra Mundial. Será que o mago descobriu na bola de cristal aquilo que meio mundo político e académico anda à procura? Bom, é que se for verdade a festança vai ficar-nos pelos olhos da cara.
A comparação é inevitável, embora o senhor Greenspan cautelosamente a tenha evitado. Sem o mencionar, estava a referir-se à ‘grande depressão’ iniciada em Outubro de 1929, o primeiro “acontecimento verdadeiramente mundial”, segundo o historiador JMRoberts. Numa perspectiva económica foi a maior tragédia do século passado e sabemos quanto custou.
Sem ser exaustivo, para não assustar, custou 30 milhões de desempregados e uma quebra de rendimento nacional só nos Estados Unidos de 39%. Demorou sete anos a controlar e atingiu o pico três anos depois do seu início, em 1932. Dez anos depois, em 1939, o comércio internacional ainda era 50% inferior ao existente no início da crise. Foi nesse ano que Adolf Hitler decidiu dar cabo do resto.
É disto que o senhor Greenspan está a falar? Ninguém sabe, a começar por ele. E esse é um dos problemas da crise financeira revelada em Agosto do ano passado. Todos os dias aparecem novos cálculos sobre as perdas originadas no chamado «sub prime». Nos Estados Unidos variam entre 750 mil milhões de dólares e um montante três a quatro vezes superior. É um rombo de dimensão histórica nos activos das famílias americanas, que serão as primeiras vítimas.
Somemos a isto a falência de dois bancos, dificuldades graves em muitos outros, permanentes injecções de liquidez para evitar o colapso, 19 mil despedimentos já anunciados em apenas duas instituições financeiras, recessão nos Estados Unidos e inflação em alta nos dois lados do Atlântico. Uma mistura explosiva que torna ainda mais incerto determinar a gravidade da crise e a respectiva duração.
Há uma garantia. Será uma grande e dolorosa ressaca de um festim que misturou dinheiro à descrição, crédito fácil, ausência de controlo de risco e de supervisão. Outra. Vai afectar-nos mais a nós, que não temos nada a ver com o «sub prime», do que ao senhor Buffett.
in EXPRESSO, Luís Marques
Fujitsu cria 300 empregos qualificados
Thu, Mar 13 2008 07:26
| Empregabilidade, Globalização, Ordenamento ou falta dele
| Permalink
Empresa japonesa expande em 2008 centro de atendimento de Lisboa que dá suporte a 106 países e 13 línguas
A Fujitsu Services vai investir 10 milhões de euros em 2008 na ampliação do Centro de Competências de Service Desk de Lisboa que vai passar dos actuais 200 para 500 colaboradores. A parte de leão deste investimento (80%) será canalizado para melhoria de recursos humanos, incluindo salários, formação, recrutamento e gestão, sendo o restante aplicado na adaptação das actuais instalações do Green Park em Lisboa.
Em cada um dos anos subsequentes a empresa projecta investir mais 4,2 milhões de euros na formação contínua e desenvolvimento de competências específicas. “Vamos criar valor e formar quadros de elevada qualificação tecnológica”, considera Andrew MacNaughton, director-geral da Fujitsu Services para a EMEA (Europa, Médio Oriente e África).
O centro da Fujitsu em Lisboa presta serviços de suporte nas áreas de aplicações e infra-estruturas de tecnologias de informação a cerca de 40 mil utilizadores (em 13 línguas de 106 países), de grandes empresas como a Reuters ou a BP. Para assegurar uma cobertura 24 horas por 7 dias da semana, funcionará em articulação com centros Fujitsu da Malásia e dos EUA. “As equipas são polivalentes e de diversas nacionalidades, devendo a equipa portuguesa representar cerca de 80%”, refere Andrew MacNaughton, director-geral da Fujitsu Services para a EMEA (Europa, Médio Oriente e África), adiantando que têm sido recrutados muitos emigrantes portugueses de segunda geração que têm a vantagem de ser fluentes na língua do país de acolhimento. “O domínio da língua é fundamental de forma a conseguirem uma compreensão e resolução rápida dos problemas dos utilizadores”, salienta o dirigente da Fujitsu Services.
Além da apetência dos portugueses para falar diversos idiomas, a escolha do nosso país para instalar este centro «nearshore» (deslocalização para perto, por oposição ao «offshore», para a Índia ou China) deve-se, segundo Andrew MacNaughton, ao custo mais reduzido da mão-de-obra portuguesa e à sua capacidade em “ integrar rapidamente equipas de trabalho”. E também destaca a “proximidade geográfica com os grandes centros de decisão europeus” e o “forte alinhamento cultural”. Até agora, os centros de suporte da Fujitsu situavam-se na Holanda, sendo a estratégia da empresa apostar em Portugal e na Irlanda do Norte, por ser o local escolhido para a prestação de serviços à Administração Pública do Reino Unido (a qual não vê com bons olhos a deslocalização de serviços públicos para países terceiros). Entretanto, a empresa estuda uma terceira localização no Leste europeu.
Andrew MacNaughton refere, por outro lado, que o «nearshore» está a recuperar terreno ao «offshore». “Alguns centros de «helpdesk» que tinham sido deslocalizados para a Índia estão a voltar para a Europa pelo facto de os indianos, apesar de serem fluentes em língua inglesa, terem um sotaque que muitas vezes não é entendido pelos britânicos”.
Por outro lado, Andrew MacNaughton mostra-se agradado com o desempenho comercial da subsidiária portuguesa da Fujitsu Services, que tem ganho importantes contratos na área do retalho e da Administração Pública. Embora manifeste preferência pelo crescimento orgânico, não descarta a possibilidade de acelerar a expansão em Portugal através de alguma aquisição táctica, a exemplo do que aconteceu recentemente na Alemanha com a aquisição da TDS e em França com a compra da GFI. “Temos tido um crescimento médio nos últimos três anos de 17%, sendo 12% orgânicos e os restantes 5% por aquisições”, refere.
Sobre as tendências actuais do mercado, o director-geral da Fujitsu EMEA observa que o crescimento do BPO (Business Process Outsourcing, ou externalização de processos de negócio) na Europa está aquém das expectativas dos analistas. “É no «outsourcing» de tecnologias de informação que observo mais oportunidades”, observa, considerando que em Portugal o mercado vai expandir-se no sector bancário como resultado de eventuais consolidações e também na área da saúde.
in Expresso, João Ramos
APOSTAR NAS PESSOAS
80%
dos 10 milhões que a Fujitsu Services vai investir em Portugal em 2008 serão gastos nos recursos humanos, nomeadamente na qualificação e valorização das competências dos 500 colaboradores
A Fujitsu Services vai investir 10 milhões de euros em 2008 na ampliação do Centro de Competências de Service Desk de Lisboa que vai passar dos actuais 200 para 500 colaboradores. A parte de leão deste investimento (80%) será canalizado para melhoria de recursos humanos, incluindo salários, formação, recrutamento e gestão, sendo o restante aplicado na adaptação das actuais instalações do Green Park em Lisboa.
Em cada um dos anos subsequentes a empresa projecta investir mais 4,2 milhões de euros na formação contínua e desenvolvimento de competências específicas. “Vamos criar valor e formar quadros de elevada qualificação tecnológica”, considera Andrew MacNaughton, director-geral da Fujitsu Services para a EMEA (Europa, Médio Oriente e África).
O centro da Fujitsu em Lisboa presta serviços de suporte nas áreas de aplicações e infra-estruturas de tecnologias de informação a cerca de 40 mil utilizadores (em 13 línguas de 106 países), de grandes empresas como a Reuters ou a BP. Para assegurar uma cobertura 24 horas por 7 dias da semana, funcionará em articulação com centros Fujitsu da Malásia e dos EUA. “As equipas são polivalentes e de diversas nacionalidades, devendo a equipa portuguesa representar cerca de 80%”, refere Andrew MacNaughton, director-geral da Fujitsu Services para a EMEA (Europa, Médio Oriente e África), adiantando que têm sido recrutados muitos emigrantes portugueses de segunda geração que têm a vantagem de ser fluentes na língua do país de acolhimento. “O domínio da língua é fundamental de forma a conseguirem uma compreensão e resolução rápida dos problemas dos utilizadores”, salienta o dirigente da Fujitsu Services.
Além da apetência dos portugueses para falar diversos idiomas, a escolha do nosso país para instalar este centro «nearshore» (deslocalização para perto, por oposição ao «offshore», para a Índia ou China) deve-se, segundo Andrew MacNaughton, ao custo mais reduzido da mão-de-obra portuguesa e à sua capacidade em “ integrar rapidamente equipas de trabalho”. E também destaca a “proximidade geográfica com os grandes centros de decisão europeus” e o “forte alinhamento cultural”. Até agora, os centros de suporte da Fujitsu situavam-se na Holanda, sendo a estratégia da empresa apostar em Portugal e na Irlanda do Norte, por ser o local escolhido para a prestação de serviços à Administração Pública do Reino Unido (a qual não vê com bons olhos a deslocalização de serviços públicos para países terceiros). Entretanto, a empresa estuda uma terceira localização no Leste europeu.
Andrew MacNaughton refere, por outro lado, que o «nearshore» está a recuperar terreno ao «offshore». “Alguns centros de «helpdesk» que tinham sido deslocalizados para a Índia estão a voltar para a Europa pelo facto de os indianos, apesar de serem fluentes em língua inglesa, terem um sotaque que muitas vezes não é entendido pelos britânicos”.
Por outro lado, Andrew MacNaughton mostra-se agradado com o desempenho comercial da subsidiária portuguesa da Fujitsu Services, que tem ganho importantes contratos na área do retalho e da Administração Pública. Embora manifeste preferência pelo crescimento orgânico, não descarta a possibilidade de acelerar a expansão em Portugal através de alguma aquisição táctica, a exemplo do que aconteceu recentemente na Alemanha com a aquisição da TDS e em França com a compra da GFI. “Temos tido um crescimento médio nos últimos três anos de 17%, sendo 12% orgânicos e os restantes 5% por aquisições”, refere.
Sobre as tendências actuais do mercado, o director-geral da Fujitsu EMEA observa que o crescimento do BPO (Business Process Outsourcing, ou externalização de processos de negócio) na Europa está aquém das expectativas dos analistas. “É no «outsourcing» de tecnologias de informação que observo mais oportunidades”, observa, considerando que em Portugal o mercado vai expandir-se no sector bancário como resultado de eventuais consolidações e também na área da saúde.
in Expresso, João Ramos
APOSTAR NAS PESSOAS
80%
dos 10 milhões que a Fujitsu Services vai investir em Portugal em 2008 serão gastos nos recursos humanos, nomeadamente na qualificação e valorização das competências dos 500 colaboradores
Atocha
Tue, Mar 11 2008 12:25
| Actualidade, Globalização, Solidariedade Social
| Permalink
Chegou a Quarta Vaga
Tue, Mar 4 2008 01:41
| Actualidade, Educação e Conhecimento, Empreendedorismo, Globalização
| Permalink
Alvin e Heidi Toffler dizem que definir o que é ‘ser humano’ vai ser a questão mais polémica
“Saber o que significam as palavras Ser Humano” será o grande desafio que temos pela frente. Esta é a opinião do futurista Alvin Toffler, que esteve esta semana em Lisboa, acompanhado da sua inseparável mulher e companheira intelectual Heidi, a convite da Ordem dos Biólogos para discutir a importância da bioeconomia - uma nova realidade “que faz parte de uma quarta vaga de transformação da sociedade e da economia”.
Conhecido por ser um antecipador de mudanças que vão ocorrer, Toffler é um visionário, que nos anos 70 do século passado já afirmava que o mundo ia ser controlado por computadores quando ninguém falava de «bites» e «bytes». A Toffler se deve, por exemplo, a antecipação do declínio da vida familiar, da aceleração do ritmo de vida, da diversificação de informação, do medo do terrorismo, da procura de micronichos - que substituirão os mercados de massa.
A era da diversidade
Em entrevista ao Expresso, o autor de a ‘A Revolução da Riqueza’ (2006) volta a surpreender. Aos 79 anos, com um invejável espírito aberto e global, fala com muita lucidez não só do presente mas sobretudo sobre o futuro. Um futuro onde “a economia não pode ser separada dos factores sociais, políticos, culturais e religiosos” e que, na sua opinião, será marcado pela grande diversidade de escolhas, de famílias, de produtos. “Caminhamos cada vez mais para uma era marcada pela diversidade”, diz este analista que considera que “existe uma série de assuntos intermédios que vão estar na nossa agenda nas próximas décadas, tais como a energia e o desafio da religião”.
Porém, o grande desafio que vamos ter recairá na nossa escolha sobre o que significam as palavras ‘Ser Humano’. “Temos tecnologias, aplicações e outros factores que vão colocar em causa a nossa definição sobre o que isso é. E eu acredito que vai dar origem a confrontos globais sobre o uso das tecnologias, que podem na verdade mudar as características das nossas espécies. Isso é a maior batalha que vamos atravessar”.
Numa outra escala de inquietude vem ainda a dessincronização das instituições que fará com que o progresso económico esteja a ser comprometido. Segundo os Toffler, “não podemos ter uma revolução tecnológica sem ter uma revolução social e estrutural”. O que está a acontecer, segundo este casal, é que os modelos institucionais que mantinham a sociedade coesa na fase da era industrial estão a cair e os sistemas burocráticos estão a ser postos em causa.
Autor de ‘O Choque do Futuro’ (1970) , diz que ‘A Terceira Vaga’ (1980) é o livro mais importante que escreveu. Considerado por vários organismos ocidentais como “o futurista mais influente do mundo”,
Toffler é também uma referência no mundo asiático. Na China, por exemplo, está na lista dos 50 homens mais influentes. País onde o seu livro ‘O Choque do Futuro’ é a segunda obra mais vendida de sempre, só perdendo para os discursos do político reformador Deng Xiaoping.
Para terminar, o visionário fala da importância de entendermos as actuais crises (da educação à saúde) de forma interligada e deixa uma crítica aos candidatos à Casa Branca: “Nenhum diz que as crises estão interligadas”, mas confessa que votará em Barak Obama.
Mafalda Avelar
"
Os chineses têm uma política clara e correcta. Entendem a diferença entre a segunda vaga da economia industrial e a terceira vaga da economia do conhecimento e estão a ser capazes de ter as duas ao mesmo tempo.
O grande desafio é saber res- ponder à questão: Quem é que é humano e quem é que não pode ser definido como huma- no por causa da tecnologia e das mudanças genéticas.
O que acontece é que temos empresas que correm e insti- tuições que andam muito devagar e que estão a deitar abaixo a produtividade da economia.
Em termos de educação é esperado que as escolas preparem os jovens para vidas produtivas; mas enquanto os negócios mudam muito rapidamente as escolas mudam muito muito devagar.
O que se está a passar com as novas tecnologias é que o conceito de sociedade de massas está a ficar desactualizado. Na verdade, as pessoas estão a ficar cada vez mais diferentes.
in Expresso
“Saber o que significam as palavras Ser Humano” será o grande desafio que temos pela frente. Esta é a opinião do futurista Alvin Toffler, que esteve esta semana em Lisboa, acompanhado da sua inseparável mulher e companheira intelectual Heidi, a convite da Ordem dos Biólogos para discutir a importância da bioeconomia - uma nova realidade “que faz parte de uma quarta vaga de transformação da sociedade e da economia”.
Conhecido por ser um antecipador de mudanças que vão ocorrer, Toffler é um visionário, que nos anos 70 do século passado já afirmava que o mundo ia ser controlado por computadores quando ninguém falava de «bites» e «bytes». A Toffler se deve, por exemplo, a antecipação do declínio da vida familiar, da aceleração do ritmo de vida, da diversificação de informação, do medo do terrorismo, da procura de micronichos - que substituirão os mercados de massa.
A era da diversidade
Em entrevista ao Expresso, o autor de a ‘A Revolução da Riqueza’ (2006) volta a surpreender. Aos 79 anos, com um invejável espírito aberto e global, fala com muita lucidez não só do presente mas sobretudo sobre o futuro. Um futuro onde “a economia não pode ser separada dos factores sociais, políticos, culturais e religiosos” e que, na sua opinião, será marcado pela grande diversidade de escolhas, de famílias, de produtos. “Caminhamos cada vez mais para uma era marcada pela diversidade”, diz este analista que considera que “existe uma série de assuntos intermédios que vão estar na nossa agenda nas próximas décadas, tais como a energia e o desafio da religião”.
Porém, o grande desafio que vamos ter recairá na nossa escolha sobre o que significam as palavras ‘Ser Humano’. “Temos tecnologias, aplicações e outros factores que vão colocar em causa a nossa definição sobre o que isso é. E eu acredito que vai dar origem a confrontos globais sobre o uso das tecnologias, que podem na verdade mudar as características das nossas espécies. Isso é a maior batalha que vamos atravessar”.
Numa outra escala de inquietude vem ainda a dessincronização das instituições que fará com que o progresso económico esteja a ser comprometido. Segundo os Toffler, “não podemos ter uma revolução tecnológica sem ter uma revolução social e estrutural”. O que está a acontecer, segundo este casal, é que os modelos institucionais que mantinham a sociedade coesa na fase da era industrial estão a cair e os sistemas burocráticos estão a ser postos em causa.
Autor de ‘O Choque do Futuro’ (1970) , diz que ‘A Terceira Vaga’ (1980) é o livro mais importante que escreveu. Considerado por vários organismos ocidentais como “o futurista mais influente do mundo”,
Toffler é também uma referência no mundo asiático. Na China, por exemplo, está na lista dos 50 homens mais influentes. País onde o seu livro ‘O Choque do Futuro’ é a segunda obra mais vendida de sempre, só perdendo para os discursos do político reformador Deng Xiaoping.
Para terminar, o visionário fala da importância de entendermos as actuais crises (da educação à saúde) de forma interligada e deixa uma crítica aos candidatos à Casa Branca: “Nenhum diz que as crises estão interligadas”, mas confessa que votará em Barak Obama.
Mafalda Avelar
"
Os chineses têm uma política clara e correcta. Entendem a diferença entre a segunda vaga da economia industrial e a terceira vaga da economia do conhecimento e estão a ser capazes de ter as duas ao mesmo tempo.
O grande desafio é saber res- ponder à questão: Quem é que é humano e quem é que não pode ser definido como huma- no por causa da tecnologia e das mudanças genéticas.
O que acontece é que temos empresas que correm e insti- tuições que andam muito devagar e que estão a deitar abaixo a produtividade da economia.
Em termos de educação é esperado que as escolas preparem os jovens para vidas produtivas; mas enquanto os negócios mudam muito rapidamente as escolas mudam muito muito devagar.
O que se está a passar com as novas tecnologias é que o conceito de sociedade de massas está a ficar desactualizado. Na verdade, as pessoas estão a ficar cada vez mais diferentes.
in Expresso
Valores: a cidadania adormecida
Mon, Mar 3 2008 09:43
| Actualidade, Globalização, Sustentabilidade
| Permalink
No próximo fim-de-semana, cem jovens com menos de 45 anos vão debater, a bordo de um barco que subirá o Douro, sete grandes desígnios para Portugal. O Expresso começa hoje a revelar os documentos, que depois serão entregues a Cavaco Silva
No séc. XIX, no apogeu do Império Britânico, era habitual dizer-se que o Parlamento inglês poderia fazer tudo menos transformar um homem numa mulher. Entre nós, só a partir de 1969 a mulher pôde transpor qualquer fronteira sem autorização escrita do marido.
