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"Os Portugueses precisam de sair da sua zona de conforto" por @JotaNR

Os empresários e investidores portugueses têm de ir para além da "proximidade", seja ela o espaço europeu (em que se concentram) ou o de língua comum. Têm de ter em conta a geoeconomia em profunda transformação, diz o guru indiano Pankaj Ghemawat

Os empresários e investidores portugueses têm de saber lidar com as diferenças quando se internacionalizam e ir para além da "proximidade", seja ela o espaço europeu (em que se concentram) ou o de língua comum. Têm de ter em conta a geoeconomia em profunda transformação e saber diversificar, procurando os mercados que estão a dar cartas no crescimento mundial. Mas para isso não se devem deixar vencer ou intimidar pelas barreiras.

Esta foi a principal mensagem de Pankaj Ghemawat (um nome difícil, que ele aconselha que se leia assim: pun-kuj ghé-má-wut), de 51 anos, nascido em Jodphur, na Índia, atual professor de estratégia global no IESE-Instituto de Estudios Superiores de la Empresa em Barcelona, na conferência que realizou em Lisboa na AESE-Escola de Direcção de Negócios no quadro do Programa de Alta Direcção, e que reafirmou em entrevista.

P: A principal mensagem que quis deixar em Lisboa é que os empresários portugueses têm de ser mais ousados na internacionalização?

R: Sim. Têm de sair da sua zona de conforto. Estão concentrados excessivamente na Europa. E os mercados europeus, em geral, não são os que mais vão crescer no futuro. É preciso avançar para além dessa proximidade. A Espanha fê-lo no caso da América Latina. A ideia de uma expansão internacional incremental, passo a passo, não é o futuro. E a híper-focalização na Europa é um enorme risco para o futuro. Onde é que vão estar os mercados de exportação e de investimento? - é essa a questão que se devem colocar.

P: Mas devem evitar algumas ilusões, é esse o outro lado da moeda? A globalização continua a ser um mito muito propagandeado?

R: Temos de ter um método empírico - olhar os dados da realidade. Por isso eu falo de semi-globalização para dar uma noção mais realista e para insistir na questão de que continua a haver fronteiras, de que há diferenças e da importância de saber lidar com elas. E tenho a sensação que o mito do "mundo plano" está a passar. Tudo começou com Ted Levitt nos anos 1980 e a ideia de uma estratégia para um mundo integrado de mercados, depois com Frances Cairncross e a "morte das distâncias" nos anos 1990 até à mais recente ideia de que o "mundo é plano" de Thomas Friedman.

P: As redes sociais na web podem alterar as estratégias de internacionalização, facilitam a globalização?

R: É algo ainda novo e parece-me haver muito exagero à volta. Tenho algum ceticismo, por isso. O meu exemplo favorito nas tecnologias de informação é o Linux. É uma força poderosa de mudança. Na realidade, dá poder às pessoas - mesmo às pessoas pobres, como acontece no meu estado de origem na Índia, o Rajistão, onde os camponeses podem verificar quem é dono da terra.

P: A semiglobalização pode ainda acentuar-se mais se as políticas protecionistas e eventuais guerras de divisas ganharem predominância?

R: Estou muito preocupado com os desequilíbrios mundiais. Por exemplo, os excedentes chineses - eis algo com que nos devemos preocupar seriamente. Se esses caminhos que refere ganharem predominância, coisas realmente muito más podem acontecer.

P: A estratégia de projeção global das grandes empresas das economias emergentes pode mudar esse contexto e reforçar a globalização? Por exemplo, o investimento chinês no estrangeiro excluindo o setor financeiro aumentou 36% em 2010.

R: Não creio que altere qualitativamente. Os grandes investimentos da China e da Índia no mundo não são mais do que 1 a 2% do PIB. A maioria desses investimentos fora são na energia, nos metais e em projetos agrícolas. Não creio que se trate de um novo tipo de estratégia.

P: Tem algum exemplo de internacionalização que o tenha surpreendido?

