A ponte é de quem a trabalha, por RAP
Fri, Sep 28 2007 08:40
| Não saia do seu lugar (6ª feira)
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Aparentemente, a única coisa que vai pior do que o Pais e a oposição. O Pais, sabemo-lo todos, passa por dificuldades e não anda bom. Mas, como a crise só dura há cerca de 800 anos, toda a gente espera que a maleita seja passageira. Para a oposição é que ninguém sabe se há esperança. Ao menos, governo, oposição e Pais andam juntos na desventura. Em tempos difíceis, sempre é bonita a solidariedade entre gente que, ainda para mais, não se aprecia especialmente: o governo não gosta da oposição, a oposição não gosta do governo, e o Pais vai gostando cada vez menos de ambos.
Não sei se o leitor se apercebeu, até porque o fenómeno é raro, mas esta semana houve para aí confusão a propósito de umas medidas do governo. Os jornais revelaram que há uma hipótese de a terceira ponte sobre o Tejo não ser construída pela Lusoponte. Se isso se verificar, a Lusoponte, que detém o exclusivo das travessias rodoviárias em grande parte do rio, terá de receber uma compensação por cada veiculo que atravessar o Tejo na nova ponte. Isto é, evidentemente, um escândalo. E um escândalo que eu não tenha tido esta ideia primeiro.
Por cada carro que passasse em pontes que não tivessem sido construídas por mim (que até agora são todas), qui o campeão ganhava uns patacos. Isto é que é uma ideia de negócio. Abençoada Lusoponte. Ainda há gente em Portugal que sabe negociar. É certo que, com o governo, é mais fácil fazer negócios, mas não deixa de ser genial.
No entanto, o dízimo que o governo poderá vir ou não a pagar à Lusoponte, não é o único aspecto da complexa problemática. Habituado a conviver com complexas problemáticas, apanhei o jeito de as decompor em aspectos - talento inestimavelmente valioso. Ora, reparem no aspecto que acabo de apartar da problemática: a localização da nova ponte. Há que iniciar uma discussão muito seria sobre o assunto e é necessário que os partidos comecem a inventar importantes razões políticas para construir a nova ponte no local que trouxe maior numero de vantagens aos seus militantes mais influentes.
Se eu mandasse, a escolha estava feita. Onde construir a nova ponte sobre o Tejo. Para mim, a resposta é clara: na Ota. O facto de o rio Tejo não passar na Ota é uma questão irrelevante e, para falar com franqueza, injusta. A verdade e que a Ota precisa de uma grande obra publica. A Ota merece uma grande obra publica. A Ota, pelos vistos, vai ficar sem o aeroporto. O governo parece disposto a voltar atrás só porque decidiu precipitadamente e mal (o que nunca foi razão para voltar atrás, e é um sinal preocupante se passar a ser). É uma desfeita que o bom povo da Ota não merece, depois das expectativas que lhe criaram. Eu exijo atravessar o Tejo na Ota. E também exijo um euro por cada pessoa que atravessar qualquer dos afluentes do Alviela. Aposto que a Lusoponte se esqueceu do Alviela.
in VISAO 27 DE SETEMBRO DE 2007
Não sei se o leitor se apercebeu, até porque o fenómeno é raro, mas esta semana houve para aí confusão a propósito de umas medidas do governo. Os jornais revelaram que há uma hipótese de a terceira ponte sobre o Tejo não ser construída pela Lusoponte. Se isso se verificar, a Lusoponte, que detém o exclusivo das travessias rodoviárias em grande parte do rio, terá de receber uma compensação por cada veiculo que atravessar o Tejo na nova ponte. Isto é, evidentemente, um escândalo. E um escândalo que eu não tenha tido esta ideia primeiro.
Por cada carro que passasse em pontes que não tivessem sido construídas por mim (que até agora são todas), qui o campeão ganhava uns patacos. Isto é que é uma ideia de negócio. Abençoada Lusoponte. Ainda há gente em Portugal que sabe negociar. É certo que, com o governo, é mais fácil fazer negócios, mas não deixa de ser genial.
No entanto, o dízimo que o governo poderá vir ou não a pagar à Lusoponte, não é o único aspecto da complexa problemática. Habituado a conviver com complexas problemáticas, apanhei o jeito de as decompor em aspectos - talento inestimavelmente valioso. Ora, reparem no aspecto que acabo de apartar da problemática: a localização da nova ponte. Há que iniciar uma discussão muito seria sobre o assunto e é necessário que os partidos comecem a inventar importantes razões políticas para construir a nova ponte no local que trouxe maior numero de vantagens aos seus militantes mais influentes.
Se eu mandasse, a escolha estava feita. Onde construir a nova ponte sobre o Tejo. Para mim, a resposta é clara: na Ota. O facto de o rio Tejo não passar na Ota é uma questão irrelevante e, para falar com franqueza, injusta. A verdade e que a Ota precisa de uma grande obra publica. A Ota merece uma grande obra publica. A Ota, pelos vistos, vai ficar sem o aeroporto. O governo parece disposto a voltar atrás só porque decidiu precipitadamente e mal (o que nunca foi razão para voltar atrás, e é um sinal preocupante se passar a ser). É uma desfeita que o bom povo da Ota não merece, depois das expectativas que lhe criaram. Eu exijo atravessar o Tejo na Ota. E também exijo um euro por cada pessoa que atravessar qualquer dos afluentes do Alviela. Aposto que a Lusoponte se esqueceu do Alviela.
in VISAO 27 DE SETEMBRO DE 2007