Na década de oitenta, o então primeiro-ministro Francisco Sá Carneiro tinha o estigma de ser divorciado. O que mudou, primeiro lenta e depois cada vez mais rapidamente, para que o que antes era errado e impossível seja hoje apenas normal?
O sentido e percepção do tempo, a evolução técnica, a globalização, a fragmentação do colectivo, a diluição da autoridade e o relativismo axiológico, são algumas das respostas imediatas que, contudo, não preenchem a ausência de sentido ou diminuem o vazio que vai alastrando pela sociedade, transformando de forma cada vez mais profunda os nossos dias.
Confrontamo-nos hoje com percepções, discursos e racionalidades distintas entre si, as quais criam e promovem no mesmo tempo e espaço várias representações, imagens, linguagens, percepções e valores alegadamente não hierarquizáveis. A imposição externa (religiosa, estadual ou colectiva) de valores coerentes e congruentes fragmentou-se, e o colectivo deu lugar ao primado, cada vez mais subjectivo e autónomo, do eu individual todo-poderoso.
Se esses resultados foram positivos, como se demonstra nos exemplos indicados, tiveram também consequências nefastas. Compartilhamos hoje um espaço que aparentemente vive dominado pelo império do lucro económico imediato e desigual. Esta é, também, a primeira era em que a beleza, a verdade e a justiça não existem como entidades aglutinadoras e verticais, mas apenas como algo parcelar, aprendido, formulado e hierarquizado por sistemas próprios de referências e valores, tão distintos e autónomos entre si como cada uma das liberdades do indivíduo.
Mas se cada cidadão é, só por isso, livre de agir e de “conformar o seu mundo”, essa mesma liberdade de acção pressupõe que seja responsável pelos seus actos, perante si próprio, perante os outros e perante a comunidade onde se integra e na qual exerce a sua liberdade, à qual, por tudo isso pertence inelutavelmente. Somos, por isso, nós com e para os outros.
Nesta nova ordem socioeconómica multicêntrica, construída num quadro de conflitualidade próprio das democracias modernas, o desafio está em encontrar um postulado intercultural, com pluralismo ideológico e religioso que possa sedimentar uma co-existência construtiva eticamente fundada.
Um debate sedimentado e pluridisciplinar é a única alternativa para a reflexão que deve preceder o discurso e a acção.
Um dos caminhos será a procura do valor como espaço simbólico fundado num discurso convincente e por isso aglutinador.
Outro, a reformulação e neocontextualização das virtudes cívicas da justiça, temperança, tolerância, harmonia e equidade.
Uma terceira via seria simplesmente substituir esses conceitos pela pura eficácia ou racionalidade económica.
Contudo, a história ensinou-nos, depois de Nuremberga, que a pura racionalidade utilitária pressupõe e exige uma delimitação baseada em critérios fundamentais, inalienáveis, que não se esgotem no imediato e útil, mas que salvaguardando o indivíduo potenciem também a coesão social.
Se tudo já foi dito, tudo foi feito e nada mais resta do que a “perpétua agonia da indecisão individual”, valerá a pena a discussão, o simples gesto de começar o caminho descruzando os braços e levantando os olhos para lá de cada espelho. Talvez sim se, além dos grandes princípios, mas com base neles, procurarmos as simples boas práticas e concretizarmos os pequenos nadas que, juntos entre si, podem transformar muitos quotidianos. Afinal, o mesmo tijolo que hoje eleva os muros que nos vão separando, pode ser removido para abrir algumas janelas, construir pontes e talvez trazer algum equilíbrio à nossa triste e bela cidade, suavemente adormecida.
in Expresso, Paulo Duarte Teixeira, Juiz de Direito e Coordenador do Grupo Valores do ‘Novo Portugal - Opções de uma geração’
Glocal: Projecto que permitiu criar 56 empresas no Vale Douro Norte vai ser exportado para a Polónia e Cabo Verde
Sun, Feb 24 2008 02:06
| Desenvolvimento Local, Empreendedorismo, Globalização
| Permalink
Vila Real, 23 Fev (Lusa) - O projecto Glocal, uma iniciativa que já ajudou a criar 56 pequenas empresas no Vale Douro Norte, vai ser "exportado" para a Polónia e Cabo Verde, disse hoje à Lusa, em Vila Real, a sua coordenadora.
Segundo Cristina Coelho, o projecto é também um dos parceiros do Governo português na recuperação urbanística e reinserção urbana de dois bairros críticos da capital, o da Cova da Moura e o do Vale da Amoreira, que está hoje a ser apresentada em Lisboa.
Quando Cristina Coelho arrancou com o Glocal - Empresas Locais com Orientações Globais, em 2002, estava longe de imaginar o sucesso do seu projecto e a sua internacionalização, que se vai concretizar já este ano.
O reconhecimento europeu da iniciativa chegou em Outubro, com a atribuição do Prémio Europeu para a Iniciativa Empresarial, no âmbito da Presidência Portuguesa da União Europeia.
O Glocal pretende facilitar a criação de pequenas empresas e de novas oportunidades de emprego, disponibilizando um conjunto de serviços e metodologias, desde o Sistema de Microcrédito para o Auto-emprego e Criação de Empresas (SIM) ao "Programa de Mentores Voluntários" e o "Sistema de Apadrinhamento".
A eficácia do projecto, no âmbito do qual foram criadas 56 empresas, entre 2002 e 2007, nos municípios do Vale do Douro Norte, vai levar à sua exportação para alguns países do Leste Europeu, como a Polónia, ou africanos, como Cabo Verde.
"Estamos a fazer planos de acção, a preparar os projectos e a sua adaptação a outras realidades", afirmou Cristina Coelho.
Acrescentou que o produto foi concebido para o Vale do Douro Norte, um território com características fortemente rurais, com uma forte aposta nos produtos endógenos e onde as pessoas se conhecem e confiam umas nas outras.
Na Polónia, que poderá servir de ponto de partida para a disseminação do Glocal por outros países de Leste, o projecto vai começar por ser implementado numa região-piloto.
Numa ilha de Cabo Verde vai ser dado o arranque da iniciativa naquele país africano, onde o Glocal foi recentemente convidado a integrar uma parceria com vista à promoção e apoio ao empreendedorismo.
Em finais de 2007, foi a vez do Governo português convidar a Glocal a integrar um projecto de qualificação e de reinserção urbana dos bairros críticos de Lisboa, que está a avançar com dois bairros-piloto, nomeadamente da Cova da Moura e do Vale da Amoreira.
O Glocal é um dos parceiros de uma comissão interministerial criada para o efeito e está já, segundo Cristina Coelho, a trabalhar num plano de acção direccionado para aqueles bairros.
"Este conjunto de soluções que nós concebemos e que temos formatadas para poderem ser vendidas e disseminadas por outros espaços, podem ser perfeitamente adaptáveis a essas regiões", salientou.
O secretário de Estado do Ordenamento do Território e das Cidades, João Ferrão, apresentou hoje na Cova da Moura e no Vale da Amoreira o projecto de recuperação urbanística daqueles dois bairros.
Mais de sete milhões e meio de euros vão ser investidos na Cova da Moura (Amadora) e no Vale da Amoreira (Moita), num projecto de recuperação urbanística e integração socioeconómica dos moradores coordenado pelo Instituto de Habitação.
A iniciativa envolve oito ministérios, bem como outras entidades governamentais e não governamentais, de base nacional, regional e local, num total de mais de 90 entidades, entre as quais o Glocal.
Cristina Coelho explicou à Lusa que "o SIM, que já está disponível em cerca de 50 concelhos, é um financiamento de 75 por cento do investimento até ao montante máximo de 25 mil euros, a uma taxa de juro próxima dos cinco por cento, com prazo de reembolso até cinco anos".
"É muitas vezes a única forma destas pessoas, sem recursos económicos, poderem criar o seu próprio emprego", salientou.
Em 2006, concretizou-se a disseminação da rede "SIM na Minha Terra", contanto com a parceria da Federação Nacional de Associações de Desenvolvimento Local.
"O SIM ainda não tem qualquer crédito mal parado, não tem qualquer irregularidade e tem, neste momento, sete milhões de euros disponíveis para apoiar iniciativas até 25 mil euros cada uma", sublinhou a coordenadora.
Mais tarde foi criado o Programa Premium que, segundo Cristina Coelho, funciona como um guia metodológico de implementação da iniciativa, ajuda no mapeamento de oportunidades, promove ateliês de ideias e a formação inicial dos empreendedores.
Em 2007, o Glocal arrancou com o "Programa de Mentores Voluntários", que promove o apoio voluntário do empresariado local a novos empreendedores na fase de projecto e arranque dos seus negócios, ou seja, apoia-os nos primeiros passos como empresários, através da partilha do seu conhecimento e experiência no mercado e na gestão de uma empresa.
O "Sistema de Apadrinhamento", é uma metodologia inovadora que concilia o financiamento e transmissão de competências empresarias, ou seja, "numa óptica de responsabilidade social, as empresas locais contribuem para a criação de novas empresas e para o aumento da riqueza e desenvolvimento da região", acrescentou a coordenadora.
"Estes programas correram muito bem e, por isso, este ano vão ser transformadas num programa nacional, em parceria com o IAPMEI", salientou Cristina Coelho.
A coordenadora frisou que se trata de soluções de empregabilidade, destinadas a quem está desempregado ou a quem tem emprego precário.
Brevemente vai decorrer, em Vila Real, a "Galeria de Negócios", uma iniciativa onde os empreendedores terão oportunidade de apresentar os seus negócios à comunidade, entidades e instituições.
Cristina Coelho faz um balanço "muito positivo" do projecto e salientou a cooperação entre os empreendedores.
"Temos a Susan a vender, através da sua empresa, produtos transmontanos no Estados Unidos da América, que compra ao Miguel, de Murça. Por sua vez, o Paulo criou uma empresa de informática que presta serviços às outras empresas", frisou.
Segundo a responsável, a iniciativa possui, neste momento "100 empreendedores para atender e está sem recursos para o fazer".
Por causa disso, e porque considera que o projecto necessita de ganhar dimensão e de se institucionalizar, o "grande objectivo" para 2008, é a criação de uma "estrutura de âmbito regional", que espera ver concretizada ainda durante o primeiro trimestre do ano.
"Queremos transformar esta região na mais dinâmica a nível do empreendorismo em Portugal", afirmou.
O Glocal conta com a parceria da Superação SPA Consultoria, da Associação Empresarial Nervir, da Cooperativa Cultural Voz do Marão, da Alto Fuste - Consultoria Agrária e da Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro .
in Lusa, PLI
Segundo Cristina Coelho, o projecto é também um dos parceiros do Governo português na recuperação urbanística e reinserção urbana de dois bairros críticos da capital, o da Cova da Moura e o do Vale da Amoreira, que está hoje a ser apresentada em Lisboa.
Quando Cristina Coelho arrancou com o Glocal - Empresas Locais com Orientações Globais, em 2002, estava longe de imaginar o sucesso do seu projecto e a sua internacionalização, que se vai concretizar já este ano.
O reconhecimento europeu da iniciativa chegou em Outubro, com a atribuição do Prémio Europeu para a Iniciativa Empresarial, no âmbito da Presidência Portuguesa da União Europeia.
O Glocal pretende facilitar a criação de pequenas empresas e de novas oportunidades de emprego, disponibilizando um conjunto de serviços e metodologias, desde o Sistema de Microcrédito para o Auto-emprego e Criação de Empresas (SIM) ao "Programa de Mentores Voluntários" e o "Sistema de Apadrinhamento".
A eficácia do projecto, no âmbito do qual foram criadas 56 empresas, entre 2002 e 2007, nos municípios do Vale do Douro Norte, vai levar à sua exportação para alguns países do Leste Europeu, como a Polónia, ou africanos, como Cabo Verde.
"Estamos a fazer planos de acção, a preparar os projectos e a sua adaptação a outras realidades", afirmou Cristina Coelho.
Acrescentou que o produto foi concebido para o Vale do Douro Norte, um território com características fortemente rurais, com uma forte aposta nos produtos endógenos e onde as pessoas se conhecem e confiam umas nas outras.
Na Polónia, que poderá servir de ponto de partida para a disseminação do Glocal por outros países de Leste, o projecto vai começar por ser implementado numa região-piloto.
Numa ilha de Cabo Verde vai ser dado o arranque da iniciativa naquele país africano, onde o Glocal foi recentemente convidado a integrar uma parceria com vista à promoção e apoio ao empreendedorismo.
Em finais de 2007, foi a vez do Governo português convidar a Glocal a integrar um projecto de qualificação e de reinserção urbana dos bairros críticos de Lisboa, que está a avançar com dois bairros-piloto, nomeadamente da Cova da Moura e do Vale da Amoreira.
O Glocal é um dos parceiros de uma comissão interministerial criada para o efeito e está já, segundo Cristina Coelho, a trabalhar num plano de acção direccionado para aqueles bairros.
"Este conjunto de soluções que nós concebemos e que temos formatadas para poderem ser vendidas e disseminadas por outros espaços, podem ser perfeitamente adaptáveis a essas regiões", salientou.
O secretário de Estado do Ordenamento do Território e das Cidades, João Ferrão, apresentou hoje na Cova da Moura e no Vale da Amoreira o projecto de recuperação urbanística daqueles dois bairros.
Mais de sete milhões e meio de euros vão ser investidos na Cova da Moura (Amadora) e no Vale da Amoreira (Moita), num projecto de recuperação urbanística e integração socioeconómica dos moradores coordenado pelo Instituto de Habitação.
A iniciativa envolve oito ministérios, bem como outras entidades governamentais e não governamentais, de base nacional, regional e local, num total de mais de 90 entidades, entre as quais o Glocal.
Cristina Coelho explicou à Lusa que "o SIM, que já está disponível em cerca de 50 concelhos, é um financiamento de 75 por cento do investimento até ao montante máximo de 25 mil euros, a uma taxa de juro próxima dos cinco por cento, com prazo de reembolso até cinco anos".
"É muitas vezes a única forma destas pessoas, sem recursos económicos, poderem criar o seu próprio emprego", salientou.
Em 2006, concretizou-se a disseminação da rede "SIM na Minha Terra", contanto com a parceria da Federação Nacional de Associações de Desenvolvimento Local.
"O SIM ainda não tem qualquer crédito mal parado, não tem qualquer irregularidade e tem, neste momento, sete milhões de euros disponíveis para apoiar iniciativas até 25 mil euros cada uma", sublinhou a coordenadora.
Mais tarde foi criado o Programa Premium que, segundo Cristina Coelho, funciona como um guia metodológico de implementação da iniciativa, ajuda no mapeamento de oportunidades, promove ateliês de ideias e a formação inicial dos empreendedores.
Em 2007, o Glocal arrancou com o "Programa de Mentores Voluntários", que promove o apoio voluntário do empresariado local a novos empreendedores na fase de projecto e arranque dos seus negócios, ou seja, apoia-os nos primeiros passos como empresários, através da partilha do seu conhecimento e experiência no mercado e na gestão de uma empresa.
O "Sistema de Apadrinhamento", é uma metodologia inovadora que concilia o financiamento e transmissão de competências empresarias, ou seja, "numa óptica de responsabilidade social, as empresas locais contribuem para a criação de novas empresas e para o aumento da riqueza e desenvolvimento da região", acrescentou a coordenadora.
"Estes programas correram muito bem e, por isso, este ano vão ser transformadas num programa nacional, em parceria com o IAPMEI", salientou Cristina Coelho.
A coordenadora frisou que se trata de soluções de empregabilidade, destinadas a quem está desempregado ou a quem tem emprego precário.
Brevemente vai decorrer, em Vila Real, a "Galeria de Negócios", uma iniciativa onde os empreendedores terão oportunidade de apresentar os seus negócios à comunidade, entidades e instituições.
Cristina Coelho faz um balanço "muito positivo" do projecto e salientou a cooperação entre os empreendedores.
"Temos a Susan a vender, através da sua empresa, produtos transmontanos no Estados Unidos da América, que compra ao Miguel, de Murça. Por sua vez, o Paulo criou uma empresa de informática que presta serviços às outras empresas", frisou.
Segundo a responsável, a iniciativa possui, neste momento "100 empreendedores para atender e está sem recursos para o fazer".
Por causa disso, e porque considera que o projecto necessita de ganhar dimensão e de se institucionalizar, o "grande objectivo" para 2008, é a criação de uma "estrutura de âmbito regional", que espera ver concretizada ainda durante o primeiro trimestre do ano.
"Queremos transformar esta região na mais dinâmica a nível do empreendorismo em Portugal", afirmou.
O Glocal conta com a parceria da Superação SPA Consultoria, da Associação Empresarial Nervir, da Cooperativa Cultural Voz do Marão, da Alto Fuste - Consultoria Agrária e da Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro .
in Lusa, PLI
The Original Video of Lilly: The World Map Master
Sat, Feb 16 2008 02:16
| Educação e Conhecimento, EN, Globalização
| Permalink
Cooperação transfronteiriça: Secretário de Estado do Desenvolvimento Regional considera que portugueses devem ser mais "pró-activos"
Thu, Feb 7 2008 03:51
| Actualidade, Globalização, Ordenamento ou falta dele
| Permalink
Badajoz, Espanha, 06 Fev (Lusa) - O secretário de Estado do Desenvolvimento Regional, Rui Baleiras, desafiou hoje os portugueses interessados em desenvolver projectos de cooperação transfronteiriça com Espanha a serem "mais pró-activos" do que no passado, para aproveitarem os apoios comunitários até 2013.
"No passado, os actores portugueses foram demasiado passivos na apresentação de candidaturas. Esperaram que fossem contactados por parceiros espanhóis, que precisavam de um parceiro do lado português para terem acesso aos fundos comunitários", afirmou a agência Lusa, à margem de um seminário em Badajoz, Espanha.
O secretário de Estado, que participou na apresentação do novo Programa Operacional de Cooperação Transfronteiriça Portugal-Espanha 2007-2013, fazia o balanço dos três programas europeus transactos destinados a apoiar projectos em regiões europeias de fronteira (INTERREG).
Para este novo período de apoios comunitários, frisou, a mensagem a passar para o terreno é a de que, "desta vez, os portugueses tem que ser mais pró-activos".
"Devem ter a ambição de liderar consórcios, de serem eles a propor o projecto e a ir à procura dos parceiros em Espanha", estimulou, exemplificando que seminários como o que decorre na cidade de Badajoz, com cerca de 800 participantes, permitem esses contactos para futuras parcerias.
O PO de Cooperação Transfronteiriça Portugal Espanha, que vai vigorar até 2013, conta com uma dotação financeira próxima dos 360 milhões de euros, sendo que o Fundo Europeu de Desenvolvimento Regional (FEDER) suporta 267,4 milhões de euros.
A cooperação transfronteiriça entre os dois países, no âmbito do PO, vai assentar em quatro eixos fundamentais: fomento da competitividade e promoção de emprego, meio ambiente, património e prevenção de riscos, ordenamento do território e acessibilidades e fomento da cooperação e integração sócio-económica e institucional.