R: Há um caso fascinante - o da Orbea, do País Basco, o maior fabricante de bicicletas de Espanha, que é parte do grupo cooperativo Mondragón, mas que também fabrica roupa e capacetes. Acabou por criar uma linha de montagem no Arkansas para o mercado americano em que apostou. Realizou a externalização das componentes menos importantes na China. Mas mantiveram o design no país de origem.

P: Ter duas sedes, uma no país de origem, e outra numa região que se considere chave para o futuro, é uma boa solução?

R: A Cisco parece querer ser o modelo desse ponto de vista. Nomeou um chefe de globalização com sede em Bangalore, na Índia, cidade que foi designada como centro oriental de globalização. Julgo ser exequível em algumas funções, por exemplo o que fez a Wall-Mart com o centro de compras mundial em Shenzhen, no sul de Cantão, junto a Hong Kong O mesmo fez a IBM que deslocou o responsável global de aprovisionamentos da região de Nova Iorque para a mesma cidade do sul da China, onde ficou sediada essa função. Mas criar centros de poder iguais parece-me muito mais difícil. A matriz que se cria é muito complicada. E há um problema crítico - se quiser recuar, como é? Sou, por isso, um pouco cético.

P: Qual é a sua principal mensagem no novo livro que vai lançar em maio intitulado 'Word 3.0'?

R: Que a ideia do "mundo é plano" é terrivelmente errada. O que é fundamental é reconhecer as semelhanças, mas também as profundas diferenças entre países que têm de ser tomadas bem a sério. Os níveis de globalização, como já referi, são ainda limitados. Por isso falo de semi-globalização. Mas isso não invalida que não haja muitas oportunidades por descobrir - se souber lidar com as diferenças. É esse o mundo 3.0 de que falo no livro.

Evite atitudes bipolares

Pankaj Ghemawat tem insistido em alertar os empresários para a fantasia de que o "mundo é plano". Os escritores "globalistas" têm vendido a ideia de que a internacionalização de produtos e serviços é hoje um passeio triunfal por uma carpete vermelha, pois assistiríamos a uma uniformização no consumo (uma convergência de gostos, como dizia Ted Levitt) e a um desabar de barreiras geográficas, administrativas, culturais.

Ora a realidade é madrasta, está longe dessa ficção. Por isso fala de uma situação de semi-globalização em que, em 2010, as exportações são apenas 23% do produto mundial, os fluxos de investimento direto estrangeiro ocupam apenas uma fatia de 9,9% da formação bruta de capital fixo e o índice de transnacionalização das 100 maiores empresas do mundo é apenas de 63%.

Aponta estes números para que os empresários caiam na realidade - pois, todos os "testes" de perguntas que se fazem sobre estes indicadores revelam uma sobrestimação enorme, na ordem do dobro ou mesmo do triplo. "Continua a haver uma intuição muito exagerada sobre a globalização. As pessoas erram por margens enormes - dão largas ao exagero", diz o professor de estratégia. Aliás, isso foi bem patente no "teste" que Ghemawat fez junto dos participantes do Programa de Alta Direção em Lisboa.

Por isso, o professor indiano de estratégia é particularmente ácido contra "a petulante superioridade das elites classificadas como 'homens de Davos' y globocratas, a insegurança terminal de todos aqueles que tentam estar atualizados ao dia, ou a utopia cândida dos internacionalistas".

Há quatro anos publicou na editora da Harvard Business School um primeiro manifesto contra esse mito, carregado de exemplos práticos e com "dicas" práticas, que intitulou 'Redefinindo a Estratégia Global - atravessando fronteiras num mundo em que as diferenças ainda contam'.

Nesse livro, Ghemawat desenvolve um modelo de avaliação das distâncias (culturais, administrativas, geográficas e económicas) para tornar visíveis as diferenças tanto nacionais como a nível setorial e advoga uma palete de estratégias de criação de valor que designa por triplo A: adaptação, agregação e arbitragem. Chama a atenção, em particular, para a arbitragem, ou seja "explorar as diferenças, em vez de as tratar como limitações que se devem modificar ou superar" ou, em muitos casos, que levam a desistir à partida. Recomenda, por isso, que se evitem "atitudes bipolares face à globalização" - da euforia à negação, ou vice versa.

