Novos Povoadores®

Apoiamos a instalação de negócios em territórios rurais

“A Áustria é muito bonita mas aqui vive-se!”

Trocou o Tirol, na Áustria, por Tabuaço, em Portugal, num piscar de olhos. Bastou uma visita à região para perceber as potencialidades turísticas. Thomas Egger casou-se com Maria de Fátima em 2000 e em 2003 inaugurava o restaurante Tábua D’aço. O casal conheceu-se na Suíça e o regresso às margens do Douro aconteceu por iniciativa do Chefe de cozinha austríaco. Oriundo de uma família ligada à hotelaria, passou por várias cozinhas internacionais mas foi em Portugal que decidiu investir. Juntou a experiência técnica aos segredos da cozinha portuguesa que aprendeu com a sogra e hoje tem um espaço familiar, marcado pela simplicidade, onde recebe clientes de todo o mundo.

Pratos típicos recheados de sabor

“Isto aqui não é gourmet”, diz com orgulho. “Fiz isso durante muitos anos na Áustria e não quero fazer mais. Existem outros restaurantes na região que fazem isso muito bem”. Thomas Egger prefere apostar nos pratos tradicionais, simples, mas com muito sabor. “Quem vem visitar a região quer experimentar o que é típico e genuíno”. O bacalhau com broa na telha é apenas um dos exemplos. Na ementa estão as azeitonas, a alheira, o javali ou o cabrito, sempre acompanhados por um toque de sofisticação e uma paisagem que nos alimenta a alma. Também há pratos internacionais, nomeadamente do Tirol, mas apenas para saciar a curiosidade de quem sabe a sua origem. Até a carta de vinhos tem escolhas da região porque é essa a “identidade” do restaurante.

O único Green Chef em Portugal

Thomas Egger integra a Associação Europeia de Green Chefs desde 2015. Dos 75 membros, é o único Green Chef em território nacional. A utilização de produtos orgânicos e ingredientes naturais é um dos conceitos desta rede de profissionais. “Compro produtos diretamente da horta. Para além da qualidade dos produtos, do seu sabor, é uma forma de contribuir também para a economia local”. Na cozinha deste Chefe há uma outra regra de ouro: desperdício zero. E no final do dia a comida confecionada que não foi vendida é sempre doada

As diferenças culturais

Disciplinado e rigoroso, Thomas Egger ainda estranha a forma descontraída como alguns portugueses encaram a vida. “Aqui há o hábito de não se cumprirem horários. Marcamos a uma hora e aparecem meia hora depois”, confessa entre sorrisos. Mas isso não belisca a sua paixão pelo país. Sente-se bem em Portugal, onde as pessoas são “simples e muito afáveis”. Apesar da desconfiança inicial, a qualidade e simpatia com que recebe cada cliente derrubaram as barreiras culturais.

“Escolhi os melhores produtos portugueses”


Azeite, vinho e rolhas de cortiça. São três dos produtos que exporta para a Áustria. Um mercado que conhece bem e onde entrou em 2013 com o azeite de marca própria produzido em colaboração com a Cooperativa de Olivicultores de Tabuaço. O azeite duriense é servido num restaurante com três estrelas Michelin onde “não se brinca com a qualidade”. Está também em alguns dos melhores hotéis austríacos, graças a um estrangeiro que acreditou no potencial deste produto. A produção ronda os 10 mil litros e não tem “mãos a medir” para a procura. A marca Thomas Egger está ainda no vinho verde que lançou em 2014. Produtos que promove na Áustria, para onde viaja todos os meses levando na bagagem os sabores portugueses “de grande qualidade e muito apreciados”. Alemanha e Itália são os próximos mercados a explorar.