O PO visa promover o desenvolvimento das zonas fronteiriças, reforçando as relações económicas e as redes de cooperação existentes em cinco áreas territoriais específicas, nomeadamente Galiza/Norte de Portugal, Norte de Portugal/Castela e Leão, Centro/Castela e Leão, Alentejo/Centro/Extremadura e Alentejo/Algarve/Andaluzia.
O secretário de Estado afiançou à agência Lusa que, neste PO dedicado à cooperação transfronteiriça, a prioridade vai ser dada a "projectos de natureza imaterial".
"O programa de cooperação transfronteiriça, tanto em Espanha como em Portugal, no passado, serviu para fazer mais do mesmo, basicamente o mesmo tipo de iniciativas que os PO regionais financiavam. Houve a preocupação de mudar e deste programa ser um complemento a esses PO regionais", disse.
Projectos como "rotundas ou pontes" não vão ser financiados, garantiu, contrapondo que, com sinal positivo, encontram-se iniciativas que permitam a "gestão em comum de equipamentos colectivos" ou "agilizar a prestação de socorro, do outro lado da fronteira, por unidades de protecção civil do outro país".
Melhorar o combate a incêndios florestais e colaborar na valorização do património ecológico de um lado e outro da fronteira foram outros dos exemplos dados por Rui Baleiras, que aludiu ainda a iniciativas ligadas ao projecto de navegabilidade do rio Guadiana, este já apoiado pelo PO regional do Algarve.
No seminário de hoje, que se prolonga até quinta-feira, também o secretário-geral de Presupuestos Y Gastos, Luis Espadas Moncalvillo salientou que a cooperação territorial, em especial a transfronteiriça, por apoiar as regiões raianas, tradicionalmente "mais deprimidas", é importante para a coesão económica e social de cada país.
Os anteriores programas europeus de apoio transfronteiriço, afiançou, foram "catalizadores do desenvolvimento" na raia espanhola e portuguesa, devendo agora esse esforço ser prosseguido, para que as fronteiras deixem de ser "um obstáculo"e possam ser fomentado "o crescimento económico e o emprego" nessas regiões.
© 2008 LUSA - Agência de Notícias de Portugal, S.A.
"No passado, os actores portugueses foram demasiado passivos na apresentação de candidaturas. Esperaram que fossem contactados por parceiros espanhóis, que precisavam de um parceiro do lado português para terem acesso aos fundos comunitários", afirmou a agência Lusa, à margem de um seminário em Badajoz, Espanha.
O secretário de Estado, que participou na apresentação do novo Programa Operacional de Cooperação Transfronteiriça Portugal-Espanha 2007-2013, fazia o balanço dos três programas europeus transactos destinados a apoiar projectos em regiões europeias de fronteira (INTERREG).
Para este novo período de apoios comunitários, frisou, a mensagem a passar para o terreno é a de que, "desta vez, os portugueses tem que ser mais pró-activos".
"Devem ter a ambição de liderar consórcios, de serem eles a propor o projecto e a ir à procura dos parceiros em Espanha", estimulou, exemplificando que seminários como o que decorre na cidade de Badajoz, com cerca de 800 participantes, permitem esses contactos para futuras parcerias.
O PO de Cooperação Transfronteiriça Portugal Espanha, que vai vigorar até 2013, conta com uma dotação financeira próxima dos 360 milhões de euros, sendo que o Fundo Europeu de Desenvolvimento Regional (FEDER) suporta 267,4 milhões de euros.
A cooperação transfronteiriça entre os dois países, no âmbito do PO, vai assentar em quatro eixos fundamentais: fomento da competitividade e promoção de emprego, meio ambiente, património e prevenção de riscos, ordenamento do território e acessibilidades e fomento da cooperação e integração sócio-económica e institucional.
O PO visa promover o desenvolvimento das zonas fronteiriças, reforçando as relações económicas e as redes de cooperação existentes em cinco áreas territoriais específicas, nomeadamente Galiza/Norte de Portugal, Norte de Portugal/Castela e Leão, Centro/Castela e Leão, Alentejo/Centro/Extremadura e Alentejo/Algarve/Andaluzia.
O secretário de Estado afiançou à agência Lusa que, neste PO dedicado à cooperação transfronteiriça, a prioridade vai ser dada a "projectos de natureza imaterial".
"O programa de cooperação transfronteiriça, tanto em Espanha como em Portugal, no passado, serviu para fazer mais do mesmo, basicamente o mesmo tipo de iniciativas que os PO regionais financiavam. Houve a preocupação de mudar e deste programa ser um complemento a esses PO regionais", disse.
Projectos como "rotundas ou pontes" não vão ser financiados, garantiu, contrapondo que, com sinal positivo, encontram-se iniciativas que permitam a "gestão em comum de equipamentos colectivos" ou "agilizar a prestação de socorro, do outro lado da fronteira, por unidades de protecção civil do outro país".
Melhorar o combate a incêndios florestais e colaborar na valorização do património ecológico de um lado e outro da fronteira foram outros dos exemplos dados por Rui Baleiras, que aludiu ainda a iniciativas ligadas ao projecto de navegabilidade do rio Guadiana, este já apoiado pelo PO regional do Algarve.
No seminário de hoje, que se prolonga até quinta-feira, também o secretário-geral de Presupuestos Y Gastos, Luis Espadas Moncalvillo salientou que a cooperação territorial, em especial a transfronteiriça, por apoiar as regiões raianas, tradicionalmente "mais deprimidas", é importante para a coesão económica e social de cada país.
Os anteriores programas europeus de apoio transfronteiriço, afiançou, foram "catalizadores do desenvolvimento" na raia espanhola e portuguesa, devendo agora esse esforço ser prosseguido, para que as fronteiras deixem de ser "um obstáculo"e possam ser fomentado "o crescimento económico e o emprego" nessas regiões.
© 2008 LUSA - Agência de Notícias de Portugal, S.A.
O QUE FAZER COM A MARCA PORTUGAL? Contributos de Tiago Forjaz e Nick Knight
Mon, Jan 21 2008 07:45
| Actualidade, Empreendedorismo, Globalização, Inovação
| Permalink
Confesso-me um apaixonado por Portugal e pelo talento português. Quando há uns anos tive a oportunidade de estudar lá fora em escolas de referência soube nessa altura apreciar de fora a nossa personalidade única enquanto povo, bem como a riqueza imensa da nossa herança cultural, ambiental e gastronómica.
Foi nessa qualidade e com alguma expectativa que recebi a “nova imagem” de Portugal, que penso dar um (pequeno) passo no que nos pode levar a formar uma opinião de um país mais moderno e atraente, e que nos poderá trazer também uma componente mais sexy de turismo e investimento a um país com muito para dar… mas esperava bastante mais…
E aqui começa o que verdadeiramente vos queria dizer: tal como uma imagem televisiva é feita por milhares de pontos no écran chamados pixéis também a marca Portugal é constituída hoje por mais de 10 milhões de pessoas (contam já o Deco e o Pepe…), assentes no legado histórico dos grandes portugueses que fizeram desta uma nação única que perdura. E a marca Portugal não é nem pode ser uma campanha fotográfica espalhada em grandes cartazes, mesmo que eu aprecie particularmente o estilo do Sr. Nick Knight. Tem que ser muito mais… tem que ser, por exemplo, o ecoar repetido do nosso hino cantado pelo Vasco Uva e pelos restantes Lobos. Tem que ser o salpicar salgado das ondas de Sagres invocando o infante D. Henrique.
Tem que ser o esforço colectivo de uma consciência nacional do que nos torna únicos, do que nos faz diferentes no mundo, do que conquistámos, do que temos para conquistar (as marcas criam-se a olhar o futuro), do que ambicionamos como nação. A marca Portugal que nos vai levar longe começa com a projecção do nosso talento nacional. E aqui o Sr. Nick Knight e o João Wengorovius da BBDO que me desculpem mas tenho que dar maiores créditos por exemplo ao Tiago Forjaz e à equipa da Jason Associates pela grande iniciativa que estão a levar a cabo com o StarTracker (ver www.thestartracker.com ). Aí estou a ver a Marca Portugal a dar saltos em frente.
O StarTracker, que é uma plataforma de network entre os jovens talentos portugueses, introduzidos por convite pelos méritos que os actuais membros lhes reconhecem, faz muito pela marca Portugal. Basta ver os vídeos das reuniões de talento português em Londres ou Paris ou Madrid para percebermos onde estão depositadas as sementes do futuro da Marca Portugal… cada português faz parte da marca Portugal. É uma legítima expressão e extensão da nossa marca colectiva. O que o Tiago Forjaz fez é extraordinário, pela simplicidade da iniciativa (as melhores ideias são sempre as mais simples e as mais objectivas…) e pelo que está a proporcionar aos nossos talentos lá fora em termos de contactos pessoais, que acredito irão contribuir para novos projectos que levem Portugal bem longe.
Mais do que vermos a Marca Portugal em fotos está a viver-se assim a Marca Portugal, está a descobrir-se quem somos na verdade. Temos com orgulho uma nova nação que começa a querer ver-se ao espelho. E que está a gostar do que vê…
Somos um país de descobridores. Sempre o fomos e vamos continuar a ser. Descobrimos um país onde ninguém o via. Descobrimos caminhos marítimos para novas riquezas e novas glórias. Descobrimos a Europa e estamos a fazer muito por ela. Talvez o nosso grande desígnio para o séc. XXI seja a descoberta de nós próprios enquanto povo. Daqui a 10 ou 20 anos a Marca Portugal, através de cada português, irá viver novos tempos de afirmação no mundo pela consistência da nossa mensagem individual. Espero estar cá por muitos anos para ver em pleno o que está a ser começado agora.
Sr. Nick Knight, apareça por cá daqui a uns anos mas traga muitos rolos. Vai ter de tirar muito mais fotos de figuras brilhantes para conseguir ilustrar Portugal…
in PÚBLICO, Miguel Coelho
Clusters Vocacionais
Wed, Jan 9 2008 04:22
| Actualidade, Empreendedorismo, Empregabilidade, Globalização, Reflexões
| Permalink
Portugueses na alta roda da gestão
Fri, Sep 7 2007 12:14
| Globalização
| Permalink
Encontram-se amiúde no início e final da semana nos aeroportos de Lisboa ou Porto, de «smartphone» em punho e PC portátil a tiracolo. São a nova vaga de gestores de multinacionais que residem em Portugal e que chefiam equipas virtuais em vários países do mundo.
Em poucos anos Portugal deixou de ser um país receptor de executivos de topo, enviados pelos quartéis-generais das multinacionais, para passar a disponibilizar recursos humanos de grande qualidade, disputados pelas maiores empresas de referência a nível mundial como a Microsoft, a Pepsico, a Danone, a Segafredo, só para citarmos alguns exemplos.
Não só passámos a fornecer quadros altamente qualificados capazes de gerir as representações daquelas companhias em território nacional, como lhes começaram a ser atribuídas funções de gestão sobre vários países europeus e não só. Alguns optam por mudar-se com a família para o estrangeiro, enquanto que outros aproveitam as novas estratégias descentralizadoras das multinacionais, assumindo cargos internacionais mas continuando a residir em Portugal.
A aptidão natural para o domínio de várias línguas, a facilidade de adaptação a novas situações e, naturalmente, o talento evidenciado ao longo das suas carreiras, fez com que emergisse uma nova geração de gestores em Portugal que agora ocupam cargos de relevo a nível mundial sem terem que residir fora do seu próprio país. O facto de chegarem muito rapidamente ao topo das suas carreiras em Portugal também contribui para que as entidades empregadoras lhes atribuam responsabilidades acrescidas extranacionais. Caso contrário poderiam perdê-los facilmente para a concorrência, tanto mais que a partir do final dos anos 90, as acções e a capitalização bolsista deixaram de constituir o principal factor de atracção e retenção de quadros.
Chegar ao topo... e depois
É que, normalmente, acima do cargo de director-geral em Portugal já não há mais degraus para subir. A saída é mesmo a atribuição de cargos de gestão de âmbito internacional dentro da organização.
Gerir à distância equipas em vários pontos do globo a partir de Portugal é também o desafio de alguns dos executivos que trabalham para as multinacionais portuguesas. Também aí se nota a emergência de uma nova geração de gestores nacionais que usam os mais avançados métodos de gestão.
“Portugal tem excelentes talentos ao nível da gestão e está a marcar pontos no contexto internacional. São pessoas formadas em algumas escolas portuguesas de gestão ou no estrangeiro e que agora dão cartas a partir do seu país”, garante Eduarda Luna Pais, directora-geral da Egon Zehnder International, uma das principais empresas de «executive search».
Estamos perante uma geração de executivos com idades entre os 30 e os 45 anos, normalmente casados e com filhos. Viajam muito, criaram novos hábitos de trabalho, aproveitando ao máximo os tempos de espera nos aeroportos, bem como os longos períodos em que vão sentados no avião, mas não dispensam o regresso semanal a casa para estar com a família.
Por outro lado, muitas das tarefas de gestão das equipas que coordenam podem ser executadas à distância, com recurso às mais modernas tecnologias de informação e comunicação, de onde se destaca o correio electrónico e a videoconferência. Na prática, interagem com frequência por voz, dados e com imagem a partir de distintos pontos geográficos.
Um dos casos mais emblemáticos é o da Microsoft Portugal. Nuno Duarte, director-geral da empresa, tem uma estratégia activa de internacionalização de carreiras que lhe permitiu a colocação de 19 quadros em funções fora do país, mas com a particularidade de metade continuar a residir em Portugal. Com efeito, na região da Europa ocidental, o peso da subsidiária portuguesa em termos de pessoas é três vezes superior em relevância ao da facturação.
Outro caso emblemático é o de Manuel Soares Ribeiro, vice-presidente de operações da multinacional americana Pepsico, que gere 3400 pessoas na Europa e Médio-Oriente a partir de Portugal. Mas, sublinha, “a gestão à distância só faz sentido e só conta para as empresas que nos empregam se lhe acrescentarmos valor o que, neste caso, significa ir aos sítios, estar com as pessoas, viver os seus anseios e fazer-lhes sentir que estamos com elas”.
Este gestor, que há seis anos foi indicado para substituir o seu colega americano que geria uma grande parte da Europa a partir de Barcelona, propôs uma coisa diferente à empresa-mãe: “Estava numa fase da minha vida familiar em que não podia ausentar-me de Portugal. Consegui convencê-los de que seria muito mais vantajoso gerir a partir de Lisboa. Aceitaram fazer uma experiência por alguns meses. Correu tão bem que já estou neste regime há seis anos e acabaram por me entregar a gestão de mais países”.
Uma coisa que as multinacionais também já perceberam há algum tempo é que pesa muito menos nos seus orçamentos ter representantes locais nos mercados onde estão presentes do que exportar para lá quadros de topo a partir da casa-mãe. É que, normalmente, com o gestor vai sempre a família e todos os custos são assumidos pela empresa que expatria os seus empregados.
Com a existência de gestores locais, que assumam a coordenação de uma dada região do planeta a partir do seu país, tudo fica mais barato para as multinacionais e os resultados são quase sempre melhores, pois estão a lidar com pessoas altamente qualificadas e que conhecem como ninguém os mercados onde se movimentam.
A situação geográfica de Portugal apresenta, no entanto, uma debilidade que por enquanto ainda não está ultrapassada. “A inexistência de voos directos a partir de Lisboa para vários países - nomeadamente do Leste europeu que começam a ganhar uma importância crescente -, pode ser um factor impeditivo de ocorrência de mais situações de gestão a partir daqui”, sublinha Nuno Fraga, «partner» da empresa de «executive search» Hire & Trust.
A favor, e ainda segundo este responsável, está o nível de qualificações cada vez mais elevado dos gestores portugueses, que “não ficam atrás dos gestores de topo de outros países”.
O Expresso identificou perto de duas dezenas de casos, mas os especialistas em recursos humanos garantem que já existem muitos mais e que Portugal está cada vez mais bem visto no mundo da gestão global.
Textos João Ramos e Vítor Andrade
in Expresso
Em poucos anos Portugal deixou de ser um país receptor de executivos de topo, enviados pelos quartéis-generais das multinacionais, para passar a disponibilizar recursos humanos de grande qualidade, disputados pelas maiores empresas de referência a nível mundial como a Microsoft, a Pepsico, a Danone, a Segafredo, só para citarmos alguns exemplos.
Não só passámos a fornecer quadros altamente qualificados capazes de gerir as representações daquelas companhias em território nacional, como lhes começaram a ser atribuídas funções de gestão sobre vários países europeus e não só. Alguns optam por mudar-se com a família para o estrangeiro, enquanto que outros aproveitam as novas estratégias descentralizadoras das multinacionais, assumindo cargos internacionais mas continuando a residir em Portugal.
A aptidão natural para o domínio de várias línguas, a facilidade de adaptação a novas situações e, naturalmente, o talento evidenciado ao longo das suas carreiras, fez com que emergisse uma nova geração de gestores em Portugal que agora ocupam cargos de relevo a nível mundial sem terem que residir fora do seu próprio país. O facto de chegarem muito rapidamente ao topo das suas carreiras em Portugal também contribui para que as entidades empregadoras lhes atribuam responsabilidades acrescidas extranacionais. Caso contrário poderiam perdê-los facilmente para a concorrência, tanto mais que a partir do final dos anos 90, as acções e a capitalização bolsista deixaram de constituir o principal factor de atracção e retenção de quadros.
Chegar ao topo... e depois
É que, normalmente, acima do cargo de director-geral em Portugal já não há mais degraus para subir. A saída é mesmo a atribuição de cargos de gestão de âmbito internacional dentro da organização.
Gerir à distância equipas em vários pontos do globo a partir de Portugal é também o desafio de alguns dos executivos que trabalham para as multinacionais portuguesas. Também aí se nota a emergência de uma nova geração de gestores nacionais que usam os mais avançados métodos de gestão.
“Portugal tem excelentes talentos ao nível da gestão e está a marcar pontos no contexto internacional. São pessoas formadas em algumas escolas portuguesas de gestão ou no estrangeiro e que agora dão cartas a partir do seu país”, garante Eduarda Luna Pais, directora-geral da Egon Zehnder International, uma das principais empresas de «executive search».
Estamos perante uma geração de executivos com idades entre os 30 e os 45 anos, normalmente casados e com filhos. Viajam muito, criaram novos hábitos de trabalho, aproveitando ao máximo os tempos de espera nos aeroportos, bem como os longos períodos em que vão sentados no avião, mas não dispensam o regresso semanal a casa para estar com a família.
Por outro lado, muitas das tarefas de gestão das equipas que coordenam podem ser executadas à distância, com recurso às mais modernas tecnologias de informação e comunicação, de onde se destaca o correio electrónico e a videoconferência. Na prática, interagem com frequência por voz, dados e com imagem a partir de distintos pontos geográficos.
Um dos casos mais emblemáticos é o da Microsoft Portugal. Nuno Duarte, director-geral da empresa, tem uma estratégia activa de internacionalização de carreiras que lhe permitiu a colocação de 19 quadros em funções fora do país, mas com a particularidade de metade continuar a residir em Portugal. Com efeito, na região da Europa ocidental, o peso da subsidiária portuguesa em termos de pessoas é três vezes superior em relevância ao da facturação.