Ghemawat foi professor na Harvard Business School durante 25 anos até vir para Barcelona em 2006.

in Expresso, Jorge Nascimento Rodrigues

Majora Carter: 3 stories of local eco-entrepreneurship

7 Billion

Empresas na “corrida ao crescimento verde”

Oitocentas empresas mundiais estão a redefinir a sua estratégia até 2020, apostando na sustentabilidade, no que é visto como um factor de diferenciação para os consumidores, segundo um estudo das Nações Unidas.

Os últimos tempos não têm sido fáceis para as grandes empresas, desde instituições bancárias a companhias petrolíferas, passando por fabricantes de automóveis. Primeiro a crise económica e depois episódios como a maré negra no golfo do México têm arrasado a confiança de consumidores nas grandes marcas.

“A confiança é o recurso mais escasso para as empresas”, sublinhou Bruno Berthon, director dos Serviços de Sustentabilidade da Accenture, na 10.ª conferência anual BCSD Portugal, que decorreu em Setembro de 2010 no Centro de Congressos do Estoril.

Na última década, várias empresas têm identificado uma nova oportunidade de negócio que lhes permite poupar recursos, dar cartas na inovação tecnológica e recuperar a confiança dos consumidores: a sustentabilidade. Querem ganhar esta “corrida” num horizonte que vai dos cinco aos 20 anos. “Acabaram-se os imperativos morais para ser amigo do Ambiente. Hoje, a sustentabilidade passou a ser um factor de diferenciação para os consumidores”, acrescentou Berthon.

Nunca como agora foi tão grande a crença das multinacionais nos benefícios da sustentabilidade, asseguram os autores do estudo "A nova era da sustentabilidade", da plataforma das Nações Unidas Global Compact – que reúne empresas comprometidas com dez princípios nas áreas de direitos humanos, trabalho, ambiente e anticorrupção – e a Accenture, divulgado no final de Junho. Dos 800 presidentes dos conselhos de administração (CEO) inquiridos no estudo, de 25 sectores de actividade em mais de cem países, 93 por cento afirmou que a sustentabilidade será fundamental para o futuro sucesso das suas empresas. Há três anos, essa percentagem era de apenas 51 por cento. Alfredo Sáenz, CEO do Santander, chama ao momento “a tempestade perfeita para a indústria”. Na verdade, 80 por cento dos CEO considera que a crise aumentou a importância da sustentabilidade no topo da agenda das empresas. Apenas 12 por cento reconheceu que reduziu o investimento em produtos mais “verdes”.

No mapa mundial, as regiões onde as empresas citam a sustentabilidade como muito importante para o seu sucesso futuro são a América Latina (78 por cento) e África (60 por cento). Na Europa, a percentagem é de 48 por cento.

Tendência já está lançada

Bruno Berthon viajou por dezenas de países e entrevistou, cara a cara, dezenas de CEO para lhes perguntar o que pensam da sustentabilidade. “Nas entrevistas todos começaram por dizer que a sustentabilidade é muito importante”, contou o especialista francês. É claro que nem todas as empresas estão a fazer aquilo que dizem querer fazer. Mas Bruno Berthon disse, em entrevista ao PÚBLICO, que está optimista. “Ainda estamos na turbulenta fase da ‘adolescência’, estamos só no começo. Mas a verdade é que as empresas decidiram não esperar pelas orientações dos governos sobre como fazer as coisas. A falta de vontade política tem sido uma decepção. As empresas estão a reagir de forma pragmática e pró-activa, definindo os seus próprios padrões”, contou. “Hoje, os CEO estão a ligar a sustentabilidade ao valor da sua empresa, inovam, têm programas energéticos, dão formação aos seus funcionários e começam a avaliar a realidade do seu compromisso.”