Investir em Portugal

Pensar bem, com calma e cabeça. É o conselho que deixa a quem estar a pensar em investir em Portugal. Um país onde as burocracias não facilitam quem arrisca. “Tive a sorte de ser muito bem acolhido e de criar amizades com pessoas importantes que me abriram portas para a participação de programas de televisão. E isso ajudou-me a ser reconhecido”. Também as portagens são criticadas pelo austríaco que no seu país paga 90 euros por ano para andar nas autoestradas. “Aqui, um turista espanhol, por exemplo, paga 20 euros por cada viagem. É péssimo para quem trabalha em Portugal, em qualquer setor, mas sobretudo para o turismo”. Olhando para trás, só há uma coisa que faria diferente. “Fazia tudo mais rápido, sem medo”. Porque, pesando os prós e os contras, ganha a qualidade de vida, a paisagem, a cultura, a gastronomia e os saberes únicos de um país com tanto por explorar. “Senão valesse a pena já tinha voltado para a Áustria”, garante Thomas Egger.

Potencial turístico como mote

Era uma vez uma casa de aldeia ‘plantada’ na encosta da Serra da Estrela, em pleno Parque Natural, e que, ao contrário de tantas outras perdidas no interior de Portugal, teve um final feliz através do projeto “Casas da Lapa”.
Datada de 1832, a velhinha habitação renasceu como unidade de alojamento pelas mãos de Nuno e Maria Manuel, que escolheram investir no concelho de Seia não só devido à ligação familiar que tinham à aldeia mas também pelo potencial turístico que reconheciam àquele território.
No processo de recuperação das Casas da Lapa, nada foi pensado ao acaso, tendo o investimento resultado numa unidade que “seduz pelo brutal contraste entre a agreste grandiosidade da paisagem e a sua atmosfera, acolhedora e sofisticada”.
“A autenticidade está presente nos materiais de construção tradicionais, como o granito e a madeira, e a modernidade está presente na arquitetura e na decoração. O resultado é um espaço físico único. Se a este espaço físico estiver aliado um serviço de excelência, o resultado é um hotel onde os turistas se sentem muito bem”, sublinhou Maria Manuel.

Mais que apenas uma estada, um convite para explorar a Serra

Além de garantir linhas modernas sem perder o traço tradicional, as Casas da Lapa têm outro forte fator de ligação ao ambiente que as envolve, mais exatamente o cenário da zona protegida da Serra da Estrela. “Os hóspedes são sempre estimulados a caminhar no Parque Natural, é-lhes dada informação acerca da região, dos percursos existentes e é sempre sugerida uma visita aos centros de interpretação”, explicou a empresária revelando que é também disponibilizado acompanhamento gratuito.
O “Parque Natural da Serra da Estrela é um recurso valioso para a atração e fixação de turistas nacionais e estrangeiros”, defendeu Maria Manuel, lamentando, no entanto, que Portugal ainda não seja reconhecido a nível internacional como um destino de Turismo de Natureza.
Para combater essa lacuna, a empresária acredita ser necessário que os agentes locais privados apostem “na qualidade dos recursos humanos, nomeadamente no que respeita ao conhecimento de línguas e ao conhecimento do próprio território onde se inserem, na qualidade dos serviços que prestam e na qualidade da comunicação que estabelecem com os potenciais mercados (publicidade, branding, marketing)”. “A produção, promoção e a utilização ao nível local de produtos agrícolas endógenos deve ser potenciada pelos agentes locais públicos e privados”, defendeu.


Inovação nos serviços reflecte-se na taxa de receção dos hóspedes

Nas Casas da Lapa “a inovação esteve sempre presente”, desde a arquitetura de elevada qualidade e com elementos diferenciadores, à decoração e sobretudo aos serviços. “A aposta feita num serviço personalizado e de qualidade, quer no que respeita à receção e acompanhamento dos hóspedes, quer no que respeita à gastronomia, traduziu-se numa elevada taxa de repetição dos hóspedes”, garantiu Maria Manuel.
Dez anos depois de renascer das ruínas, as Casas da Lapa estão agora a virar mais uma página da sua história com a sua ampliação e requalificação. Reabrirão em breve com novos espaços e novos serviços, vocacionados para “um patamar de qualidade mais elevado”.

