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A Europa Tecnológica

Deixar passar ao lado a oportunidade criada pelo Instituto Europeu de Tecnologia será um erro grave

Escrevi há uns meses nesta coluna («Viagem à Lua», 14.01.2006) que a única forma da Europa se manter competitiva é através da aposta renovada e reforçada na inovação nas novas áreas do conhecimento.

A Europa não se pode deixar encurralar entre a capacidade criativa dos EUA e a pujança industrial da China, sob pena de, dentro de duas a três décadas, perder definitivamente a influência na definição do ‘mundo desenvolvido’. Para isso, a Europa tem de começar já a criar e explorar comercialmente as novas fronteiras do conhecimento.

Neste contexto, a recente decisão do Conselho Europeu e da Comissão Europeia de criar o Instituto Europeu de Tecnologia (IET), reveste-se da maior relevância estratégica para o nosso futuro. Pretende-se que o IET venha a ser a referência mundial nos domínios da educação, da investigação e da inovação tecnológica. A «Agenda de Lisboa» não se concretiza com boas intenções, mas com acções objectivas. O IET é, muito provavelmente, a medida mais estratégica e estruturante para se atingir os objectivos da «Agenda de Lisboa».

Os meios financeiros do próximo quadro comunitário de apoio para 2007-2013 vão em grande parte ser canalizados para a inovação e, em particular, para a capacidade de transformar essa inovação em bens e serviços capazes de competir no mercado global. Neste sentido, o IET deverá desempenhar um papel fundamental.

Acho extraordinário que uma decisão tão importante tenha passado praticamente despercebida na comunicação social do nosso país. Espero que as nossas Universidades e os nossos Institutos de Investigação de referência estejam muito atentos e a elaborar já uma estratégia para virem a participar activamente no IET. Penso que a forma mais eficaz de participação portuguesa seja através de uma estratégia comum dos nossos principais agentes da inovação, não esquecendo as nossas empresas mais inovadoras. O IET vai ser organizado em ‘comunidades do conhecimento’ que arrancarão em 2009 e quem estiver já mais bem posicionado ganhará uma vantagem competitiva no desenho definitivo do IET. Uma coisa é certa: deixar passar ao lado o IET será um erro grave para Portugal.

In Expresso, João Picoito,Professor catedrático convidado, Universidade de Aveiro

País macrocéfalo

O concentracionismo é o entorse que o crescimento, a eficiência e a acumulação fazem ao desenvolvimento

O concentracionismo é o que é. É entorse que o crescimento, a eficiência e a acumulação fazem ao desenvolvimento. Uma entorse que os políticos têm o dever de contrariar, como o demonstra esta história cativante. A UE criou dez agências em dez países. Quase todas ficaram fora das capitais.

Há dias, a notabilíssima Agência Europeia de Segurança Marítima, com apetecível missão técnica e científica, inaugurou a sede em Lisboa. É caso para dizer, parabéns, Lisboa. Renovo, porém, dúvidas de 2004. Por que razão se cometeu, de raiz, à nascença, mais um genuíno acto concentracionário? Não haveria, entre nós, outras cidades que reunissem requisitos de mar, porto, universidade? Questão política, esta, que magoa governantes, primeiro Guterres, depois Barroso, depois não sei mais quem. As explicações para a escolha foram frouxas, rudimentares, evasivas, estavam já encalhadas no belo estuário. Releio, a propósito, ‘Portugal, país macrocéfalo’, 1966. O livro mereceria uma adenda, 40 anos volvidos, em jeito de espantosa confirmação das tendências que o jornalista Silva Costa desnudou aos olhos do regime, estava Salazar para partir, Marcelo para chegar.

In Expresso, Miguel Cadilhe

Acesso à Net a 100 Mb na rede PT em 2007

A Portugal Telecom vai disponibilizar, nos primeiros meses de 2007, largura de banda de 100 Mb, informou a empresa em conferência de imprensa hoje realizada em Aveiro.

Através da PT Inovação, a operadora encontra-se, de momento, a desenvolver o projecto, «inovador a nível mundial», de acordo com a empresa, com o objectivo de potenciar o par de cobre da tradicional linha telefónica.

A iniciativa inclui o desenvolvimento de um módulo que permitirá «dotar as casas do cidadão comum com uma velocidade de acesso à Internet cerca de cinco vezes maior que a melhor oferta comercial actual», acrescenta a empresa em comunicado.

