Alentejo é o futuro do potencial do País
Sat, Jul 19 2008 09:45
| Desenvolvimento Regional, Ordenamento ou falta dele
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O Alentejo é o espaço que apresenta a mais forte concentração de potencial de crescimento do conjunto da economia portuguesa". Quem o diz é o antigo ministro das Finanças, Ernâni Lopes, que refuta a ideia de que a região Sul do País "não tem futuro".
Em conferência de imprensa para apresentar o relatório da SaeR - Sociedade de Avaliação de Empresas e Risco, à qual preside, o ex-governante considera que todo o território a Sul do Tejo, "e não só Almada e Seixal", constituem o que chama ‘Grande Ogiva do Sul’, com destaque para o Alentejo. Para Ernâni Lopes, a região deve investir na agricultura de valor acrescentado e num tipo de turismo particular: o de atracção para segunda residência para os mais idosos do norte da Europa que possuem um elevado poder de compra.
Por isso mesmo, defende que é necessário dotar o Alentejo de uma rede que permita o "acesso a serviços de saúde de padrão europeu" de forma a responder à necessidade destes novos turistas. O economista faz ainda questão de salientar que, com dezenas de milhões de potenciais clientes nos países escandinavos, o Alentejo tem condições "quase inultrapassáveis" para garantir o sucesso desta iniciativa.
"O Alentejo não é um caso perdido. O mercado está lá e neste momento tem uma oportunidade muito clara que durará pelos próximos trinta anos", referiu sem, no entanto, ignorar os efeitos que a crise na economia espanhola poderão ter no desenvolvimento da região. "Temos um verdadeiro problema com a economia espanhola, mas este tipo de investimento é planeado durante anos", salienta.
Já em Junho passado, os autarcas do Alentejo, reunidos no Congresso Alentejo XXI, em Beja, manifestaram a convicção de que "é possível, a médio prazo, transformar o Alentejo no principal factor de de-senvolvimento do País".
"São medidas de circunstância"
O antigo ministro das Finanças de Mário Soares, Ernâni Lopes, considera que as medidas tomadas pelo Governo para combater a crise são "de circunstância e que pouco fazem para um problema conjuntural. "São medidas pontuais que não fazem a diferença", disse reconhecendo-lhes apenas um efeito imediato. Quanto ao futuro da economia portuguesa, o especialista não se mostra optimista: "Está mal e tenderá, possivelmente, a piorar até 2010". E defendeu que "o importante não é sair da crise, mas sim como passar por ela".
Perigos do choque petrolífero
O relatório da SaeR, empresa de avaliação de empresas e risco liderado por Ernâni Lopes, alerta para o perigo do choque petrolífero que a economia mundial atravessa. "Não se sabe quando vai acabar", defende o especialista, recordando as consequências da crise da OPEP, em 1973, que aumentou os preços do petróleo em 300 por cento. No relatório da SaeR consta o alerta para o agravar de "tensões internas na sociedade portuguesa", como reflexo da instabilidade criada pelos constantes aumentos dos preços dos combustíveis.
in Correio da Manhã, Pedro H. Gonçalves
Visão Periférica e Strategic Early Warning
Thu, Jul 10 2008 11:41
| Globalização, Inovação
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Quantos gestores e empresários ouviram até hoje a palavra “surpreendentemente” ou a expressão “fomos apanhados de surpresa”, referindo-se à performance da sua organização?
Aceitando que o factor surpresa não se pode eliminar, podemos no entanto, evitá-lo criando e mantendo um sistema de strategic early warning (SEW).
E, em que consiste um SEW?
Trata-se de um sistema de visão periférica que coloca a organização a olhar para todos os ângulos e não apenas para o seu mercado tradicional e stakeholders.
Tradicionalmente, uma organização monitorizava a sua indústria, o seu mercado e os seus stakeholders. Hoje, numa era de mudanças rápidas e de partilha instantânea de conhecimento, isso tornou-se insuficiente para garantir o sucesso e a sobrevivência das organizações. Hoje, mais do que nunca se impõe o que chamamos: Visão Periférica.
Vejamos o caso concreto de uma empresa que tem bons indicadores económicos, os resultados estão óptimos, os clientes satisfeitos, mantém um controlo de gestão eficaz e com ferramentas de análise de indústria avançadas. Perfeito. Está no bom caminho, diríamos. Pode continuar assim.