“O Alentejo, enquanto destino de qualidade, está na moda”

“7Quintas” não foi um nome escolhido ao acaso. O novo projeto de agroturismo que está a nascer em Marvão, no distrito de Portalegre, quer proporcionar experiências em espaço rural que fiquem na memória dos visitantes pelos melhores motivos. São sete as casas reconstruídas segundo a arquitetura tradicional alentejana, cada uma com a sua história. Argumentos que justificam a associação do conceito à expressão, tipicamente portuguesa, de se estar “nas sete quintas”. É o mesmo que dizer que se está feliz, despreocupado, a desfrutar de algo que se gosta muito. Até porque “se não se sentirem nas ‘setes quintas’ não voltam cá outra vez”, acrescenta, sorridente, Paulo Mena. Trocou Lisboa por Marvão em busca de um sonho que começou a desenhar há mais de três anos. “Sou filho dos filhos da terra”, explica o empresário.

Estabelecer parcerias para ganhar escala

O projeto “7Quintas” integra o Plano de Ação da Estratégia de Eficiência Coletiva Provere Inmotion 2020 e conta com mais de 3 mil intenções de parcerias. “Significa que há muita gente disponível para levar este país para a frente. E não são só portugueses. Tenho vários contactos na Europa, Estados Unidos, Brasil e Argentina”. A assertividade de Paulo Mena foi conquistando terreno à desconfiança inicial. A equipa que o acompanha começou a trabalhar “no escuro, sem receber nada”. Do arquiteto ao empreiteiro, do canalizador aos engenheiros, “mesmo sem certezas nunca se negaram”. A aprovação do investimento de 2 milhões de euros, comparticipado em 75 por cento pelo Programa Operacional Regional do Alentejo, chegou em agosto de 2016 e as obras “decorrem a bom ritmo”. Decidiu contratar pessoas da terra “porque são elas que conhecem as técnicas de construção antiga. Que sabem como abrir uma parede com 150 anos, dando-lhe modernidade sem a estragar”. Em agosto de 2018 estará de portas abertas criando 10 novos postos de trabalho, garante o investidor.

Um “hotel” disperso pela encosta

Dos sete edifícios espalhados pela encosta até ao vale, seis destinam-se a alojamento e um será o futuro restaurante e galeria de arte. Um espaço que vai receber obras de artistas conceituados e desconhecidos, de Marvão e do mundo. “Até um visitante que queira aproveitar o tempo livre para pintar um quadro pode expor o seu trabalho aqui”. E motivos de inspiração não faltam. A espreitar no cimo da serra estão as muralhas do século XIII e do século XVII que circundam a histórica Vila de Marvão. Em redor, as imponentes cristas rochosas, os bosques e os blocos de granito roubam a atenção de quem visita esta região. Dizem que no Alentejo a vida faz-se a um ritmo diferente, com tranquilidade e uma sensação de liberdade que Paulo Mena quer agora oferecer aos visitantes. “Em cada uma das casas há uma nascente e um pequeno tanque onde é possível refrescar. A ligá-las estará um percurso pedonal, pelo meio das árvores, com bancos e equipamentos que permitem a prática de desporto. Haverá também um forno e várias atividades ligadas ao cultivo da terra. Cada um é livre de desfrutar do espaço à sua maneira”.

O Alentejo está na moda

Conquistar o mercado empresarial e desportivo é o objetivo traçado pelo empresário que não descarta também a aposta no mercado sénior “que sabe muito bem o que quer, tem poder de compra e escolhe qualidade e diferenciação”. Foi a pensar nisso que se fez a adaptação de uma das casas e de todo o edifício do restaurante, preparando-os para receber pessoas com mobilidade reduzida. “Um dos fatores diferenciadores é a quantidade de pessoas que conseguimos ter, em ambiente rural, espalhadas pelas pequenas casas que têm entre 6 a 8 quartos”. Nos últimos anos o Alentejo tornou-se um destino de qualidade “que está na moda”, realça Paulo Mena. Resta saber aproveitar todas as potencialidades de um território que se estende até à fronteira espanhola.

De Lisboa a Cinfães, para investir “num paraíso”

Viviam e trabalhavam na capital quando decidiram mudar de vida e investir no interior, foi assim que Rui Vicente e Maria de Lurdes avançaram, em Cinfães, com o seu projeto de Turismo de Habitação, ao qual se juntou também a produção de mirtilos.

