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À beira dos limites

Este artigo, publicado hoje no Expresso, poderia bem ser o editorial deste blogue.

"OS SINAIS são visíveis de que o modelo de crescimento em que o mundo tem vivido desde a Revolução Industrial caminha para o seu colapso nos próximos 50 anos, se uma mudança de políticas não for seriamente implementada e mantida. O mundo arrisca-se a forçar os seus limites físicos. O que se passa hoje em torno do pico do petróleo é um exemplo, face à emergência de potências económicas populosas que se transformaram de «pigmeus» no consumo de energia em máquinas «energívoras». O disparo do número e impacto dos desastres naturais ocorridos anualmente é outro aviso. Em menos de 20 anos poderá ser a vez da produção total alimentar atingir o seu pico. As tendências desenhadas em Limites ao Crescimento, o relatório do Clube de Roma de 1972, consideradas na altura catastrofistas e insensatas, parecem mais realistas do que nunca, recorda o economista Dennis Meadows, um dos seus autores.

«Infelizmente o mundo tem-se movido pelos caminhos dos nossos piores cenários de então. É ainda cedo para julgar a 100% se estávamos certos ou errados nas principais conclusões que tirámos em 1972, pois nenhuma das nossas projecções mostrava paragem do crescimento antes do período 2030-2050. Mas os sinais estão diante de nós», refere ao EXPRESSO Dennis Meadows, 64 anos, que confessa estar hoje mais pessimista do que há 34 anos atrás. «Enfrentamos o risco de uma série de picos. Na altura, não especificámos o caso do petróleo. Mas é um bom exemplo de um importante limite. Também não referimos o caso do gás natural, que poderá atingir o seu pico daqui a 20 anos, pelo que não é uma solução de longo prazo», adianta. O preço alto de algumas «commodities» e as guerras pelos recursos e pontos logísticos estratégicos começam a ser hoje «reguladores» à bruta desse desequilíbrio estrutural.

O relatório de 1972 baseou-se num modelo computacional - baptizado de «World3» - inspirado na teoria da dinâmica de sistemas de Jay Forrester, o cientista do Massachusetts Institute of Technology (MIT) que influenciou o grupo de quatro jovens investigadores em que participava Dennis, a sua mulher Donella (já falecida, e a quem se atribui a liderança do projecto), Jorgen Randers e William Behrens. O modelo originou 12 cenários que traziam uma mensagem clara: «As tendências actuais de crescimento não são sustentáveis. A população global e a actividade económica crescem de um modo exponencial que levará a ultrapassar os limites físicos dos recursos, que são finitos». A equipa do MIT não poderia sequer imaginar os efeitos do que viria a acontecer anos depois - a gestão política do petróleo, o início das reformas económicas na China em 1978, o colapso da União Soviética e a abertura a um novo alargamento da economia de mercado no mundo e a mudança de política económica na Índia em 1991.

Esta dinâmica de stresse sobre os recursos, se não for invertida, terá efeitos económicos dramáticos duráveis. «É um ciclo que se auto-alimenta», conclui Dennis Meadows."


In EXPRESSO, Jorge Nascimento Rodrigues

TÍTULOS PERIGOSOS! Alguém devia já ter clarificado ...



Texto da autoria de José Palma Rita, publicado no Largo das Alterações

"O défice de qualificação da nossa população activa é bem conhecido de todos: bastante superior ao dos restantes países da UE e da OCDE, tal como atestam as estatísticas periódicas dos mesmos. Perante tal evidência consensualizada, como é possível que se permita que a comunicação social interprete abusivamente (isto é, oportunamente do ponto de vista comunicacional) as conclusões de um estudo sobre os resultados da formação profissional em termos de empregabilidade, sem que alguém venha a terreno esclarecer como estão erradas a induções construídas a partir de conclusões telegráficas?
Tenho dificuldade em aceitar como supostamente verdadeiros (porque publicamente apresentados e não contestados) os títulos de notícias que levam os jovens, adultos, empregados e desempregados deste país a julgar que não vale a pena apostar no aumento das suas qualificações, quando sabemos que:
O desemprego continua ainda assim a afectar mais os que se situam nos escalões mais baixos de qualificação;
Os detentores de qualificações dos níveis superiores tendem a estar menos tempo na situação de desemprego, aproveitando mais facilmente as oportunidades induzidas pelos ciclos de recuperação da economia.
É muito perigoso permitir (passivamente) fazer crer que, em Portugal, a formação profissional não garante emprego e que é inútil para quem a frequenta, nomeadamente na óptica da procura de emprego e da redução do tempo de permanência no desemprego.