Ainda que “todas as empresas tenham a possibilidade de ser, mais ou menos, sustentáveis”, Berthon referiu, como exemplo, o caso da Siemens. “Em 2009, o portfólio de produtos e serviços ‘verdes’ desta empresa gerou receitas de 23 mil milhões de euros, ou seja, cerca de um terço das receitas anuais totais”. Segundo o estudo da ONU, em 2009, a Siemens ajudou os seus clientes a reduzir cerca de 210 milhões de toneladas de dióxido de carbono (CO2), o equivalente ao total das emissões de Berlim, Londres, Munique, Nova Iorque e Tóquio.

Nesse mesmo ano, a Royal Phillips Electronics atingiu 31 por cento de receitas de produtos “verdes”, representando 7,2 mil milhões de euros. Em 2015 espera que essa percentagem suba para os 50 por cento.

Mas este movimento sustentável só é possível, lembrou Berthon, porque os consumidores mudaram. “Aquilo que era um subsegmento, o dos consumidores ecologistas obsessivos, acabou. Hoje, qualquer consumidor procura marcas com impactos positivos no Ambiente, na saúde e na sociedade”.

A mudança de mentalidades dos CEO explica-se ainda pelos efeitos de “políticas globais fortes, pelo discurso de pessoas tidas como líderes, como Al Gore ou Barack Obama, pelos preços da energia, por uma consciência global crescente”, comentou. “Vamos falar com os CEO e os governos para saber onde estão as lacunas e o que estão a fazer para as colmatar. Ainda há muito que está por fazer. É preciso inventar um novo futuro”, disse.

in Público, Helena Geraldes

Portela: 14.000.000 Passageiros

O Aeroporto da Portela acaba de atingir a marca dos 14.000.000 de passageiros anuais, pela primeira vez na sua história.

Para isso muito contribuiu a estratégia de abrir esse aeroporto às LowCost, passo inevitavel nos novos modelos de dinamização do transporte aéreo nas capitais europeias.

Ao contrário de Londres, que separa o seu tráfego aéreo por vários aeroportos, Lisboa e Madrid concentram na mesma infra estrutura as companhias de bandeira e as LowCost.

Trata-se de uma solução mais onerosa na construção mas com algumas economias operacionais para as companhias aéreas.

Em Portugal, o Aeroporto Francisco Sá Carneiro concluiu a sua remodelação em 2006, sendo hoje uma referência europeia nos indíces de conforto ao passageiro.

Com um investimento total de 500M euros, 10% do valor previsto para o Novo Aeroporto de Alcochete, este aeroporto comportará 6,5M passageiros anuais.

Portugal é o país onde há maior dificuldade em equilibrar trabalho e vida pessoal

Um estudo realizado em 14 países europeus revela que Portugal é o país onde há maior dificuldade em equilibrar trabalho e vida pessoal, seguido da Espanha, Grécia e Holanda.

Em Portugal o estudo, que consistiu num inquérito on-line, decorreu entre 16 e 29 de Novembro e envolveu 500 pessoas, com idades entre 25 e 65 anos. Foi também realizado na Alemanha, Bélgica, Holanda, Áustria, República Checa, Grécia, Hungria, Itália, Portugal, Polónia, Irlanda, Eslovénia, Espanha e Reino Unido.

Em comparação com os restantes países onde o estudo foi realizado, Portugal é onde existe maior dificuldade em encontrar o equilíbrio entre a vida profissional e pessoal (84%), seguido de Espanha (80%), Grécia (70%) e Irlanda (39%).

O país onde esta dificuldade menos se nota é a Áustria, com apenas 20% dos inquiridos a responder que lutam diariamente por conseguir o equilíbrio entre trabalho e vida pessoal, refere o estudo, a que a agência Lusa teve acesso.

Numa análise global às respostas em todos os países, conclui-se que 58% dos inquiridos sentem frequentemente cansaço ou falta de energia e a grande maioria (70%) afirma não ter tempo para fazer aquilo de que mais gosta.

O estudo refere, igualmente, que os portugueses planeiam poupar mais e ter maior equilíbrio entre trabalho e vida pessoal no próximo ano.

