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Os novos empresários tradicionais

A Santa Casa da Misericórdia quer requalificar as atividades tradicionais e através do microcrédito fomentar a criação de pequenos negócios locais gerados por grupos carenciados.

Fomentar a criação pequenos negócios locais capazes de assegurar a empregabilidade e subsistência dos seus promotores e gerar a criação de emprego, é o objetivo da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa (SCML) que anunciou a sua intenção de apoiar a criação de 100 novos negócios por ano, com recurso ao microcrédito. Floristas, cabeleireiros, sapateiros, peixeiras, engraxadores ou até cauteleiros são alguns dos profissionais que podem beneficiar com este programa, mas a instituição tem na mira outros negócios.

Entre meados de 2006 e o ano passado, a Santa Casa de Lisboa apoiou cerca de 200 pessoas na criação do seu próprio negócio. A taxa de sucesso das empresas criadas foi tal que motivou a instituição a criar há pouco mais de um ano o Departamento de Empreendedorismo e Economia Social, com o objetivo de incentivar a criação do autoemprego, detetar o espírito de empreendedor local e fomentar a materialização de novos negócios com potencial financeiro.

António Santos Luiz, vice-provedor da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa, assume que “o empreendedorismo social é um desafio com futuro”. Apesar da instituição ter alcançado até à data resultados muito positivos na sua intervenção neste domínio, o responsável acredita que “é necessário desenvolver um apoio mais forte para que a taxa de sucesso das empresas que ajudamos a criar se aproxime o mais possível dos 100%”.

Perfil empreendedor, capacidade para gerir um negócio e sentido de responsabilidade, são alguns dos requisitos que compõe o perfil preferencial dos candidatos a este programa. Santos Luiz reconhece que “nem sempre é fácil encontrar este perfil na população abrangida pela Santa Casa, até porque são muitas as situações de vida desestruturadas e a ausência de hábitos de trabalho ou dificuldades de relacionamento”. Mas o responsável clarifica a questão e adianta que “quem não tem o perfil adequado para o programa é encaminhado para outras situações. Tentamos ajudar a encontrar emprego ou investir na formação”.

Cabeleireiros, floristas, peixeiras ou pequenas reparações domésticas são as áreas que, segundo Santos Luiz, têm recolhido mais investimento e apoio pelo Departamento de Empreendedorismo Social da Santa Casa e também uma maior taxa de sucesso. O arranque do projeto depende de que o candidato apresente um plano de negócios aceitável, sendo que pode nesta área contar com a ajuda da instituição ao nível da formação e aconselhamento específicos.

O microcrédito aplicado nestes projetos resulta de uma parceria com o Montepio que financia negócios até 15 mil euros, sendo que como esclarece o responsável, “em média estes projetos representam um investimento inicial de cerca de 9300 euros”. Para António Santos Luiz não há dúvidas de que “são negócios que representam uma dimensão financeira reduzida mas com um impacto social extremamente importante, a de recuperar e inserir pessoas com dificuldades”.

O milagre da micro-ajuda

O conceito que mudou a vida a milhares de pobres em todo o mundo, dando-lhes oportunidades de subsistência que nunca imaginaram ter, surgiu da mente de Muhammad Yunus, o professor de economia que em 2006 alcançou o Nobel da Paz e que foi carinhosamente apelidado de Banqueiro dos Pobres, batizou o seu conceito de Microcrédito.

Yunus acreditou e demonstrou que emprestando pequenas quantias aos pobres para que estes as aplicassem na criação de pequenos negócios rentáveis, conseguiria quebrar o ciclo de pobreza, revitalizar economias locais e integrar socialmente os grupos mais carenciados da população.

A tua teoria foi replicada à escala mundial e por cá somam-se os exemplos. Em dez anos, Portugal assistiu à criação de 1368 empresas com o apoio do microcrédito. Cerca de 40% destes projetos surgiram desde 2008, em pleno contexto de crise. Segundo dados da Associação nacional de Direito ao Crédito (ANDC), a grande maioria (73%) dos negócios criados com recurso ao microcrédito entre 1999 e 2010 ainda se mantém, tendo resistido ao mais conturbado período de crise. Na sua essência são pequenos negócios ligados a restauração, comércio e serviços que necessitaram de um investimento inicial não superior a 10 mil euros para o seu arranque.

Para recorrer ao microcrédito é necessário que o promotor da ideia esteja em situação de desemprego ou não tenha emprego estável e não possua condições de acesso a crédito bancário normal.
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