O projecto incide sobre uma tecnologia chamada VDSL2, ainda em fase de normalização internacional, e está em andamento há vários meses nos laboratórios da PT Inovação, em Aveiro, prevendo-se que os primeiros protótipos possam estar disponíveis ainda no decurso do mês de Outubro.

A PT informou ainda que, «até ao final do corrente ano, todo o sistema deverá estar estabilizado, do ponto de vista da tecnologia, prevendo-se que as primeiras unidades comerciais possam ser lançadas para o mercado no decurso dos primeiros meses de 2007.»

As novas unidades vão permitir alargar o conceito de Triple Play (dados, voz e vídeo) sobre a linha telefónica para o de Multi Play, em que será possível aceder, em simultâneo, a vários canais de TV, diversos video-on-demand e a um número ilimitado de outras aplicações, como tele-trabalho, vídeo-chamadas, vídeo-vigilância, controlo domótico ou jogos em rede, sobre a linha telefónica actual.

in SOL

Em que medida deve a PRODUÇÃO de serviços de comunicação e informação continuar centralizada nas áreas metropolitanas?

"O Portugal que vence a crise!"

A edição de ontem da revista Visão escreve sobre o Portugal que está a reagir positivamente ao actual momento de crise.
Os diversos exemplos indicados são reveladores de mérito e coragem dos seus actores, mas porventura ficou de fora o principal instrumento de combate à crise económica portuguesa: A deslocalização de empresas para o interior do país.

Qualquer pequeno e médio empresário sabe o que aqui já se escreveu: Em valores anuais, empregar 10 pessoas em Lisboa custa 150.000 euros (sector terciário) aos quais acresce o valor das instalações que estimo em 15.000 euros. No interior esse valor desce para 85.000 euros de custos com pessoal e de 2500 euros (15% do valor nas grandes cidades) com instalações. Isto é, 87.500 euros contra 165.000 euros.

Estou a ocultar propositadamente os incentivos que os municipios das regiões de Baixa Densidade oferecem aos empresários, porque varia consoante os objectivos estratégicos de cada uma dessas regiões. Posso no entanto adiantar que entre os incentivos comuns está a preferência na entrega de contratos de prestação de serviços a essas organizações e a cedência temporária de instalações e/ou terrenos para a actividade dessas organizações.


Obviamente que esta tendência está a ocorrer fundamentalmente em empresas prestadoras de serviços, cuja "produção" não está condicionada à proximidade fisica do seu mercado, por estar operacionalizada sobre a rede de banda larga.

A provar o exposto está o serviço de reexpedição de correspondência dos CTT. Crescem de forma galopante os contratos de reexpedição de correspondência a partir de Lisboa para o interior do país.

Mas mais importante do que tudo o que se escreveu, está a melhoria da qualidade de vida dos trabalhadores.

Áreas Rurais de Baixa Densidade

O Prof. António Covas da Universidade do Algarve sintetizou a problemática das Áreas Rurais de Baixa Densidade, no âmbito do 1º Encontro Nacional sobre esta problemática. Um texto a não perder.

Ainda do mesmo autor, segue a transcrição do texto "O espaço rural: de espaço produtor a espaço produzido"