“Não tínhamos nenhuma ligação com Cinfães, escolhemos o concelho por acaso, por que fiquei apaixonado pelo rio Bestança, um cenário maravilhoso”, explicou Rui Vicente sobre a aquisição de duas propriedades, uma das quais a Quinta da Ventozela, que, construída no século XVII, sobre o Vale do Douro, foi melhorada para garantir o conforto e qualidade de vida dos seus visitantes.

Enquanto a Quinta da Ventozela já funciona a cem por cento, a segunda propriedade, localizada na margem do afluente do Douro que deixou o investidor “maravilhado”, será o próximo projeto a avançar, prevendo o casal para o local a criação de um espaço dedicado ao Turismo de Natureza.

O Douro está mesmo na moda

Concordando que a região tem “muita potencialidade” ao nível do turismo, o empresário sustenta a ideia de que o Douro é muito apetecível ao nível internacional. “80 por cento dos nossos turistas são estrangeiros”, contabilizou Rui Vicente enaltecendo a localização estratégica de Cinfães, que fica hoje há cerca de uma hora de viagem de grandes cidades como o Porto ou Braga e também do Peso da Régua, onde estão algumas das “grandes vinhas” do Alto Douro Vinhateiro, região classificada pela Unesco como Património da Humanidade.

“Esta zona é muito interessante, tem é que ser trabalhada. As próprias instituições locais ainda não exploraram todas as potencialidades da região”, frisou, revelando que no que diz respeito à Quinta da Ventozela, a ideia é continuar a investir, tendo em mente sempre a inovação disponível no setor do turismo e da agricultura biológica.

“Perseverança é a palavra-chave”

Sobre as dificuldades no processo de instalação, o proprietário da Quinta da Ventozela acredita que os pequenos projetos devem ser “ainda mais valorizados” pelos agentes locais.

Outra ideia defendida para que o desenvolvimento do Douro possa atingir o seu auge é a necessidade de localmente se apostar na qualificação da mão-de-obra, sobretudo no que diz respeito à formação em termos de línguas estrangeiras.

“Apesar de não ser um processo fácil, não tenham medo. Vale a pena investir no interior. Perseverança é a palavra-chave”, defendeu, incentivando outros empresários a realizar os seus sonhos de investimento na região.

“Apaixonei-me pela agricultura e pelos produtos locais”

Pode ter sido pelos piores motivos que o empresário Mark Kunz chegou a Serpa para “viver temporariamente”, mas foi pelos melhores que resolveu ficar. E foi exactamente no Alentejo, território pelo qual se apaixonou, que decidiu então investir e fez nascer, no Monte das Louzeiras, a marca GOTA.

“Em 2004, por motivos de saúde vim viver temporariamente para Serpa, foi nessa altura que pela primeira vez tomei contacto com as pessoas, hábitos e cultura da zona. Fui viver para a Serra de Serpa, sendo lá que, através dos agricultores habitantes da zona, aprendi as primeiras palavras em português, foi através deles que me apaixonei pela agricultura e pelos produtos locais”, recordou o empresário suíço.

Confrontado com o que de melhor se produz no Alentejo, Mark Kunz revelou que foi “batizado com cálice de ouro” em relação à qualidade dos produtos portugueses, de tal forma que, apesar da sua formação ser na área da arquitetura e design, surgiu a ideia de investir e valorizar esses produtos da terra, desde os azeites e vinagres ao mel, passando mesmo pelo setor da cosmética.

GOTA quer mostrar que “é possível uma melhor e mais diversificada” utilização dos produtos

Certo de que a tradição e a modernidade podem andar de mãos dadas, Mark Kunz manteve desde o arranque da empresa o respeito pela ancestralidade das suas origens, o Alentejo, mas apostando numa imagem atual. “Como a minha outra área é o design, é para mim um prazer aliar a qualidade do produto a uma imagem forte, até porque a tradição e a modernidade não conflituam, antes pelo contrário, completam-se. Queremos tornar o exterior mais apelativo ao consumidor sendo que o interior, por si só, já é de excelência”.

Assim, no que diz respeito ao desenvolvimento dos produtos GOTA e MONTE DAS LOUZEIRAS, a ideia foi apostar na inovação, “conjugando matérias-primas de excelência a uma nova tipologia de procura, designadamente na cosmética e nos vinagres, por exemplo”.