Sobre as metas a realizar em 2011, 57% dos inquiridos portugueses responderam que pretendem poupar mais dinheiro e 45% ter maior equilíbrio entre trabalho e vida pessoal.

O estudo indica, também, que 40% pretende passar mais tempo de qualidade com família e amigos, 36% dedicar mais tempo a si próprio e ao seu parceiro, 32% participar em mais actividades de lazer e hobbies e cerca de 22% quer ser mais romântico e afectuoso.

O estudo foi realizado pela Braun Research e pela Pfizer Consumer Healthcare.

OJE/Lusa

Melhor incubadora do Mundo é portuguesa

Portugal fomenta e-work



A realidade ainda é distante e Portugal está muito longe do patamar já alcançado noutros países em matéria de teletrabalho, mas o país quer equiparar-se ao que de melhor se faz na Europa neste domínio. Até lá, é necessário derrubar inúmeras barreiras culturais e até tecnológicas.

Numa altura em que a competitividade empresarial não tem fronteiras ou limites, as empresas competem cada vez mais não só pela quota de mercado mas também pelos trabalhadores. A capacidade das empresas para atrair os melhores talentos pode passar, por exemplo, pela distância casa-trabalho, as dificuldades de estacionamento ou a sobrelotação do espaço de trabalho que pode tornar com grande facilidade uma empresa menos atrativa para um potencial colaborador. É aqui que as novas soluções de trabalho, como o telework , ganham expressão. Prática comum noutros países do mundo, com grande aceitação e até preferência por parte de muitos trabalhadores em busca de uma melhor conciliação trabalho-família, o E-work começa a vingar em Portugal. O país é já parceiro do programa SEES – SME's E-learning to e-Work Efficiently , desenvolvido com o apoio do programa Leonardo Da Vinci com o objetivo de garantir apoio prático na preparação de e-managers e e-workers de forma a desenvolverem e fomentarem o trabalho em ambiente virtuais. A parceria promete revolucionar a médio prazo a forma de trabalhar em Portugal.

São ainda poucas as empresas portugueses a desenvolver e aplicar esta forma de trabalho, diz Eurico Neves, presidente da consultora de inovação Inovamais , parceira do programa SEES em Portugal. As limitações técnicas e sociais associadas à sua implantação podem estar na base deste atraso face ao resto da Europa, mas o especialista não tem dúvidas das vantagens desta forma de trabalhar e do sucesso do país na sua implantação. “Funcionários e clientes procuram, tendencialmente, novas soluções para comunicar com os seus fornecedores de forma mais eficaz através da utilização das tecnologias de informação e comunicação que tem ao seu dispor (vídeo-conferência, sistemas de gestão, email, etc) poupando dinheiro e tempo”, explica Eurico Nebves acrescentando que “a introdução do e-work permite obter uma nova visão quer de trabalho quer de liderança”.

Resultados que não surgem sem preparação e é nesse sentido que foi criado o SEES, que envolve também outros países como a Hungria, a Áustria e a Lituânia. Este projeto foi concebido para providenciar todo o apoio necessário na reparação dos gestores de empresas para a implantação do e-work nos seus ambientes organizacionais. “A preparação do staff da empresa para o ambiente de trabalho virtual e a implementação do e-work não são tarefa fácil e existem inúmeros obstáculos que devem ser considerados”, explica o responsável apontando os constrangimentos ainda existentes a nível tecnológico e social. A formação é pois a via para potenciar o desenvolvimento das competências necessárias para ajudar os trabalhadores a tornarem-se bem-sucedidos neste modelo laboral.