Mas é este cenário que, historicamente tem colocado as maiores empresas do mundo em dificuldades quando, “surpreendentemente”, surgem novas e alternativas formas de fazer. E que não vêm dos concorrentes óbvios, porque esses estão a ser monitorizados. Vêm habitualmente de players novos que aparecem no mercado com novos paradigmas.
Os sinais habitualmente estão lá mas são negligenciados por vários motivos ou, pura e simplesmente ignorados.
Ben Gilad (professor de estratégia e competitive intelligence) aponta as “Convicções dos Gestores” como um dos factores de insucesso devido à não interpretação de sinais precoces do mercado. Porquê? Porque os gestores de topo chegam ao topo precisamente pelos seus êxitos e pelos sucessos alcançados. Logo, existem nas suas mentes determinadas premissas para o sucesso.
Perante uma situação nova, a tendência é para aplicar conhecimentos e prática anteriores. E, na maioria dos casos em que existe dissonância de mercado, é necessário olhar para os sinais do mercado sem preconceitos, dogmas ou ideias preconcebidas. Precisamente porque se tratam de novos paradigmas.
Só com um olhar aberto se conseguem cartografar os perigos actuais, os perigos eminentes e as oportunidades que advêm do perigo.
Falamos muito na gestão do risco mas gerimos de facto o risco estratégico?
Olhemos para as áreas funcionais das empresas: área operacional, área financeira e área de marketing e/ou comunicação. Focamos a gestão do risco aí, ou seja, analisamos o risco das operações, analisamos o risco financeiro e analisamos o risco de imagem ou reputação. E podemos dizer que a maioria das organizações estão preparadas para enfrentar contrariedades nestas áreas.
E o risco estratégico? Quantas dessas organizações gerem de facto o risco estratégico? Quem, nos organogramas é responsável por essa gestão do risco?
E, quando falamos de risco estratégico falamos de risco de vida transversal a todas as áreas da empresa, falamos de um risco que envolve a interacção da empresa com o mercado actual e potencial em que actua assim como toda a envolvente directa e indirecta.
Muitas vezes uma empresa que segue o seu caminho de forma segura e estável vem a verificar mais tarde que estava em dissonância de mercado sem se aperceber, ou seja, não se adaptou às alterações que se perfilaram lentamente no seu mercado.
É esta a empresa que acabará dizendo que foi surpreendida por uma nova tecnologia, por um novo operador de mercado, pela redução das margens, etc.
Um sistema de visão periférica bem implementado evita muitas destas surpresas. Não se pode dizer que evite os maus resultados ou o colapso de empresas, mas evita certamente a surpresa. E, o que se faz com a identificação dos sinais precoces será certamente diferente do que se fará com base no desconhecimento.
Uma empresa com visão periférica olha para todos os cantos de si mesma, para os concorrentes e para o mercado como um todo. Esta vigilância permanente dará os alertas necessários a tempo de mudar o que houver a mudar. E isso faz toda a diferença.
É baseado nesta premissa que as grandes organizações de todo o mundo, criaram os seus próprio sistemas de SEW que, funcionando de forma transversal a todas as áreas funcionais da organização, são o radar e suporte da definição de estratégias e tácticas de sucesso.
in Machete, Fátima Rebelo
Automóvel: Portugal é um dos primeiros mercados de aposta da Renault-Nissan para comercializar veículos eléctricos
Tue, Jul 8 2008 08:11
| Alerta Verde, Inovação, Sustentabilidade
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De acordo com o protocolo, a Renault-Nissan vai comercializar em larga escala veículos eléctricos para os consumidores portugueses a partir de 2010.
A cerimónia de assinatura do memorando de entendimento contará com as presenças do primeiro-ministro, José Sócrates, do ministro da Economia e da Inovação, Manuel Pinho, e do presidente e CEO da Nissan e da Renault, entre outros.
O Governo português vai estudar conjuntamente com a Renault-Nissan a forma de criar condições adequadas para os veículos eléctricos serem uma oferta atractiva para os consumidores portugueses, as infra-estruturas e organizações necessárias para criar uma ampla rede de estações de carga para os veículso eléctricos, a nível nacional, e identificar os canais mais eficazes de comunicação e educação para sensibilizar para a importância destes modelos, que permitem reduzir as emissões.
A escolha de Portugal acontece numa altura em que o Governo aposta em assumir a liderança em termos de desenvolvimento sustentável e na diversificação de fontes de energia renovável.