Outro caso emblemático é o de Manuel Soares Ribeiro, vice-presidente de operações da multinacional americana Pepsico, que gere 3400 pessoas na Europa e Médio-Oriente a partir de Portugal. Mas, sublinha, “a gestão à distância só faz sentido e só conta para as empresas que nos empregam se lhe acrescentarmos valor o que, neste caso, significa ir aos sítios, estar com as pessoas, viver os seus anseios e fazer-lhes sentir que estamos com elas”.
Este gestor, que há seis anos foi indicado para substituir o seu colega americano que geria uma grande parte da Europa a partir de Barcelona, propôs uma coisa diferente à empresa-mãe: “Estava numa fase da minha vida familiar em que não podia ausentar-me de Portugal. Consegui convencê-los de que seria muito mais vantajoso gerir a partir de Lisboa. Aceitaram fazer uma experiência por alguns meses. Correu tão bem que já estou neste regime há seis anos e acabaram por me entregar a gestão de mais países”.
Uma coisa que as multinacionais também já perceberam há algum tempo é que pesa muito menos nos seus orçamentos ter representantes locais nos mercados onde estão presentes do que exportar para lá quadros de topo a partir da casa-mãe. É que, normalmente, com o gestor vai sempre a família e todos os custos são assumidos pela empresa que expatria os seus empregados.
Com a existência de gestores locais, que assumam a coordenação de uma dada região do planeta a partir do seu país, tudo fica mais barato para as multinacionais e os resultados são quase sempre melhores, pois estão a lidar com pessoas altamente qualificadas e que conhecem como ninguém os mercados onde se movimentam.
A situação geográfica de Portugal apresenta, no entanto, uma debilidade que por enquanto ainda não está ultrapassada. “A inexistência de voos directos a partir de Lisboa para vários países - nomeadamente do Leste europeu que começam a ganhar uma importância crescente -, pode ser um factor impeditivo de ocorrência de mais situações de gestão a partir daqui”, sublinha Nuno Fraga, «partner» da empresa de «executive search» Hire & Trust.
A favor, e ainda segundo este responsável, está o nível de qualificações cada vez mais elevado dos gestores portugueses, que “não ficam atrás dos gestores de topo de outros países”.
O Expresso identificou perto de duas dezenas de casos, mas os especialistas em recursos humanos garantem que já existem muitos mais e que Portugal está cada vez mais bem visto no mundo da gestão global.
Textos João Ramos e Vítor Andrade
in Expresso
"Destruir a indústria local pode ser bom"
Mon, Jun 4 2007 02:56
| Empreendedorismo, Globalização, Inovação
| Permalink
Especialista nas áreas da tecnologia e inovação, Ed Steinmuller, de 55 anos, diz que a qualificação da mão-de-obra, proporcionada pela presença de multinacionais, só tem vantagens quando o conhecimento adquirido é aplicado noutros contextos.
O medo do empreendedorismo é um obstáculo sério à inovação e, mais do que programas de incentivos, é preciso perceber porque é que temos medo de falhar, diz Ed Steinmuller. O professor da SPRU - Science and Technology Policy Research, da Universidade de Sussex, Reino Unido, esteve em Portugal e concedeu ao PÚBLICO uma entrevista onde defende que a globalização, ao destruir a indústria local, pode ajudar um país a competir num cenário mundial
Até que ponto a tecnologia é essencial para inovar?
Durante muito tempo, pensou-se que a inovação estava relacionada com a tecnologia. No entanto, pode ter a ver com mudanças numa empresa, com a forma como pensamos, ou seja, tem também uma dimensão cognitiva. Vivemos numa era em que a economia desempenha um papel dominante no discurso sobre as Tecnologias de Informação e Comunicação (TIC). Muitas mudanças nas empresas envolvem o uso destas tecnologias e, por isso, dizemos que estão relacionadas tecnologicamente. No fundo, tem a ver com a forma como usamos o papel e a caneta ou o "laptop".
Significa, então, que para obter mais quota de mercado não é essencial usar tecnologia intensiva?
Depende do sector. Nas indústrias científicas não se pode ser competitivo internacionalmente sem a utilização profunda de conhecimento e utilização de tecnologia e ciência. Nas indústrias mais tradicionais, as mudanças organizacionais são tão ou mais importantes do que a introdução de qualquer tipo de nova tecnologia.
Os japoneses são famosos por terem melhorado a produtividade do sistema de produção sem utilizar as TIC. Aliás, fazem-no sem recorrer à electrónica. Utilizam, por exemplo, sistemas de cartões de papel. Pensa em tecnologia quando se fala num processo como este?
Não, mas se pensar, por exemplo, em empresas como a Toyota, a tecnologia é indissociável.
Sim, mas a verdade é que a Toyota tem tudo a ver com pessoas e pouco a ver com tecnologia. O que os administradores da empresa fizeram foi pensar que nunca iriam igualar os norte-americanos em termos de capacidade de investimento e equipamento para produzir em massa. Tiveram, então, de usar os recursos humanos de forma mais produtiva e estabeleceram formas de produção em que cada trabalhador faz múltiplas tarefas. Só depois chega a tecnologia.
Hoje são os fabricantes norte-americanos a imitar o sistema de produção da Toyota. Onde é que está a inovação?
Podemos mesmo dizer que copiaram a Toyota. Há uns anos escrevi um artigo com o meu colega Nathan Rosenberg chamado "Why are Americans Such Poor Imitators?" (Porque é que os americanos são tão maus imitadores), para a "American Economic Review". Concluímos que ser capaz de imitar é fundamental para o progresso tecnológico. E, imitar bem, normalmente implica uma adaptação à cultura e à tradição local.
Todos os países querem ter no seu território multinacionais que tragam a tão esperada inovação. Será mesmo obrigatório dar contrapartidas?
Os governos não têm necessariamente de oferecer vantagens e benefícios às empresas para que se instalem no seu País, mas há muitos sítios no mundo onde isso acontece. Por isso, é preciso decidir se vale a pena ou não entrar nesta competição.
Dou um exemplo: Em finais dos anos 90, houve na Costa Rica uma espécie de saldos para a instalação de unidades tecnológicas. Do género "é tudo gratuito se vierem viver connosco". Em Março de 1998, a Intel abriu duas unidades fabris e um centro de distribuição que geraram 3500 postos de trabalho. Esperava-se que houvesse actividades tecnológicas, mas a verdade é que esta é uma fábrica de trabalho intensivo e uma operação com pouca tecnologia (ou com tecnologia importada).
Os postos de trabalho criados não são um benefício suficiente?
Não, porque neste caso as expectativas não se concretizaram no que diz respeito aos efeitos indirectos.
Que efeitos são esses?
A mão-de-obra local obtém formação, não graças a um conhecimento específico, mas graças à experiência que ganha ao trabalhar num ambiente tecnológico. Essa experiência muda a visão que os trabalhadores têm da indústria e estimula-os a aplicar esses conhecimentos noutros contextos. Em alguns locais, esse conhecimento morre com as pessoas, nunca encontra terreno fértil para crescer, mas noutros torna-se na base de crescimento para novos negócios.
E porque é que nuns países o conhecimento desaparece com as pessoas?
Há dois factores. Um é o medo do empreendedorismo, que envolve riscos e o fracasso, que é visto por toda a rede social. Outro factor, prende-se com o facto de, no esforço de proporcionar igualdade, o Governo estabelecer leis específicas, restritivas, e esse ambiente pode pesar no nascimento de novas empresas.
Países como Portugal devem estimular a actividade empreendedora para sobreviver no mundo global?
Penso que é uma questão quer de reflexão individual, quer de acções governamentais. É preciso pensar: Qual é a nossa situação actual? Até que ponto queremos apostar no empreendedorismo e em novas iniciativas? Se quisermos, de facto, apoiar o nascimento de novas empresas é preciso perceber o que é que, na nossa sociedade, está a atrasar o processo.
Há culturas mais propensas a inovar?
A inovação é um processo social, envolve pessoas, linguagem, percepção e, por isso, difere de cultura para cultura. Podemos imaginar o mesmo, mas a forma como o fazemos difere e depende de uma linguagem cultural específica.
A educação tem um papel fundamental?
Sem dúvida. Haverá sempre alguém, em qualquer ponto do mundo, que se destaca e traz novas ideias. A questão é saber se tiveram a oportunidade de implementar essas ideias no seu próprio país ou se tiveram de ir para outro local.
Que papel desempenha o Estado na estimulação da inovação?
O que um Governo pode fazer é encorajar os que desafiam as normas socialmente aceites. Em qualquer sociedade há pessoas que acreditam nas suas ideias e ignoram o que os outros pensam. Essa pessoa seguirá em frente se tiver uma oportunidade. O Estado pode ter um papel a desempenhar.
Mas o empreendedorismo depende mais das pessoas e das ideias do que do Estado...
Acredito que sim. Criam-se programas e incentivos com mais frequência do que seria desejável e pensa-se que as pessoas não vão fazer nada se não tiverem um empurrão. Em vez de oferecer subsídios, devemos focar-nos nas razões que levam os indivíduos a não ter uma atitude empreendedora. O que difere uma sociedade da outra são as barreiras à mudança.
Pensa que globalização é uma ameaça à inovação?
Sem dúvida.
De que forma?
Destrói a indústria local. E se esta não existe, não há recursos para investir em inovação.
Que oportunidades podemos, então, explorar?
Destruir a indústria local pode ser uma coisa boa.
Uma coisa boa?
Sim.
Porque, assim, teremos de criar outro tipo de indústria que possa competir de forma global?
Exactamente.
Ou seja, regressamos ao mesmo tema. Temos de falhar primeiro para mudar.
O medo de falhar é um impedimento à mudança. A globalização aumenta as oportunidades de especialização. No caso concreto de Portugal, é preciso mais oportunidades para aprofundar a especialização. O futuro não passa pela competitividade salarial.
[01-06-2007] [ Ana Rute Silva, Público ]
Bridging the Broadband Gap
Fri, Jun 1 2007 09:46
| Actualidade, Desenvolvimento Local, Globalização, Inovação, Teletrabalho, Êxodo Urbano
| Permalink
Realizou-se no passado dia 14 e 15 de Maio em Bruxelas a conferência "Bridging the Broadband Gap", cujo objectivo foi o de sensibilizar os governos regionais para a importância da cobertura de banda larga nas regiões rurais.
Entre as conclusões configura a importância dessa cobertura na "Diversificação das actvidades económicas [no meio rural] para a criação de emprego e para uma melhor utilização das tecnologias de informação, nomeadamente para a dinamização de teletrabalho e para o suporte à criação e manutenção de actividades económicas em zonas rurais"
Bill and Steve
Thu, May 31 2007 04:40
| Empreendedorismo, Globalização, Inovação
| Permalink
Abaixo Filosofia Garfield
Mon, May 28 2007 05:06
| Globalização, Inovação
| Permalink
"A noção de que a investigação e o conhecimento são inúteis, e de que nem a investigação nem o conhecimento (nem as ideias) se comem, ou não se comem logo no dia seguinte, está na origem do atávico atraso português. E ironicamente, também da nossa barriga vazia."
Manuel António Pina
Resumindo, a filosofia Garfield não dá bons frutos!!! É necessário apostar no conhecimento e procupar-se com o que nos rodeia, mesmo que aparentemente não nos diga respeito.
Cinco princípios fundamentais, para sobreviver aos mercados em constante mutação:
Manuel António Pina
Esta frase decora o topo do Inovação ... dá que pensar!
Resumindo, a filosofia Garfield não dá bons frutos!!! É necessário apostar no conhecimento e procupar-se com o que nos rodeia, mesmo que aparentemente não nos diga respeito.
O problema está detectado (falta de investigação e conhecimento). Esta falha tem a agravante de estes dois conceitos serem traves-mestras do futuro, não fosse esta a Sociedade do Conhecimento e do Saber ...
Portugal ocupa o 34º posto, entre 125, no Fórum Económico Mundial. As causas apontadas para esta classificação são:
- falta de sofisticação nos negócios,
- fracos processos produtivos,
- deficientes estratégias de Marketing,
- receio em delegar.
Cinco princípios fundamentais, para sobreviver aos mercados em constante mutação:
- Melhorar as condições de trabalho: segurança, higiene, saúde
- Criar estruturas organizacionais que confiram maior autonomia aos colaboradores
- Apostar na progressão nas carreiras com base no mérito
- Estabelecer horários flexíveis
- Aproveitar as potencialidades das novas tecnologias ao nível: da gestão, da organização e da formação.
Estes princípios não são mera teoria, são linhas orientadoras provenientes da prática ... O mundo mudou ... ou se entende isso ou se encosta, que atrás vem gente.
"O negócio hoje não é dinheiro, é informação"
Peter Druker
Portugal - O Pioneiro da Globalizaçao
Tue, May 22 2007 11:23
| Globalização
| Permalink
No meio de um afã desmedido pela conquista de novas rotas comerciais e pelo controlo do negócio das commodities, o mais ocidental e periférico país europeu viu emergir um intento estratégico que lhe valeu o lugar único de primeira potência global. Nunca os imperadores mongóis ou chineses, nem os mercadores e estrategos das Repúblicas Marítimas italianas lá haviam chegado. Os que se seguiram ‘copiaram’ muito da experiência portuguesa. E ‘corrigiram’ os erros estratégicos.
A História não se engana: os Portugueses de Quatrocentos e Quinhentos, ao longo de um processo evolutivo de mais de cem anos, foram os pioneiros na inovação tecnológica e geoestratégica numa época de transição. Valeram-se do improviso organizacional, de uma lógica incremental e de um pensamento «out-of-the-box». Souberam agarrar uma janela de oportunidade da História que não se repetiria. Este livro demonstra, com base numa investigação científica, a originalidade portuguesa.
Uma viagem em 360 páginas sobre o que há em comum entre a grande transição dos séculos XIV a XVI e o que vivemos no passado recente e o que poderá emergir neste século.
Um regresso à «matriz das Descobertas» fundadora da diferença portuguesa no Mundo. A mais antiga «Agenda de Lisboa», aqui revisitada.
Este livro dirige-se a cinco tipos de leitores:
aos jovens, como complemento à História que aprendem no ensino formal e como mensagem para reflexão;
ao amador de História que há em todo o cidadão comum, contaminado pelo espírito de um passado único, hoje esquecido pela historiografia oficial e pelos media;
aos profissionais e estudantes de geoestratégia e de relações internacionais, sugerindo uma nova visão sobre a originalidade portuguesa na globalização;
aos profissionais e estudantes dos ciclos económicos, introduzindo uma ferramenta de análise aplicável à História económica e à previsão e prospectiva;
ao investigador, como sugestão de pistas para pesquisas futuras e polémica saudável.
Encomendar
Guiões de suporte à gestão
Tue, May 15 2007 12:38
| Empreendedorismo, Globalização
| Permalink
O site do Iapmei disponibiliza online um conjunto de Guiões de Suporte à Gestão.
No actual momento de novas oportunidades, onde todas as empresas têm que operar no mercado global e esse mesmo mercado chegou até nós, a importância de suportar a gestão em ferramentas válidas torna-se indispensável.
Biocombustíveis relançam agricultura
Sun, May 6 2007 06:38
| Alerta Verde, Desenvolvimento Local, Empreendedorismo, Empregabilidade, Globalização, Inovação, Sustentabilidade
| Permalink
NEGÓCIOS VERDES A chegada dos biocombustíveis aos depósitos dos nossos automóveis está a originar uma corrida à produção de cereais e oleaginosas. Os projectos inovadores sucedem-se
O discurso político em torno da emergência dos biocombustíveis ia subindo de tom, e Fernando Penha, 58 anos, engenheiro agrónomo de formação, sabia que corria contra o tempo para provar que em Portugal aquela planta também poderia vingar e ser rentável do ponto de vista da exploração em grande escala.
A colza, uma crucífera da família da couve e do nabo, produz uma vagem cujos grãos contêm um elevado teor de óleo e é considerada uma das matérias-primas mais adequadas à produção de biodiesel. No entanto, não havia (e ainda não há) tradição desta cultura em Portugal.
Fernando Penha decidiu que ia preencher essa lacuna e não perdeu tempo. Visitou vários países europeus onde a colza é cultivada com sucesso, marcou presença em algumas feiras e eventos ligados ao sector agrícola e, em 2005, regressou de Paris entusiasmado com certos resultados que acabara de ver.
texto completo em Expresso
Glocalizaçao, texto de Ricardo Martinez
Thu, May 3 2007 10:18
| Globalização
| Permalink
"(…) a Globalização é vista como um “ progresso técnico com exclusão ”, reconhecendo-se que as políticas sociais adoptadas pelos governos terão implicações gerais no planeamento territorial e nos processos de descentralização do poder, e particularmente em campos como a gestão do desemprego e a luta contra a exclusão, sendo evidentes as estreitas relações existentes entre o trabalho, as políticas e a qualidade de vida dos cidadãos"
texto completo em Setúbal na Rede
texto completo em Setúbal na Rede
Portugal inside
Tue, May 1 2007 11:10
| Globalização, Inovação
| Permalink
O modelo israelita
Embora a maioria das tecnológicas nacionais prefira começar por conquistar referências no mercado interno, há alguns empresários que defendem o chamado modelo israelita - que tem dado origem a numerosas empresas de sucesso internacional - que passa por (quase) ignorar o mercado interno, apostar tudo no mercado evoluído e com escala, como os Estados Unidos. Essa é a opinião de Paulo Rosado, director-geral da Outsystems. “Quando se tem produtos testados e inovadores a nível internacional deve-se fazer todos os esforços e entrar o mais rapidamente possível no mercado norte-americano. Trabalhar no mercado nacional para ter escala e referências pode ser uma perda de tempo”, defende Paulo Rosado.
texto completo em Expresso
Embora a maioria das tecnológicas nacionais prefira começar por conquistar referências no mercado interno, há alguns empresários que defendem o chamado modelo israelita - que tem dado origem a numerosas empresas de sucesso internacional - que passa por (quase) ignorar o mercado interno, apostar tudo no mercado evoluído e com escala, como os Estados Unidos. Essa é a opinião de Paulo Rosado, director-geral da Outsystems. “Quando se tem produtos testados e inovadores a nível internacional deve-se fazer todos os esforços e entrar o mais rapidamente possível no mercado norte-americano. Trabalhar no mercado nacional para ter escala e referências pode ser uma perda de tempo”, defende Paulo Rosado.
texto completo em Expresso
LIDOCAR
Sun, Apr 29 2007 12:21
| Desenvolvimento Local, Empreendedorismo, Globalização, Inovação
| Permalink
Cada vez se torna necessário LIDOCAR ...
Mas o que é isso de lidocar?
Lidocar é uma nova palavra ou melhor um acrónimo. Reúne as várias facetas fundamentais do fenómeno empreendedorismo e traduz como funciona a mente de um empreendedor.
Lucro
Inovação
Dinamismo
Oportunidades
Criatividade
Autonomia
Risco
A nossa sociedade não tem carência de talentos, mas talvez o tenha de empreendorismo, é bom que esta nova palavra entre nos dicionários e inspire as acções dos portugueses.
Seja positivo e Lidoque sem esquecer que o insucesso faz parte da actividade empreendedora, não desista ...