Por dever de consciência, permito-me fazer aqui um exercício hipoteticamente explicativo dos resultados brutos do estudo, os quais ampliaram (não correctamente) vários órgãos de comunicaçao social, tendo em conta que se trata apenas de um exercício explicativo, sujeito a contestação séria e fundamentada (não em conversa de seminários para preencher curriculum, em títulos académicos para progressão na carreira ou idiotice politiqueira). À séria mesmo.

O perfil do formando-tipo do estudo revela um público adulto e feminino, que vive acima do Tejo (povoamento urbano e certamente metropolitano), a que se deve juntar o facto de deterem qualificações ao nível do ensino superior, de onde decorrem várias hipóteses de explicação do desajustamento entre a formação recebida a (falta) empregabilidade imediata:

São adultos os ex-formandos porque terminam as licenciaturas e mestrados cada vez mais tarde (porque os fazem de seguida), sendo mais tardia a sua entrada no mercado de trabalho;
Muita da formação de base (ministrada pelo IEFP) aos casos em que o inquérito revela dificuldades de inserção no mercado de trabalho foi dirigida a este tipo de públicos ao abrigo dos programas Fordesq e FAQ (Formação de Activos Qualificados);
São as mulheres que mais frequentam as licenciaturas que maiores excedentes têm gerado no mercado de trabalho (ciências sociais e humanas, direito, …), com proporções cada vez maiores face aos homens (entre 60% a 70%);
Uma boa fatia deste tipo de público é portador de licenciaturas via ensino (daí a resposta de que a formação recebida não tenha contribuído em nada para encontrarem emprego), que foram obrigados(as) a frequentar uma formação cuja filosofia foi à partida mal definida (numa lógica de reconversão de qualificações longas para outras profissões, em pouco tempo, sem resultados, como pode comprovar-se em boa parte dos casos, nomeadamente no caso dos públicos apetrechados com formação para ensino);
A formação dirigida a licenciados desempregados foi sempre mal encarada pelos seus destinatários e apenas legitimada nos casos em que os mesmos estavam a receber subsídio de desemprego (obrigados a ir para a formação). Como o subsídio de desemprego tinha sido conseguido há pouco tempo e como a formação profissional suspende o subsídio de desemprego sem queimar o tempo atribuído inicialmente, finda a mesma formação, foi retomado o subsídio pelos destinatários, até ao final, sem perigo de o perderem em consequência de oferta de emprego compatível (a qual apenas se aplica no caso de docência, situação que não aconteceu até aos novos concursos de ingresso no Ministério da Educação);
A falta de experiência dos recém-licenciados também não ajuda a, num momento de recessão do mercado de trabalho, encontrar emprego, mesmo que seja depois de frequentar formação profissional que não era complementar, como se viu atrás (apesar de adultos, muitos são candidatos a primeiro emprego ou pouco mais que isso: pouca experiência de trabalho e, quando tal acontece é na área do ensino, o que não é relevante para o mercado de trabalho, ele próprio também cada vez menos empregador de forma estável – esta é uma variável não clarificada suficientemente aqui, continuando a falar-se em emprego e não em trabalho, desprezando coisas como a empregabilidade por conta própria, que deveria traduzir expressões mais notórias do que acontece, confirmando mais uma vez o peso das licenciaturas de via ensino);
Como a frequência de formação para encontrar emprego era a principal motivação, segundo o estudo, perante o desajustamento existente entre a oferta e produção do sistema de ensino superior e do mercado de trabalho, há uma maior incidência do tipo de resposta que procura estabelecer a relação de causa-efeito entre a formação e a empregabilidade;
Há um grande acomodamento e fraca propensão à mobilidade geográfica (a falta de emprego na área de residência é apontada como dificuldade de empregabilidade por 28%), a que se pode juntar a falta de experiência (dificuldade apontada por 13%), os quais, somados, são muito mais importantes e justificativos (41%) do que a falta de emprego na área do curso, confirmando em parte algumas das hipóteses aqui avançadas para explicar a situação;
Daqui decorre que a formação avaliada não coincide totalmente com a que é ministrada regularmente nos Centros de Formação Profissional do IEFP, de carácter técnico, em estreita cooperação com o tecido empresarial, dirigida a áreas de identificada carência no mercado de trabalho e com elevado grau de empregabilidade. Os resultados menos positivos do estudo referem-se precisamente às áreas profissionais em que a formação ministrada é mais curta, mais ligeira e menos qualificante de base.