As negociações entre o Governo e a Renault-Nissan arrancaram em Maio e com este protocolo o objectivo será promover a mobilidade com zero emissões no país.
A assinatura deste memorando surge numa altura em que os países procuram alternativas aos combustíveis, atendendo à escalada dos preços e a uma maior aposta das empresas e dos governos em medidas de redução de emissões de CO2.
Em meados de Junho, o Conselho Europeu introduziu uma proposta de Portugal sobre o apoio europeu ao desenvolvimento de tecnologias alternativas ao petróleo, nomeadamente os veículos eléctricos.
"A Europa precisa de mostrar músculo político e decisão política relativamente ao dos combustíveis. É isso que os cidadãos europeus e a economia europeia esperam", afirmou na altura José Sócrates à entrada para o Conselho Europeu.
"Acho que é este o momento para dizermos ao mercado petrolífero que a Europa não aceita que esta situação de dependência do petróleo se mantenha e, para isso, temos que dar uma oportunidade a alternativas de transporte, nomeadamente os carros eléctricos", acrescentou o primeiro-ministro.
in RTP
Aviação: Flexibilidade, aumento de capacidade das pistas e terminais mais baratos são desafios de futuro
Fri, Jun 27 2008 10:11
| Desenvolvimento Regional, Ordenamento ou falta dele, Sustentabilidade
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O especialista norte-americano em sistemas aeroportuários Richard de Neufville apontou hoje a flexibilidade dos aeroportos, o aumento da capacidade das pistas e a redução de custos como os principais desafios num sector cada vez mais marcado pela incerteza.
Numa conferência promovida pela Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto, o professor do Massachusetts Institute of Technology (MIT) afirmou ser possível diminuir os custos do sistema aeroportuário em 25 por cento em cada um destes factores.
"Os investimentos têm que ser pensados de forma flexível, antecipando eventuais cenários e com possibilidades de adaptação a várias possibilidades de futuro, que não sabemos como será. Temos que ser humildes e admitir vários cenários, com companhias `low cost`, sem companhias `low cost` ou com uma mistura das duas", sustentou Richard de Neufville.
Segundo salientou, o objectivo do ponto de vista da engenharia das infra-estruturas aeroportuárias deverá ser a melhor relação entre custo e benefício, e não a excelência técnica, o que significa que a tecnologia "não é um fim em si mesmo" e que as soluções encontradas têm que ser eficientes a nível de custos.
Num contexto de rápida e profunda mudança no sector, de Neufville destacou que a prática do século XX está "obsoleta" e que há uma nova "agenda de desenvolvimento" para o século XXI, com destaque para o crescente domínio das transportadoras `low cost` (de baixo custo) em termos de volume de tráfego, dimensão financeira e inovação.
Como principais "incertezas" no sector, o investigador apontou a evolução do volume de tráfego e onde esta ocorrerá.
Factores que, frisou, "não obedecem a uma tendência, mas dependem das decisões das companhias `low cost`, tendo em conta os destinos onde acreditam que farão melhor negócio e, eventualmente, condições especiais oferecidas pelos aeroportos".
"As companhias `low cost` não têm lealdade a nenhum país, entram e saem de acordo com condições que lhes são oferecidas, e o crescimento do tráfego aéreo pode mudar para determinados destinos devido a, por exemplo, questões ligadas ao turismo, tal como é afectado pelo desenvolvimento de aeroportos secundários", afirmou.
Face a este cenário de incerteza e mudança, Richard de Neufville aponta o `desenho flexível` como um dos principais desafios no desenvolvimento e investigação aeroportuários, "de forma a reduzir os riscos de construir infra-estruturas que não vão ser usadas".
A este nível, apontou várias possibilidades, desde o desenvolvimento faseado dos aeroportos (de preferência feito antecipando várias possibilidades e a capacidade de rápida expansão), aos `designs` híbridos e adaptados a mudanças mesmo que diárias.
Relativamente ao desafio de aumentar a capacidade das pistas, o investigador disse ser particularmente válido para a Europa, "onde a capacidade está cerca de 25 por cento abaixo do melhor `benchmark`".
"É preciso eliminar os `slots` tal como estão actualmente definidos, admitindo-lhes uma grande variabilidade consoante o estado do tempo e a melhoria da precisão dos sistemas de localização de aeronaves, por exemplo", disse.