"O Novo Capital" III
Thu, Apr 26 2007 08:33
| Desenvolvimento Local, Educação e Conhecimento, Globalização, Inovação
| Permalink
"Portugal precisa de se tornar Plano. Portugal precisa de ganhar Rede. Portugal precisa de entrar na Rede. Portugal precisa de passar a estar na Rede. Não é um acto administrativo. Não se faz por Decreto. Faz-se dia-a-dia. No interior, no litoral. Muito nas Cidades, mas também nas zonas rurais. Cada vez menos em Lisboa. Cada vez mais nos quilómetros do território. Andar em Portugal é perceber que a oportunidade da Competitividade não está perdida. Mais quenunca, está em cima da mesa, Não a qualquer preço. Com e para as pessoas. Com a coesão social."
in "O Novo Capital" de Francisco Jaime Quesado, edição RESXXI
in "O Novo Capital" de Francisco Jaime Quesado, edição RESXXI
Networking
Fri, Apr 20 2007 09:58
| Cultura, Educação e Conhecimento, Globalização, Inovação
| Permalink
Decorreu esta manhã a conferência «Policies for regional innovation clusters» na Comissão de Coordenação da Região Centro, apresentada pelo norueguês Arne Isaksen.
Foram enumeradas as "boas práticas" das políticas de dinamização/constituição de clusters e apresentados os casos de sucesso na Noruega, medidos pelos nrs. de trabalhadores que afectam: Dezenas de milhares em alguns casos!
Aparentemente, não existe qualquer impossibilidade de Portugal constituir nos seus territórios diversos tipos de clusters. Aliás, existe um obstáculo. APENAS UM: INCAPACIDADE DE IMPLEMENTAÇÃO DE "NETWORKING"
Portugal ainda vive a fase em que considera o vizinho da frente é o seu concorrente, e por isso dorme com os seus conhecimentos debaixo da almofada. Um dia, daqui a muitos anos, vamos descobrir que os nossos concorrentes mais próximos moram a 1000 kms da nossa sede e que esses, tomaram conta do mercado porque constituíram parcerias locais, regionais, nacionais e continentais.
Identificado o óbice do atraso estrutural de Portugal, vamos combatê-lo:
PROCURE PARCEIROS PARA PARTILHAR CONHECIMENTO
PARTICIPE EM "MAILING LISTS", NÃO AS UTILIZANDO APENAS PARA SABER O QUE OS OUTROS PENSAM
SEJA POSITIVO: PENSE GLOBAL
"O Novo Capital" II
Wed, Apr 18 2007 08:10
| Desenvolvimento Local, Educação e Conhecimento, Globalização, Inovação
| Permalink
"A Europa está em Mudança. Portugal está à Espera. Nos ciclos turbulentos da globalização, eficiência é sinónimo de actuação estruturada e sustentada. Portugal tem uma oportunidade única de fazer da "governância regional" um acto decisivo no sucesso da construção duma sociedade do conhecimento competitiva e justa que todos ambicionamos."
in "O Novo Capital" de Francisco Jaime Quesado, edição RESXXI
in "O Novo Capital" de Francisco Jaime Quesado, edição RESXXI
As tribos de viajantes em 2020
Sun, Apr 15 2007 05:09
| Globalização
| Permalink
"Os passageiros do futuro vão exigir níveis mais elevados de controlo, conforto e segurança e personalização, conclui o relatório ‘As tribos de viajantes do futuro-2020’ realizado pela Henley Centre HeadlightVision em parceria com a Amadeus.
(...)
Ao mesmo tempo, vão existir viajantes que querem mais ‘personalização’ e ‘experiências’ que confiram «status». Em função destes padrões de consumo, o estudo segmentou os viajantes do ano 2020 em quatro tribos: seniores activos (que terão entre 50 e 75 anos daqui a 15 anos), clãs globais (os que viajam para visitar família e amigos), os cosmopolitas (vivem e trabalham em diferentes regiões tirando partido da queda de preços das tarifas e de trabalho flexível) e os executivos globais (que viajam em primeira classe ou táxi aéreo)."
texto completo em Expresso
(...)
Ao mesmo tempo, vão existir viajantes que querem mais ‘personalização’ e ‘experiências’ que confiram «status». Em função destes padrões de consumo, o estudo segmentou os viajantes do ano 2020 em quatro tribos: seniores activos (que terão entre 50 e 75 anos daqui a 15 anos), clãs globais (os que viajam para visitar família e amigos), os cosmopolitas (vivem e trabalham em diferentes regiões tirando partido da queda de preços das tarifas e de trabalho flexível) e os executivos globais (que viajam em primeira classe ou táxi aéreo)."
texto completo em Expresso
Comando de elite portugues desembarca na baía do Seixal
Fri, Apr 13 2007 12:22
| Globalização, Inovação, Não saia do seu lugar (6ª feira), Solidariedade Social
| Permalink
Slow atitude
Wed, Apr 4 2007 03:14
| Globalização
| Permalink
Recebo um mail que partilho aqui no blog por pensar que pode enriquecer a discussão. É decerto arriscado falar em "slow atitude" em portugal mas vale pelo conceito que lhe está subjacente e pelo sentido que queremos dar às nossas vidas e à nossa maneira de estar na mesma... convido então à leitura:
"Já vai para 16 anos que estou aqui na Volvo, uma empresa sueca. Trabalhar com eles é uma convivência, no mínimo, interessante.
Qualquer projeto aqui demora 2 anos para se concretizar, mesmo que a idéia seja brilhante e simples. É Regra.
Então, nos processos globais, nós (brasileiros, americanos, australianos, asiáticos) ficamos aflitos por resultados imediatos, uma ansiedade
generalizada. Porém, nosso senso de urgência não surte qualquer efeito neste prazo.
Os suecos discutem, discutem, fazem "n" reuniões, ponderações. E trabalham num esquema bem mais "slow down". O pior é constatar que, no final, acaba sempre dando certo no tempo deles com a maturidade da tecnologia e da necessidade: bem pouco se perde aqui.
Vou contar para vocês uma breve só para dar noção.
A primeira vez que fui para lá, em 90, um dos colegas suecos me pegava no hotel toda manhã. Era setembro, frio, nevasca.. Chegávamos cedo na Volvo
ele estacionava o carro bem longe da porta de entrada (são 2.000 funcionários de carro). No primeiro dia não disse nada, no segundo, no terceiro... Depois, com um pouco mais de intimidade, numa manhã, perguntei:*
"Você tem lugar demarcado para estacionar aqui? Notei que chegamos cedo, o estacionamento vazio e você deixa o carro lá no final." Ele me respondeu
simples assim: "É que chegamos cedo, então temos tempo de caminhar - quem chegar mais tarde já vai estar atrasado, melhor que fique mais perto da
porta. Você não acha?"
A base de tudo está no questionamento da "pressa" e da "loucura" gerada pela globalização, pelo apelo à "quantidade do ter" em contraposição à qualidade de vida ou à "qualidade do ser".
Segundo a Business Week, os trabalhadores franceses, embora trabalhem menos horas (35 horas por semana) são mais produtivos que seus colegas americanos ou ingleses.
E os alemães, que em muitas empresas instituíram uma semana de 28,8 horas de trabalho, viram sua produtividade crescer nada menos que 20%.
Essa chamada "slow atitude" está chamando a atenção até dos americanos, apologistas do "Fast" (rápido) e do "Do it now" (faça já).
Portanto, essa "atitude sem-pressa" não significa fazer menos, nem ter menor produtividade.
Significa, sim, fazer as coisas e trabalhar com mais "qualidade" e "produtividade" com maior perfeição, atenção aos detalhes e com menos "stress".
Significa retomar os valores da família, dos amigos, do tempo livre, do lazer, das pequenas comunidades, do "local", presente e concreto em contraposição ao "global" - indefinido e anônimo. Significa a retomada dos valores essenciais do ser humano, dos pequenos prazeres do cotidiano, da simplicidade de viver e conviver e até da religião e da fé.
Significa um ambiente de trabalho menos coercitivo, mais alegre, mais "leve" e, portanto, mais produtivo onde seres humanos, felizes, fazem com prazer, o que sabem fazer de melhor.
Gostaria de que você pensasse um pouco sobre isso...
Será que os velhos ditados "Devagar se vai ao longe" ou ainda "A pressa é inimiga da perfeição" não merecem novamente nossa atenção nestes tempos de
desenfreada loucura?
Será que nossas empresas não deveriam também pensar em programas sérios de "qualidade sem-pressa" até para aumentar a produtividade e qualidade de
nossos produtos e serviços sem a necessária perda da "qualidade do ser"?
"Já vai para 16 anos que estou aqui na Volvo, uma empresa sueca. Trabalhar com eles é uma convivência, no mínimo, interessante.
Qualquer projeto aqui demora 2 anos para se concretizar, mesmo que a idéia seja brilhante e simples. É Regra.
Então, nos processos globais, nós (brasileiros, americanos, australianos, asiáticos) ficamos aflitos por resultados imediatos, uma ansiedade
generalizada. Porém, nosso senso de urgência não surte qualquer efeito neste prazo.
Os suecos discutem, discutem, fazem "n" reuniões, ponderações. E trabalham num esquema bem mais "slow down". O pior é constatar que, no final, acaba sempre dando certo no tempo deles com a maturidade da tecnologia e da necessidade: bem pouco se perde aqui.
Vou contar para vocês uma breve só para dar noção.
A primeira vez que fui para lá, em 90, um dos colegas suecos me pegava no hotel toda manhã. Era setembro, frio, nevasca.. Chegávamos cedo na Volvo
ele estacionava o carro bem longe da porta de entrada (são 2.000 funcionários de carro). No primeiro dia não disse nada, no segundo, no terceiro... Depois, com um pouco mais de intimidade, numa manhã, perguntei:*
"Você tem lugar demarcado para estacionar aqui? Notei que chegamos cedo, o estacionamento vazio e você deixa o carro lá no final." Ele me respondeu
simples assim: "É que chegamos cedo, então temos tempo de caminhar - quem chegar mais tarde já vai estar atrasado, melhor que fique mais perto da
porta. Você não acha?"
A base de tudo está no questionamento da "pressa" e da "loucura" gerada pela globalização, pelo apelo à "quantidade do ter" em contraposição à qualidade de vida ou à "qualidade do ser".
Segundo a Business Week, os trabalhadores franceses, embora trabalhem menos horas (35 horas por semana) são mais produtivos que seus colegas americanos ou ingleses.
E os alemães, que em muitas empresas instituíram uma semana de 28,8 horas de trabalho, viram sua produtividade crescer nada menos que 20%.
Essa chamada "slow atitude" está chamando a atenção até dos americanos, apologistas do "Fast" (rápido) e do "Do it now" (faça já).
Portanto, essa "atitude sem-pressa" não significa fazer menos, nem ter menor produtividade.
Significa, sim, fazer as coisas e trabalhar com mais "qualidade" e "produtividade" com maior perfeição, atenção aos detalhes e com menos "stress".
Significa retomar os valores da família, dos amigos, do tempo livre, do lazer, das pequenas comunidades, do "local", presente e concreto em contraposição ao "global" - indefinido e anônimo. Significa a retomada dos valores essenciais do ser humano, dos pequenos prazeres do cotidiano, da simplicidade de viver e conviver e até da religião e da fé.
Significa um ambiente de trabalho menos coercitivo, mais alegre, mais "leve" e, portanto, mais produtivo onde seres humanos, felizes, fazem com prazer, o que sabem fazer de melhor.
Gostaria de que você pensasse um pouco sobre isso...
Será que os velhos ditados "Devagar se vai ao longe" ou ainda "A pressa é inimiga da perfeição" não merecem novamente nossa atenção nestes tempos de
desenfreada loucura?
Será que nossas empresas não deveriam também pensar em programas sérios de "qualidade sem-pressa" até para aumentar a produtividade e qualidade de
nossos produtos e serviços sem a necessária perda da "qualidade do ser"?
Caminhos para 2050
Fri, Mar 30 2007 03:40
| Globalização
| Permalink
O BCSD Portugal com o patrocínio da Fundação EDP lançou no passado dia 26 de Março a versão portuguesa da publicação “Caminhos para 2050 – Factos e Tendências”.
Caminhos para 2050: Energia e Alterações Climáticas é uma publicação da série WBCSD “Factos e Tendências”, que pretende fornecer uma visão mais detalhada dos potenciais caminhos para a redução de emissões de CO2.
Os caminhos apresentados ilustram a escala e complexidade das alterações necessárias, bem como o progresso a concretizar até 2050. Com um ponto de controlo em 2025, proporciona a medida deste progresso e demonstra a urgência de agir prematuramente de forma a atingir uma trajectória sustentável das emissões.
in Conselho Empresarial para o Desenvolvimento Sustentável
Caminhos para 2050: Energia e Alterações Climáticas é uma publicação da série WBCSD “Factos e Tendências”, que pretende fornecer uma visão mais detalhada dos potenciais caminhos para a redução de emissões de CO2.
Os caminhos apresentados ilustram a escala e complexidade das alterações necessárias, bem como o progresso a concretizar até 2050. Com um ponto de controlo em 2025, proporciona a medida deste progresso e demonstra a urgência de agir prematuramente de forma a atingir uma trajectória sustentável das emissões.
in Conselho Empresarial para o Desenvolvimento Sustentável
Glocalização
Thu, Mar 29 2007 11:41
| Globalização
| Permalink
Alguém criou o neologismo “glocalização”, reunindo duas palavras que tantas vezes entram em conflito aberto: globalização e localização.
A ideia é inspiradora e mostra como a criação de um termo pode ajudar a pensar uma realidade complexa, paradoxal, e entrever saídas para grandes problemas.
O grande problema da globalização, como afirma Dani Rodrik, professor da Universidade de Harvard, é que concentrar nosso entusiasmo no comércio, na economia, na aquisição de tecnologia avançada, nos grandes negócios, no mercado internacional etc. faz com que os dirigentes dos governos de países pobres desviem atenção e recursos dos campos que realmente geram desenvolvimento humano como a educação, a saúde pública e a justiça social.
texto completo em Cosmo KPlus
A ideia é inspiradora e mostra como a criação de um termo pode ajudar a pensar uma realidade complexa, paradoxal, e entrever saídas para grandes problemas.
O grande problema da globalização, como afirma Dani Rodrik, professor da Universidade de Harvard, é que concentrar nosso entusiasmo no comércio, na economia, na aquisição de tecnologia avançada, nos grandes negócios, no mercado internacional etc. faz com que os dirigentes dos governos de países pobres desviem atenção e recursos dos campos que realmente geram desenvolvimento humano como a educação, a saúde pública e a justiça social.
texto completo em Cosmo KPlus
A nova vantagem competitiva da nação
Wed, Mar 28 2007 01:48
| Globalização
| Permalink
"É importante (...) perceber que a aposta nos Factores Dinâmicos de Competitividade, numa lógica territorialmente equilibrada e com opções estratégicas claramente assumidas é um contributo central para a correcção das graves assimetrias sociais e regionais que continuam a imperar. Falta por isso em Portugal um verdadeiro Choque Operacional capaz de produzir efeitos sistémicos ao nível do funcionamento das organizações empresariais. O "novo paradigma" da Economia Portuguesa radica nesse sentido na capacidade de os resultados potenciados pela inovação e conhecimento serem capazes de induzir novas formas de integração social e territorial capazes de sustentar um equilíbrio global do sistema nacional.
texto completo em Jornal de Negócios
texto completo em Jornal de Negócios
Did you know...?
Tue, Mar 27 2007 06:14
| EN, Globalização, Inovação
| Permalink
Algo que todos deveríamos saber.
"(...) Já não vive em Lisboa!"
Mon, Mar 19 2007 09:02
| Actualidade, Globalização, Êxodo Urbano
| Permalink
Numa tentativa de organizar um jantar de uma antiga turma do secundário, fiquei a saber:
a) A Patrícia, que seguiu auditoria fiscal, vive em Amesterdão
b) O João, que seguiu jornalismo, vive no Brasil
c) A Adélia, que não sei se ingressou no ensino superior, vive no Algarve
d) A Elsa, que seguiu Gestão, vive igualmente no Algarve
e) A Mafalda, que seguiu Marketing, vive em Viana
...Enquanto isto acontece, os políticos dos diferentes partidos justificam o êxodo de Lisboa com a atractividade dos municípios contíguos.
Ventos da Ibéria
Sat, Mar 3 2007 09:17
| Globalização
| Permalink
Os espanhóis estão em tudo: na televisão, na banca, na indústria, nos serviços
Para quem leia jornais todos os dias, o fenómeno é incontornável: só se fala da Espanha. Há financiamentos e parcerias, fusões e aquisições, compras e ameaços. O importante é estar. E os espanhóis estão em tudo: na televisão, na banca, na indústria, nos serviços. O tema é redondo: mercado ibérico, economia ibérica, iberismo. E os inquéritos tornaram-se inevitáveis: concorda com a criação da Ibéria? Mas esta é uma coluna de economia, não de política. Fui ver de onde sopra o vento.
Olhando o último quinquénio, verifica-se que o PIB espanhol cresceu a um ritmo de 3,2% ao ano, mais ou menos o dobro da Zona Euro e quase seis vezes o paupérrimo crescimento português. E, se alargarmos o horizonte, o impacto é ainda maior. Há dez anos, o rendimento «per capita» espanhol era igual a 80% da média europeia; hoje é igual a 93%. Mas, no mesmo período, o equivalente português regrediu de 70% para 66%. Que fez a Espanha, e nós não fizemos, para alcançar este sucesso?
Primeiro que tudo, aumentou o PIB potencial. E fê-lo de duas maneiras: por um lado, apostando num modelo que privilegiava o emprego - a taxa de desemprego, que chegou a ultrapassar os 20% da população activa, está hoje na casa dos 7%, em linha com os padrões europeus; por outro, dotando a estrutura produtiva dos capitais necessários - o crescimento do investimento, no seu pico mais alto, chegou a exceder o dobro do crescimento do produto. Melhor era impossível.
Mas, como sabemos, ter potencial não chega. É preciso utilizá-lo. E aqui entra a segunda vaga. A Espanha, beneficiando do facto de ter uma taxa de desemprego muito elevada, controlou exemplarmente os salários, fazendo acréscimos em linha com a inflação e retendo os ganhos de produtividade para embaratecer os produtos. A batalha da competitividade, decisiva nesta fase, foi exemplarmente ganha. E as contas públicas, controladas até ao milímetro, fazem hoje inveja aos melhores.
Tudo bem então em Espanha? Não. De há uns tempos a esta parte, nuvens negras começaram a toldar o horizonte. Primeiro, a componente emprego ficou mais difícil e o crescimento teve de se virar para a produtividade. Depois, a inflação disparou, sugerindo sobreaquecimento e desequilibrando a balança de transacções correntes. E, por último, sobreveio a crise do imobiliário, uma bomba-relógio à beira da explosão. A Espanha de hoje tem semelhanças com o Portugal de 2000. Mas nós falhámos. Será ela capaz de dar a volta por cima?
Eis os ventos que passam. Faz sentido um mercado ibérico? Ele já existe, nas relações de troca que se fazem todos os dias. E uma economia ibérica, no sentido em que duas forças se juntam para criar uma força comum? Nada a opor: o importante é que haja serviços de qualidade a um preço justo, independentemente de quem vier a prestá-los. Então uma Ibéria país? Bom… Não sei… Talvez… Esperem um bocadinho… Senti um calafrio aqui dentro... Serão efeitos de Aljubarrota?...