Tal não significa que ensinamentos não haja a retirar para incrementar níveis de eficácia da oferta formativa do IEFP, nomeadamente no que respeita a uma aposta de maior incidência na informação e orientaçao profissional aos jovens do ensino secundário, mais orientada pelas perspectivas de empregabilidade futura (oferta de trabalho pelo mercado) do que pela rejeição da matemática enquanto provocadora de insucessos.

No que toca aos que já estão qualificados, afigura-se por enquanto válida a máxima de que não há licenciados a mais mas sim um crescente desfasamento entre a oferta de cursos e a oferta de trabalho, o que , como é sabido, não é da responsabilidade do IEFP, mas sim das Universidades, cuja autonomia tanto reivindicaram: é altura de mostrarem e assumirem o significado de tal terminologia e entendimento."

Inovar é Preciso: Modelos de cidades

Um texto da autoria do Prof. António Câmara, publicado no semanário Expresso.

Se faz sentido falar em cidades Aerotropolis, que modelo para o desenvolvimento do território português?


"Os países competem através das suas cidades. Eis um tema central para a discussão pública

NUM mundo crescentemente global, um consumidor remoto pode ser mais importante do que o cliente próximo. A acessibilidade (e não a localização) passou a ser o factor decisivo. No mundo digital lidamos bem com este fenómeno. Mas, por cada encomenda por «e-mail» à Amazon há um livro (ou outro produto) que tem que ser transportado de avião. John Kasarda, um professor da University of North Carolina, citado num recente número da revista «Fast Company», refere que o transporte de carga aérea cresceu cerca de 1.395% nos últimos trinta anos. Hoje, cerca de 40% do valor económico de todos os bens produzidos no mundo (representando apenas 1% do peso total) são transportados por essa via.

Deste modo, os aeroportos de grande dimensão são uma peça fundamental deste novo mundo e Kasarda propõe que as fábricas, escritórios, habitações, centros comerciais e escolas sejam construídas à sua volta. A este novo conceito de cidade chama Aerotropolis. Segundo ele, os novos aeroportos de Banguecoque, Hong Kong, e Dubai, e os desenvolvimentos urbanísticos previstos para os seus arredores, mostram que esta ideia está a ser adoptada. Kasarda refere que as Aerotropolis vão permitir a criação de cadeias de abastecimento substancialmente mais eficientes do que as oferecidas por cidades em que os aeroportos têm uma dimensão limitada e estão distantes do seu centro.

Este tipo de cidade contrasta, em absoluto, com a escala humana que associamos a outro modelo alternativo: o da cidade criativa. Antes de produzirmos bens temos que os conceber e o talento criativo não quer certamente viver rodeado por auto-estradas e aeroportos gigantescos. Richard Florida, hoje professor na Georges Mason University, mostra que a acessibilidade do local de residência ao mundo exterior conferida pela presença de um aeroporto internacional tem que estar presente. Mas para atrair talento os factores decisivos são a qualidade de vida e a vibração cultural existente em cidades históricas como Boston, São Francisco, Londres ou Barcelona.

Os países competem através das suas cidades. A estratégia de desenvolvimento económico das nossas cidades (seguindo estes modelos ou outros) deve passar a ser um tema central de discussão pública. Não tem sido."

asc@fct.unl.pt

Prof. da FCT-UNL e presidente da YDreams

Inovação & Inclusão: Empregabilidade nos próximos 10 anos



No âmbito de uma discussão em torno do PNPOT, tive a oportunidade de me encontrar com o director de uma escola profissional do interior do país.

A conversa desenvolveu-se em torno do desemprego, do "semi-emprego" e das perspectivas futuras.

Concluímos sem dificuldade que as áreas de formação da sua escola profissional já tinham tido melhores taxas de empregabilidade.