À medida que a cadeia de valor alimentar se foi afastando da matéria-prima agrícola, isto é, à medida que a industria e a cidade foram determinando o ciclo de vida da produção alimentar, a produção teórica da economia rural deixou de falar de espaço rural como um espaço-produtor para falar dele, cada vez mais, como um espaço- produzido. É certo que a actividade agrícola e florestal ainda delimita a paisagem dominante, mas o mundo rural é, hoje, um palco imenso onde se desenrolam todas as representações do mundo actual, das mais paroquiais e populares às mais cosmopolitas e sofisticadas. Em boa verdade, trabalhamos mais com representações do mundo rural, quase todas de proveniência e inspiração urbanas, do que com o “mundo rural propriamente dito”. Estas representações alimentam, de resto, a produção teórica sobre o mundo rural por via de binómios, dualidades e polarizações, em redor dos quais redesenha, ela também, novas representações da “dita realidade”. E, paradoxalmente, ou talvez não, são estas mesmas representações, práticas e teóricas, que criam as novas procuras e os mercados emergentes que atravessam, hoje, em todas as direcções, o espaço rural, matéria-prima de que o “marketing” territorial se apropria para fazer a sua particular estratégia de publicidade e comunicação.
Assim, os urbanos criaram, em primeiro lugar, a dualidade urbano-rural para marcar a superioridade do seu modelo industrial e do seu território urbano ou para se auto- convencerem dessa superioridade. Hoje, após décadas de artificialização do seu insustentável habitat urbano, recriam uma imagem idílica e nostálgica do mundo rural que já não existe. Não é por acaso que se fala, hoje, de agricultura urbana e de hortas sociais ou comunitárias, a lembrar a antiga cintura saloia das grandes cidades.
Do binómio/dualidade em redor dos territórios passámos para a polarização em redor dos produtos. Em pano de fundo, os produtos frescos e as suas sucessivas transformações, um “claro sinal de progresso”. Os acasos do progresso e os acidentes de percurso têm explicado, mal ou bem, as repetidas crises alimentares mas não evitam a polarização da discussão em redor do conceito de segurança alimentar/rastreabilidade dos produtos, logo surgindo, associado a este, o binómio agricultura convencional- agricultura biológica.
Mais recentemente, e na mesma linha de raciocínio, a polarização centra-se sobre os valores naturais intrínsecos, sobre a conservação e a biodiversidade dos recursos naturais, em redor de uma acepção larga do binómio agricultura-ambiente.
Cada uma destas abordagens cria a sua própria verdade, mas, também, o seu arsenal de “propaganda”, ideias simplistas e imagens desfocadas sobre “o seu” mundo rural.
Temos, assim, um mundo rural que é uma espécie de campo de forças em busca de um novo equilíbrio, se quisermos, uma espécie de” não-modelo”, em que nenhuma das representações ainda se tornou maioritária para assentar uma nova realidade agro-rural.
Estamos, portanto, numa situação transitória, num momento de mudança, em que os valores específicos da ruralidade, mais tradicionais ou mais modernos, são objecto de apropriação por actores muito diversos que os usam para estratégias muito variadas que, para simplificar, podemos apelidar de “marketing comunicacional”. Não vamos discutir, aqui e agora, a bondade ou maldade destas estratégias de apropriação levadas a cabo por interesses diversos, desde os mais comerciais até aos mais culturais. O que importa realçar, nesta altura, é a evidência de que o espaço rural se transmutou de espaço- produtor em espaço-produzido. Esta transmutação, feita essencialmente por agentes citadinos ou urbanos, significa umas vezes verdadeira modernização agrária, outras vezes turistificação vinícola, oleícola ou cinegética, outras vezes, ainda, simples elemento decorativo para “happenings” cosmopolitas, aproveitando a amenidade de uma barragem, de um rio ou outra linha de água. Tudo isto, para além, obviamente, do “folclore local” que vende ao passante de ocasião os “produtos típicos” da região.
Quer dizer, estamos em plena fase de artificialização do espaço rural, espaço reconstruído a partir de elementos exteriores de proveniência muito diversa, que se combinam com a paisagem rural para fazer uma espécie de decoração de interiores, ao sabor da imaginação comunicacional, publicitária e comercial dos seus promotores.
Todos os dias os meios de comunicação social nos fazem chegar estas incursões urbanas em meio rural, como casos de “sucesso fulgurante”, devidamente acompanhados de elementos publicitários que visam passar a imagem da moda, a saber, a sábia combinação do tradicional e do moderno.
O que se lamenta, nesta trajectória, não é a quantidade e a qualidade destas incursões urbanas em meio rural, que muitas virtudes terão, mas, antes, a ausência quase absoluta das associações científicas, técnico-profissionais e sindicais do mundo agro-rural que se demitiram de ter voz própria sobre os problemas que o afectam. Fica-se com a sensação de que a subsídio-dependência dos últimos vinte anos envergonhou de vez os representantes do sector agrícola e do mundo rural e que a distorção de imagem assim produzida teima em persistir. O mesmo acontece com o mundo universitário e politécnico na área das ciências agrárias e da economia e sociologia rural que perdeu alunos e públicos, nos últimos anos, ao nível das formações inicial e contínua. Já para não referir a própria a instituição política “Assembleia da República” que acabou com a comissão parlamentar de agricultura, sem um único gemido que se ouvisse por parte do mundo rural. E, no entanto, apesar de todas as dificuldades, o mundo rural volta a estar na moda, como, de resto, é fácil de constatar na comunicação social.
O tempo que vivemos é de um silêncio ensurdecedor. Aguarda-se uma nova distribuição de subsídios. Ninguém está interessado em causar muita turbulência. Atenção que o espectáculo vai continuar.