Explicando que a empresa tem dado também grande atenção às potencialidades terapêuticas de alguns produtos, como é o caso do azeite, que está a ser aliado com óleos essenciais naturais para utilizar na cosmética, Mark Kunz sublinhou que o objetivo é “mostrar que é possível uma melhor e mais diversificada utilização destes produtos”.

As vantagens do interior…

Apesar de reconhecer que podem existir dificuldade em termos de burocracia, o empreendedor acredita que existe vantagens no investimento no interior. “Há espaço, há qualidade de vida, há pessoas, há proximidade entre as entidades, facto que ajuda a resolver as situações e aqui somos tratados como pessoas e não como números”.

“As entidades locais ajudam e apoiam na instalação de empresas e projetos, porque estamos todos a trabalhar para o mesmo, para a criação de emprego, para a dinamização da economia, contribuindo para atenuar a tendência de despovoamento”, testemunhou frisando que “atualmente a questão da localização já não se coloca da mesma forma, porque as acessibilidades rodoviárias são boas e a internet facilita os contactos, sendo que já não existem distancias que não possam ser superadas com um clique”.

Quanto ao futuro, o objetivo é continuar a crescer porque “há muito para fazer” num setor que “tem fortes potencialidades”. “Vamos produzir vinho em talha de barro, vamos construir uma adega e um lagar que possa dar resposta a todas as solicitações, vamos continuar a trabalhar nos produtos inovadores e na imagem de todos os nossos produtos”, concluiu Mark Kunz.

“Portugal tem vinhos de elevada qualidade que são vendidos um pouco por todo mundo”

Começou por ser um projeto ligado à produção de vinho de uma família dinamarquesa mas cedo perceberam que a aposta se podia estender ao turismo. O Hotel Rural Quinta do Pégo, em Valença do Douro, concelho de Tabuaço, nasceu da paixão de Karsten Sondergaard pelas paisagens durienses. Foi nesta região que encontrou a quinta com cerca de 30 hectares onde são produzidos Vinhos do Porto Vintage e Late Bottled Vintage, e Vinhos Tintos DOP. Em 2009 inauguraram o Hotel Rural da Quinta do Pégo, de 4 estrelas, com 10 quartos. Um investimento de mais de 8 milhões de euros do Grupo AMKA.

Um pequeno hotel com muitos encantos

A piscina exterior com efeito cascata é uma das imagens de marca de um espaço enriquecido pela paisagem natural da região classificada como Património Mundial pela UNESCO. Na loja da unidade hoteleira estão à venda os vinhos da casa mas também o azeite “extra virgem 100% natural” produzido nos socalcos que recortam as encostas da propriedade. A grande maioria dos clientes são estrangeiros, sobretudo dinamarqueses, que procuram turismo vitivinícola de qualidade, rico em história e autenticidade. O ambiente, a natureza e o povo português cativaram a atenção de Karsten Sondergaard desde a primeira visita ao país. “Portugal tem um potencial enorme em várias áreas” e a produção de vinho é uma delas. “Aqui temos vinhos de elevada qualidade que são vendidos um pouco por todo mundo”, explica o investidor.

A excelência das vinhas

Demoraram alguns anos até encontrarem a localização perfeita. "A prioridade foi criar um lugar único com uma atmosfera portuguesa muito calorosa e acolhedora para todas as nacionalidades", explica Karsten Sondergaard. Da ideia à prática foi um longo caminho. “Mas valeu a pena”, garante o empresário acrescentando que “o mais importante foi encontrar parceiros locais certos para fazer as coisas acontecer". O solo classificado com a letra “A”, a mais elevada na região, foi um dos fatores que mais pesou para a escolha deste local. Para o empresário dinamarquês, “o fácil acesso por transporte público através de Régua ou Pinhão e a curta distância do Porto são também vantagens, sobretudo no que diz respeito ao Hotel".