"O `benchmark` internacional indica que são possíveis grandes melhorias a esse nível", acrescentou.
Finalmente, Richard de Neufville destaca o desafio de diminuir os custos dos terminais aeroportuários, abandonando os "luxos obsoletos" do século XX e fazendo antes corresponder as infra-estruturas ao tipo de utilizadores, construindo "terminais low cost para companhias low cost".
PD/Lusa
in RTP
A Nova Economia Colectiva
Sat, Jun 21 2008 01:40
| Ordenamento ou falta dele, Sustentabilidade
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A dinamização recente entre nós de iniciativas integradas de ‘pólos de competitividade’ no âmbito de sectores estratégicos como a saúde, têxtil e automóvel, entre outros, é o melhor exemplo de que só com projectos de “eficiência colectiva” se conseguirá um novo modelo de desenvolvimento para Portugal.
A excessiva concentração de activos empresariais e de talentos nas grandes metrópoles, como é o caso da Grande Lisboa, uma aterradora desertificação das zonas mais interiores, na maioria dos casos divergentes nos indicadores acumulados de capital social básico, suscitam muitas questões quanto à verdadeira dimensão estruturante de muitas das apostas feitas em matéria de investimentos destinados a corrigir esta ‘dualidade’ de desenvolvimento do país ao longo dos últimos anos.
Apesar da relativa reduzida dimensão do país, não restam dúvidas de que a aposta numa política integrada e sistemática de cidades médias, tendo por base o paradigma da inovação e do conhecimento, com conciliação operativa entre a fixação de estruturas empresariais criadoras de riqueza e talentos humanos indutores de criatividade, é o único caminho possível para controlar este fenómeno da metropolização da capital que parece não ter fim. O papel das universidades e institutos politécnicos que nos últimos 20 anos foram responsáveis pela animação de uma importante parte das cidades do interior, com o aumento da população permanente e a aposta em novos factores de afirmação local, está esgotado.
É por isso fundamental que a aposta concreta em projectos de fixação de riqueza e talentos nas cidades médias portuguesas tenha resultado. É fundamental que a sociedade civil agarre de forma convicta este desígnio e faça da criação destas ‘novas plataformas de competitividade’ a verdadeira aposta estratégica colectiva para os próximos anos. O aumento dos fluxos migratórios do interior para as grandes cidades, por um lado, e para o estrangeiro, por outro, envolvendo tanto talentos como segmentos indiferenciados da população afectados pela onda crescente de desemprego, tem que ter uma resposta cabal. Só assim se conseguirá evitar que Portugal se torne um país ‘dual’, incapaz de consolidar uma coesão territorial e social essencial na estratégia de afirmação colectiva como um país desenvolvido no novo mundo global.
A política pública tem a responsabilidade de dar o mote e marcar a agenda. Iniciativas como ‘Cidades e Regiões Digitais’, ‘Acções Inovadoras de Base Regional’, entre outras, têm tido o incontornável mérito de colocar estas temáticas na agenda e de reforçar os infelizmente nem sempre muito fortes níveis de cooperação e articulação entre actores territoriais (municípios, universidades, centros I&D, entre outros). Mas engane-se quem pense que serão capazes por si só de alterar o panorama global. O que está verdadeiramente em causa em tudo isto é a assumpção por parte do país de um verdadeiro desígnio estratégico de alterar o modelo mais recente de evolução de desenvolvimento e de implementar ‘pólos de competitividade’ ao longo do país, fixando dessa forma riqueza e talentos que doutra forma tenderão a concentrar-se unicamente na grande metrópole.
Acima de tudo, há que tomar opções de forma precisa e ser muito claro que haverá zonas territoriais preteridas face a outras, mas o bem de uns é o bem de todos. O papel do investimento directo estrangeiro de inovação, articulado com universidades e outros centros de competência, vai ser decisivo nesta área e ao Estado caberá a inelutável missão de regular com rigor e sentido estratégico esta nova forma de economia colectiva.
in Expresso, Francisco Jaime Quesado
Mais de 330 mil portugueses têm mais de um emprego
Tue, Jun 17 2008 09:16
| Actualidade
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Segundo os dados do Instituto Nacional de Estatística (INE), citados pelo jornal, no primeiro trimestre deste ano, o número de trabalhadores com mais de um emprego totalizava 339,3 mil, mais 7,5% do que no período homólogo do ano anterior, situando-se a um nível historicamente elevado.