5 Anos



Será a "TOLERÂNCIA" uma atitude fundamental à sobrevivência do nosso planeta?!

"Abril" em Setembro!

Todos os anos, nos primeiros dias de Abril, somos metralhados com mil e uma estórias/teses sobre o 25 de Abril de 1974.
Julgo que a todos, por se tratar de um tema repetitivo até à exaustão, recai legitimamente o impulso de ignorar tal informação.
Para os "filhos de Abril", que nada fizeram por essa luta e cuja "Democracia" conheceram como um direito adquirido, limitam-se a observar os "Actores de Abril", seus pais em muitos casos, a proteger novos situacionismos em detrimento do interesse público, isto é, das gerações seguintes.

Muito recentemente fui surpreendido, por colegas e amigos, por uma enorme ignorância sobre o estado social em data anterior ao golpe de 25 de Abril.

Selecionei, julgo que sem polémica, o site da Associação 25 de Abril como a melhor fonte informativa sobre a referida temática.
No editorial, Vasco Lourenço assina o texto que se segue sob o título A RESTAURAÇÃO DA DEMOCRACIA.

"(...)Em 25 de Abril de 1974 o Movimento das Forças Armadas (MFA) derrubou o regime de ditadura que durante 48 anos oprimiu o Povo Português. Nessa madrugada do dia inicial, inteiro e limpo (como poetizou Sophia de Mello Breyner) os militares de Abril foram claros nas suas promessas: terminara a repressão, regressara a Liberdade, vinha aí o fim da guerra e do colonialismo, vinha aí a democracia.

Com tudo isso, a Revolução dos Cravos pôs fim ao isolacionismo a que Portugal estava condenado há já vários anos e ajudou ao nascimento de novos países independentes. Constituindo-se o movimento pioneiro de enormes transformações democráticas em todo o mundo e demonstrando que as Forças Armadas não estão condenadas a ser um instrumento de opressão, podendo, pelo contrário, ser um elemento libertador dos povos.

Democratizar, Descolonizar e Desenvolver foi o lema que então fez regressar Portugal ao fórum das nações livres e amantes da paz.

Ao cumprir todas as suas promessas, os capitães de Abril transformaram o seu acto libertador numa acção única na História da Humanidade. Disso se orgulham, nisso se revêem. Porque se não pode apagar a memória, porque importa ter presente a razão de ser do 25 de Abril, a A25A, assumindo-se como herdeira dos que tudo arriscaram para a libertação dos seus concidadãos, convida-o a conhecer a História desses acontecimentos."

Não posso terminar o presente texto sem enaltecer publicamente Salgueiro Maia, personalidade que identifico como a mais corajosa no referido golpe, uma vez que ISOLADAMENTE exigiu a rendição incondicional do poder político, correndo o risco individual de viver naquele instante os últimos minutos da sua existência.

Festa do Avante: "Não há festa como esta!"


Estive no dia 2 de Setembro na Festa do Avante, evento onde não comparecia desde 1985.
Fiquei impressionado com a quantidade de gente que marcou presença na Atalaia, que segundo nrs. divulgados rondam as 200.000 entradas, renovando assim o título de maior evento cultural em território português.
Julgo por isso, e contrariando a cultura portuguesa, que todos deveríamos tentar compreender os factores de sucesso deste mega evento, que para além de ser um pilar de financiamento de um partido político (PCP no caso), utiliza o acontecimento para difundir diversas mensagens sobre as suas batalhas.

Em síntese, não compreendo a fraca ambição nos eventos como o "Festa do Pontal", para não referir a ausência de actividades nacionais destinadas a simpatizantes e militantes de base dos restantes partidos com assento parlamentar.

"Eu vivi muitos anos em Lisboa!"

Não é todos os dias que escutamos esta frase TRÊS vezes de diferentes pessoas.
O dia começou na Loja do Cidadão de Viseu, balcão da Portugal Telecom. Dois postos de atendimento, sendo que um disponivel e o outro com duas pessoas em espera. "Oh Ana Paula, podes atender mais este senhor que tem um pedido pendente?!", exclamava a colega que mais uma vez suspeitava que aquele cliente "ia dar água pela barba".
E a Ana Paula lá ia resolvendo os assuntos, ao telefone com a "Marta" de Lisboa, ultrapassando as "dúvidas" que existiam nos diversos pedidos.
No final exclamou: "Eu vivi muitos anos em Lisboa!" Conheço bem a empresa porque já passei por outros serviços.
Achei curioso e continuei o meu dia dedicado à burocracia.
Á tarde, na Repartição de Finanças de Trancoso, fico a saber que mais duas funcionárias daquele serviço, para além de uma terceira que já sabia, também fugiram do stress citadino!