Uma empresa familiar com expressão mundial

A história do Grupo AMKA tem quase quatro décadas. A empresa foi criada em 1978 em Randers, Dinamarca, por Anna-Marie Sondergaard, apenas como um passatempo. Em apenas dois anos o crescimento do negócio levou a que se juntasse também o marido Karsten e, mais tarde, o filho Frank. Atualmente são 20 as empresas individuais, espalhadas por 10 países, incluindo Portugal. A empresa familiar vende e distribui anualmente mais de 30 milhões de garrafas de vinho, cerveja e bebidas espirituosas de todo o mundo.

O segredo do sucesso é inovar

A capacidade de adaptação à mudança é essencial para quem pretende investir neste setor, afirma Karsten Sondergaard. “Continuar a desenvolver novas ideias para manter este negócio atrativo, competitivo e relevante", tem sido o segredo deste projeto. Aos investidores deixa uma mensagem: "Mostre respeito e mantenha seus pés no chão".

Serpa: Faltam ovelhas para as necessidades das queijarias

A história de José Guilherme é comum entre os portugueses: um curso profissional de agro-indústria numa escola profissional conduziu o jovem aluno à transformação de uma queijaria caseira numa pequena unidade industrial. Menos comum no seu percurso foi o sucesso que preconizou: passados 16 anos, esta queijaria emprega 42 pessoas e produz 500 kgs de queijo por dia.

Tendência Gourmet

O mercado está a mudar.
A procura de alimentos light e queijos aromatizados está a motivar o empresário José Guilherme no desenvolvimento de novos produtos.

A produção de queijos frescos light é uma tendência generalizada no mercado, que não acrescenta inovação mas garante o seu escoamento.
Menos conhecido, o Queijo de Cabra Curado com 3 ervas vem responder à procura de um segmento mais exigente com a adição de três ervas populares no Alentejo: poejo; alecrim; rosmaninho

Semear a internacionalização

A internacionalização é o caminho natural para produtos portugueses face à pequena dimensão do mercado nacional.
Mas também aqui, a falta de associativismo entre outros produtores ameaça tornar esse processo mais lento que o desejável. E o empresário usa a analogia agrícola para explicar o processo: estamos a semear nos mercados externos!

Ovelhas Lacaune

A maioria do queijo produzido recorre a leite de ovelhas Lacaune: uma raça francesa que permite a produção de queijo de elevada qualidade.

Crescer 20% ao ano

Os numeros são animadores. Há três anos consecutivos que a produção da Queijaria Guilherme cresce a 20% ao ano. Resultados que o empresário associa a um bom produto, uma boa marca e uma rede de distribuição consolidada.

Serpa: “Já estou enxertado!”

Andreas Kurt Berhnard chegou a Portugal em 1995 e não sabia falar português.
Apostou no negócio do azeite biológico que produz com recurso a 300ha de olival, entre terrenos da família e alguns arrendamentos.
Hoje, 95% do seu azeite é para o mercado suiço, alemão, francês, sueco e japonês.
Diz com orgulho que esses mercados já estão sensíveis ao azeite nacional.

“São os turistas que apreciam a nossa comida e fazem mais tarde publicidade nos seus países aos nossos produtos. Portugal está na moda!”

Produção biológica

O mercado procura produtos biológicos e está disposto a pagar por isso.
São 300ha de olival para produzir 200.000 garrafas de azeite biológico por ano.
“Não são 200.000 litros! As nossas garrafas são pequenas.”

Risca Selection Lemon: 50€/litro

O Olival da Risca não vende a granel. Promove os seus produtos em pequenas garrafas de vidro, para segmentar o seu mercado.
Na gama gourmet, o Olival da Risca promove o azeite virgem extra com aroma a limão, alho ou manjericão.

Barragem de Alqueva

Andreas chegou a Portugal antes da construção da Barragem de Alqueva. Hoje, com a garantia de água para regadio, assegura que cada hectare de olival possa produzir 5 toneladas de azeitona, que representará 700 litros de azeite.

Crescer 35% num ano

As alterações climáticas estão a afectar outros países produtores de azeite.
Em Portugal, os olivais têm mantido a produtividade, o que assegura que mais hectares cultivados permitiram mais garrafas de azeite no retalho, e assim, mais clientes finais à sociedade agro industrial Risca Grande Lda..