"Com efeito, na actual série do INE (desde 1998), nunca se registou um valor tão alto num primeiro semestre e, levando em conta os outros períodos do ano, só em 2003 (no segundo trimestre) é que se registou um número mais elevado (343,1 mil)", explica o Diário de Notícias.
Na maioria dos casos, o segundo trabalho surge da necessidade de complementar o salário recebido no trabalho principal, acrescenta o diário.
in Diário Económico
As Geografias do dinheiro
Wed, Jun 11 2008 10:21
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Às perguntas, Álvaro Domingues responde, por vezes, com mais questões. É assim que este professor da Faculdade de Arquitectura do Porto consegue exprimir um olhar crítico sobre diferentes temas, desde a geografia, à economia, criação de empresas e geração de riqueza.
Para este geógrafo portuense não há cidades competitivas ou criativas. O que existe são zonas em que se concentraram grupos sociais ou actividades económicas com aquelas características. E nada garante que se tenha sucesso quando se quer replicar, num certo sítio, a fórmula que gerou inovação e riqueza noutro lado.
Os factores que determinam o êxito económico são fluidos. Em particular num “país arquipélago” como é Portugal. “Uma parte do país está abaixo de água, abaixo dos indicadores económicos médios. Depois há afloramentos. Esses afloramentos podem ser pequenas ilhas, como Bragança, ou arquipélagos constituídos por ilhas muito grandes coladas a ilhas muito pequenas.” Quais são as consequências dessa organização do território? A eventual dualização da economia. E a concentração de problemas sociais nas grandes urbes.
Há uma expressão que cada vez mais se houve nos meios de comunicação
social: cidades competitivas. É possível juntar estas duas palavras?
É um adjectivo que não se aplica. Adjectivamos à frente das palavras “cidade” ou “urbano” coisas que dizem respeito à sociedade. Competitivo, para mim, diz respeito à economia e às empresas. Assim como outros qualificativos são sociológicos, culturais ou quase comportamentais como, por exemplo, cidade criativa.
A criatividade é suposto ser uma qualidade individual ou de um grupo. Estamos constantemente a confundir a ideia de cidade, enquanto conjunto construído, com a sociedade que ocupa esse conjunto construído. Temos a ideia da história – da Europa, sobretudo – de que as cidades eram compactos de construção
e sociedade ao mesmo tempo; que a cidade era a urbe, civitas e polis. Actualmente acho que as cidades
são cada vez mais fluidas.
Se cartografássemos os mecanismos da economia ou os da inovação, podíamos chegar a cartografias muito distintas. Podemos falar daquele projecto que, durante 24 horas, cartografou a intensidade das relações por internet a partir de Nova Iorque ou tendo Nova Iorque como destino. O que apareceu foi o mapa do mundo que, ao longo das 24 horas, ia mudando consoante a abertura das Bolsas de valores. A economia globalizou-se, a sociedade globalizou-se e muitas das transacções sociais e económico-financeiras têm cartografias que não cabem no mesmo mapa.
Falar em cidade competitiva é uma afirmação enfática para dizer que na cidade X (reconhecida como
sendo o território do município do Porto, Lisboa, Nova Iorque, etc.) há uma determinada organização,
um conjunto de pessoas e instituições que se ocupam de uma actividade económica que tem essa competitividade. E nesse aspecto é competitiva.
Algures na Índia, uma metrópole onde está a indústria do cinema ou a nova indústria da informação
é competitiva? Eu diria que as empresas e os seus profissionais de topo são competitivos. A sociedade indiana infelizmente é pobre. São estes os paradoxos. […]
in Revista Exame
Para este geógrafo portuense não há cidades competitivas ou criativas. O que existe são zonas em que se concentraram grupos sociais ou actividades económicas com aquelas características. E nada garante que se tenha sucesso quando se quer replicar, num certo sítio, a fórmula que gerou inovação e riqueza noutro lado.
Os factores que determinam o êxito económico são fluidos. Em particular num “país arquipélago” como é Portugal. “Uma parte do país está abaixo de água, abaixo dos indicadores económicos médios. Depois há afloramentos. Esses afloramentos podem ser pequenas ilhas, como Bragança, ou arquipélagos constituídos por ilhas muito grandes coladas a ilhas muito pequenas.” Quais são as consequências dessa organização do território? A eventual dualização da economia. E a concentração de problemas sociais nas grandes urbes.