Claro que isto não é racional. É bloqueio. Mas Ibéria não: eu gosto de ser português.
in Semanário Expresso, Daniel Amaral
Alfredo Sfeir-Younis
Thu, Feb 22 2007 02:34
| Educação e Conhecimento, Globalização
| Permalink
(Excerto da entrevista á revista Visão)
Onde é que Portugal vai estar em 2020?
Se decidir jogar o jogo da globalização, deixar fazer, deixar passar, vai estar numa pobreza tremenda e sem perspectivas.
Como é que pode inverter esse caminho?
Primeiro: mudar radicalmente a educação, para que não seja apenas orientada para o trabalho, mas para a identidade do País.(...)
Segundo: a saúde não pode ser só a adaptação do ser humano à toxicidade , através de medicamentos, tem que se aproveitar os grandes recursos naturais, como as termas.
Terceiro: valorizar, pagar, difundir a cultura, de forma a que os artistas tenham orgulho do que fazem e possam mostrar e ensinar o seu trabalho, e não seja apenas os economistas a receber bons salários.
Onde é que Portugal vai estar em 2020?
Se decidir jogar o jogo da globalização, deixar fazer, deixar passar, vai estar numa pobreza tremenda e sem perspectivas.
Como é que pode inverter esse caminho?
Primeiro: mudar radicalmente a educação, para que não seja apenas orientada para o trabalho, mas para a identidade do País.(...)
Segundo: a saúde não pode ser só a adaptação do ser humano à toxicidade , através de medicamentos, tem que se aproveitar os grandes recursos naturais, como as termas.
Terceiro: valorizar, pagar, difundir a cultura, de forma a que os artistas tenham orgulho do que fazem e possam mostrar e ensinar o seu trabalho, e não seja apenas os economistas a receber bons salários.
«Intelligence» à francesa
Sat, Feb 17 2007 09:05
| Globalização
| Permalink
A diferença fundamental com a abordagem norte-americana da «intelligence» competitiva resume-se numa frase: “Aos americanos falta-lhes a análise comparada, para olharem em profundidade para o contexto - histórico, cultural, civilizacional, geográfico, jurídico. Por isso, a grelha «standard» da análise concorrencial americana, que muita gente importa, falha, diz-nos Christian Harbulot, 54 anos.
Autor de várias obras sobre o tema, o fundador da Escola de Guerra Económica (uma escola de negócios centrada no tema da «intelligence») justifica assim o porquê de uma “linha” autónoma, francesa, na matéria.
Essa diferença de enfoque repercute-se, tanto na recolha de informação estratégica e na decisão de acções de influência e posicionamento no campo da internacionalização das empresas, como na diplomacia económica oficial, seja ela governamental ou, inclusive, das instituições de um dado território (região, pólo de competitividade, município) ou «cluster».
“O contexto histórico e cultural do que investigamos é peculiar a cada caso. Se olharmos às potências que se movem hoje em dia no xadrez mundial, elas não têm as mesmas raízes nem os mesmos objectivos. Uma abordagem linear e generalista não serve de grande coisa, ou pode levar a erros grosseiros”, remata o fundador da Escola, que, fazendo jus ao nome, não fica longe do «campus» da Escola Militar francesa, ao fundo do Campo de Marte, no centro de Paris.
“A análise americana falha muito na compreensão dos fenómenos assimétricos”, reforça Harbulot. Estes hoje em dia não são exclusivos do terreno geopolítico e militar, mas já há muito invadiram a área da própria ‘microeconomia’.
Não é uma dança de salão
Inesperadamente saltam para o mercado novos constrangimentos - ecológicos, bioéticos, civilizacionais - com os quais os gestores não estão habituados a lidar.
Também a emergência - não só dos BRIC como de muitos outros países outrora englobados na designação Terceiro Mundo - “é muito mal compreendida: há dificuldade em perceber como eles funcionam, e como tomar decisões”.
Inclusive, muita gente não entende que muitos grupos e multinacionais dos países emergentes, mas também de países ‘ocidentais’, actuam concertadamente com os objectivos de potência do seu próprio país.
Por isso, diz o chefe da EGE, uma escola que faz este ano dez anos: “A «intelligence» implica combate, não é propriamente uma dança de salão”. E não tem dúvidas: “Tem de se ser agressivo se se quer estar na ofensiva”. E, nesta postura, há um ingrediente fundamental: “antecipar, ser pró-activo”.
O paradoxo francês
Mas a crítica à ‘linha’ americana não significa que Harbulot esteja satisfeito com o que se passa dentro de casa: “A cultura francesa empresarial não é uma cultura de partilha. Isso é histórico entre nós. Temos poucas lógicas de cooperação e há, ainda, uma cultura de segredo nos meios patronais. Muitos decisores continuam a achar que o que é sigiloso e está escondido tem mais valor”. O que leva o fundador da Escola de Guerra Económica a ironizar: “É uma contradição bem francesa. Temos uma ferramenta de «intelligence» mais rigorosa, mas temos uma antiquada cultura patronal. Será que isso é próprio dos latinos?”.
in Expresso, Jorge Nascimento Rodrigues
Hamburgo é a primeira cidade europeia em 3D no Google Earth
Wed, Feb 14 2007 06:57
| Educação e Conhecimento, Globalização
| Permalink
A cidade de Hamburgo vai estar acessível em 3D na ferramenta Google Earth prometendo um nível de detalhe surpreendente nos edifícios da baixa.
Ao todo, serão mais de dois mil os edifícios que poderão ser visitados a 30 centímetros de distância virtual, naquela que será a primeira cidade europeia em 3D na conhecida ferramenta.
Ainda não existem datas para Hamburgo estar acessível online, mas sabe-se que o nível de detalhe com que serão apresentados os edifícios será surpreendente.
A escolha da cidade alemã aconteceu graças aos esforços desenvolvidos pelo município, em conjunto com iniciativa privada local, que abordou o Google no sentido de avançar com a ideia.
Actualmente, só cidades norte-americanas podem ser vistas em detalhe no Google Earth, embora na maior parte dos casos somente alguns edifícios estão acessíveis em pormenor, como é exemplo a Golden Gate em São Francisco.
As cidades europeias desenhadas em 3D não são novidade, uma vez que, por exemplo, Paris ou Florença já estão no Cybercity, no entanto, encontram-se apenas acessíveis em dvd. Hamburgo será a primeira a estar ao alcance de qualquer um que possua a ferramenta Google Earth.
in Semanário SOL
Ao todo, serão mais de dois mil os edifícios que poderão ser visitados a 30 centímetros de distância virtual, naquela que será a primeira cidade europeia em 3D na conhecida ferramenta.
Ainda não existem datas para Hamburgo estar acessível online, mas sabe-se que o nível de detalhe com que serão apresentados os edifícios será surpreendente.
A escolha da cidade alemã aconteceu graças aos esforços desenvolvidos pelo município, em conjunto com iniciativa privada local, que abordou o Google no sentido de avançar com a ideia.
Actualmente, só cidades norte-americanas podem ser vistas em detalhe no Google Earth, embora na maior parte dos casos somente alguns edifícios estão acessíveis em pormenor, como é exemplo a Golden Gate em São Francisco.
As cidades europeias desenhadas em 3D não são novidade, uma vez que, por exemplo, Paris ou Florença já estão no Cybercity, no entanto, encontram-se apenas acessíveis em dvd. Hamburgo será a primeira a estar ao alcance de qualquer um que possua a ferramenta Google Earth.
in Semanário SOL
Peso do VAB dos sectores de média-alta e alta tecnologia no total do VAB, 2001
Mon, Feb 12 2007 10:44
| Globalização
| Permalink
A esperança da Formação Profissional...
Sun, Feb 11 2007 08:34
| Desenvolvimento Local, Empregabilidade, Globalização
| Permalink
Não são ainda conhecidas as reacções dos parceiros sociais à proposta de reforma da formação profissional que o Governo apresentou hoje na Concertação Social. O Programa Operacional do Potencial Humano prevê mobilizar 6,1 mil milhões de euros, ou seja, 28% dos fundos estruturais da União Europeia para o período de 2007 a 2013 afectos ao Quadro de Referência Estratégico Nacional (QREN).
É unanimemente reconhecido o défice de trabalhadores qualificados em Portugal e a diferença de produtividade entre a média nacional e a média da União Europeia. É uma realidade esmagadora!
Sabemos também que o QREN é o último pacote de ajudas comunitárias que Portugal irá receber com o objectivo de financiar o desenvolvimento estrutural e sustentável e a competitividade.
Quem é que não tem presente o fracasso da utilização dos fundos comunitários na educação e formação, os escândalos à volta do Fundo Social Europeu e a falta de transparência e ausência de exigência na sua afectação, o descalabro dos resultados não obtidos?
Independentemente das alterações que o Governo pretende introduzir nos critérios de elegibilidade da formação a financiar e no modelo institucional da sua gestão, diria que é fundamental que a concretização do Programa Operacional do Potencial Humano, e em particular da reforma da formação profissional, se mova por critérios de resultados e não se cai de novo no esquema de "financiar" tudo e todos.
Para tal, são condições exigir responsabilidade na utilização dos fundos públicos, através por exemplo da partilha de custos entre o público e o privado, e dispor de mecanismos efectivos de controlo de resultados e de prestação de contas.
Nunca é demais lembrar os erros cometidos no passado e a necessidade e urgência de uma rigorosa e criteriosa utilização destes fundos, numa derradeira corrida contra o tempo, transformando esta última oportunidade num verdadeiro desafio nacional.
Espero para ver que garantias é que o Governo vai apresentar para assegurar a transformação do padrão de qualidade do nosso nível de educação e formação, que se apresenta hoje altamente desqualificante para Portugal.
Aqui, as políticas públicas têm uma palavra a dizer!
in Quarta República, Margarida Corrêa de Aguiar
Portugal 2007 – o tempo da "classe criativa"
Thu, Feb 8 2007 08:03
| Desenvolvimento Local, Globalização
| Permalink
Quando se percorre o Portugal real e se contacta com os "actores" da sociedade civil, de norte a sul, do interior ao litoral, nos meios rurais, nas áreas urbanas, fica cada vez mais patente a consolidação duma classe operativa capaz de induzir dinâmicas de diferenciação qualitativa positiva que sustentam alguma esperança estratégica em relação ao futuro. Na senda dos trabalhos de Richard Florida e Irene Tinagli, trata-se duma verdadeira "classe criativa", muitas vezes oculta, mas que em diferentes plataformas de participação social vai aos poucos impondo a diferença.
Os conhecidos baixos índices de "capital estratégico" no nosso país e a ausência de mecanismos centrais de "regulação positiva" dificultam o processo de afirmação dos diferentes protagonistas da "classe criativa". Independentemente da riqueza do acto de afirmação individual da criatividade, numa sociedade do conhecimento, importa de forma clara "pôr em rede" os diferentes actores e dimensioná-los à escala duma participação global imperativa nos nossos tempos. Apesar dos resultados de iniciativas como as "Cidades e Regiões Digitais", vocacionadas para posicionar o território no competitivo campeonato da inovação e conhecimento, falta uma estratégia transversal.
A sociedade civil tem nesta matéria um papel central. A "classe criativa", na sua diferença e no seu sucesso, é o resultado dum "tecido social" que se pretende voltado para um futuro permanente. Os índices de absorção positiva por parte da sociedade dos contributos inovadores da "classe criativa" passam muito pela estabilização de condições estruturais essenciais. Entre muitas, destacaríamos as seguintes:
1. Cultura empreendedora – A matriz comportamental da "população socialmente activa" do nosso país é avessa ao risco, à aposta na inovação e à partilha de uma cultura de dinâmica positiva. Ou seja. Dificilmente se conseguirá impor por decreto uma "revolução empreendedora" e mesmo o aumento do desemprego, por força da desindustrialização e emagrecimento dos Serviços Públicos / Privados poderá não ser suficiente para suscitar uma "auto-reacção" das pessoas.
2. Cultura do rigor – A falta de rigor e organização nos processos e nas decisões, sem respeito pelos factores "tempo" e "qualidade" já não é tolerável nos novos tempos globais. Não se poderá a pretexto de uma "lógica secular latina" mais admitir o não cumprimento dos horários, dos cronogramas e dos objectivos. Não cumprir este paradigma é sinónimo de ineficácia e de incapacidade estrutural de poder vir a ser melhor.
3. Cultura de cooperação – A ausência da prática de uma "cultura de cooperação" tem-se revelado mortífera para a sobrevivência das organizações. Na Sociedade do Conhecimento sobrevive quem consegue ter escala e participar, com valor, nas grandes Redes de Decisão. Num país pequeno, as Empresas, as Universidades, os Centros de Competência Políticos têm que protagonizar uma lógica de "cooperação positiva em competição" para evitar o desaparecimento. Querer cultivar a pequenez e aumentá-la numa envolvente já de si pequena é firmar um atestado de incapacidade e de falta de crença no futuro.
4. Cultura de ambição – É doentia a incapacidade em definir, operacionalizar e dinamizar a lógica de "Capital Social" do nosso país. Não é obviamente o paradigma da Inovação dos países da Europa Central, porque os índices rating da Competitividade estão em todas as análises aquém destes casos de sucesso. O diagnóstico está feito há muito tempo sobre esta matéria. Mas também já não pode ser, porque não é, a lógica do "low cost support" como referencial de criação de emprego e de fixação de "capital social básico" no território.
5. Cultura de inovação – Desenvolvimento Sustentável, Aposta nas Cidades, Criatividade dos Diferentes Segmentos da População, Inovação Empresarial Permanente, Inserção permanente nas Redes Globais – claramente que numa lógica de afirmação do país no panorama internacional o papel de alavancagem destes Factores se pode revelar determinante. A diferença está na sua prática operativa permanente, numa lógica de desígnio nacional.A mensagem de Richard Florida é mais do que nunca actual entre nós. A "classe criativa" que se quer legitimar no tecido social português terá que ser capaz de ganhar estatuto de verdadeiro "parceiro estratégico" do desenvolvimento do país. Isso faz-se com "convergência positiva" e não por decreto. Importa por isso, mais do que nunca, estar atento e participar com o sentido da diferença.
Francisco Jaime Quesado
In Jornal de Negócios
Os conhecidos baixos índices de "capital estratégico" no nosso país e a ausência de mecanismos centrais de "regulação positiva" dificultam o processo de afirmação dos diferentes protagonistas da "classe criativa". Independentemente da riqueza do acto de afirmação individual da criatividade, numa sociedade do conhecimento, importa de forma clara "pôr em rede" os diferentes actores e dimensioná-los à escala duma participação global imperativa nos nossos tempos. Apesar dos resultados de iniciativas como as "Cidades e Regiões Digitais", vocacionadas para posicionar o território no competitivo campeonato da inovação e conhecimento, falta uma estratégia transversal.
A sociedade civil tem nesta matéria um papel central. A "classe criativa", na sua diferença e no seu sucesso, é o resultado dum "tecido social" que se pretende voltado para um futuro permanente. Os índices de absorção positiva por parte da sociedade dos contributos inovadores da "classe criativa" passam muito pela estabilização de condições estruturais essenciais. Entre muitas, destacaríamos as seguintes:
1. Cultura empreendedora – A matriz comportamental da "população socialmente activa" do nosso país é avessa ao risco, à aposta na inovação e à partilha de uma cultura de dinâmica positiva. Ou seja. Dificilmente se conseguirá impor por decreto uma "revolução empreendedora" e mesmo o aumento do desemprego, por força da desindustrialização e emagrecimento dos Serviços Públicos / Privados poderá não ser suficiente para suscitar uma "auto-reacção" das pessoas.
2. Cultura do rigor – A falta de rigor e organização nos processos e nas decisões, sem respeito pelos factores "tempo" e "qualidade" já não é tolerável nos novos tempos globais. Não se poderá a pretexto de uma "lógica secular latina" mais admitir o não cumprimento dos horários, dos cronogramas e dos objectivos. Não cumprir este paradigma é sinónimo de ineficácia e de incapacidade estrutural de poder vir a ser melhor.
3. Cultura de cooperação – A ausência da prática de uma "cultura de cooperação" tem-se revelado mortífera para a sobrevivência das organizações. Na Sociedade do Conhecimento sobrevive quem consegue ter escala e participar, com valor, nas grandes Redes de Decisão. Num país pequeno, as Empresas, as Universidades, os Centros de Competência Políticos têm que protagonizar uma lógica de "cooperação positiva em competição" para evitar o desaparecimento. Querer cultivar a pequenez e aumentá-la numa envolvente já de si pequena é firmar um atestado de incapacidade e de falta de crença no futuro.
4. Cultura de ambição – É doentia a incapacidade em definir, operacionalizar e dinamizar a lógica de "Capital Social" do nosso país. Não é obviamente o paradigma da Inovação dos países da Europa Central, porque os índices rating da Competitividade estão em todas as análises aquém destes casos de sucesso. O diagnóstico está feito há muito tempo sobre esta matéria. Mas também já não pode ser, porque não é, a lógica do "low cost support" como referencial de criação de emprego e de fixação de "capital social básico" no território.
5. Cultura de inovação – Desenvolvimento Sustentável, Aposta nas Cidades, Criatividade dos Diferentes Segmentos da População, Inovação Empresarial Permanente, Inserção permanente nas Redes Globais – claramente que numa lógica de afirmação do país no panorama internacional o papel de alavancagem destes Factores se pode revelar determinante. A diferença está na sua prática operativa permanente, numa lógica de desígnio nacional.A mensagem de Richard Florida é mais do que nunca actual entre nós. A "classe criativa" que se quer legitimar no tecido social português terá que ser capaz de ganhar estatuto de verdadeiro "parceiro estratégico" do desenvolvimento do país. Isso faz-se com "convergência positiva" e não por decreto. Importa por isso, mais do que nunca, estar atento e participar com o sentido da diferença.
Francisco Jaime Quesado
In Jornal de Negócios
O fa(r)do português
Wed, Feb 7 2007 02:38
| Educação e Conhecimento, Globalização
| Permalink
Há sinais sugerindo que algo específico das famílias portuguesas não ajuda ao bom desempenho dos filhos
Faço parte de uma geração que cresceu aprendendo que Portugal era um país de emigração. Todos nós tínhamos familiares no estrangeiro e ao longo da juventude víamos alguns dos amigos a emigrar. Hoje, na geração do meu filho, a situação é distinta. O fluxo inverteu-se, e o comum é os nossos filhos aumentarem o número de colegas provenientes de outros países.
As nossas escolas têm, por isso, vindo a ser confrontadas com novos desafios. Não só são locais onde se decide muito do futuro potencial produtivo do país, como têm um papel na inclusão social dos que vêm viver entre nós.
Neste contexto, li recentemente com muito interesse um artigo que, para cada país, procura comparar os desempenhos escolares dos jovens nascidos no país com os dos jovens que para aí imigraram. O primeiro aspecto a ser realçado é que em Portugal o desempenho relativo dos jovens portugueses e dos jovens imigrantes não é muito distinto. Entre os países da OCDE, Portugal está mesmo entre os que têm as menores diferenças. Mesmo assim, em média, os jovens portugueses têm um desempenho um pouco melhor do que os jovens imigrantes. Porém, como as características das duas populações não são iguais, num segundo passo, os autores procederam à identificação das diferenças que são explicadas pela heterogeneidade nas características dos jovens. Aqui a grande descoberta é que, para Portugal, comparando jovens portugueses e jovens imigrantes com as mesmas características, os imigrantes têm, em média, melhores resultados. Neste segundo nível de análise, Portugal situa-se no meio dos países da OCDE. Controlando para as diferenças de características das populações, países há, como os EUA, em que os jovens imigrantes têm desempenho muito melhor que os jovens nacionais, tal como o contrário sucede em outros países, como a Alemanha. Ao desafio para a melhoria do desempenho geral dos estudantes em Portugal, vêm pois juntar-se sinais sugerindo que algo específico das famílias portuguesas não ajuda ao bom desempenho dos nossos filhos.