Despovoamento

Como combater o despovoamento?

Ontem foi emitida uma edição especial da RTP para discutir o despovoamento dos territórios de baixa densidade.

Em estúdio, o Ministro Adjunto Eduardo Cabrita, o Reitor da Universidade de Trás os Montes e Alto Douro António Fontaínhas Fernandes e três autarcas de capitais de região: Évora; Vila Real; Guarda

O tema presta-se a demagogias fáceis: "faltam apoios e subsídios ao interior".
Mas ninguém avalia o impacto dos subsidios que já foram distribuídos para a fixação da população e incentivo da atívidade económica nestes territórios de baixa densidade.
Em suma, corremos o risco de fazer mais do mesmo para resolver um problema, cuja receita já revelou o efeito inverso.

Hoje, há cidades em territórios de baixa densidade que conseguiram fintar o despovoamento: Vila Real; Covilhã; Évora; Faro. Todas elas têm universidades. E isso leva-nos à pergunta óbvia: "Faz sentido que o Estado abra novos cursos nas grandes cidades, quando o despovoamento ameaça fragmentar o país?"
Será fácil compreender a vantagem de um centro de conhecimento nestes territórios em comparação com call centers: mais gente; mais conhecimento; oportunidade de mais e melhores empresas.

Michael Porter, que foi citado pelo autarca egitaniense, escreveu há 20 anos sobre a valorização dos recursos endógenos.
Está escrito. Basta ler.
Esses recursos endógenos permitem desenvolver economia mais sustentada, e com maiores barreiras à entrada para novos players noutras geografias.
Para esse objectivo, é necessário que as universidades trabalhem com as empresas em áreas cujas oportunidades poderão aí ser exploradas.

Em suma, precisamos de mais universidades em territórios de baixa densidade a desenvolver competências endógenas e mais empresas - com capital; experiência; mercado - a valorizar os recursos humanos que saem desses centros de conhecimento.

Se essas geografias conseguirem criar mais valor, teremos mais emprego e com isso mais gente.

O capital não é um exclusivo do Estado. E por isso faz sentido citar o Chef Rui Paula: "temos que acreditar em nós e na nossa região, ser verdadeiros (...) e pôr aqui o nosso dinheiro. Não podemos ficar à espera!"

Programa completo em RTP.PT

Frederico Lucas, co-fundador do Programa Novos Povoadores



A Pobreza das Nações

Em 1776, Adam Smith publicou o primeiro volume de um livro icónico de economia sobre a riqueza das nações.

O autor defendia as leis de mercado, onde os produtos com elevada procura e baixa disponibilidade aumentavam o seu valor.

Passados 250 anos, a economia deixou de valorizar os produtos para se focar nos serviços, e através desses no conhecimento.

Isto é, no século XXI o valor reside naquilo que cada um de nós consegue produzir com a educação que recebeu, potenciada pelo intercâmbio daqueles com quem trabalha.

Desta equação resulta que uma equipa, comunidade ou país são tanto mais ricos quanto mais heterogénea for a população que nela participa.

Donald Trump não sabe isso. Porque não teve uma educação que o preparasse para uma sociedade do conhecimento.

A sua base de raciocínio tem como unidade o tijolo, e com alguma naturalidade avançará para unidades de volume, aplicadas ao betão.

Por isso, as comunidades sustentadas na diversidade étnica, cultural e religiosa estão associadas às novas fortunas: Silicon Valley e Hollywood são exemplos desses ecossistemas, Nova Iorque e Londres exemplos de cidades multi culturais com elevada criação de valor.

O oposto é igualmente verdadeiro: a homogeneidade educativa, cultural e religiosa são sinónimos de pobreza. São solos de monocultura, onde apenas nasce mais do mesmo.

E por isso, os territórios rurais que estão fechados nas suas comunidades, vivem na agonia do tempo. Limitam-se à musealização daquilo que já existiu.

Frans Johansson (Harvard Business School), no seu livro Medici Effect, explica a oportunidade de inovação das sociedade heterogéneas. Recorre ao conhecimento das comunidades de elefantes para o explicar.
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