O projeto surge depois de dois anos de uma parceria entre os quatro países onde é desenvolvido, no sentido de potenciar o teletrabalho. O primeiro dos resultados desta missão é a publicação de um manual de teletrabalho que, segundo Eurico Neves, “é um verdadeiro guia de apoio à promoção do teletrabalho incluindo orientações para a sua implementação, competências-chave, e-learning e exemplos de boas práticas”. Direcionado a PME's, CEO's e managers, funcionários, freelancers, diretores de RH, profissionais da formação ou educação vocacional, universidades, escolas de formação, agências de emprego, associações profissionais ou demais instituto e indivíduos interessados neste modelo de trabalho, o documento terá particular utilidade em Portugal tendo em conta que “a tendência para o telework ainda é pouco expressiva e as empresas que o implementam fazem-no de forma pouco organizada e estruturada”, afirma Eurico Neves destacando o imenso potencial desta ferramenta no controle e minimização de custos.

Para o especialista o atraso de Portugal face a outro país nesta matéria “prende-se ainda com a falta de confiança dos empresários uma vez que não conseguem supervisionar diretamente o trabalho desenvolvido pelos seus colaboradores”. Uma limitação que para Eurico Neves não passa de uma falsa questão se pensarmos que “atualmente nas empresas a única forma de controlo é, muitas vezes, o horário de trabalho”. Um bom suporte técnico e comunicacional (internet, telefone, computador portátil) é tão importante quanto combater o estigma da falta de confiança ou necessidade de controlo diário dos trabalhadores. É fundamental que se perceba que picar o ponto não é garantia de produtividade. E nesta matéria “a formação assume particular importância pela possibilidade de agir a médio prazo sobre a cultura”, explica Eurico Neves.

Colocar em prática uma plataforma de e-work eficiente numa empresa carece, antes de qualquer componente tecnológica, de confiança no desempenho do trabalhador. “O empresário não tem controlo direto sobre o trabalhador e terá de confiar que este desempenhará as suas tarefas atempadamente”, explica Eurico Neves adiantando que “uma das formas de potenciar isto é através da realização de reuniões semanais de acompanhamento, via telefone ou vídeo-conferência ou até o estabelecimento de prazos para entrega de tarefas”. Paralelamente, o e-work carece especialmente de insfraestruturas de TIC eficazes, que permitam uma boa comunicação e partilha de informação. E para que uma empresa esteja pronta a funcionar em e-work falta-lhe apenas formar empresários e colaboradores nesta nova forma de trabalho.

Noutros países verificou-se que as práticas de trabalho flexível têm resultado de avanços no desenvolvimento tecnológico, particularmente nas telecomunicações. “As tecnologias de informação têm libertado empresas e empregados do trabalho em tempo e lugar físico. Atualmente as empresas podem adotar estratégias de gestão inovadoras para obter uma superior produtividade e condições de trabalho melhoradas”, argumenta o especialista que acredita que esta é uma das grandes mais-valias do e-work que poderá fazer a diferença no futuro quando as organizações e os colaboradores compreenderem, sem reservas, os benefícios para ambas as partes da aplicação deste conceito.

Vantagens para as empresas
Ainda que a realidade do teletrabalho seja ainda vista como distante em termos de aplicabilidade no mercado nacional, há vantagens a destacar para as empresas:
. Redução de custos com o espaço físico
. Redução de despesas associadas ao espaço (eenregia, água, etc)
. Redução de custos com transportes
. Redução do tempo de deslocações dos trabalhadores para o emprego que se aplica na realização de trabalho
. Benefícios ao nível da sustentabilidade e impacto ambiental

. Diminuição das taxas de absentismo dos colaboradores
. Aumento da produtividade dos colaboradores associada ao desenvolvimento de atividade em ambientes propícios à criatividade e a um melhor equilíbrio entre vida pessoal e profissional
. Aumento da competitividade e conhecimento
. Potencia a produtividade das empresas no contexto da sociedade de informação e economia digital
. Melhoria da flexibilidade entre o planeamento e a gestão do trabalho
. Aumento da capacidade de resposta às necessidades dos clientes


… e para os trabalhadores
. Aumento da motivação e criatividade
. Crescimento da produtividade
. Melhor conciliação entre trabalho e família
. Mais conforto na execução do trabalho
. Poupança nas deslocações casa-trabalho
. Redução das despesas com alimentação
. Diminuição do stress associado ao trabalho
. Flexibilidade de horários e trabalho que podem ser negociados com melhor equilíbrio face às necessidades do e-worker e aos imperativos do empregador ou cliente

in Empreendedores em Rede

Economia DNS: Nova Perspectiva Territorial

Hoje as organizações têm um endereço web e os seus colaboradores vivem onde mais lhes interessar.