Após essa conclusão, introduzi a temática do "novo" sector quaternário da economia, e das expectativas de crescimento: A necessidade de novos cursos para responder à crescente procura no mercado de trabalho para esse sector, isto é, técnicos de comunicação e informação.
Respondeu o que esperava, mas nem por isso me agradou: "Essa é uma problemática para daqui a 10 anos"

Durante quanto tempo mais vamos continuar a ter uma atitude reactiva e não próactiva em áreas tão sensiveis como a educação?!

Há dias assim!


Encontrei numa pesquisa o blogue da Débora Martins.

Visita obrigatória para quem se interesse por "Atitude Profissional".

Sugestão Turística



O "interior" de Portugal é frequentemente conotado com o Turísmo.
Fica-se muitas vezes com a ideia que esse interior só serve para o turísmo de curta duração (vulgo "escapadinha") e, espante-se, indústrias de mão de obra intensiva.
Serão estas actividades compativeis no mesmo território? Creio que não. As áreas industriais em Portugal devem muito ao ordenamento e ao planeamento e tornam-se por isso "monos" do território nacional.

Na época de verão, o "país esquecido" enche-se de turístas de todas as proviniências, mas com destaque para as áreas metropolitanas. Faz confusão pensar que essa população metropolitana, quando se dispersa pelo território, o consegue "atestar". Fica a incógnita sobre as reais condições de vida quando se concentra em 15% do território.

Mas, a "Silly Season" esconde oportunidades raras vezes reveladas: Aproveite uns dias deste Agosto e visite... LISBOA!

Sim, isso mesmo. "Lisboa está deserta, partiu para parte incerta".

Aproveite para comer um gelado na Rua do Ouro e atravessar a pé o centro histórico que Marquês de Pombal construiu há 250 anos. Visite o Castelo de S. Jorge, aprecie o Tejo com os seus veleiros, atravesse a Expo'98 em teleférico...

Porque Lisboa, nesta época do ano, revela o encanto do seu património!

Blogue Portugal Singapura

"Olha para os bons e serás como eles!"
Foi a frase que me ocorreu quando encontrei o Blogue Portugal Singapura da autoria de João Santos Lucas.
Tal como Portugal, Singapura é um pequeno país com baixo índice populacional. Mas ao contrário da nossa economia, Singapura soube transformar essa reduzida dimensão numa economia internacionalizada: Exporta quase tudo o que produz, importa quase tudo o que consome.
Consegue ser um exemplo no continente asiático, cujos vizinhos são economias tão complexas como a China e a Malásia.
Em Portugal, boa parte da sua visibilidade advém da concessão do Porto de Sines, alavanca mobilizadora da economia do baixo Alentejo. Em Singapura, somos o 47º exportador para aquele território: Uma posição a baixo de Marrocos!
Sem dúvida, um blogue para acompanhar.

Quem me dera...


"Quem me dera que eu fosse o pó da estrada, e que os pés dos pobres me estivessem pisando... Quem me dera que eu fosse os rios que correm, e que as lavadeiras estivessem à minha beira... Quem me dera que eu fosse os choupos à margem do rio, e tivesse só o céu por cima e a água por baixo... Quem me dera que eu fosse o burro do moleiro, e que ele me batesse e me estimasse... Antes isso que ser o que atravessa a vida olhando para trás de si e tendo pena..."
("Quem me dera que eu fosse o pó da estrada", escrito por Alberto Caeiro)

in Living in Theory

Inovação & Inclusão: Agricultura Biológica

A consciência colectiva sobre as consequências para a saúde dos pesticidas agricolas, tem motivado uma crescente procura de produtos provinientes da agricultura biológica.
Tal procura originou novas oportunidades de negócio, uma vez que apesar de mais caros, esses produtos têm recebido a preferência dos consumidores.
Num momento em que agricultura atravessa uma grave crise de sustentabilidade, face à concorrência externa desses produtos, esta nova oportunidade deve ser estudada e desenvolvida para a diferenciação qualitativa dos nossos produtos regionais.

Recentemente, verifiquei numa região rural, a promoção de cursos de formação nesta área agricola.
No meu entendimento, o futuro da produção agricola passará por esta nova fase, pelo que estas iniciativas não deverão ser desvalorizadas.

PNPOT


Termina amanhã o prazo para o envio de participações ao Programa Nacional da Política de Ordenamento do Território.
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