Há uma expressão que cada vez mais se houve nos meios de comunicação
social: cidades competitivas. É possível juntar estas duas palavras?
É um adjectivo que não se aplica. Adjectivamos à frente das palavras “cidade” ou “urbano” coisas que dizem respeito à sociedade. Competitivo, para mim, diz respeito à economia e às empresas. Assim como outros qualificativos são sociológicos, culturais ou quase comportamentais como, por exemplo, cidade criativa.
A criatividade é suposto ser uma qualidade individual ou de um grupo. Estamos constantemente a confundir a ideia de cidade, enquanto conjunto construído, com a sociedade que ocupa esse conjunto construído. Temos a ideia da história – da Europa, sobretudo – de que as cidades eram compactos de construção
e sociedade ao mesmo tempo; que a cidade era a urbe, civitas e polis. Actualmente acho que as cidades
são cada vez mais fluidas.
Se cartografássemos os mecanismos da economia ou os da inovação, podíamos chegar a cartografias muito distintas. Podemos falar daquele projecto que, durante 24 horas, cartografou a intensidade das relações por internet a partir de Nova Iorque ou tendo Nova Iorque como destino. O que apareceu foi o mapa do mundo que, ao longo das 24 horas, ia mudando consoante a abertura das Bolsas de valores. A economia globalizou-se, a sociedade globalizou-se e muitas das transacções sociais e económico-financeiras têm cartografias que não cabem no mesmo mapa.
Falar em cidade competitiva é uma afirmação enfática para dizer que na cidade X (reconhecida como
sendo o território do município do Porto, Lisboa, Nova Iorque, etc.) há uma determinada organização,
um conjunto de pessoas e instituições que se ocupam de uma actividade económica que tem essa competitividade. E nesse aspecto é competitiva.
Algures na Índia, uma metrópole onde está a indústria do cinema ou a nova indústria da informação
é competitiva? Eu diria que as empresas e os seus profissionais de topo são competitivos. A sociedade indiana infelizmente é pobre. São estes os paradoxos. […]
in Revista Exame
"State of European Cities Report" analisa qualidade de vida em 258 cidades
Fri, Jun 6 2008 09:29
| Permalink

No âmbito do projecto “Urban Audit”, da Comissão Europeia, encontra-se disponível o relatório “State of European Cities Report - Adding value to the European Urban Audit”. Este documento reúne indicadores sobre a qualidade de vida dos cidadãos de 258 cidades dos 27 países da União Europeia. Fizeram parte deste estudo as cidades de Aveiro, Braga, Coimbra, Funchal, Lisboa; Ponta Delgada, Porto e Setúbal.
O projecto europeu “Urban Audit” foi lançado pela Direcção-Geral da Política Regional e pelo serviço de estatística (Eurostat) da Comissão Europeia. Nele participam os serviços de estatística dos Estados-Membros, sob a coordenação do Eurostat, e consiste numa base de dados estatísticos sobre várias áreas: demografia; aspectos sociais; condições económicas; educação e formação; participação cívica; ambiente; transportes; cultura.
O documento agora disponível analisa um conjunto alargado de aspectos relacionados com a qualidade de vida nas cidades, nomeadamente, a influência que o envelhecimento da população, a migração, o alojamento, a competitividade, entre outros, podem ter na qualidade de vida nestes locais.
É possível analisar capítulos dedicados à evolução demográfica, à competitividade urbana, às condições de vida e ao poder administrativo das cidades. Os dados dizem respeito a períodos fixos no tempo, designadamente 1991, 1996 e 2001.
A título de exemplo, aqui ficam algumas das conclusões apresentadas no relatório, publicado em 2007:
- No período de 1996-2001, um terço das cidades cresceu a uma taxa anual superior a 0,2%. Na quase totalidade das cidades nota-se uma expansão dos subúrbios e mesmo nos casos em que se registam declínios, estes tendem a ser menos acentuados do que nos centros das cidades.
- Em especial em cidades em torno do Mediterrâneo, o crescimento da população tem andado a par com o envelhecimento, em resultado de um influxo de residentes mais velhos.
- Apenas 10% destas cidades atingem uma taxa de emprego de 70%, a meta fixada em Lisboa para 2010.