Fernando Branco
in Expresso
Faço parte de uma geração que cresceu aprendendo que Portugal era um país de emigração. Todos nós tínhamos familiares no estrangeiro e ao longo da juventude víamos alguns dos amigos a emigrar. Hoje, na geração do meu filho, a situação é distinta. O fluxo inverteu-se, e o comum é os nossos filhos aumentarem o número de colegas provenientes de outros países.
As nossas escolas têm, por isso, vindo a ser confrontadas com novos desafios. Não só são locais onde se decide muito do futuro potencial produtivo do país, como têm um papel na inclusão social dos que vêm viver entre nós.
Neste contexto, li recentemente com muito interesse um artigo que, para cada país, procura comparar os desempenhos escolares dos jovens nascidos no país com os dos jovens que para aí imigraram. O primeiro aspecto a ser realçado é que em Portugal o desempenho relativo dos jovens portugueses e dos jovens imigrantes não é muito distinto. Entre os países da OCDE, Portugal está mesmo entre os que têm as menores diferenças. Mesmo assim, em média, os jovens portugueses têm um desempenho um pouco melhor do que os jovens imigrantes. Porém, como as características das duas populações não são iguais, num segundo passo, os autores procederam à identificação das diferenças que são explicadas pela heterogeneidade nas características dos jovens. Aqui a grande descoberta é que, para Portugal, comparando jovens portugueses e jovens imigrantes com as mesmas características, os imigrantes têm, em média, melhores resultados. Neste segundo nível de análise, Portugal situa-se no meio dos países da OCDE. Controlando para as diferenças de características das populações, países há, como os EUA, em que os jovens imigrantes têm desempenho muito melhor que os jovens nacionais, tal como o contrário sucede em outros países, como a Alemanha. Ao desafio para a melhoria do desempenho geral dos estudantes em Portugal, vêm pois juntar-se sinais sugerindo que algo específico das famílias portuguesas não ajuda ao bom desempenho dos nossos filhos.
Fernando Branco
in Expresso
Promoçao de Portugal
Sat, Feb 3 2007 11:53
| Globalização
| Permalink
José Sócrates é notícia em todas as suas viagens pelo jogging matinal.
Além de ser um acontecimento de inegável força comunicacional, fica muitíssimo bem a um país medalhado no atletísmo e conotado internacionalmente com o turísmo de lazer.
Parabéns!
PS: A publicidade à Adidas é que podia ser substituída por marcas portuguesas com fortes presenças no exterior.
Escolher, agir e inovar
Wed, Jan 31 2007 02:34
| Globalização
| Permalink
O Governo está a ultimar a criação do Fundo de Inovação com recursos públicos e privados
Os países que ambicionam competir e vencer na economia global e baseada na circulação de informação e na valorização do conhecimento, têm de fazer escolhas. Escolher é a essência da estratégia. Com o Plano Tecnológico, Portugal fez a sua escolha.
Sabemos o que queremos e o que não queremos. Não queremos competir no mercado dos bens e serviços massificados e indiferenciados com base no custo dos factores e não podemos ainda competir no mercado global, exclusivamente com base nas qualificações e nas competências.
Por isso escolhemos a inovação, a criatividade e a capacidade empreendedora, como base para a recombinação, a modernização e o aumento da competitividade da economia portuguesa.
Sabemos que não é uma escolha fácil. Temos, no entanto, a força da convicção e a determinação necessária para remover obstáculos e atingir objectivos. A filosofia é clara. Queremos ajudar os empreendedores e os inovadores a chegarem bem preparados ao julgamento do mercado.
O European Venture Summit que decorreu em Lisboa em 4 e 5 de Dezembro juntando meio milhar de empreendedores e cerca de 150 fundos de investimento, constituiu uma excelente oportunidade de promover de forma sistemática os projectos inovadores desenvolvidos em Portugal.
Esta é uma prática que queremos que se repita sempre que o volume de projectos identificados o justifique.
Estamos a concretizar uma agenda de acção concreta no domínio das políticas de apoio e suporte à inovação. Ouvido o Conselho Consultivo do Plano Tecnológico, o Governo está a ultimar um novo modelo de governação do Sistema Nacional de Inovação, incluindo a criação de um Conselho Nacional de Inovação e de um Fundo de Inovação combinando recursos públicos e privados.
Está também a dinamizar uma matriz de redes de inovação, juntando pólos locais, regionais e pólos nacionais de tecnologia e competitividade certificados e com vocação internacional, para reforçar a ligação entre os centros de competências e as empresas e desenvolver plataformas competitivas agressivas, capazes de concorrer no mercado global.
Fizemos escolhas e estamos a caminhar determinadamente para as concretizar.
A chave do sucesso na economia global é a capacidade de empreender, criar riqueza, inovar nos processos, nas atitudes, nos produtos e nos conceitos.
As escolhas feitas marcarão também o novo ciclo da Agenda de Lisboa, no desenho do qual a Presidência Portuguesa da União Europeia no 2º semestre de 2007 terá uma palavra a dizer. Uma palavra reforçada pela força da prática e da experiência adquirida na modernização da sociedade portuguesa.
Carlos Zorrinho, Coordenador nacional do Plano Tecnológico e da Estratégia de Lisboa
Desafios para a globalização
Mon, Jan 15 2007 10:46
| Globalização
| Permalink
Portugal deveria ter a ambição de se tornar um centro de excelência, atraindo talento de todo o mundo em áreas tecnológicas avançadas
As mudanças que se observam em múltiplas e diversificadas actividades económicas a nível mundial têm em comum a utilização do conhecimento e inovação como factores de competitividade. Enquanto que o valor económico do conhecimento depende da sua maior ou menor adequação às actividades geradoras de produtos e serviços, a relevância da inovação depende da sua maior ou menor adequação para os diferenciar.
Conhecimento e inovação com estas características só podem ser alicerçados num sistema de educação de alta qualidade e nivelado internacionalmente. A educação de nível superior terá que conceder prioridade aos domínios tecnológicos que suportam as indústrias de conhecimento intensivo e atribuir-lhes papel catalizador do desenvolvimento económico nacional. Será com o conhecimento e a inovação, mais do que com a intensidade de capital ou o custo de mão-de-obra, que será conquistada a competitividade internacional.
A rápida modernização do tecido industrial nacional de base tecnológica e, em particular, a emergência de sectores tecnológicos não tradicionais, requer a existência de condições estruturantes que garantam capacidade de engenharia, em quantidade e qualidade. Perante o desafio de terem que crescer rapidamente por força da dinâmica da competitividade mundial, as novas empresas tecnológicas serão inevitavelmente confrontadas com a necessidade de assegurarem um elevado e constante «in-flow» de engenharia de alta qualidade. A alternativa à dificuldade de se encontrar a curto e médio prazo a capacidade de engenharia nacional necessária só poderá ser o recurso à utilização de capacidade de engenharia estrangeira. Portugal deveria ter a ambição de se tornar num centro de excelência para a atracção de capacidades e talentos internacionais em domínios tecnológicos avançados, pelo impacto que resultaria na sustentabilidade a curto e médio prazo das novas empresas que ambicionam competir à escala global.
A não materialização deste objectivo conduzirá inevitavelmente à deslocalização internacional de centros de investigação e desenvolvimento para grandes centros de produção de engenharia altamente qualificada, de que são exemplos mais paradigmáticos a Índia e a China.
O desafio é grande, mas ainda maior será o impacto negativo que poderá ter para a sustentabilidade de um novo tecido industrial emergente em Portugal a incapacidade de o alimentar com a matéria-prima estratégica que o capital humano representa. Este desafio deverá representar um enorme estímulo para que ocorram muito rapidamente mudanças significativas promovidas por políticas de desenvolvimento acelerado de recursos internos e, sobretudo, de captação de recursos externos.
CEO da Chipidea
in Expresso, Epifânio da Franca
As mudanças que se observam em múltiplas e diversificadas actividades económicas a nível mundial têm em comum a utilização do conhecimento e inovação como factores de competitividade. Enquanto que o valor económico do conhecimento depende da sua maior ou menor adequação às actividades geradoras de produtos e serviços, a relevância da inovação depende da sua maior ou menor adequação para os diferenciar.
Conhecimento e inovação com estas características só podem ser alicerçados num sistema de educação de alta qualidade e nivelado internacionalmente. A educação de nível superior terá que conceder prioridade aos domínios tecnológicos que suportam as indústrias de conhecimento intensivo e atribuir-lhes papel catalizador do desenvolvimento económico nacional. Será com o conhecimento e a inovação, mais do que com a intensidade de capital ou o custo de mão-de-obra, que será conquistada a competitividade internacional.
A rápida modernização do tecido industrial nacional de base tecnológica e, em particular, a emergência de sectores tecnológicos não tradicionais, requer a existência de condições estruturantes que garantam capacidade de engenharia, em quantidade e qualidade. Perante o desafio de terem que crescer rapidamente por força da dinâmica da competitividade mundial, as novas empresas tecnológicas serão inevitavelmente confrontadas com a necessidade de assegurarem um elevado e constante «in-flow» de engenharia de alta qualidade. A alternativa à dificuldade de se encontrar a curto e médio prazo a capacidade de engenharia nacional necessária só poderá ser o recurso à utilização de capacidade de engenharia estrangeira. Portugal deveria ter a ambição de se tornar num centro de excelência para a atracção de capacidades e talentos internacionais em domínios tecnológicos avançados, pelo impacto que resultaria na sustentabilidade a curto e médio prazo das novas empresas que ambicionam competir à escala global.
A não materialização deste objectivo conduzirá inevitavelmente à deslocalização internacional de centros de investigação e desenvolvimento para grandes centros de produção de engenharia altamente qualificada, de que são exemplos mais paradigmáticos a Índia e a China.
O desafio é grande, mas ainda maior será o impacto negativo que poderá ter para a sustentabilidade de um novo tecido industrial emergente em Portugal a incapacidade de o alimentar com a matéria-prima estratégica que o capital humano representa. Este desafio deverá representar um enorme estímulo para que ocorram muito rapidamente mudanças significativas promovidas por políticas de desenvolvimento acelerado de recursos internos e, sobretudo, de captação de recursos externos.
CEO da Chipidea
in Expresso, Epifânio da Franca
Elefante perde para o dragão
Mon, Jan 8 2007 10:27
| Globalização
| Permalink
As comparações com a China não são lisonjeiras para a Índia: o país vizinho e rival lidera hoje em quase todos os indicadores económicos e de desenvolvimento humano. No entanto, os dois países mais populosos do mundo estavam no mesmo patamar em 1984. Eram predominantemente agrícolas e tinham rendimentos «per capita» inferiores a 250 euros. Mas, foi a China quem mais beneficiou da abertura ao comércio mundial. Hoje tem um Produto Interno Bruto (PIB) que é o dobro do indiano. Conseguiu reduzir para 13% a proporção da população que vive com menos de 80 cêntimos ao dia, enquanto que ainda está nos 31% na Índia. Por outro lado, a China atrai 12 vezes mais investimento estrangeiro que a Índia (50 mil milhões de euros «versus» 4 mil milhões de euros). Porque foi possível à China ter disparado no crescimento económico e o país fundado por Gandhi ter ficado a marcar passo? O ministro indiano das Finanças, P. Chidambaram, dizia no final de 2005 à revista ‘Fortune’ que o fraco desempenho do seu país nas duas últimas décadas se deve à lentidão em reestruturar empresas públicas não lucrativas e à tardia abertura ao exterior. “Tentamos todos os dias, mas nós somos uma democracia. Temos imprensa livre. Nós só conseguimos dar pequenos passos que parecem lentos em relação à China. Para avançar, tenho de carregar com os meus parceiros de coligação e com a oposição”, referiu à revista americana.
in EXPRESSO
in EXPRESSO
O que Portugal faz bem
Tue, Jan 2 2007 08:59
| Globalização
| Permalink
Imagine um garfo. Um garfo normal, é um produto bem aborrecido e desinteressante. Um gafo é um garfo, não tem nada que saber. Agora imagine que esse garfo em questão é Made in Germany, como é que seria o tal garfo alemão? E se o garfo fosse italiano, que tal seria? Já agora, como é um garfo fabricado no Japão?
Nesta internacional cutelaria imaginária, encontram-se alguns dos seguintes produtos: Pesados garfos alemães de liga fantástica, que nunca se enferrujam, nem sequer se entortam; Uns lindíssimos faqueiros italianos, do tipo que transpira design, ideais para decorar a mesa num jantar, mas só se for de cerimónia, porque se são italianos e provavelmente intragáveis no dia-a-dia; Finalmente, os garfos japoneses, que se não forem pauzinhos, serão miniaturas equipadas com um sensor electrónico de temperatura, não vá o comensal queimar-se.
Estes países têm uma percepção da sua nacionalidade que se reflecte nos seus produtos e que os ajuda a vender a sua produção. Percepção esta que deriva da sua História e que dá aos seus produtos verdadeiras vantagens competitivas. Veja-se a França em que o luxo de Versailhes, vende hoje o luxo dos seus cosméticos e perfumes líderes mundiais. Ou o oposto, a terra da oportunidade, tão abundante e com tão pouca história. Uma Herança que faz do Made in USA sinónimo de tudo o que for grande e descartável. ORA, como se vê, a percepção dos produtos nacionais é, em primeiro lugar, condicionada pela percepção da História dos seus países. Mesmo em Portugal.
Só que para o consumidor europeu médio, Portugal não tem grande História. Ou seja, os Europeus sabem que em Portugal não se passa grande coisa: O clima é bom e tolerante; Não há animais venenosos; Não existem tufões, nem terroristas; Há pouco crime e até as revoluções são com flores. Enquanto os italianos herdaram o seu estilo, do estilo que impõem ao mundo desde o renascimento, os portugueses têm o país onde nada acontece, nem as coisas excitantes (como em Espanha), nem tão pouco as coisas neutras e previsíveis (como na Suíça). Em Portugal não acontece nada, pelo que Portugal é um país onde se está bem, onde se vive bem e com vagar. Portugal é assim o país do conforto. E o principal produto do país do conforto tem de ser o turismo residencial de terceira idade.
A maior indústria da rica Florida são os condomínios para reformados e Portugal, a exemplo da Florida, pode tratar de pôr os reformados da Europa ao sol para viver à custa das suas europeias seguranças sociais. Depois, com os reformados, viriam nas férias os respectivos filhos e netos e com eles mais consumo. Se Portugal acolher 250mil reformados, o consumo directo cresce 3% do PIB. E se vier um milhão de reformados? Já se vê, fica um país rico.
A esse dinheiro (que está disponível porque não existe ninguém a apostar a sério nesta oportunidade de mercado) junta-se ainda todo o efeito de contágio dos produtos nacionais. Móveis confortáveis, Sapatos que não aleijam, Roupa para ir à esplanada. Televisões que não ferem os olhos. O país do conforto é uma ideia onde Portugal pode competir. Não é tecnológica, porque os europeus têm tanta razão para temer a inovação portuguesa, como nós temos para desconfiar dos Fiats usados. Não é mão-de-obra barata, porque nisso e felizmente, nos ganham os sempre pobres filipinos que cosem ténis por dois dólares e uma malga de arroz. O conforto é algo que Portugal faz bem (fazer nada) e se deduz directamente da nossa Herança.
As marcas que querem ser preferidas pelos consumidores precisam de um Motivo de Compra que seja uma declinação da sua Herança. Em Portugal, a Herança é ser um País pequeno e periférico, pacato e humilde, onde nada de mal se passa, tal como nada de bem se faz. Se esta é a Herança da Marca Portugal, não há como o renegar, Portugal é um país algo banana, sem chegar a ser uma república das bananas. Então, que se assuma o Conforto e se faça dele o motivo unicamente excelente para comprar o que é Português.
in DE, Henrique Agostinho
Nesta internacional cutelaria imaginária, encontram-se alguns dos seguintes produtos: Pesados garfos alemães de liga fantástica, que nunca se enferrujam, nem sequer se entortam; Uns lindíssimos faqueiros italianos, do tipo que transpira design, ideais para decorar a mesa num jantar, mas só se for de cerimónia, porque se são italianos e provavelmente intragáveis no dia-a-dia; Finalmente, os garfos japoneses, que se não forem pauzinhos, serão miniaturas equipadas com um sensor electrónico de temperatura, não vá o comensal queimar-se.
Estes países têm uma percepção da sua nacionalidade que se reflecte nos seus produtos e que os ajuda a vender a sua produção. Percepção esta que deriva da sua História e que dá aos seus produtos verdadeiras vantagens competitivas. Veja-se a França em que o luxo de Versailhes, vende hoje o luxo dos seus cosméticos e perfumes líderes mundiais. Ou o oposto, a terra da oportunidade, tão abundante e com tão pouca história. Uma Herança que faz do Made in USA sinónimo de tudo o que for grande e descartável. ORA, como se vê, a percepção dos produtos nacionais é, em primeiro lugar, condicionada pela percepção da História dos seus países. Mesmo em Portugal.
Só que para o consumidor europeu médio, Portugal não tem grande História. Ou seja, os Europeus sabem que em Portugal não se passa grande coisa: O clima é bom e tolerante; Não há animais venenosos; Não existem tufões, nem terroristas; Há pouco crime e até as revoluções são com flores. Enquanto os italianos herdaram o seu estilo, do estilo que impõem ao mundo desde o renascimento, os portugueses têm o país onde nada acontece, nem as coisas excitantes (como em Espanha), nem tão pouco as coisas neutras e previsíveis (como na Suíça). Em Portugal não acontece nada, pelo que Portugal é um país onde se está bem, onde se vive bem e com vagar. Portugal é assim o país do conforto. E o principal produto do país do conforto tem de ser o turismo residencial de terceira idade.
A maior indústria da rica Florida são os condomínios para reformados e Portugal, a exemplo da Florida, pode tratar de pôr os reformados da Europa ao sol para viver à custa das suas europeias seguranças sociais. Depois, com os reformados, viriam nas férias os respectivos filhos e netos e com eles mais consumo. Se Portugal acolher 250mil reformados, o consumo directo cresce 3% do PIB. E se vier um milhão de reformados? Já se vê, fica um país rico.
A esse dinheiro (que está disponível porque não existe ninguém a apostar a sério nesta oportunidade de mercado) junta-se ainda todo o efeito de contágio dos produtos nacionais. Móveis confortáveis, Sapatos que não aleijam, Roupa para ir à esplanada. Televisões que não ferem os olhos. O país do conforto é uma ideia onde Portugal pode competir. Não é tecnológica, porque os europeus têm tanta razão para temer a inovação portuguesa, como nós temos para desconfiar dos Fiats usados. Não é mão-de-obra barata, porque nisso e felizmente, nos ganham os sempre pobres filipinos que cosem ténis por dois dólares e uma malga de arroz. O conforto é algo que Portugal faz bem (fazer nada) e se deduz directamente da nossa Herança.