São centenas de estórias que já escutei de instaladores residenciais de internet que andaram no sul e no norte do nosso país a instalar a internet em casas de grandes “carolas”, isto é, investigadores e empresários que operam virtualmente em Londres, Dubai ou Frankfurt conciliando essa actividade com a residência num país acolhedor e solarengo como é Portugal.
Aqui vivem, aqui educam os seus filhos, aqui pagam impostos, aqui consomem, aqui adquirem as suas casas.
Mas se recebermos destes um cartão de visita, teremos uma morada postal e um telefone do mercado onde operam. E um endereço web que é o “head-office” empresarial!

E porque motivo escolheram estes pioneiros da Economia DNS o nosso país para viver?
Seremos a primeira Aldeia Global? Serão a nossa história, a nossa cultura e a nossa tolerância, os condimentos territoriais de um mundo que caminha para a rede?

"Geração sem Rede" por @czorrinho

Pode parecer paradoxal mas não é! A geração que está agora a nascer, descendente directa da nova geração e maioritariamente descendente indirecta da minha geração, nasce num mundo conectado pelas redes mais potentes de transmissão de dados e de transporte de pessoas e mercadorias e no entanto nasce como uma geração sem rede!

Os nossos filhos que procuram comprar uma casa ou um bem patrimonial para o qual se exigem garantias, ainda podem em muitos casos beneficiar do papel de fiadores dos seus ascendentes, mas tal como a sociedade parece querer evoluir já dificilmente eles próprios poderão ser fiadores ou garantes dos investimentos dos seus filhos, ou seja da geração sem rede.

Já existiram ao longo da história muitas sociedades sem rede e sociedades com redes de betão para alguns (os titulares) e sem rede para a maioria. A verdade é que o mundo não acabou, mas os picos de iniquidade e de sofrimento foram muitos ao longo da história e está nas nossas mãos evitar que mais um desses picos surja em função da nossa inércia ou acomodação.

A nova geração vai ter que inventar uma nova sociedade em que os seus filhos se possam realizar e ser felizes. Eis um desafio forte que pode ser visto como uma ameaça, mas também como uma enorme oportunidade.

Aproximamo-nos dum tempo de reflexão, interrogação, partilha e renascimento. É esse o significado simbólico do Natal e do Novo Ano. É um tempo também para perceber que o egoísmo, o fechamento ou o lamento simples não conduzirá a nossa sociedade a nenhuma solução estimulante de reinvenção criativa.

A nova geração sem rede precisa que sejamos capazes, não de construirmos redomas para os nossos mais próximos, que a turbulência dos tempos se encarregará de quebrar, mas de renovar as bases da sociedade, aplicando os valores da equidade, da liberdade, da justiça, da solidariedade e da fraternidade ao novo mundo globalizado e competitivo em que vivemos.

Por esta altura das festas muitas famílias vivem as angústias da dádiva. Não da dádiva do amor que é gratuito e faz milagres, mas da dádiva das prendas. Uns vivem a angústia de querer dar e lhe escassear os recursos financeiros e outros vivem a angústia de não saber o que dar, tal é a parafernália de coisas a que os jovens com meios hoje acedem.

Pois deixem-me dizer-vos nesta crónica pré-natalícia, que para além das prendas que cada um entender e puder partilhar, há uma prenda essencial que devemos à geração sem rede. Devemos-lhe um mundo renovado, sustentável, fundado na confiança, na paz e no bem-estar.

Os modelos que criámos de capitalismo selvagem estão a dar o seu último estertor. A geração sem rede merece herança melhor. Este é o tempo de a preparar. Um tempo luminoso de desafio para os que forem à luta. Um tempo de trevas e frustração para os que desistirem.

in Fazer Acontecer, Carlos Zorrinho
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