O relatório ainda inclui uma tipologia das cidades, que pretende dar uma perspectiva mais clara dos desenvolvimentos urbanos e servir de base à comparação entre cidades, servindo para melhor complementar e compreender a dinâmica urbana e ajudar a definir quais as políticas mais adequadas para os diferentes tipos de cidades.
A Comissão Europeia está actualmente a coordenar uma actualização dos dados referentes a 2004-2005, que incluirá outras cidades e facultará uma fonte adicional de informações sobre as tendências de desenvolvimento urbano na União Europeia.
Aceda de seguida ao relatório "State of European Cities Report"
in Fórum do Urbanismo
Novo Portugal: um DESÍGNIO de Conhecimento
Mon, Jun 2 2008 10:08
| Educação e Conhecimento, Globalização, Inovação
| Permalink

Em 2028 Portugal deverá ter atingido o 20º lugar entre os países mais desenvolvidos. Sermos um pólo Global implica estarmos abertos ao mundo, fixar mais riqueza, mais pessoas qualificadas e usar as redes globais em nosso proveito. Sermos um pólo de Conhecimento Criativo (CC) implica romper com um modelo de ensino assente na repetição e assumir um modelo de ensino assente na Paixão Criativa. Conhecimento Criativo (CC) é sinónimo de inovação, colaboração e partilha.
Do Conhecimento à Acção
A Importância da Literacia, Ensino Secundário e I&D
Em 2008 Portugal está em 29º lugar entre as sociedades mais desenvolvidas do planeta. Para atingir o 20º lugar entre os países mais desenvolvidos, Portugal terá de alcançar uma taxa de literacia e de escolaridade secundária de 98% e aumentar para 2,5% o PIB destinado à I&D.
A criação de hábitos de trabalho em rede, adoptando modelos colaborativos de criatividade e inovação.
O actual modelo económico do conhecimento baseia-se na interacção entre governo, associações empresariais e sindicatos, muitas vezes a trabalhar isoladamente. Importa incluir no modelo económico do conhecimento também as universidades, as start-ups e as grandes empresas, bem como organizações de inovação social, num esquema de funcionamento assente em redes colaborativas. Dessa interacção obter-se-á uma diminuição dos bloqueios à acção e maior capacidade de colaboração, de análise prospectiva, de inovar políticas e incentivos.
As parcerias para atingir focos de competitividade.
A excessiva concentração de I&D na esfera pública aconselha ao desenvolvimento de parcerias público-privadas, potenciando o desenvolvimento de redes, clusters, pólos de competitividade, ecossistemas e estratégias empresariais da ciência, ensino e tecnologia. O aumento para 2,5% do PIB para I&D deve querer dizer mais capacidade de investimento financeiro do sector privado e maior racionalização financeira do sector público.
Divulgar em Portugal o conhecimento feito em Portugal.
O conhecimento só é produtivo se for alvo de uso. Deve-se institucionalizar o benchmarking na área do conhecimento científico, tecnológico e da inovação, que permita difundir o muito conhecimento já produzido em Portugal. Só dessa forma se estimula a apropriação do conhecimento pelos agentes económicos privados e se obtém capacidade de alavancagem de mercados pelo sector público.
As Necessárias Redes entre a Universidade, a Banca e a Empresa.
Fazer das boas ideias negócios bem sucedidos, incentivando o capital de risco, onde licenciados têm espaço para instalar start-ups em universidades e serem financiados pela banca. A promoção de um modelo de colaboração onde a universidade fornece espaço e apoio administrativo em troca de 1/5 do capital social da empresa. Os inovadores ficam com 3/5 do capital e o banco apoiante 1/5. Necessitam-se em Portugal redes UBE (Universidade-Banca-Empresas) efectivas e funcionais.
Porque é preciso partilhar e divulgar conhecimento.
A mera protecção de conhecimento através de patentes e propriedade industrial, apesar de ainda poder ser aperfeiçoada, já não é suficiente. É necessário estimular a disseminação de conhecimento base, a partir do qual se possam construir novas realidades. Da mesma forma, cada instituição deve perceber os ganhos potenciais com a existência de mecanismos internos que estimulem o aparecimento de novas ideias. Os modelos de inovação disruptiva e incremental em conjugação com o Open Source aconselham hoje a uma gestão da abertura do conhecimento como fonte de geração de riqueza em todas as sociedades líderes.
Aprender a aprender. Criar experimentando e errando.