As marcas que querem ser preferidas pelos consumidores precisam de um Motivo de Compra que seja uma declinação da sua Herança. Em Portugal, a Herança é ser um País pequeno e periférico, pacato e humilde, onde nada de mal se passa, tal como nada de bem se faz. Se esta é a Herança da Marca Portugal, não há como o renegar, Portugal é um país algo banana, sem chegar a ser uma república das bananas. Então, que se assuma o Conforto e se faça dele o motivo unicamente excelente para comprar o que é Português.
in DE, Henrique Agostinho
A aventura
Sat, Dec 30 2006 03:33
| Globalização
| Permalink
Sinto a necessidade de formular um desejo limitado ao meu país, não facilmente definível, e que certamente ultrapassará o período de um ano. Desejo que ‘a aventura’ passe a ser o estado de espírito dominante dos portugueses.
Portugal enfrenta hoje uma competição internacional inescapável. A visão só pode ser uma: vencê-la. As nossas empresas têm que dominar globalmente nos mercados em que actuam. Temos que criar e vender produtos a essa escala.
Esta visão é ainda um sonho. Temos que o realizar para que não se transforme numa alucinação.
Algumas empresas estão preparadas para estes desafios. Mas a maioria dos portugueses não foram educados para eles. As nossas universidades criam empregados e não empreendedores. O conforto é mais desejado do que a aventura.
O grande desafio para o próximo ano é iniciar a reforma das universidades. As universidades têm que mudar os sistemas de governação e de gestão. Mas estes sistemas devem ser desenhados com um objectivo simples: recrutar os melhores professores e deixá-los à vontade.
Os melhores professores são os que ensinam e investigam na fronteira. São eles que atraem os melhores estudantes e os formam para a liderança científica e empresarial.
Os melhores professores são também aqueles que mais desejam e que melhor sabem utilizar a liberdade. Os sistemas de gestão devem ser desenhados para que a liberdade seja o valor primordial da Universidade.
Neste momento, as nossas melhores universidades têm corpos docentes envelhecidos. Entretanto, o país financiou a formação de milhares de jovens cientistas nas melhores universidades do mundo. Portugal começa também a ser atractivo para jovens investigadores de outros países.
Para contratar estes jovens talentos vão ser necessários recursos financeiros que as universidades só vão poder obter através de receitas próprias. Neste domínio, vão ter que profissionalizar a angariação de fundos.
A mudança na Universidade simbolizará o rejuvenescimento da sociedade portuguesa. Confio nas novas gerações de universitários para a criação de um ambiente de aventura intelectual que transforme Portugal.
Este processo não pode ser mais adiado. Tem que ser iniciado em 2007.
in Expresso, António Câmara
Portugal enfrenta hoje uma competição internacional inescapável. A visão só pode ser uma: vencê-la. As nossas empresas têm que dominar globalmente nos mercados em que actuam. Temos que criar e vender produtos a essa escala.
Esta visão é ainda um sonho. Temos que o realizar para que não se transforme numa alucinação.
Algumas empresas estão preparadas para estes desafios. Mas a maioria dos portugueses não foram educados para eles. As nossas universidades criam empregados e não empreendedores. O conforto é mais desejado do que a aventura.
O grande desafio para o próximo ano é iniciar a reforma das universidades. As universidades têm que mudar os sistemas de governação e de gestão. Mas estes sistemas devem ser desenhados com um objectivo simples: recrutar os melhores professores e deixá-los à vontade.
Os melhores professores são os que ensinam e investigam na fronteira. São eles que atraem os melhores estudantes e os formam para a liderança científica e empresarial.
Os melhores professores são também aqueles que mais desejam e que melhor sabem utilizar a liberdade. Os sistemas de gestão devem ser desenhados para que a liberdade seja o valor primordial da Universidade.
Neste momento, as nossas melhores universidades têm corpos docentes envelhecidos. Entretanto, o país financiou a formação de milhares de jovens cientistas nas melhores universidades do mundo. Portugal começa também a ser atractivo para jovens investigadores de outros países.
Para contratar estes jovens talentos vão ser necessários recursos financeiros que as universidades só vão poder obter através de receitas próprias. Neste domínio, vão ter que profissionalizar a angariação de fundos.
A mudança na Universidade simbolizará o rejuvenescimento da sociedade portuguesa. Confio nas novas gerações de universitários para a criação de um ambiente de aventura intelectual que transforme Portugal.
Este processo não pode ser mais adiado. Tem que ser iniciado em 2007.
in Expresso, António Câmara
Na rota da inovação
Wed, Oct 11 2006 09:39
| Globalização, Inovação
| Permalink
A capacidade de integrar tecnologias e gerar soluções para problemas complexos constitui um nicho de negócio em que Portugal pode ter cada vez mais reconhecimento e visibilidade global.
Não foi por acaso que a Comissão Europeia escolheu Portugal para organizar conjuntamente o primeiro Seminário de Alto Nível sobre boas práticas no âmbito da Agenda de Lisboa. Sob o lema ‘Excelência e Parcerias para uma Europa Inovadora’, uma dezena de boas práticas foram apresentadas. Dessas, duas são portuguesas. A primeira resulta da promoção de condições favoráveis à criação de empresas inovadoras, domínio em que Portugal foi recentemente classificado como ‘Top reformer’ pelo Banco Mundial. A segunda, partilhada com Espanha, é a criação de um Instituto Internacional de Investigação no domínio da Nanotecnologia, que reunirá 200 investigadores de alto nível - 1/3 portugueses, 1/3 espanhóis e 1/3 recrutados a nível mundial.
Também não foi por acaso que Portugal foi escolhido para a realização em Dezembro da Cimeira Europeia de Capital de Risco, na qual 200 investidores e instituições de investimento de toda a Europa discutirão tendências emergentes nos mercados das biotecnologias, das tecnologias da informação e da energia e interagirão com 150 empresas inovadoras - entre as quais 50 portuguesas - em busca de financiamento. Esse evento, que congrega em simultâneo quatro iniciativas no domínio do capital de risco e um concurso de empresas inovadoras, marca uma nova etapa na relação da economia portuguesa com as faixas mais dinâmicas da economia europeia e mundial.
O desenvolvimento acelerado do processo de globalização colocou Portugal - uma pequena economia aberta e fortemente exposta ao comércio internacional - perante um extraordinário desafio de modernização. Sem poder continuar a competir com base nos baixos custos dos factores de produção e sem dispor de uma base de qualificação capaz de fazer a diferença, Portugal apostou numa agenda de inovação e de modernização tecnológica, de forma a poder intervir no jogo da competitividade em pé de igualdade com as economias mais desenvolvidas.
Com o Plano Tecnológico e a resposta estimulante que instituições e sociedade civil têm dado à sua agenda, Portugal pode ambicionar ter de novo uma palavra a dizer como território de oportunidade e inovação. Na recente visita a Espanha, o Presidente da República surpreendeu o Rei de Espanha oferecendo-lhe um produto inovador de concepção portuguesa. Aí testemunhei como muitos empresários portugueses inovadores surpreenderam os espanhóis pela qualidade dos seus projectos e propostas de negócio. A capacidade de integrar tecnologias e gerar soluções para problemas complexos constitui um nicho de negócio em que Portugal pode ter cada vez mais reconhecimento e visibilidade global.
in Expresso, Carlos Zorrinho, Coordenador Nacional da Estratégia de Lisboa e do Plano Tecnológico
Não foi por acaso que a Comissão Europeia escolheu Portugal para organizar conjuntamente o primeiro Seminário de Alto Nível sobre boas práticas no âmbito da Agenda de Lisboa. Sob o lema ‘Excelência e Parcerias para uma Europa Inovadora’, uma dezena de boas práticas foram apresentadas. Dessas, duas são portuguesas. A primeira resulta da promoção de condições favoráveis à criação de empresas inovadoras, domínio em que Portugal foi recentemente classificado como ‘Top reformer’ pelo Banco Mundial. A segunda, partilhada com Espanha, é a criação de um Instituto Internacional de Investigação no domínio da Nanotecnologia, que reunirá 200 investigadores de alto nível - 1/3 portugueses, 1/3 espanhóis e 1/3 recrutados a nível mundial.
Também não foi por acaso que Portugal foi escolhido para a realização em Dezembro da Cimeira Europeia de Capital de Risco, na qual 200 investidores e instituições de investimento de toda a Europa discutirão tendências emergentes nos mercados das biotecnologias, das tecnologias da informação e da energia e interagirão com 150 empresas inovadoras - entre as quais 50 portuguesas - em busca de financiamento. Esse evento, que congrega em simultâneo quatro iniciativas no domínio do capital de risco e um concurso de empresas inovadoras, marca uma nova etapa na relação da economia portuguesa com as faixas mais dinâmicas da economia europeia e mundial.
O desenvolvimento acelerado do processo de globalização colocou Portugal - uma pequena economia aberta e fortemente exposta ao comércio internacional - perante um extraordinário desafio de modernização. Sem poder continuar a competir com base nos baixos custos dos factores de produção e sem dispor de uma base de qualificação capaz de fazer a diferença, Portugal apostou numa agenda de inovação e de modernização tecnológica, de forma a poder intervir no jogo da competitividade em pé de igualdade com as economias mais desenvolvidas.
Com o Plano Tecnológico e a resposta estimulante que instituições e sociedade civil têm dado à sua agenda, Portugal pode ambicionar ter de novo uma palavra a dizer como território de oportunidade e inovação. Na recente visita a Espanha, o Presidente da República surpreendeu o Rei de Espanha oferecendo-lhe um produto inovador de concepção portuguesa. Aí testemunhei como muitos empresários portugueses inovadores surpreenderam os espanhóis pela qualidade dos seus projectos e propostas de negócio. A capacidade de integrar tecnologias e gerar soluções para problemas complexos constitui um nicho de negócio em que Portugal pode ter cada vez mais reconhecimento e visibilidade global.
in Expresso, Carlos Zorrinho, Coordenador Nacional da Estratégia de Lisboa e do Plano Tecnológico
Multinacionais, clusters e inovação
Sun, Oct 8 2006 10:12
| Empreendedorismo, Globalização
| Permalink
Ana Teresa Tavares-Lehmann e Aurora Amélia Castro Teixeira, docentes da Faculdade de Economia da Universidade do Porto e investigadoras do seu Centro de Estudos Macroeconómicos e Previsão (CEMPRE), vão lançar na próxima segunda-feira o livro "Multinationals, Clusters and Innovation: Does Public Policy Matter?"
A sessão de apresentação, a cargo do Reitor da Universidade do Porto, José Marques dos Santos, e do professor catedrático da Universidade de Glasgow, Stephen Young, terá lugar no Salão Nobre da Reitoria da Universidade do Porto às 20 horas. A obra, em inglês, é publicada pela editora internacional Palgrave Macmillan
"Multinationals, Clusters and Inovation: Does Public Policy Matter?" examina as políticas públicas adoptadas pela maioria dos países para atrair investimento directo estrangeiro (IDE), estimular a formação de “clusters” empresariais e fomentar a inovação. São investigadas as actividades de multinacionais estrangeiras, bem como o seu impacto, especificamente no que concerne à sua contribuição para a inovação, para o desenvolvimento de aglomerações industriais, e para o estabelecimento de ligações (materiais e intangíveis) com o tecido local.
A eficiência, adequação, e suficiência destas políticas é discutida em profundidade neste volume, que também propõe, nos seus vários capítulos, propostas de políticas concretas para fomentar o impacto positivo deste tipo de empresas. Um leque variado de experiências, e respectiva evidência empírica, são apresentados, cobrindo uma multiplicidade de contextos, países e sectores.
in Ciência Hoje
A sessão de apresentação, a cargo do Reitor da Universidade do Porto, José Marques dos Santos, e do professor catedrático da Universidade de Glasgow, Stephen Young, terá lugar no Salão Nobre da Reitoria da Universidade do Porto às 20 horas. A obra, em inglês, é publicada pela editora internacional Palgrave Macmillan
"Multinationals, Clusters and Inovation: Does Public Policy Matter?" examina as políticas públicas adoptadas pela maioria dos países para atrair investimento directo estrangeiro (IDE), estimular a formação de “clusters” empresariais e fomentar a inovação. São investigadas as actividades de multinacionais estrangeiras, bem como o seu impacto, especificamente no que concerne à sua contribuição para a inovação, para o desenvolvimento de aglomerações industriais, e para o estabelecimento de ligações (materiais e intangíveis) com o tecido local.
A eficiência, adequação, e suficiência destas políticas é discutida em profundidade neste volume, que também propõe, nos seus vários capítulos, propostas de políticas concretas para fomentar o impacto positivo deste tipo de empresas. Um leque variado de experiências, e respectiva evidência empírica, são apresentados, cobrindo uma multiplicidade de contextos, países e sectores.
in Ciência Hoje
Um regresso às origens
Sat, Oct 7 2006 01:07
| Desenvolvimento Local, Empreendedorismo, Globalização, Inovação
| Permalink
Agricultura biológica é âncora do Valmonte, que tem Espanha como meta
As videiras acabaram de ser vindimadas na quinta de Borba com 27 hectares que alberga o Hotel Valmonte. Os hóspedes também foram convidados a apanhar e a pisar uvas. “O vinho é um elemento fundamental do nosso conceito turístico de regresso às origens”, esclarece Artur Lourenço, o empresário que transformou um ermitério do séc. XVIII “que era uma ruína” num hotel de charme com 14 quartos, após investir de 2 milhões de euros “sem quaisquer ajudas”.
A grande marca do projecto hoteleiro é a agricultura orgânica que lhe serve de suporte. Além de vinho, aquela quinta produz azeite e todo o tipo de legumes e frutas, como maçãs, nêsperas, figos, ameixas, romãs ou melões “com estrume de cabra ou ovelha”, inteiramente para consumo dos hóspedes. “Tudo o que se come aqui são produtos naturais e é feito por cozinheiras do antigamente. Os ovos são das nossas galinhas e o porco preto do nosso vizinho”.
O Hotel Valmonte inaugura oficialmente em Novembro, e se tiver boa aceitação irá marcar o arranque de uma cadeia, que pode vir a abrir umas seis unidades em Espanha, segundo os cálculos do empresário. “Dentro de um ano já saberei se o conceito funciona. Mas julgo que poderá chegar a quatro hotéis em Portugal”, adianta Artur Lourenço, que já identificou o Douro como local privilegiado para outro hotel com o mesmo tipo de atmosfera.
Neste projecto, cuja marca também está nas obras de arte espalhadas pelas salas, no Spa com vista para as laranjeiras ou na simpatia do pessoal alentejano - para não falar nas plantações de lúcia-lima, alfazema ou rosmaninho que dão o nome aos quartos -, os turistas espanhóis são um mercado-alvo.
Proprietário da Sittis, empresa de motivação humana com escritórios em Portugal e Espanha, Artur Lourenço já garantiu a ocupação do hotel em Borba por vários meses com formação para quadros de grandes companhias. Também aqui se marca a diferença: “Despimo-los todos logo na recepção, tiramos-lhes os telemóveis, brincos e relógios. Vão ter de sobreviver como se fossem monges e fazer a sua própria comida. No fim deste retiro, vão repensar a sua actividade com outros olhos”.
in EXPRESSO, Conceição Antunes
As videiras acabaram de ser vindimadas na quinta de Borba com 27 hectares que alberga o Hotel Valmonte. Os hóspedes também foram convidados a apanhar e a pisar uvas. “O vinho é um elemento fundamental do nosso conceito turístico de regresso às origens”, esclarece Artur Lourenço, o empresário que transformou um ermitério do séc. XVIII “que era uma ruína” num hotel de charme com 14 quartos, após investir de 2 milhões de euros “sem quaisquer ajudas”.
A grande marca do projecto hoteleiro é a agricultura orgânica que lhe serve de suporte. Além de vinho, aquela quinta produz azeite e todo o tipo de legumes e frutas, como maçãs, nêsperas, figos, ameixas, romãs ou melões “com estrume de cabra ou ovelha”, inteiramente para consumo dos hóspedes. “Tudo o que se come aqui são produtos naturais e é feito por cozinheiras do antigamente. Os ovos são das nossas galinhas e o porco preto do nosso vizinho”.
O Hotel Valmonte inaugura oficialmente em Novembro, e se tiver boa aceitação irá marcar o arranque de uma cadeia, que pode vir a abrir umas seis unidades em Espanha, segundo os cálculos do empresário. “Dentro de um ano já saberei se o conceito funciona. Mas julgo que poderá chegar a quatro hotéis em Portugal”, adianta Artur Lourenço, que já identificou o Douro como local privilegiado para outro hotel com o mesmo tipo de atmosfera.
Neste projecto, cuja marca também está nas obras de arte espalhadas pelas salas, no Spa com vista para as laranjeiras ou na simpatia do pessoal alentejano - para não falar nas plantações de lúcia-lima, alfazema ou rosmaninho que dão o nome aos quartos -, os turistas espanhóis são um mercado-alvo.
Proprietário da Sittis, empresa de motivação humana com escritórios em Portugal e Espanha, Artur Lourenço já garantiu a ocupação do hotel em Borba por vários meses com formação para quadros de grandes companhias. Também aqui se marca a diferença: “Despimo-los todos logo na recepção, tiramos-lhes os telemóveis, brincos e relógios. Vão ter de sobreviver como se fossem monges e fazer a sua própria comida. No fim deste retiro, vão repensar a sua actividade com outros olhos”.
in EXPRESSO, Conceição Antunes
InterRail
Sun, Jan 29 2006 07:02
| Educação e Conhecimento, Globalização
| Permalink
Há iniciativas cujos resultados são notoriamente visiveis com uma a duas décadas de "atraso".
Refiro-me neste caso ao InterRail.
Julgo que milhões de jovens têm actualmente uma noção geográfica e cultural da europa, graças à oportunidade desta iniciativa da associação de exploradores europeus de transportes ferroviários.
Hoje, numa economia global, são poucos os quadros superiores de empresas que não são capazes de difinir geográfica e culturalmente os diversos povos europeus.
Seja num objectivo de internacionalização ou de aproveitamento da mobilidade dentro do espaço europeu, essa experiência foi sem dúvida tão importante como o ensino de linguas estrangeiras para os respectivos estudantes.
Refiro-me neste caso ao InterRail.
Julgo que milhões de jovens têm actualmente uma noção geográfica e cultural da europa, graças à oportunidade desta iniciativa da associação de exploradores europeus de transportes ferroviários.
Hoje, numa economia global, são poucos os quadros superiores de empresas que não são capazes de difinir geográfica e culturalmente os diversos povos europeus.
Seja num objectivo de internacionalização ou de aproveitamento da mobilidade dentro do espaço europeu, essa experiência foi sem dúvida tão importante como o ensino de linguas estrangeiras para os respectivos estudantes.
Tue, Nov 30 1999 12:00
| Permalink
Tue, Nov 30 1999 12:00
| Permalink
Tue, Nov 30 1999 12:00
| Permalink
Tue, Nov 30 1999 12:00
| Permalink
Tue, Nov 30 1999 12:00
| Permalink
Tue, Nov 30 1999 12:00
| Permalink
Tue, Nov 30 1999 12:00
| Permalink
Tue, Nov 30 1999 12:00
| Permalink