A tónica comum a esta gente é a capacidade de pegar num assunto, aparentemente complicado, com a determinação de o resolver após alguns minutos de contactos "com quem tiver de ser": Sem receios de perturbar a hierarquia.

No final pergunto: Será que a DGOTDU continua a considerar estranho e pouco previsivel o fenómeno do "Exôdo Urbano"?

Desconheço os dados estatísticos, mas algo me parece estranho.

Lisboa mais pobre


LISBOA foi a região da Europa que mais empobreceu entre 2001 e 2003. De acordo com as estatísticas para as regiões NUTS II divulgadas na passada segunda-feira pelo Eurostat, o produto interno bruto (PIB) «per capita» em paridade de poderes de compra da região da capital portuguesa foi o que mais se afastou da média europeia neste período.

A riqueza média por habitante recuou 11 pontos percentuais e estava, no final de 2003, nos 104,3% da União Europeia. Este valor é mesmo inferior ao registado oito anos antes, em 1995, quando o PIB «per capita» da região de Lisboa representava 106,6% do nível médio europeu.

Um recuo que, em larga medida, se deve ao fraco desempenho económico português ao longo destes três anos. A economia nacional apresentou um acentuado abrandamento a partir de 2001 e, em 2003, entrou mesmo em recessão com uma contracção do produto de 1,1%. Embora Lisboa esteja acima da média da União Europeia alargada, continua abaixo da média dos Quinze e ainda muito longe das regiões mais ricas do Velho Continente. No topo da lista está a região de Bruxelas com quase três vezes o PIB por habitante da média da UE (277%). Igualmente bem classificados no «ranking» dos mais ricos da União Europeia estão as regiões do Luxemburgo, Paris, Londres e Hamburgo que apresentam todas níveis de riqueza «per capita» acima do dobro da média.

Entre as zonas mais dinâmicas da Europa destacam-se quatro regiões gregas a crescer mais de 10 pontos percentuais da média europeia entre 2001 e 2003, o Luxemburgo que registou o maior aumento neste período e a zona de Bratislava, na Eslováquia, cujo rendimento «per capita» ganhou 8,9 pontos percentuais à média europeia.

Os problemas económicos nacionais não se esgotam, no entanto, na região de Lisboa que continua a ser, apesar de tudo, a mais rica de Portugal. Na lista das dez maiores divergências entre 2001 e 2003 estão mais três zonas portuguesas, nomeadamente Algarve, Norte e Centro que apresentaram diminuições do PIB por habitante em percentagem da média europeia de, respectivamente, 6,5%, 6,4% e 5,8%.

No conjunto das cinco regiões portuguesas continentais consideradas na classificação NUTS II, que correspondem às áreas de Coordenação Regional e que são consideradas para efeitos de fundos comunitários, apenas o Alentejo não está entre as mais afectadas. A região alentejana perdeu, ainda assim, quase 6 pontos percentuais face à média europeia e apenas ultrapassava os Açores e o Norte no final de 2003, em termos de riqueza criada por habitante. Os Açores e a Madeira também se afastaram da Europa entre 2001 e 2003. O arquipélago presidido por Alberto João Jardim passou de um PIB «per capita» de 92,3% em 2001 para 90,4% em 2003, enquanto nos Açores a queda foi de 64,5% para 61,1% nestes três anos.

Na Península Ibérica, só as sete regiões portuguesas - as cinco do continente e as duas autónomas - e uma espanhola divergiram da média europeia . Tudo isto devido ao elevado dinamismo da economia espanhola que, ao contrário de Portugal que tem estado praticamente estagnado, tem apresentado taxas de crescimento acima dos 3% nos últimos anos.

Apesar do tombo da região de Lisboa, a zona da capital continua bastante distante das restantes nacionais e a ser uma das mais ricas da Península Ibérica. Na desagregação NUTS III, que divide Portugal em quase trinta regiões, a zona de Lisboa apresenta um rendimento acima de 120% da média europeia e ultrapassa mesmo cidades como Barcelona.

in EXPRESSO, João Silvestre
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