Mais do que reproduzir conhecimento já existente, importa premiar insights, ideias novas, sinergias criativas, boas práticas e processos criativos. Para isso é necessário dar novas perspectivas ao sistema de ensino, que deve ser um espaço aberto à discussão e ao desenvolvimento do raciocínio próprio. A leitura, as artes e as ciências são instrumentos para estimular a análise e a criatividade, factores fundamentais para a inovação e para um modelo de ensino assente no conhecimento criativo (CC).
Porque as tecnologias de informação são básicas.
No quadro do ensino das tecnologias de informação, é fundamental ir além do ensino instrumental do uso e atingir um ensino que promova a criação digital (design e construção), a capacidade de criar redes e a programação básica em computador. Tal como o ensino de inglês, a programação básica e as lógicas de pesquisa e validação da informação devem integrar os objectivos do ensino básico.
in Novo Portugal
Exemplo sueco: Os segredos da cidade perfeita
Tue, May 27 2008 05:31
| Sustentabilidade
| Permalink

Um bairro onde tudo se aproveita e quase nada se perde, em que os residentes usam metade da energia de um bairro convencional, consomem apenas 100 litros de água por dia (menos 30% que em Portugal), produzem menos lixo, vivem em casas construídas com materiais ecológicos, deslocam-se em veículos amigos do ambiente e preferem andar a pé ou de bicicleta.
O cenário parece improvável, mas existe, mesmo no centro de Estocolmo - o ecobairro de Hammarby Sjöstad nasceu da recuperação de uma antiga zona industrial, um projecto idêntico ao do Parque das Nações. Até 2015, albergará mais de 25 mil pessoas em 11 mil residências. A jóia ambiental da Escandinávia está na moda e é cobiçada sobretudo por jovens casais em início de vida. Os recém-proprietários recebem um "kit" explicativo do processo de separação dos lixos, são incentivados a usar os transportes públicos e a deixar o carro à porta de casa. Um quotidiano dominado pelo conceito de "simbiocity" (simbiocidade) que consiste num plano integrado de gestão da energia, do lixo e da água. A cidade ou bairro depende das energias alternativas (eólica, solar e eléctrica), mas não só. O lixo doméstico é separado, uma parte irá assegurar o fornecimento de electricidade e os sistemas de aquecimento e arrefecimento urbanos, o restante é reciclado e transformado em fertilizante agrícola. A água da chuva, armazenada e conduzida até à central de tratamento (a par com os desperdícios sanitários), servirá para produzir biogás para os veículos em circulação na metrópole.
O sucesso desta comunidade perfeita ditou a expansão do conceito além-fronteiras. China, Índia, Canadá e África do Sul adoptaram-no. Em Portugal, não existem projectos desta dimensão. Porquê? O Expresso tentou obter resposta a esta pergunta junto da Agência Portuguesa para o Ambiente, mas tal não foi possível em tempo útil. Já Francisco Ferreira, da Quercus, refere que "é necessária uma governação a longo prazo, com políticas locais e nacionais" que estimulem a aplicação de planos integrados de sustentabilidade. Os custos de instalação de uma cidade deste tipo no nosso país dependem de uma série de factores - a dimensão da área intervencionada, o grau de degradação e o tipo de edifícios, as infra-estruturas de distribuição de água, etc. É preciso ter em conta que o retorno do investimento deve ser encarado a longo prazo, "no mínimo uma década".
Mesmo não dispondo de projectos idênticos ao modelo sueco, alguns municípios começam a dar os primeiros passos na luta contra o desperdício. É disso exemplo o eco-bairro do Barreiro: as 253 residências vão poupar 70% da energia gasta noutras casas da região. Está ainda prevista a instalação de um sistema de recolha de águas pluviais para rega e iluminação pública fotovoltaica. No Parque das Nações foi instalado o sistema sueco de recolha de resíduos domésticos (Envac), uma rede subterrânea responsável pela gestão de seis mil toneladas de lixo por ano. Norberto Vicente, da Envac, assegura que a autarquia "poupa 40% com o sistema automático quando comparado com o tradicional", apesar dos custos de instalação rondarem os 1500 euros por residência. Dois camiões recolhem diariamente o lixo, que é armazenado em três centrais. A empresa prevê instalar estruturas idênticas em Vilamoura (Algarve) e nos bairros lisboetas de Alfama e Bairro Alto.
in Expresso